sexta-feira, março 22, 2013

Para Descansar a Vista

Hoje dedico este Post a alguns dos meus Amigos do Douro e do Sul e às suas constantes lamentações sobre a Seca...

Sim, a SECA! Apesar de ter chovido que se fartou para alguns dos lados (sobretudo no alcatrão, o que pouco aproveita, a não ser aos bate-chapas) parece que noutros locais a chuvinha ainda não foi suficiente para "repor os níveis".... Vejam aqui sff:

Nota: Situação das Albufeiras em Fevereiro de 2013
 
No último dia do mês de Fevereiro de 2013 e comparativamente ao último dia do mês anterior verificou-se um aumento do volume armazenado em 8 bacias hidrográficas e uma descida em 4.
Das 60 albufeiras monitorizadas, 28 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 2 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.
Os armazenamentos de Fevereiro de 2013 por bacia hidrográfica apresentam-se superiores às médias de armazenamento de Fevereiro (1990/91 a 2011/12), excepto para as bacias do DOURO e RIBEIRAS DO ALGARVE.

Por esse motivo e - sabido como a água faz falta às couves e outras culturas - pedimos aos céus que ainda vão pingando pela Primavera adentro e até um pouco mais. Excepto  no final do Verão, está claro!  (pois as Vindimas querem-se secas, sequíssimas senhores!)

Tendo tudo isto em vista e apesar do que parecerá aqui pelas cidades, cá vai poema ainda outonal, como que a chamar a chuva para os campos. De Cecília Meireles um soneto admirável:

A Chuva Chove

A chuva chove mansamente ... como um sono
Que tranqüilize, pacifique, resserene ...
A chuva chove mansamente ... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine ...


E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono ...
Véspera triste como a noite, que envenene
A alma, evocando coisas líricas de outono ...


... Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha ...
Paço de imensos corredores espectrais,


Onde murmurem velhos órgãos árias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-fólios, cancioneiros e missais ...


Cecília Meireles

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