Os papas da minha geração foram cinco e meio:
Pio XII, João XXIII; Paulo VI; João Paulo I (o meio, que governou a Igreja apenas durante um mês, coitado!); João Paulo II e Bento XVI.
Estabeleceu-se alguma polémica nas redes sociais em torno de três deles - Pio XII por causa da 2ª Guerra Mundial; João Paulo I, por causa da sua morte tão "rápida" após a eleição; e finalmente Bento XVI, cujos contornos da renúncia ainda são mal conhecidos.
Alimentada pelos autores de teorias da conspiração, esta polémica pôe em causa a posição de Pio XII face à perseguição dos Judeus e à sua relação pessoal com o Mussolini; bem assim como defende que João Paulo I teria sido "posto a dormir" por alguém "lá de dentro" , da própria Cúria; enquanto que, por fim, o Papa Bento terá sido obrigado à renúncia para não seguir mais cedo ou mais tarde o mesmo caminho.
Neste momento é sobre o próprio Conclave que abundam as tiradas dos nossos filósofos-livres... O que corre é que podem acontecer duas profecias:
a) A profecia de S. João Bosco pode realizar-se. Isto é, o próximo Papa vir a ser um santo que, depois de muitas perseguições e tormentas devolverá a Igreja à sua simplicidade e espiritualidade.
b) Ou então, vai começar a desenvolver-se a chamada profecia do Cardeal Arcebispo de Chicago, aplicada ao papado. Francis George terá dito : "I expect to die in bed, my successor will die in prison and his successor will die a martyr in the public square. His successor will pick up the shards of a ruined society and slowly help rebuild civilization, as the church has done so often in human history."
Tudo isto pulula na internet, não estou a inventar nada.
Obviamente que se trata da mesma "malta" que escreve sobre o avistamento de leões negros nas charnecas de Inglaterra, ou que trejura e jura que existem ainda dinossauros em África e serpentes do mar gigantes albergadas nalguma Ilha do Pacífico Sul...
E que , por vezes, organiza viagens a crateras de vulcões extintos para se certificarem se não será por ali que se vai ter à Terra Oca, uma espécie de Continente Perdido que se situaria no interior da crosta terrestre.
É fácil rirmos destas patranhas. Mas o mais interessante nem sequer é discutir a sua (inegável) fantasia...
O mais interessante é sabermos quem hoje acredita nelas. Por exemplo, aquele paradigma de sanidade mental que era o Sr. Hitler empregou recursos de muito peso, antes e durante a 2ª Guerra Mundial, à procura da concretização destas e doutras ideias meio malucas, desde a "Fonte da Juventude" até à "Arca da Aliança".
Sabe-se que quando J. Edgar Hoover era patrão do FBI e "dono" da América, muitas investigações por ele ordenadas tinham mais a ver com suspeitas criadas pelo seu próprio espírito doentio do que com a existência de provas reais. E, quando não havia provas, fabricavam-se, de forma a que a realidade ficasse mais parecida com a ideia que dela fazia o Big Boss.
Nos dias que correm uma notícia torna-se um facto quando muita gente a passa a repetir... Veja-se a trama em redor do Dr. Medina Carreira, por exemplo.
E depois, como muito bem nos ensinou John Ford no sempre belo " O Homem que matou Liberty Valance", quando a realidade é menos atraente do que a ficção, publicamos muitas vezes a ficção...
E o problema é que "atraente" para vender jornais e TV's, hoje em dia, é sinónimo de algo mais brutal, mais sangrento, mais violento, mais espetacular e mais maldoso...
Esperemos pelo Conclave, sem pressas nem manias, mas tendo a certeza que o Pescador que nos calhar desta vez terá que ter muito jeito para a faina maior e mão certeira para a velha e honrada arte xávega...
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