Nas Segundas feiras - e seguindo um costume antiquíssimo que devia ter sido originado nos tempos em que o Peixinho servido em todos os restaurantes era mesmo fresco, do dia anterior, e por isso mesmo à Segunda feira não o havia - comia-se Bacalhau nas Tascas, Tasquinhas, Casas de Pasto e Restaurantes da capital do Império.
Hoje em dia há sempre peixe fresco - se não do Mar pelo menos do frigorífico - mas existem locais onde a mania do bacalhau das Segundas ainda se mantêm viva , para deleite e consolo de quem ama o fiel Amigo.
São bons exemplos: A Adega dos Macacos, à Ribeira; o Jockey no Hipódromo do Campo Grande, o Funil e o Polícia das Avenidas Novas, etc...
Mas há já algum tempo (mais de 2 anos) que aqui o vosso Blogger passa as Segundas feiras almoçadeiras noutro local.
Restaurante "A Tertúlia do Paço"
Rua Fernando Lopes Graça 13 - A
1600-067 LISBOA
Telefone - 217581456
Já aqui falei dele há algum tempo, em 2008, quando preparávamos a PORTUGAL 2010. Levei lá a jantar o Board da FIP. E correu muito bem. Mas o que hoje traz de novo à colação a Tertúlia é a sua condição de paradeiro simpático e acolhedor de pessoas normais, no dia-a-dia dos seus afazeres , enquanto que ainda podem dispender alguns euritos para almoçar dignamente ( e é cada vez mais difícil fazê-lo com regularidade).
O Bacalhau Cozido com Grão das Segundas Feiras é um portento de simplicidade e de sensatez. Simplicidade porque o Chef apenas trata o Bacalhau (do melhor, seco e demolhado à maneira de antigamente) como as nossas Mães faziam lá em casa quando nos tocava o mesmo prato. Sensatez, porque este Bacalhau nada tem a ver com aquelas "coisas pré-demolhadas e ultra congeladas" que hoje em dia nos querem fazer passar por "bacalhau" em muitas e até muito boas casas de restauração.
Para além do Bacalhau das 2as, a Tertúlia apresenta também um conjunto de pratos do dia, típicamente portugueses, muito bem feitos e a preços relativamente módicos: o Cozido à Portuguesa, a Feijoada com todos, a Cabidela de Galo pica no chão, o Borrego Assado (aos Sábados).
Tem peixe do Mar (a preços normais, ou seja, caros como em todo o lado...Garoupa, Robalo, Dourada e Pregado) e ainda por lá aparecem a Canilha , o Camarão de Espinho e até a Gamba fresca da nossa costa. Mas se formos por aí há que contar com alguma "densidade" da carteira pagante. Com vinho branco de entrada (por exemplo um Lisa da Península de Setúbal) e um tinto médio (alentejano) poderemos ter que ir até aos 180-190 euros - 4 pessoas comendo peixe mesmo do mar e entrando pela canilha ou pelo paio do lombo ou Jamón aqui do país do lado..
Mas se formos pelos pratos do dia (em média roçando os 12 euros) e bebendo o mesmo, raramente a continha vai além dos 30 euros por cabeça, ainda com direito às entradas citadas...
E por isto tudo, mas também pela amizade , muito nos tem custado verificar como alguns manducantes, como nós apreciadores da casa e da sua filosofia, espaçam agora bem mais as suas aparições ...
P*** da Crise!
Em Resumo: Boa comida burguesa, sólida e bem feita. Sem mariquices de Nouvelle Cuisine à la Mode da Porcalhota, como hoje em dia e infelizmente muito nos aparece em certas "maisons" a armar ao pingarelho e a fazer charme aos pretensos críticos de gastronomia que por aí agora proliferam... Não há revista de moda que não tenha o seu "gastrónome résident", sempre a recomendar as "Fusões" e os "Sushis\Sashimis" às jovens de 43 anos anoréxicas, equilibrando-se em cima dos seus "manolos".
Proliferam os "Polifemos" - brutos cíclopes só com um olho, comedores de mareantes, a quem Ulisses, em boa hora, tratou da saúdinha ...
E diríamos: Volta Ulisses! Aqui tens outra vez trabalho (ou "boulot" para não fugir à senda deste Post...)
Em Portugal, e por enquanto, Críticos só há dois: O Quitério e o David.
O resto são"arremedos"... São "mininos" a brincar às coisas dos Homens. Tal como eu...
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