Dia de Camóes foi ontem. Com o atraso devido ao Feriado aqui vai a homenagem ao Príncipe dos Poetas, "tão pobre que comia de amigos" , como conta Diogo do Couto. Morreu a 10 de Junho de 1580, e não havendo dinheiro na sua casa para se pagar o funeral , foi o mesmo conduzido por uma instituição de beneficência..
No seu epitáfio há quem diga que um seu Amigo (D. Diogo Coutinho) mandou escrever: : Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu .
Camões classificou Goa, naquela época, como sendo "Mãe de Vilões e Madrasta de Homens Honrados"...
Se pensarmos bem, fará assim tanta diferença o nosso País hoje? Onde, para além de um ou outro Convento de Mafra , pouco ficou da aventura colonialista que o épico cantou. Talvez a língua...E até quando?
Dele, do Poeta, aqui retratado por Mestre António Soares, deixo 2 sonetos:
Eu cantarei...
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.
Farei que Amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia, e pena, ausente.
Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
Porém para cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa,
Aqui falta saber, engenho, e arte.
Busque Amor...
Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê.
sexta-feira, junho 11, 2010
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