sexta-feira, junho 11, 2010

Camões

Dia de Camóes foi ontem. Com o atraso devido ao Feriado aqui vai a homenagem ao Príncipe dos Poetas, "tão pobre que comia de amigos" , como conta Diogo do Couto. Morreu a 10 de Junho de 1580, e não havendo dinheiro na sua casa para se pagar o funeral , foi o mesmo conduzido por uma instituição de beneficência..

No seu epitáfio há quem diga que um seu Amigo (D. Diogo Coutinho)  mandou escrever: : Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu .

Camões classificou Goa, naquela época, como sendo  "Mãe de Vilões e Madrasta de Homens Honrados"...

Se pensarmos bem, fará assim tanta diferença o nosso País hoje? Onde,  para além de um ou outro Convento de Mafra , pouco ficou da aventura colonialista que o épico cantou. Talvez a língua...E até quando?

Dele, do Poeta,  aqui retratado por Mestre António Soares, deixo 2 sonetos:


Eu cantarei...

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que Amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia, e pena, ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém para cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa,
Aqui falta saber, engenho, e arte.


Busque Amor...

Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê.

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