sexta-feira, outubro 09, 2009

Para Descansar a Vista


Em homenagem à XX LUBRAPEX e ao País-irmão , aqui vão, do grande Manuel Bandeira, os seus dois poemas sobre a "Arte de Amar"


Arte de Amar

1)

Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.

Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem,
mas as almas não.

2)

Quando estás vestida,

Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite

Manuel Bandeira

Nota biográfica por cortesia do Blog de literatura brasileiro "As Tormentas": Manuel Bandeira, (Recife PE, 1884 - Rio de Janeiro RJ, 1968) cuja obra vincula-se à primeira geração do modernismo, é um dos maiores poetas brasileiros.
Sua poesia, marcada pela experiência trágica da tuberculose, trata da morte, do amor e do cotidiano, em versos livres nos quais se destacam o humor, a melancolia, por vezes a amargura diante da vida. Como cronista, “foi um observador atento e lúcido dos fenômenos de uma época em que se desenvolveram tantos fatos notáveis para a história da Humanidade”, segundo o crítico Stephan Baciu.

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