quarta-feira, outubro 28, 2009

A Miséria e a Escravidão

O Jornal "Público" traz esta quarta feira à primeira página a história miserável de uma família (portuguesa) que escravizava trabalhadores portugueses em Espanha, numas quintas da zona de Valladolid, fazendo-os trabalhar sem pagar, espancando-os e acorrentado-os durante a noite num aviário para não fugirem. Era gente pobre (está claro!) contratada nas aldeias perdidas da Cova da Beira, e que acedeu a partir na miragem de melhor vida e de algum dinheirito.

Não é a primeira vez que lemos coisas destas, por exemplo também passadas aqui no nosso Alentejo, onde desgraçados romenos ou chineses também são escravos nas lides do campo, "arregimentados" por compatriotas seus e perante o olhar benévolo, ignorante e criminoso dos "patrões" que lhes sugam o suor e o sangue, tal como os vampiros do Zeca Afonso. Ou ainda na democrática e europeia Alemanha, onde operários contratados para as fábricas por intermediários portugueses sofreriam tratamento quase idêntico, ou também em França, para a apanha da maçã ou por altura das vindimas... E por aí fora...

O Homem está sempre a um passo da selva e do comportamento selvagem que lhe é ou foi inato durante a evolução. O ligeiro verniz de civilização - que lhe cobriu durante algumas centenas de anos a pele grossa de dezenas de milhares de anos de barbárie - estala rapidamente logo que as circunstâncias o permitem.

Por isso é tão fácil encontrar - nas circunstâncias extremas das guerras e em qualquer que seja o lado da barricada - algozes que torturem , que violem mulheres e crianças, e que retirem disso prazer e a satisfação do "dever cumprido".

A única barreira efectiva entre este tipo de comportamentos bestiais e a civilização parece ser a força da lei, já que a consciência moral , neste tipo de animais, "vai às compras para longe" mais depressa do que o Usain Bolt corre os 100 metros...

Eu não sou a favor da pena de morte, por motivos também eles civilizacionais, mas entendo que, para crimes destes, os 25 anos de prisão efectiva que constituem a pena máxima em Portugal deveriam ser justamente aplicados e sem qualquer tipo de excepção.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo
Gostaria de dizer que concordo com o seu texto, apenas um reparo ao último parágrafo, no que concerne à pena a aplicar nestes casos, em meu entender esta deve estar dentro dos parâmetros de "humamidade" sobre os quais esses criminosos se regem, ou seja, 25 anos sim mas de trabalhos forçados.

Cumprimentos
Paulo Mendonça