Sobre a esperança (ou a falta dela) aqui vai Poema do grande Antero de Quental:
Desesperança
Vai-te na aza negra da desgraça,
Pensamento de amor, sombra d'uma hora,
Que abracei com delírio, vai-te, embora,
Como nuvem que o vento impele... e passa.
Que arrojemos de nós quem mais se abraça,
Com mais ânsia, à nossa alma! e quem devora
D'essa alma o sangue, com que vigora,
Como amigo comungue à mesma taça!
Que seja sonho apenas a esperança,
Enquanto a dor eternamente assiste.
E só engano nunca a desventura!
Se em silêncio sofrer fora vingança!..
Envolve-te em ti mesma, ó alma triste,
Talvez sem esperança haja ventura!
Antero de Quental, in 'Sonetos'
Nenhum comentário:
Postar um comentário