Embora a minha opinião de pouco valha, o certo é que , perante as novidades que vi e ouvi em Berna e com a maioria dos Países desenvolvidos da Europa a investirem nesta alternativa ao selo postal tradicional, achei bem fazer uma reflexão mais funda sobre esta temática tendo em atenção aquilo que eu penso poder vir a ser o futuro:
a) Em primeiro lugar convém dizer que o "selo personalizado" ainda é um fenómeno típico dos países desenvolvidos ocidentais. E muito "europeu" (enfim, também dos USA). Japão e China, por exemplo, não têm e não apoiam este tipo de alternativas por enquanto. Em África não existe. Na América Latina começa agora a levantar curiosidade...
b) Em segundo lugar é evidente que é atraente do ponto de vista do MKT postal. Trata-se de um desenvolvimento de um produto antigo - a Filatelia - que estava contido numa série de regras e constrangimentos face à dimensão dos Planos anuais e face aos Temas escolhidos para os selos.
Neste momento e partindo do princípio que só colecciona este tipo de selo quem o desejar efectivamente, a única restrição para o desenvolvimento desta actividade será (serão) as do próprio mercado: os Operadores Designados terão a tendência de apresentar este selo como se se tratatsse de um produto como os outros, com campanhas de publicidade e de promoção que se justifiquem face ao potencial de vendas.
c) Em terceiro lugar ainda não está explicado qual o efeito de substituição\canibalização que este tipo de nova "oferta" terá face ao selo tradicional. Os Filatelistas vão migrar de um para o outro? Continuarão a comprar os dois? Não sabemos.
Parece - pelo menos assim o dizem os colegas mais avançados nestes aspectos - que o selo personalizado explora segmentos de mercado até aqui não vocacionados para o coleccionismo filatélico, mas todos sabemos - e aqui em Portugal também - que nos últimos tempos são exactamente esses segmentos de mercado de "não coleccionadores" que mais compram filatelia nas estações, por impulso...
d) Por fim, o êxito comercial que pode vir a ter - traduzido em subidas do volume de vendas do negócio Filatelia em todos os Operadores Designados - terá como consequências que os "poderes que mandam" não se possam alhear desta alternativa... E quanto mais dinheiro a Filatelia dos Operadores Postais angariar como negócio mais também (pelo menos em teoria) poderá investir na actividade... Daí que organismos como a FIP e a IFSDA , por exemplo, não deixam de apoiar estas iniciativas esperando colher , ao final do dia, a sua quota-parte de benefícios.
Gente tão insuspeita como o Sr. Paul Sussman ,Presidente da Associação Comércio Filatélico de França e Co-Presidente da IFSDA disse , à minha frente, em Berna: "Avancem , vendam e façam dinheiro, mas não se esqueçam de o reinvestir nas Exposições e no apoio global à Filatelia no Mundo."
E por agora fico por aqui, ressalvando mais uma vez que referi atrás apenas a minha opinião pessoal e os sentimentos com que fiquei depois da reunião em causa.
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2 comentários:
Parabéns pela reflexão mon ami. Leitura perfeita!
A fórmula de franquia "Selo Personalizado" embora não possua o SELO de qualidade emitido pela UPU, vingará e o modelo/versão actual sofrerá muitas mutações.
Há que ser realista: este segmento de mercado é rentável, muito rentável; o processo já não terá marcha-atrás.
Claro que os "timoneiros" que ocupam importantes cargos nos organismos nacionais e internacionais apoiarão esta política dos Correios: à maioria, só interessa organizar grandes exposições e promover as suas colecções clássicas e temáticas – uns verdadeiros amantes da medalhística. Coleccionarão eles estes produtos?
Sem as verbas dos Correios – leia-se filatelistas e, agora, também, doutro tipo de clientela – a coisa seria bem complicada…
Uns pensa(va)m que a divulgação e promoção da filatelia passaria pelos Clubes, exposições e política filatélica. Outros há, que julgam que o futuro passará pela ordem inversa.
O futuro dar-nos-á a resposta.
Cumprimentos,
Fernando Bernardo
Caro Correio-Mor:
Julgo que a sua opinião é sempre de ter em conta, e sobretudo Esta, considero-a bastante equilibrada e concordante em muitos aspectos com a minha, muito embora defendamos interesses tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes.
Sem nenhum "tique", poderia subscrever o que opina.
PS- Esta última parte vai-me trazer... alguns "amargos". Paciência.
Saudações,
Peninha
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