Ainda sobre a passagem do Grande Historiador Oliveira Marques

Um comentário de um nosso leitor:

Os CTT patrocinaram a 1ª edição em 1952 (2 Vol.) que posteriormente teria uma 2ª ed."correcta e aumentada" a 30 de Março 1996 (agora em 3 vol.) com copyrigth do autor+PLANETA EDITORA,Ldª e patrocinada pela firma onde os portugueses "enfiaram" dinheiro, palavras últimas que não são nossas.

Mais acrescentamos que foram os CTT-TLP quem do mesmo autor/e/J.Cunha Lamas, editou nos anos 85 os 2 vol. do CATÁLOGO DE INTEIROS POSTAIS PORTUGUESES.

O seu a seu dono pois o investigador -colaborador isso merece.

Fazendo jus, do muito que com ele convivemos, aprendemos e "bebemos" seus ensinamentos nos titularam de expertos profissionais.

Os 200 Anos do Tribunal de Contas na Europa

Comemoram-se a 16 de Março deste ano 200 anos da formalização do controlo das Contas do Estado na Europa - a instituição, por Napoleão I, do Cour des Comptes em Paris.

Para alguns pode parecer pouco importante esta celebração, mas quem está mais atento à vida pública, nos nossos dias, compreenderá a função fundamental de um Tribunal de Contas num Estado de Direito e numa Democracia.

Regulado pelo Princípio da Independência e da exclusiva subjugação à Lei, é o Tribunal de Contas o Orgão Supremo da Fiscalização da legalidade das despesas públicas e do julgamento das Contas que a Lei mandar submeter-lhe.

Na sua actividade diária está valorizado o princípio da "perseguição do dinheiro e valores públicos, onde quer que estes se encontrem, isto é, independentemente da natureza das entidades que o têm à guarda".

Na minha opinião, é esta uma das poucas (talvez a única) "perseguição" que apoio inteiramente!

Em Paris a efeméride será celebrada "à Grande e à Francesa" ou não fosse o Instituidor do "Cour des Comptes" Imperador...

E Portugal a ela se associou, tanto do ponto de vista institucional como filatélico.

Faremos uma Emissão comemorativa desta data (tal como a França e muitos Países francófonos) e estaremos em Paris , participando activamente da Mostra monumental que enquadrará este dia.

Dizem (depois elaboro quando vier de Paris ) que quando o Presidente da República Francesa viu as maquetes dos nosssos selos (via o Sr. Presidente do Tribunal de Contas Português) terá referido que "eram bem mais interessantes do que os da La Poste"...

Eu acredito...

Há Bruno na Horta!

Aqui perto da Casal Ribeiro vemo-nos aflitos para comer bem.

O clássico Arpão (com o seu vizinho Pavão) tem uma clientela interessantíssima do ponto de vista dos CTT , sobretudo às Quintas Feiras, dia em que lá se reune para almoçar a "Brigada de Minas e Armadilhas" (podem ser aposentados mas serão sempre grandes Senhores desta Casa).

Mas quanto à comidinha vou ali e já venho...

Agora imaginem que estão no Largo da Estefânia (dobre a língua!! Largo da DªEstefânia, que isso não são modos de tratar uma rainha!) e que estão a olhar para o Arco do Cego (com as costas viradas para o Hospital). Andando uns 30 metros a pé, subindo, virem na primeira à direita e passem pela lateral do Jardim. Logo no primeiro cruzamento (que é com a Rua da Ilha do Pico) está, de esquina o Restaurante:

A Horta do Bruno

Rua da Ilha do Pico nº7

Telefone - 21 315 34 21

Casa pequena, mimosa, com montes (não é pleonasmo) de garrafas à vista. a maioria de grandes vinhos do Alentejo, Dão e Douro. Vale a pena ir lá nem que seja só para espreitar!

Boa amesendação, poucas mesas e cozinha excelente!

As propostas fixas são: às Quartas Feiras Cabrito no Forno e às Sextas Feiras Cozido à Portuguesa.

Do dia pode aparecer o que "Mestre Bruno" entender... Por exemplo quando lá fui a última vez havia Bacalhau à Gomes de Sá e Arroz de Costela de Vinha de Alhos.

As entradas são derivados dos melhores restaurantes alentejanos - Pimentos padrón, pimentos portugueses, saladas de ovas, de orellha, de polvo, etc.. Salpicão de qualidade artesanal, Coelho S. Cristóvão e por aí fora.

Provámos o Arroz de Costela, estava excelente, feito com couve e perfeitamente embebido num molho rescendente de vinho tinto, alho e cebola. As Entradas (que foram muitas, numa tentativa de ajuizar a confecção) também tinham qualidade superior.

Com um poderoso e magnífico Quinta do Passadouro de 2004 Reserva do Douro e 2 cafés , pagaram-se cerca de 70€. Mas atenção que só o vinho correspondeu a metade da continha...

Parabéns ao amigo Pedro, gerente, e quem mora (ou trabalha) por estes lados já não se pode queixar de não ter pousio de manjedoura afável e atento aos preços (sobretudo dos vinhos)...

Sabem que este "Passadouro" já me custou noutro Restaurante da mesma bitola 45€?

Casa estimável e a repetir uma ou duas vezes por mês (na semana de Santo Ordenado).

E, no fim de contas, "tá-se" a 5 minutos a pé da Casal Ribeiro...

Nota: A Imagem que ilustra esta crónica é do vale de Alijó, Pinhão, onde se incrusta a

"Quinta do Passadouro"

Vale de Mendiz

5085-101 Pinhão

Tel.: (+351) 254.731.246

Fax: (+351) 254.731.246

Terra-mãe de alguns dos melhores vinhos do Douro actuais ( e a preços de pessoas, não de sultões do petróleo...)

Martin Scorsese - Por fim a consagração

Merecidíssimo o Óscar de Melhor Realizador para Martin Scorsese!!

Não comento o do "Melhor Filme" porque não tive ainda ocasião de ver "Departed", mas entendo este primeiro óscar que citei quase que como um "Prémio de Carreira" dado a este trabalhador incansável da 7ª Arte, por vezes afastado das luzes da ribalta e do "sistema" que os grandes estúdios perpetuam, mas sempre visionário e pouco acomodatício nas suas propostas.

Taxi Driver, Goodfellas, The Last Waltz, Age of Innocense, Raging Bull, etc, etc, são parte de uma Galeria das maiores e mais criativas fitas dos últimos anos.

Parabens Martin!! Embora tu próprio não devas ligar muito ao "boneco" os teus Fans aplaudem de pé!

Demagogia tem sempre uma face única. Não há uma que seja Boa

Vem isto a propósito da inflamada declaração de D. Alberto João I, Senhor das Ilhas Atlânticas, Ditador Hereditário e Vitalício do enclave da Madeira e Porto Santo.

Está bem no Retrato ao lado, não está?

Alberto João afasta-se em reflexão pessoal - nunca esteve, aliás, e como agora se prova agarrado ao Poder - está, isso sim, amargurado com as injustiças continentais e maçónicas e não quer de forma alguma influenciar o processo de decisão do bom Povo do Enclave, a quem recomenda paz de espírito para votar em consciência nas Eleições que a sua estratégica retirada provocou.

O Bom Povo prepara-se para o aclamar ainda com mais estrondo na sua desejadíssima rentrée.

Let me try again! (Lembram-se do velho "blue eyes" no Madison Square Garden "The Main Event"?)

Demagogia porquê?

Porque o Governo Regional é o maior empregador da Região autónoma.

Porque domina a Imprensa local com cenouras e cacete.

Porque desenvolveu a Madeira à custa do Governo da República e dos fundos de Bruxelas de uma forma inaudita (é hoje a 2ª Região mais rica do País, logo a seguir a Lisboa) não admirando por isso os louvores do seu Povo.

Porque se soube rodear ao longo de mais de 30 anos de reinado por uma classe dirigente e caciqueira que tudo domina e de tudo informa, quais bufos fora de prazo.

Porque essa classe não quer, nem saberá, viver sem as benesses que escorrem da teta da Governação, defendendo por isso o status quo por razão de sobrevivência.

Fez mal Alberto João em tentar perpetuar esta vivência?

Fez sim, do ponto de vista da Ética, da Democracia e da Cultura (lato sensum).

Teríamos feito (nós, os impolutos cronistas da liberdade) de forma diferente?

Cuidado!! Em boa verdade não sei. E falo por mim que me considero Plural, Democrata e respeitador da Moral e dos Bons Costumes...

É que a tentação de fazer bem, de acabar com a pobreza extrema, de dar condições de vida aos Jovens, de acabar com o desemprego local, etc... deve ser Tremenda! Mesmo que seja , repito, à custa da liberdade dos outros...

Os fins justificam os meios?

Conheço alguns exemplos de pessoas de bem que não hesitaram, em certas circunstâncias, em "Endireitar" aqui e ali alguns ângulos da vida pública da forma mais violenta em vez de procurar consensos democráticos...

Pois se até os "bons", os "heróis" também já utilizam hoje a tortura ...

E a "superioridade moral" do Homem de Bem? Aristides de Sousa Mendes (esse sim um Herói com letra grande) morreu na miséria...

Eu odiaria ver uma Democracia morrer sem que tenha primeiro vendido cara a derrota, lutado com os dentes e com as unhas até mais não poder. Assim já se fez no passado e o Bem saíu vitorioso (WWII) no final. Mas os meios utilizados - Hiroshima...

Não é possível a ninguém libertar verdadeiramente os escravos. Estes é que se têm de libertar a eles próprios...

O Enclave espera por esse dia. Que não será ainda este ano...

País Político na senda do "Sete"

Nova Sondagem "Barómetro da opinião pública" e aqui estão os resultados:

PS - 47%

PSD - 27%

PCP - 9,7%

BE - 7%

CDS - 4,8% (o único que "largou" o sete)

PS sobe 4 pontos; PSD baixa (pouco) ; PCP mantém; BE baixa um pouco e CDS também.

Esta sondagem foi feita já depois do Referendo sobre a IVG.

E quanto aos leaders?

Sócrates reforça a liderança positiva na opinião pública, com 15 pontos positivos.

Marques Mendes aguenta-se a custo;

Jerónimo "O Resistente" está para lavar e durar; é o "Último dos Moicanos"

Francisco Louçã perde um pouco terreno;

e quanto a Ribeiro e Castro? - Perdão, disse quem?? Não conheço...

Catacuzes;Carrasquinhos;Espargos e Azedas

O pobre camponês alentejano sempre fez das fraquezas forças e conseguiu, através do seu engenho, combater admiravelmente a fome (e outras limitações) que lhe eram impostas nos tempos passados.

A forma como o fez tem a ver com a utilização dos humildes produtos da terra, as mais das vezes ervas selvagens a que ninguém " de berço" dava importância, transformando-as em Açordas , Gaspachos ou em guizados e cozidos a que se juntavam umas mãos de carneiro, ou um pouo de toucinho ou ainda os restos de alguma linguiça caseira.

Catacuzes - Nome científico: rumex bucephalophorus. Planta da família das poligonáceas. É frequente nos solos ácidos de Portugal e região mediterrânea. São parasitas do Trigo e encontram-se ao redor das Searas. Excelentes para aromatizar guizados e Cozidos.

Espargos Verdes (ou Selvagens) - asparagus officinalis. Planta vivaz da família das liliáceas e subfamfiia das asparagoideas, com turiões carnudos brancos. O espargo selvagem com o nome científico de asparagus Lenuifolius, difere do espargo hortense por turiões delgados. É espontâneo no Alentejo e óptimo na prepração das Migas ou dos Ovos mexidos.

Azedas - As azedas pertencem à família das Poligonáceas (Rumex acetosa).
Colhem-se as folhas novas antes da floração, uma a uma. Quanto mais freqüentemente se fizer esta apanha, tanto mais forte será a nova folhagem da planta. As folhas consomem-se frescas, porque quando secam perdem quase por completo as suas virtudes como condimento. As folhas, o menos apertadas possível, colocam-se em camadas ligeiras, num lugar ventilado e escuro, sem lhes tocar nem virar. Empregam-se como salada e na confecção de sopas.

Carrasquinhos (ou carrascos) - Muitas espécies vegetais são muito atreitas a solos ricos em carbonatos (derivados de calcários) ; é o caso de arbustos como o carrasco (Quercus coccifera) da família dos cactos. Utilizam-se em culinária apenas os caules tenrinhos e depois de lhes serem retiradas as folhas agressivas.

"Posta a mesa" com esta introdução pseudo-científica vamos lá então falar da comidinha que tivemos ocasião de provar um destes dias por obra e graça de Santo António (Mendonça):

Entradas: - Salada de Azedas, ovos mexidos com espargos verdes e linguiça de porco preto.

Prato Principal - Mãozinhas de Carneiro com grão, Catacuzes e carrasquinhos . Em guizado lento e oloroso apuram-se as mãozinhas impecavelmente limpas de todas as peles e impurezas, juntando-lhes o grão, os caules de catacuzes e dos carrasquinhos para melhorar o sabor. Para a panela entra também um meio chouriço artesanal de porco preto partido aos bocadinhos. O refogado é simplesmente feito em azeite do melhor (alentejano pois então!).

Bebeu-se um Vinho sem marca feito em casa do Luis Corte-Real, só com castas aprovadas da Região do Dão. Excelente para este tipo de produto sem pretensões e que ajudou à nossa simulação de refeição de "camponês pobre"...

Enquanto discutiamos estas questões filosóficas da fuga às severas restrições da vida no campo do alentejano pobre, bebendo uma antiquíssima aguardente bagaceira branca Casa dos Cunhas (maravilhosa! Bem melhor do que a Brejoeira, referência absoluta destes digestivos) houve quem afirmasse - com muita razão:

"Isto que hoje aqui comemos transformou-se em comida de ricos - Quem é que tem tempo de andar pelos campos a apanhar os carrascos e as azedas, de limpar as mãos de carneiro e de desfolhar os catacuzes na seara? Só quem não tem mais nada para fazer!!"

E esta Hein?! É a vingança dos Pobres...

Dois Comentários Importantes

Vim pela primeira vez a este Blog, movido pela curiosidade motivada pela sua apresentação: "um espaço de reflexão sobre Correios em Portugal".

Por acaso, o que se passa hoje nos CTT, tem algumas semelhanças com o Carnaval, entendido como brincadeira (de mau gosto), barafunda, confusão, etc., mas, a não ser que o autor escreva duma forma eufemística, não parece que o objectivo deste post seja falar dos Correios de Portugal.

Por isso fiquei um pouco desiludido.

Ainda quando fala de comes, bebes e afins, vá que não vá. Agora, outras coisas, enfim, que se falasse mas, subsidiariamente. Quer o seu nome "correio-mor" quer a sua carta de apresentação, me fizeram esperar vir aqui encontrar escritos a propósito dos Correios.

Por exemplo, sobre a nova estrutura da Empresa, que a Comissão de Trabalhadores apelidou de "ERRO COLOSSAL", dos resultados da Qualidade de Serviço, em 2006, apenas para falar de assuntos mais actuais, nos CTT.

Um abraço
Flávio

E agora um do nosso "Zé":

Concordo que o espaço que este blog dedica a assuntos dos CTT, peca por defeito,quer em termos de assuntos quer de participantes.
Perdeu pressão e foi-se esvasiando, tendo-se afastado, do que em 1º editorial, parece o originou.Tem sido mantido pelo Raul, tendo muitos dos anteriores colaboradores do blog,deixado de dar as suas opiniões e contributos?!

Esgotaram-se os temas e as ideias? Nada há a debater? Estará tudo na maior? Precisa de vitaminas para ser um espaço de debate e cumprir os objectivos para que foi criado.

Colaboradores e temas precisam-se....a empresa CTT tem muita gente de qualidade que a pode e deve debater....que se passa?...haverá medos ou mordaças? Em tempos de mudança e de incerteza, muitos se escondem a ver aonde param as modas, há os não tem dúvidas, há os emplastros, estão sempre na fotografia, os puxa-sacos, os lambe-botas e os que ponderam as situações,agem de forma Profissional coerente e consciente,normalmente não Yes-men.

Problemáticos? Tempos de Mudança? A Mudança faz-se com as pessoas e não contra elas.São elas que fazem a diferença. Erros estratégicos não tiveram nem terão retorno.
21 February, 2007

Correio-Mor sem CTT?

Dois comentários à minha última crónica de teor carnavalesca - e de dois Amigos que muito estimo - fizeram-me reflectir aqui convosco sobre o Tema do Blogue e sobre a sua eventual descaracterização.

Sou quem sou e , por isso, mesmo quando parece que nos afastamos "da chinela" para dar bocas sobre "a toga" - sendo nós sapateiros - há sempre um nexo de causa e efeito que reune estas observações. Pode é ser mais ou menos evidente para quem não me conhece bem...

Falo de Política porque fui muitos anos Professor de Sondagens e de Estudos de Opinião na Universidade e realizei muitas dezenas de análises eleitorais.

Falo de Gastronomia e de Enologia porque é um dos meus interesses particulares, sobre o qual até já escrevi profissionalmente.

Falo do que me incomoda ou do que me faz feliz na sociedade que temos, de uma forma geral, porque não sou alheio ao mundo onde vivo.

Falo de Filatelia porque é a actividade que mais e melhor conheço neste mundo e a que pratico neste momento. Por exemplo, a história das Máscaras "Diabo" e "Morte" de Vinhais que dei a conhecer não é mais do que reafirmar a coragem que tivemos ao emitir uma Emissão de Selos sobre este tema, apesar das muitas críticas do foro religioso que sofremos.

Não falo tanto de política interna CTT como no dealbar da construção deste Blogue por dois motivos:

a) Quando criámos o Blogue a situação era de "guerra" e o Blogue foi a reacção de alguns "vencidos da vida" porque não se podiam exprimir de outra forma abertamente. Serviu de catarse colectiva, parecia o Maquis...

Quer queiramos quer não e por muito que se reconheça que também há actualmente descontentamento, parece evidente que a actual situação não é a mesma!? Eu, pelo menos, digo abertamente o que acho que devo dizer, obviamente respeitando a solidariedade institucional em público, mas sem medo nenhum de falar com "Deus" ...

b) Por outro lado há uma questão de coerência: - sendo actualmente dirigente da Casa tenho pudor de fazer afirmações contraditórias com a estratégia da AD neste contexto. Se não estivesse de acordo deveria simplesmente abandonar o lugar. Se não o faço, não posso (nem devo) ser hipócrita...

Dito isto, nunca impedi ninguém - até a troco do anonimato - de aqui se exprimir como muito bem entendesse.

Por outro lado a Qualidade continua a ser um dos nossos cavalos de batalha. Basta recordar o que aqui se escreveu a 27 de Novembro 2006 ou até da crónica de 23 de Novembro do mesmo ano sobre o "Estado da Nação Postal"...

Carnaval

Esta época do ano que antecede a Quaresma e que tem por características principais os festejos na rua e a expressão mais "liberal" dos sentidos, terá mais do que uma teoria que lhe explica a origem.

Pode vir do Latim "Carrrus Vale" - antiga procissão em que um Carro Grego de grandes dimensões transportava pelas ruas de Roma, aclamado pela populaça, uma estátua do Deus Apolo; ou ainda do Italiano medieval "Carne no vale", "adeus à carne" .

De todas as formas sempre o Carnaval foi uma época de "festim carnívoro" em que se dava largas a um desmedido e público apetite pela abundância da mesa e dos pratos de carne, tendo mais tarde e por generalização, essa tendência passado a englobar o comportamento sexual aparentemente liberto de peias da razão ou dos bons costumes.

A coberto das Máscaras os foliões realizavam em três dias as Fantasias reprimidas em um ano de observação rígida dos preceitos religiosos tradicionais.

Mal visto pelos Protestantes mas (estranhamente) tolerado pelos Católicos, é nos Países assumidamente católico-romanos que esta celebração atinge o apogeu: Itália\Veneza, Brasil, França, Espanha, Portugal e sem esquecer o "Mardi Gras" de New Orleans.

A eventual necessidade dos fiéis se "desfazerem das reservas de carne" antes do início da Quaresma pode explicar o consumo desenfreado que acontecia nestes dias no período medieval.

Ainda hoje muitos restaurantes de referência têm como prato principal de Terça Feira Gorda a "Feijoada". Por exemplo o clássico Gambrinus apresentava nesse dia uma afamada "Cabeça de Porco com Feijão encarnado".

Em Portugal a Tradição das Terras de Trás-os-Montes enraíza o Carnaval em velhos mitos Celtas que envolvem ritos de passagem (da adolescência para a idade adulta) e empresta um colorido muito especial a esta quadra com as suas tradicionais Máscaras, estudadas pelos grandes Antropólogos portugueses e estrangeiros.

Respeitando a sensibilidade de cada um dos nossos leitores gostaria de sublinhar em breves traços o verdadeiro significado da Máscara “Diabo” na etnografia própria das regiões transmontanas.

De facto, a máscara corporiza um modelo ideológico e de mito, explicativos da criação do mundo e da sua organização, papel esse extremamente importante em todas as sociedades fechadas e integradas nos seus próprios valores. No caso vertente é referencial da Máscara “Diabo” o Dia de Quarta Feira de Cinzas , em Vinhais e em Bragança.

Juntamente com a sua companheira Máscara “Morte” , a Máscara “Diabo” tem nesse dia um papel castigador do corpo e profiláctico da Quaresma (antes do Cristianismo associado a ritos anunciadores da Primavera e de expulsão dos rigores invernais) atormentando e perseguindo os habitantes que saem à rua nesse dia . Seriam vinte e quatro horas de penitência e de inquietação próprias do início da Quaresma, como muito bem o atesta a lição do Abade de Baçal.

Carnaval de carne e de sexo, Carnaval mitológico transmontano, ou simplesmente desculpa para algumas noites "mais" libertas do que é costume, o certo é que hoje em dia Carnaval é também uma obrigação para que todos se divirtam.

Como odeio este tipo de "mandamentos" nunca liguei nenhuma ao Carnaval... Mas não tenho nada contra os que o aproveitam integralmente!

O Ramiro e o Aleixo

Comentários à crónica sobre o Restaurante Aleixo:


Caro Raúl

Ao ler o seu texto de hoje, lembrei-me de um desafio que tal promover um almoço para os visitantes deste magnífico Blog, seguinto a sua sugestão de viagem no comboio, confesso que à pelo menos 5 anos não o faço e almoço nesse restaurante que embora sendo de um benfiquista creio que poderemos relevar esse facto com a qualidade do repasto.

Um grande Abraço
Paulo Mendonça

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E será que o Sr. Ramiro ainda está na Casa Aleixo? Parece-me que li algures (no Sol? no Expresso? ou alguém me disse?) não há muito tempo que, por desentendimentos familiares ou algo do género, o Ramiro saíu do Aleixo.

Aliás, parece-me também que já há algum tempo que a Mãe também não era cozinheira.

Continuando com dúvidas, parece-me que quem gere actualmente a casa Aleixo é o cunhado (um senhor forte, digamos assim) e a irmã do Ramiro.
Será? Seja como for, isto só confirma que todos nós há muito tempo que não vamos ao Aleixo. Por isso, se abrirem inscrições para a viagem de comboio...

Quim

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Ora bem, em primeiro lugar há que saber se temos Ramiro ou não.

Depois (e mais importante) verificar se a qualidade se mantém desde a última vez que lá fui, fará agora uns 7 meses.

Comprometo-me a "sacrificar-me" para tomar o pulso a estas duas dúvidas pertinazes, pelo que farei ASAP a inevitável deeslocação ao honrado burgo do Porto.

Mantendo-se a Qualidade trataremos da nossa viagem abrindo então as inscrições para os Clientes\Leitores ...

Ramiro da Campanhã?? O que é isso??

Quem é o “Ramiro da Campanhã??!!

Os Blogues têm destas coisas... mal me distraio acontece o reparo dos Leitores.

No caso da crónica sobre o Cartaxense “Pata Choca” iniciei a charla referindo a tradição nortenha de bem trabalhar o Polvo, e referindo a propósito, entre outros, o “Ramiro da Campanhã”.

Ora este é um restaurante que não existe!! Como muito bem referiram alguns dos Leitores habituais!

O que existe , e há quase 55 anos, é o famoso Restaurante:

Casa Aleixo
Rua da Estação 216
4300-171 PORTO

Freguesia: Campanhã
Telefone – 22 53 70 462

Onde trabalha, gere a sala e recebe o pessoal o benfiquista (sediado no Porto) Sr. Ramiro, estando na cozinha a sua Mãe e grande cozinheira tradicional, Senhora Dª Maria Inês Ribeiro.

Daí (na gíria) ser tratado muitas vezes o Aleixo carinhosamente como “ir ali comer ao Mirinho” ou “Ir ao Ramiro de Campanhã”.

Casa Antiga com duas salas separadas: a do café e onde se “espera” e a principal onde se come, tendo a cozinha à vista lá no fundo. Sim, é verdade que cafés são tomados ali ao lado, pois há que vagar as mesas para a enchente seguinte. A não ser que lá vão comer depois das 14,30H...

Come-se divinalmente. Tudo fresco (atenção que dúvidas sobre este desiderato serão tratadas à moda do Porto, ou seja, à cacetada, resultando em expulsão do local).

As especialidades da Casa são os filetes de pescada, os filetes de polvo, a vitela, o cabrito assado no forno, o chispe com feijão vermelho e grelos e as tripas. Para a sobremesa, a aletria, as rabanadas e a maçã assada. Contudo, também o toucinho do céu «mesmo doce e feito como nos conventos “ uma verdadeira referência pecaminosa no fim da refeição.

Pratos do Dia são (ou eram quando lá fui pela última vez) :

Segunda-feira: Bacalhau cozido com grão ou Bacalhau à Gomes de Sá

Terça-feira: Tripas

Quarta-feira: Cozido à Portuguesa

Quinta-feira: Chispe com Feijão Vermelho

Sexta-feira: Bariganga (feijoada com feijão frade e grelos); Farinha de Pau de Pescada; à noite, Cabrito Assado

Sábado: Tripas

Estão a ver o género, não estão? Felizmente para o retempero dos pobres estômagos o restaurante encerra aos Domingos.

Preços? Já foram mais em conta... Temos de contar com perto de 35€ por cabeça tendo algum juízo na escolha “vinhática” ( não confundir com a madeira) e não abusando dos digestivos, que os há muitos e bons...

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Nas alturas em que ocorrem as tragédias é que fazem mais falta os amigos (neste caso dos comboios) por isso vão-me desculpar esta sugestão de um passeio que já fiz por mais de uma vez.

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Imaginem o seguinte percurso para um destes Sábados :

Tomar o comboio na Gare do Oriente, pelas 9 da manhã (InterCidades). Ao fim de 3 horas e vinte e poucos minutos (12,30H) estar a sair em Campanhã, 5 minutos a pé e ... comer e beber no Aleixo sem temer o balão. Marquem primeiro sff!

Regressar a Lisboa pelo início da noite fazendo a sesta no caminho (Campanhã 15,10H- Lisboa -Oriente 18,36H; também no Intercidades).

Seria ou não um Sábado bem passado?

Oh Maurício não precisas de me dar comissão porque eu também gosto de Comboios!!

Arranjem lá a linha do Tua se fizerem favor rapidamente porque é dos panoramas mais extraordinários que se podem ver estando nós sentados...

S. Valentim - Dia dos Namorados

Chegado o fim da tarde lá me apercebi, pelas conversas e pelas flores nos Gabinetes, que hoje se festejava o Dia dos Namorados... Houve até quem me criticasse tal falta de ideia aconselhando:

" - procure companhia que isto de envelhecer sózinho não se deve poder aturar"...

Desejei (interiormente) que nunca faltassem à autora da duvidosa injunção alguns piolhos bem escolhidos entre os lençóis, para não dizer nas virilhas, mas dei por mim a obrigar-me a relembrar a data do S. Valentim.

A presença feminina dá mais por estes aniversários, penso eu, e quando se tem apenas de aturar em casa um filho homem e uma mãe a passar o prazo de validade, sem cão, nem gato,nem sequer um canário, estas lembranças são mais provocadas por estímulos exteriores do tipo "impacto publicitário" do que propriamente por conversas à lareira.

Minha Mãe faz anos a 13 de Fevereiro e recordo agora (e compreendo) o sorrizinho matreiro da empregada da perfumaria quando lá fui ontem à tarde comprar-lhe o habitual creme de 24h da Lancôme (Caríssimo, aliás, mas enfim... a senhora gasta matematicamente 4 embalagens das grandes por ano: Dia da Mãe, Natal, Dia dos Anos e Dia da Avó. Eu pago todas... ).

Pedi embrulho de oferta e recebi logo um conselho

"- não quer antes levar um perfume? Olhe que nós gostamos mais..."

"- Está bem assim, obrigado!" Respondi eu.

"-Então vai levar estas amostrazinhas de oferta" E enfiou-me no saco 3 perfumantes de senhora...

Ciente de que a minha mãe perdeu o olfacto há uns três anos, depois de ter sido operada, ainda tentei mudar a oferta amável para colónias de homem, mas tive receio de ser mal compreendido e nesta idade (Chiça!! Lá estou eu!!) o bom nome e as aparências são tudo o que resta a um homem.

Pois é então Dia dos Namorados! Festejem, Celebrem a companhia uns dos outros , pensem que

viver a dois tem a incrível vantagem de nunca se chatearem sózinhos e de se aborrecerem sempre bem acompanhados!

Ementa para o Jantar do Dia dos Namorados

a) Sem Filhos

Um Conselho de Amigo (aos Homens): se querem acção depois do jantar saiam de casa e vão a um Restaurante. Podem nunca mais ser perdoados se sugerem outra coisa qualquer...

b) Com Filhos

A prole traz vantagens para a entidade paternal mas apenas depois de terem enriquecido e\ou estarem nalgum lugar de poder que nos possa servir de amparo na velhice (Ai que Porra!!! Outra vez!!).

Por exemplo, ser o Pai trabalhador dos CTT e o Filho Ministro das Obras Públicas Transportes e Comunicações. Para esse dia trabalho, mas ainda lá não cheguei.. E Vocês?

Pelo contrário, enquanto os monstros e monstras (adolescentes ou pior) ainda lá se pavonearem por casa gritando pelo controlo do remoto da TV ou rateando o tempo na InterNet (o que está neste momento aqui a passar-se, motivo pelo qual já tenho perto de mim o chapéu de chuva de cabo de madeira) não haverá descanso para os Pais, nem no quarto nem na sala de jantar...

Mesmo assim sugiro um Jantarinho de família sem muito trabalho.

Antes de chegar a casa passem pelo El Corte Inglês e comprem ovas de caranguejo, ovas de salmão, salmão defumado escocês ou irlandês, alcaparras, tostas de pão integral e, já me esquecia , um foies gras decente mas não escandalosamente caro. Serve bem o da marca espanhola. Não se esqueçam de comprar também uma ou duas latas de salsichas alemãs fumadas (as melhores são da marca Hochwald) estas são fundamentais, como verão.

Batam uns ovos mexidos (dois por pessoa) umas cem vezes na tigela, temperem de sal e pimenta preta e fritem em azeite por duas vezes, a primeira porção com parte do salmão cortado fininho e a restante simples.

Sirvam numa travessa funda os ovos com salmão rodeados pelas tostas com o resto do salmão, com as ovas e o foie gras.

Para os mais pequenos tentem convencê-los (boa sorte) de que as salsichas que lhes pôem no prato com parte dos ovos mexidos simples são muito melhores do que o que está nas tostas.

Abram um Espumante decente , recomenda-se o Quinta de Carvalhais Rosé, excelente.

Boa Noite e Bons sonhos!

Pata Choca??!!

Mais uma visita de reconhecimento aos Quadros expositores do Cartaxo e mais uma oportunidade de almoçar fora do burgo vicentino.

Desta vez fomos alertados por um dos nossos Carteiros: Temos ali um restaurante novo onde as pessoas vão muito... É o

Pata Choca

Sociedade Hípica do Letrado

Rua Ribeiro da Costa nº 49

2070 - CARTAXO

Tel - 243 391 162

Centro equestre novo, bem tratado, com fácil acesso de boa estrada e perto da A1. Os proprietários resolveram construir dentro do Centro um Restaurante, obviamente com muito poucos dias de vida quando o visitámos, mas já a mostrar potencial, como se verá...

Como lá ir ter?

Isso agora é mais difícil, mas posso tentar explicar: quem sai da A1 no desvio que diz mesmo Cartaxo encontrará à sua esqueda e depois de percorridos uns mil e 500 metros um muro azul e branco com portão azul que está identificado com o nome de Pata Choca. Para dúvidas basta telefonar.

Muito boas instalações, mesas bem ataviadas, duas lareiras a funcionar, pessoal muito gentil e esforçado, se bem que algo "verde", nada que não se possa ir corrigindo.

A carta exibe grelhados no carvão e tem também pratos do dia. Quando lá fomos havia Feijoada e Polvo à Lagareiro.

A apresentação é muito original (por exemplo o Polvo vinha numa telha vidrada) e o paladar destes pratos de "tacho" mereceu acordo geral.

A lista de Vinhos é quase que predominantemente ribatejana, o que se saúda numa casa com estas características.

Já se sabe que o blogger tem outras preferências "imbibitórias", fruto de uma vida meio passada a provar Douros , Dãos e Alentejos de qualidade. Haverá - estou certo - espaço para todos neste maravilhoso País que apresenta uma variedade vitivinícola que não tem comparação no Mundo (atendendo à nossa dimensão).

Resumindo: Boa feijoada (9,5€) , bem temperada e com enchidos e carne de porco em abundância. Polvo (9,5%) mereceu alguns reparos por não estar exactamente no ponto de macieza que é desejável, mas também devo referir que - por norma - só para cima do Douro é que encontrei quem soubesse trabalhar o Polvo da melhor maneira (Casa Nanda, O António, Ramiro da Campanhã).

Entradas : enchidos grelhados: boa farinheira e chouriça de carne, morcela assim-assim.

Pratinhos com queijo (mauzinho, embora local) e Presunto (idem, idem...).

Nos vinhos abicámos o branco da casa (muito razoável a 3€ o jarro) e um Tinto "Vinha do Alqueve" (12€) que não é mau mas estranha-se um pouco ao início.

Preços: 4 pessoas, 4 cafés, mais o que ficou referido: 70€.

Tendo em atenção a qualidade geral da comida, excelente amesendação, decoração, simpatia do atendimento, etc... Podemos dizer que saímos satisfeitos.

E com a vantagem de ser uma Casa que aposta decididamente no que o Ribatejo tem de melhor: Cavalos por perto, boa comida e vinho (aqui neste último aspecto é que não serei muito ribatejano...)

Uma Ribatejana de gema fala do Pata-Choca no seu Blogue "Conversas no Cartaxo":

Não sei se já foram experimentar o Pata Choca, eu já e adorei... Gostei muito! Acho que o espaço foi muito bem aproveitado, o ambiente é muito acolhedor.. tem 2 lareiras fantasticas que tornam o ambiente muito familiar.. nas noites frias de inverno nem apetece sair de lá.. A comida é optima, por vezes demora um pouco mas é porque é tudo feito na hora..Para mim está 5 estrelas..Acho que o Cartaxo bem precisava de um espaço assim.. de salientar que tem uma sala para alugar para fazer festas privadas.. com churrasco.. uma delicia.. "

Mesmo descontando o fervor nacionalista dá para termos uma ideia...

Comentário - A Vitória do SIM

Diz o nosso "Zé":

Que se legisle com ponderação e se evitem, combatam, os negócios "sórdidos" que poderão espreitar,ou melhor estão à espreita e que daqui a uns tempos se verifique que os problemas de saúde pública estejam melhor resolvidos e que se reduziram o número de abortos,por consciencialização e apoio da Sociedade no combate aos flagêlos que são a exclusão social e o aborto.

Aguardo e espero que não se radicalizem situações na abordagem de um assunto que é fracturante e que se procurem convergências no sentido de ser possível uma maternidade responsável.

Há muito a fazer na educação sexual, em situações comportamentais, de risco e na protecção e acompanhamento materno-infantil.

Nada está resolvido, muito há a fazer. Ponderação, Bom-Senso, nada de radicalismos, cooperação e Vontade Política de encarar o problem em toda a sua dimensão.

O Aborto é um Flagêlo e um drama....alterar a lei será o mais fácil.

Só está dado um passo, aguardemos...

Concordo com o Zé. Só está dado, de facto, o passo mais pequeno....

Mas sem este pequeno passo nada se podia fazer, por isso não se subestime a Vitória do SIM.

Foi a Vitória da modernidade responsável, foi a Vitória da tolerância e foi a Vitória da Juventude.

Rasgou-se um pano de cena que envolvia as decisões do País político em medos de influências de sacristia.

A Religião, qualquer que seja, tem todo o direito de assumir posições de princípio e éticas, publicamente. Mas cabe ao Cidadão analisar e escolher de acordo com a sua consciência, sem opróbio público nem condenação demagógica.

Fundamentalismos à moda de um Islão mal interpretado por actores sedentos de protagonismos é coisa que não necessitamos na vida deste rectângulo.

Mal comparado tudo isto lembra o caso do Dr. Vale e Azevedo - que enquanto foi Presidente do SLB viajou incólume pelas franjas da marginalidade. No dia em que perdeu as eleiçõe lá chegou o Braço da lei, inexorável...

O Processo Apito Dourado e a sua actual e aparente "velocidade de cruzeiro", bem diferente da que existia no passado recente , também nos auguram um novo caminho de progresso civil, onde não há intocáveis nem zonas de exclusão da lei.

Vamos esperar para ver, porque isto de prognósticos "só depois do Jogo"...

SIM Pois Claro! - Começa agora o Trabalho...

Ganha o SIM com cerca de 20% de distância face ao NÃO: 59% para 41%.

A Abstenção continua elevada (mais de 50%) mas mesmo assim reduziu-se 10 pontos percentuais face ao Referendo homólogo de 1998.

A Noite de ontem foi interessante de seguir embora - do ponto de vista técnico - nada estivesse , de facto, escondido ou nebuloso desde que se realizaram as últimas sondagens.

Quase todas as Empresas de MR previram bem e deram às 20.00H os resultados finais dentro dos seus Intervalos de Confiança.

Pontos que destaco: Moderação de José Sócrates (a aplaudir); Discurso um pouco atabalhoado de Ribeiro e Castro. Louçã parecia um Profeta e Jerónimo de Sousa leu um texto demasiado longo e sem alma... Marques Mendes? Não me lembro do que disse... Se calhar foi porque nada disse de muito importante.

No Zapping obrigatório entendo que a RTP se perdeu no marasmo de só ter dois comentadores (Marcelo e Vitorino) ambos sem muita vontade de se envolverem a sério na discussão.

A SIC começou bem mas a TVI esteve mais viva (os seus comentadores eram menos conformados e certinhos, e o diálogo por vezes "chispou").

Ganha o Primeiro Ministro, Ganham os Partidos de Esquerda (PS, PCP e BE). Mas, sobretudo, ganham os Portugueses uma possibilidade de fazer legislação moderna e adequada para resolver este problema social.

Não se perca essa oportunidade!

Agora começa o trabalho , na Assembleia da República, nas Comissões especializadas e por aí fora até chegar ao PR.

SIM no REFERENDO!

Hoje saem as últimas sondagens sobre os resultados do referendo àcerca da interrupção voluntária da gravidez.

São nada menos do que 4 sondagens e em todas o SIM vence.

As percentagens de Vitória variam entre os 6 pontos percentuais (Eurosondagem) , os 12% da Aximage, os 16% da U. Católica e os 21% da InterCampus.

Mas a abstenção ronda os 40% em quase todas...

E os Indecisos são quase 12% também...

Votar no Domingo é fundamental para afastar os fantasmas do passado e desancar mais uma das características atávicas da nossa Democracia: "o olhar para o lado que não é nada connosco"...

Votar SIM é dar uma paulada no Aborto clandestino e na vergonha das Mulheres que morrem por sua causa.

Votar SIM é também dizer NÃO ao aborto e abraçar a responsabilidade.

Segunda Feira Falamos.

E o que diz o Blogger?

"Não te atrevas, sapateiro, a ir além da chinela!"

Diz-se que esta frase foi proferida pelo escultor grego Phidias ao reparar que um sapateiro de Atenas tinha criticado uma estátua sua em relação ao pormenor do calçado, o que Phídias tinha emendado, mas logo a seguir e satisfeito com a emenda que causara, passou o sapateiro a criticar também a toga do retratado, tendo ouvido a reprimenda assinalada a bold.

Eu, se fosse Engenheiro ou Arquitecto, poderia ter uma opinião técnica sobre a Ota.

Como não sou terei apenas a opinião feita do senso comum:

Se a Portela está pelas costuras , mas é considerada o melhor Aeroporto em termos de proximidade, não seria possível mantê-la e construir mais dois ou três Aeroportos de pequena ou média dimensão nos arredores (Tires, Ota pois claro, Montijo, etc...)?

Dizem-me os entendidos que não. Os aviões que se estão agora a conceber para entrar ao serviço dentro de 5\10 anos são tão grandes que nem conseguem servir-se da Portela quanto mais de aeroportos mais pequenos...

Nestas circunstâncias teremos de ter Ota ou Montijo, e nas dimensões gargantuescas que serão necessárias para acomodar os AirBus e Boeings gigantes...

Mas Ota ou Montijo?

Aqui é que fico aflito, pois não tenho competência para ajuizar... E quem confessa não merece castigo.

A Opinião Oficial

Com o devido agradecimento ao Portal do Governo transcreve-se parte de uma Comunicação do Engº José Sócrates:

São aliás, estas conclusões que fundamentam a decisão do Governo e foram já apresentadas pelo Senhor secretário de Estado, mas que eu quero reafirmar.

A primeira é muito simples. Julgo não haver dúvidas para ninguém, em particular para todos os especialistas que se ocupam desta matéria, que o aeroporto da Portela estará fortemente condicionado na sua operacionalidade, estará mesmo congestionado a partir de meados da próxima década.

A segunda conclusão tem a ver com o seguinte: a alternativa para resolver os problemas de congestionamento não pode passar pela manutenção da Portela como aeroporto complementar. Como seja, por exemplo, Alverca, ou o Montijo ou Figo Maduro. Porque isso seria um erro económico e um erro técnico, pelas três razões que aqui foram expostas.
Em primeiro lugar, porque isso conduziria a limitações no tráfego aéreo que não são desejáveis.
Em segundo, porque o aumento da capacidade seria tão marginal que obrigaria, daqui a uns anos, a tomar de novo a decisão de construir um novo aeroporto.
E, finalmente, também, porque os custos financeiros, os custos de investimento e de exploração seriam tão significativos que retirariam competitividade e produtividade aos aeroportos de Lisboa e aos aeroportos internacionais

Terceira conclusão: a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa, é a Ota. Julgo que isso resulta absolutamente evidente de todos os estudos que foram feitos, e as razões da preferência da Ota têm a ver com razões económicas e com razões ambientais.
A verdade é que, quer a política, quer a economia, se fazem com realidade e não com ficções, com realidade e não com a utopia. Não haverá ninguém certamente nesta sala, incluindo eu próprio, que não desejasse ter um novo aeroporto mais próximo de Lisboa.
Mas, a verdade, é que de todas essas localizações a melhor, aquela que melhor serve os interesses do País é a da Ota.

Mais Ota e TGV - Resposta dos Estudantes do Técnico

A Associação dos estudantes do IST entrega na Assembleia da República miniaturas de um Comboio e de um Avião, juntamente com um Texto onde se defende que:

"O Investimento na Educação é mais importante do que o proposto para a Ota e TGV"

Que Aeroporto?

Dos Jornais:

"Governo encomenda novo Estudo de viabilidade sobre o Aeroporto da Ota. Face a dúvidas do actual Presidente da República sobre a rentabilidade da Ota , manifestadas ainda durante a campanha eleitoral, o Governo manda avaliar se os benefícios económicos deste empreendimento durante o período de laboração do novo areroporto serão superiores ao investimento previsto"

Sou só eu que estranho ou esta "continha" que tem a ver com a comparação entre o que se gasta e o que se recebe devia ser a primeira coisa a fazer quando se pensa investir "tão pouco" quanto 3 mil milhões de Euros??!!

Portugal 2 - Brasil 0

"Samba" ferrugento perde com o "Vira"

Num jogo de futebol que me pareceu mais remédio para as insónias (desculpem a franqueza) Portugal conseguiu derrotar nos últimos minutos um Brasil sorumbático e lento que apenas em alguns momentos mostrou um pouco do perfume do seu futebol de maravilha.

Diria o "outro", o saudoso que este jogo foi "muito brinca na areia" , "muito p'ra espantar o boi" e pouco emotivo.

Claro, era a feijões...

Mesmo assim ninguém gosta de perder. E se não fossem os feijões não havia a grande epopeia épica que é uma

Feijoada à Brasileira completa (12 Pessoas)

(Com os meus Agradecimentos a "Colher de Pau" )

400g de carne seca; 400g de costela de porco defumada; 1 pé de porco salgado; 2 rabinhos de porco salgado; 200g de orelha de porco salgada; 300g de lombo de porco salgado; 2 paios ; 250g de linguiça de porco grossa; 200g de língua de boi defumada; 100g de bacon; 1 1/2 quilo de feijão preto de boa qualidade; 6 folhas de louro; 400g de cebola bem picadinha; 200g de alho picado; 1 chávena de azeite ; 12 laranjas bahia; 12 doses de aguardente (para o caldinho).

Limpe bem as carnes salgadas, tirando o excesso de gorduras e nervuras, limpando os pelos, e colocando-as de molho em água por 24 horas.

Troque a água três a quatro vezes durante este período.

Escolha e lave o feijão, e coloque de molho por pelo menos seis horas.

Após o molho, ferva as carnes salgadas em peças inteiras, durante mais ou menos 20 minutos, em fogo forte, jogando a água fora, a fim de retirar o excesso de gordura.

Ferva o pé e os rabinhos separadamente, colocando o limão, cortado em quatro, na água da fervura.

Coloque o feijão para cozinhar, junto com as folhas de louro e duas laranjas, com casca, cortadas em metades. Quando começar a ferver, vá acrescentando as carnes na seguinte ordem: carne seca, pé e orelha.

Meia hora depois coloque a língua, os rabinhos e a costela, e após meia hora, coloque o lombo, a linguiça, o paio e o bacon, cuidando para tirar e jogar fora, durante todo o cozimento, a gordura que for subindo à superfície.

Vá acrescentando água quente sempre que necessário, tendo o cuidado de manter as carnes sempre cobertas pelo caldo.

Quando os grãos estiverem macios, retire as metades das laranjas. Doure bem a cebola e o alho em uma chávena de azeite previamente aquecido em uma frigideira e coloque na panela do cozimento.

Após duas horas comece a testar o grau de cozimento das carnes com o garfo, pois nem todas chegam ao grau de maciez ao mesmo tempo, retirando e reservando as que já estiverem no ponto.

Prove o sal e torne a escumar para tirar qualquer excesso de gordura.

Retire duas conchas cheias de grãos e amasse com o garfo até obter uma pasta. Misture com a feijoada e abaixe o fogo.

Quando todas as carnes e o feijão estiverem no ponto, retire e corte as carnes em pedaços pequenos para servir, voltando para a panela com o feijão e cozinhando por mais 10 a 15 minutos em fogo brando.

Descasque as laranjas restantes, retirando todas as peles e sementes e corte em pedaços não muito grandes e coloque na geladeira até o momento de servir. Prepare um arroz branco, e a couve e a farofa.

Faça um caldinho usando 12 doses de aguardente e 6 conchas do caldo coado da feijoada, meio ralo.

Sirva todas as carnes cortadas em pedaços regulares numa travessa grande e o feijão numa terrina funda, com tampa.

Os demais acompanhamentos são distribuídos por travessas e o caldinho deve ser servido como aperitivo, uma meia hora antes da feijoada ir à mesa.

E para acompanhar (e atenuar a Cerveja):

CAIPIRINHA(2 doses) :

3 doses de aguardente1 limão3 colheres de sopa de caldo coado de limão2 colheres de sopa de água1 colher de sopa não muito cheia de mel ou a mesma quantidade de açúcar2 colheres de sopa de gelo picado
Corte o limão em quatro gomos e coloque dois em cada copo. Reparta a aguardente, o caldo de limão, o mel ou açucar e a água, em partes iguais, em cada copo. Amasse bem os gomos de limão com o auxílio de um pequeno soquete. Complete com o gelo, mexa bem e sirva.

"Os sertanejos da Bahia têm uma medida, que não falha, para calcular a quantidade de feijão em relação ao número de pessoas convidadas. Juntam-se as duas mãos em cuia e enchem-se de grãos. Para cada pessoa, essa quantidade. E como somos muito hospitaleiros, sempre se bota uma ração a mais na panela…."
(Extraído de CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro, 1954)

FEIJOADA COMPLETA por Mestre Chico Buarque:

Mulher, você vai gostar. Tô levando uns amigos pra conversar. Eles vão com uma fome que nem me contem. Eles vão com uma sede de anteontem. Salta cerveja estupidamente gelada prum batalhão...E vamos botar água no feijão.

Mulher, não vá se afobar. Não tem que pôr a mesa, nem dar lugar. Põe os pratos no chão e o chão tá posto. E prepare as linguiças pro tira-gosto! Uca, açúcar, cumbuca de gelo e limão.

E vamos botar água no feijão!
Mulher, você vai fritar Um montão de torresmo, pra acompanharArroz branco, farofa e a malagueta. A laranja bahia, ou da seleta. Joga o paio, carne-seca, toucinho no caldeirão

E vamos botar água no feijão

Em Favor do SIM

Quatro das últimas declarações sobre o Referendo:

POSTA: O presidente do PSD, Marques Mendes, propôs em Barcelos a descriminalização do aborto no Parlamento, como alternativa a uma lei que torna o aborto livre e a pedido da mulher.

RESPOSTA: O constitucionalista Vital Moreira, em nome de quatro movimentos a favor do “sim” no referendo do próximo domingo, acusou os defensores do "não" de aceitarem o aborto desde que seja "debaixo do tapete", quando propõem que as mulheres que abortem não sejam punidas.

POSTA: O secretário-geral do PS, José Sócrates, garantiu que não vai propor a alteração da lei caso o “não” à despenalização da interrupção voluntária da gravidez vença o referendo do próximo domingo.

RESPOSTA: A Associação Mulheres em Acção classificou hoje como "um ultimato em tom de desespero" a garantia de José Sócrates de que a lei sobre a interrupção voluntária da gravidez não será alterada se o "não" vencer no referendo do próximo domingo.

Comentário:

Crimes e crimezinhos, uns punidos, outros não.

Parece - mesmo para este nosso País, onde tudo acontece com impunidade - hipocrisia a mais...

Teríamos assim um Tribunalzinho e um Tribunal.

Toda a estratégia das defesas passaria pela tentativa de "passar" as Clientes de um enquadramento (o do Tribunal) para outro (o do Tribunalzinho).

Enquanto esta discussão acontece os abortos clandestinos não param.

Onde pára a Polícia? Está a investigar o enriquecimento mal explicado de algumas Senhoras Parteiras?

Ficção: Meio conto à moda de Marlowe

Meia-Verdade e Meia-Mentira, aqui vai um pouco de ficção:

A noite tinha acabado mal. O travo dos muitos Jack Daniels queimava-me a garganta e não me deixava pensar. Ainda me doía a mão direita dos murros que dei e não me estava nada a apetecer fazer um curativo...

Valeu a pena? Em retrospectiva acho que não, mas o que é que, hoje em dia, vale realmente a pena?

Conta-se em duas palavras. A "lady" entrou no Bar do Albatroz decidida e sentou-se de costas para o mar. Meia idade muito bem conservada , "bon chic bon genre".

Não ando nisto há poucos anos e dava para ver que esperava por alguém... Ou por ajuda...

Sentado ao balcão estava a preparar-me para sair quando o perfume da recém-chegada me esbofeteou violentamente as ventas. Obession by Calvin Klein.

Sou um marado quando cheiro este perfume. Perco-me completamente e fico logo com borboletas no estômago e as calças mais apertadas.

Pedi outro Jack e puxei de um Ramón Alonzo robusto.

Cruzava e descruzava as pernas sem dar conta que seduzia, ao mesmo tempo que nervosamente procurava na mala pelo isqueiro. Evitei a armadilha mais que evidente e deixei-a pedir lume ao meu velho amigo Seoane, o maior Barman deste país desde que o Ferramentas fechou a loja..

Irada pela falta de atenção desviou a vista para um casal de Belgas que beberricava Martinis na mesa do lado. Finalmente ganhou coragem para inquirir ao Seoane "se tinham perguntado por ela ou se haveria algum recado para ela". Chamava-se Teresa.

Réplica negativa e grande piscar de olhos do meu amigo para mim...

Fui namorando com o copo a "on the rocks" bebendo o Tenessee e esperando.

Meia hora depois entrava pelo Bar um furacão de vinte e poucos anos, louríssima , com jeans, botas e casaco de cabedal preto. Sentou-se de imediato à mesa da outra e o diálogo foi edificante. Primeiro em surdina mas subindo de tom à medida que as opiniões se extremavam.

A mais nova queria dinheiro. Que a outra lhe deu depois de protestar. Pareceu-me mais de 500€.

Mais umas trocas de insultos disfarçadamente e a loura salta da mesa e vai embora. A primeira persegue-a até ao corredor do átrio e ouve-se um estalo poderoso.

Com a face vermelha e os olhos chorosos pagou ao balcão e foi-se embora.

Digo para o Seoane:

-"Filha a espremer da mãe massa para os chutos?"

Responde este do alto da sua experiência:

-"Duas namoradas. A mais nova goza com esta até dizer chega. Já cá estiveram hospedadas."

Fui até lá fora para ver se me cabia alguma coisa "em rebound" mas só senti o Obsession no ar frio de Cascais.

Os murros? Dei-os na parede desolado com tanto desperdício...

Cést la vie.

Baldes e Bacias - A Pornografia do atraso (medieval)?

Defensores do NÃO não hesitam em utilizar argumentos de baixa extracção ( e carreirados por crianças e jovens) para fazer chegar aos respectivos progenitores a "mensagem" que - em teoria - favorecerá a vitória do NÃO na próxima consulta popular de 11 de Fevereiro.

A leviandade de um Padre que fala de Baldes e de Bacias para onde se atiram os restos esquartejados das crianças mortas pelas mães é própria de um País da Idade Média, pobre e atrasado, onde o status quo seja imposto pelo medo às chamas do Inferno e onde (ainda) se queimem judeus e outros herejes no Rossio.

Este Padre deve estar desfasado no tempo e desejoso de ver de novo a Igreja triunfante assumir um papel de poder material complementar ao que lhe compete no plano espiritual..

Ressuscitar a Santa Inquisição? Por que não? Ao menos distrai-se a populaça e aquecem-se as mãos perto do lume ateado aos infiéis neste Inverno frio.

Vejam lá é se depois da cena medievalesca não aparece por aí outra vez o Marquês de Pombal a pôr o País (e a Igreja) nos eixos à bruta...

Francamente...

O Preço é inimigo da Qualidade?

Referimo-nos à Restauração como seria de esperar.

Muitas vezes tenho feito eco aqui no Blog de que - não existindo milagres - é contudo ainda possível comer bem (até em Lisboa) por uma quantia em redor dos 20€. Não se espere é música de violinos e vista de mar...

Depois das primeiras aventuras com a Lampreia este ano alguns amigos questionaram o aparente absurdo dos preços a que o genial ciclóstomo está a ser apresentado em restaurantes deste nosso país, e tomaram também como exemplo os casos do Beira Mar e da Tasca do João.

Tentei organizar-me um pouco melhor em torno desta matéria, perguntando a quem sabe - comerciantes de peixe, donos de restaurantes - como estava o negócio da Lampreia.

Aparentemente e para além dos rios nacionais, há já dois fortes mercados fornecedores de importação - o Canadá e a França.

Estas lampreias são mais baratas do que as nacionais (não quiseram especificar, mas talvez 1\3 mais baratas) e são muito utilizadas em restaurantes de variadíssimas zonas do país. Não me disseram quais - como é óbvio.

Em relação às Lampreias nacionais o preço de venda tem a ver com a grossura do bicho e com o facto de ser macho ou fêmea (por causa das ovas).

Informaram-me (comerciantes do MARL) que se estão a vender as lampreias do Minho (ou do Tejo) a 25€ o Kg ou a 25€ cada animal, dependendo da vontade do comprador: se quer escolher paga ao Kg, mais caro, e se não quer escolher (grossa, fêmea, etc..) pagará à unidade.

Em média uma Lampreia deve ter 1kg a 2 kg pelo que a diferença é notória.

Desta forma o preço de venda ao público também pode ser muito diferente. Temos o restaurador que serve fêmeas grosssas nacionais e que as pagou - estimamos - a 50€ por lampreia e o outro restaurador que serve lampreia do Canadá paga - de novo estimo - a 20€ cada...

Não podem ter o mesmo preço na carta dos seus restaurantes!

Uma Lampreia de 1,5kg servida à dose rende 2 doses (3\4 bocados por Cliente).

Se custou 50€, cada dose fica à casa por 25€ fora a preparação - que como sabemos é cara, leva vinho verde tinto, etc... Não poderá o Cliente pagar menos do que o dobro por dose , ou seja 50€.

Mas uma Lampreia mais fina , de 1 kg e que também dará duas doses (os mesmo 3\4 bocados, obviamente mais pequenos) custou 20€ (apenas 10€ por dose) . Aqui já pode o Cliente contar com uma conta entre os 20€ e os 25€...

Para o Cliente que paga a dose a 25€ \30€ (Valor actual médio de referência em Lisboa) com direito a 3 bocados de Lampreia, devemos dizer que será muito bem servido e foi barato se a Lampreia for das premium, por outro lado estará dentro do esperado se a lampreia for das mais modestas...

Para o Cliente que prefere - e pode pagar - a Lampreia no Tacho à minhota, que requer no mínimo uma Lampreia, tanto pode esta ter custado ao Restaurante 20€ como 50€ . Se forem duas Lampreias, como no caso do Beira Mar, estes valores dobram...

Para o Cliente um Tacho de Arroz de Lampreia pode então ser marcado entre 40€ e 200€ - dependendo do que estamos a falar - e qualquer destes preços ser aceitável...

Não digam mais tarde é que comeram o mesmo...

O que nos leva "à 1 million dollar question": O Cliente dá por isso? Dá pela diferença da Lampreia nacional, grossa e com ovas para a outra?

Os extremos são naturalmente bem diferenciados: quem alguma vez comeu uma Lampreia cheia de ovas e de bom tamanho nunca mais a pode confundir com um animal magro e desovado.

O problema são as tonalidades de cinzento que esta matéria também permite e que servem para iludir o palato e a vista do aficionado. Pois não haverá também lampreias canadianas fêmeas e com ovas? E Lampreias portuguesas machos e magras? Etc, etc...

E será na mistura destas características que o hoteleiro vai compondo a sua vidinha: para este Cliente assim, para aquele outro Cliente assado. Por cada 3 Lampreias das boas lá virão 5 das assim-assim, e por aí fora.

Coisas para Ver

Antecipação do Livro "Em busca da Lisboa Árabe" de Adalberto Alves, o qual vai conter esta série de selos .

Lisboa é (ainda) tão árabe...

Aviso à navegação - Camarão Vivo

Já é possível comer em Portugal camarão gigante dos mares Tropicais, aquilo a que chamávamos "camarão-tigre", mas vivinho! Vindo ainda a mexer!!

As remessas fazem-se por avião, em acondicionamento de esferovite, gelo e água do mar.

O Sr. Almeida do Méson Andaluz recebe-os duas vezes por semana.

Telefonem a marcar: 21 46 00 659