O "avistamento" ontem à noite do desgraçado roedor enforcado, à porta da Faculdade de Direito da UL, lembrou-me para deixar aqui hoje convosco umas linhas sobre o aproveitamento do dito cujo "4 patas" saltarico na gastronomia.
Sendo bravo - e a única coisa a reter é que , tanto quanto sei, ainda não os fazem de "estufa", como às perdizes - abundam no nosso Alentejo e na nossa Beira os seus arrozes e a sua entrada nas sempre animadas composições de caça , sejam elas a favada ou a feijoada.
Sendo manso, temos a famosa receita do coelho guisado à moda da Porcalhota (Amadora), que aqui deixo em memória desses tempos dos "retiros" , da fadistagem mais que vadia , mas também de uma certa complacência e calma nos afazeres mundanos que , na minha opinião, muita falta nos faz agora, para amenizar este vórtice de novidades e de modas em que o mundo se transformou.
O Coelho Guisado à moda da Porcalhota podia comer-se nos finais do século XIX, início do século XX, no que é hoje a Falagueira, na casa de restauração "Pedro dos Coelhos" , pertencente a Pedro Franco, lendário habitante local que chegou a Regedor da feguesia.
Já agora, segundo o roteiro histórico da Falagueira, o nome de Porcalhota tem a ver com o proprietário mais famoso da região, um rico senhor Vasco Porcalho de seu nome, que, em morrendo, deixou todas as suas propriedades ( e eram muitas!) à filha... Daí a pouco já o povo lhe tinha posto a alcunha. E como ela era dona de quase tudo o que se via naquela zona, por generalização do uso ficou a região que pertencia à Porcalhota conhecida como simplesmente a Porcalhota.
A receita é do Roteiro Gastronómico de Portugal (Felícia Sampaio)
Ingredientes:
· 1 coelho com +- 1,200kg
· 2 dl de vinho tinto
· 1 colher de sopa bem cheia de banha
· 3 colheres de sopa de azeite
· 1 cebola grande
· 1 bom dente de alho
· 4 tomates médios
· sal q.b.
· pimenta q.b.
· 1 colher de sopa de salsa picada
· 2 dl de caldo de carne
Confecção:
Corta-se o coelho aos bocados.
Põe-se ao lume uma caçarola com o azeite e a banha (a caçarola tem que ser grande para que os bocados do coelho não fiquem uns em cima dos outros).
Assim que as gorduras estejam a fumegar, deitam-se os bocados do coelho para alourar virando-os para alourar por igual.
Depois de alourado, põe-se o lume brando, adicionando o vinho, a cebola picadinha, o alho picado, o tomate pelado e sem grainhas cortado aos bocadinhos, sal e a pimenta.
Tapa-se bem a caçarola continuando a cozedura por +- 1 hora, conforme a dureza do coelho, mas convém verificar.
Depois de cozido rectifica-se os temperos, polvilha-se com a salsa picada e serve-se bem quente.
Acompanhe com batatas fritas, cozidas ou arroz branco.
Corta-se o coelho aos bocados.
Põe-se ao lume uma caçarola com o azeite e a banha (a caçarola tem que ser grande para que os bocados do coelho não fiquem uns em cima dos outros).
Assim que as gorduras estejam a fumegar, deitam-se os bocados do coelho para alourar virando-os para alourar por igual.
Depois de alourado, põe-se o lume brando, adicionando o vinho, a cebola picadinha, o alho picado, o tomate pelado e sem grainhas cortado aos bocadinhos, sal e a pimenta.
Tapa-se bem a caçarola continuando a cozedura por +- 1 hora, conforme a dureza do coelho, mas convém verificar.
Depois de cozido rectifica-se os temperos, polvilha-se com a salsa picada e serve-se bem quente.
Acompanhe com batatas fritas, cozidas ou arroz branco.
A diferença entre esta Receita e a do Coelho à Caçadora parece estar no facto do segundo obviamente ser bravo, e para além disso, levar cravinho e louro, e estar algum tempo a marinar em vinho tinto antes de ser alourado e depois lentamente guisado.
Bon appétit!
E não se esqueçam que enforcar um coelho em nada contribui para lhe melhorar o paladar...pelo contrário! Seca-o!!