segunda-feira, outubro 18, 2010

A depressão orçamental

Este OE , já todos o disseram, só se devia tocar de luvas e de tenazes, de tão horrível que é. Os Partidos , da Esquerda até à Direita dizem dele cobras e lagartos:

"Afundanço de pobres e de remediados"; "Pedrada na castigada classe média","Orçamento de Banqueiros"; "Pesadelo", " Coveiro do Estado Social"etc, etc....

Na expectativa mais que credível que o PSD deixe passar o orçamento, por motivos de todos conhecidos, 2011 será o ano mais difícil para os portugueses de rendimentos médios-baixos desde que Abril rompeu com as amarras do fascismo.

O PSD tem de deixar passar o orçamento por vários motivos:

a) Não quer (quem é que queria??!!) governar o País neste momento.
b) Não tem alternativas, a não ser "cosméticas" para defrontar a crise.
c) Pressionado por Bancos e até pelo Sr. PR,  corre o risco de assumir o ónus da crise se o País se vir sem Orçamento, exactamente aquilo que a ala do PS mais afecta a Sócrates desejaria.

Pode ser que o PSD - salvando a face - imponha ao PS algumas alterações, com relevo para os benefícios fiscais em sede de IRS, como Teixeira dos Santos ontem deixou à tona da água... Mas decerto que todos nós vamos acordar no 1º de Janeiro de 2011 mais pobres em perspectiva e com uma depressão à vista.
















Como chegámos até aqui?

Boa pergunta...E as respostas não são fáceis. 

Ha quem diga que foi a aposta (desde os tempos de Cavaco Silva 1º Ministro) no Estado Providência , Investidor , motor da economia e protector dos mais fracos... Tal papel do Estado teria impedido o desenvolvimento do mercado de livre concorrência, limitando a iniciativa das empresas e dos capitalistas. Ao mesmo tempo teria criado uma classe de "fâmulos" dependentes do Estado para sobreviver, sem nenhum papel produtivo na economia que não fosse servirem de intermediários na troca de favores entre os empresários e os Ministérios que geriam os fundos comunitarios. Autênticos Vampiros da democracia...

 Há quem diga, ao contrário, que foi a falta de mais Estado que nos levou a este precipício, mais Estado que controlasse devidamente a Banca e que tivesse agido a tempo e horas para evitar os níveis alarmantes de crédito concedido ao desbarato pelos operadores financeiros. Mais Estado que impedisse o "salto" para a "privada" de governantes que tinham discutido grandes dossiers económicos com essa mesma "privada" que agora lhes oferecia emprego, à laia de osso que se atira ao cão que nos agradou... osso cheio de tutano, está claro.

Eu direi que, em calhando, foi isso tudo e mais alguma coisa. E não me venham falar de peritos ou de conselheiros, ou de comentadores que tudo "teriam previsto " e "para tudo tinham alertado as tropas"...

Se calhar foram esses mesmos que   vitoriavam a Irlanda - "espelho do bom aproveitamento dos fundos de Bruxelas" - dizendo que Portugal tinha feito auto-estradas, enquanto que os "bons", os "espertos", tinham investido na Educação e no aliciamento (com benesses fiscais tremendas) do grande capital para investir no seu País. Quando a Irlanda deu o berro (e mais cedo do que nós) começaram a encontrar alguma dificuldade em explicar-se...

Com Comentadores ou sem eles o resultado final é o que interessa. e, neste momento, há que amargar .

Uma coisa apenas tem de estar bem clara: na altura de ir outra vez a votos para eleger um parlamento e daí sair um novo 1º MInistro, o bom Povo português tem obrigatoriamente de saber que a oportunidade que vai dar a alguém para governar no meio desta crise monumental será talvez a mais importante decisão que tomam nas suas vidas. E têm que  (devem) decidir em conformidade.

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