quarta-feira, outubro 27, 2010

The best laid schemes of mice and men....

No seu  Poema "For a Mouse",  Robert Burns cunha a famosa frase: "The best laid schemes o' mice an' men  go often awry - Os melhores planos , tanto os dos Ratos como os dos Homens, vão muitas vezes por água abaixo..."

Esta frase ficou na literatura inglesa  (e um pouco também nas outras), como exemplo daquilo que pode correr mal, não obstante todos os cuidados que houve em qualquer tipo de planeamento anterior.

Assim se passou nesta visita ao maciço central. Chegados a Viseu nada se pôde tratar (renovação de passaporte). Como a viagem a Inglaterra do impetrante incumpridor e obtuso investigador senhorial era já na Sexta Feira, Va de Retro para a Lisbía outra vez com as malas às costas. De tanto ler tenho receio que a criatura que compartilha as 4 paredes comigo, lá no Estoril, tenha "treslido" como aconteceu com o Quixote... Enfim.

Tal era a fúria mal disfarçada do Blogger pelo facto que lhe deu cabo de uns dias de descanso na santa terrinha,  que só parou na Tasca do Joel, em Peniche, para um almoço de raiva.

Já almoçaram (ou jantaram)  "de raiva"? Recomendo muito essa táctica quando não sabemos bem em quem devemos ir bater ou  - como era aqui o caso - quando sabemos mas não nos convém ir mais além com o porreto, dado o "enquadramento"...

A Tasca do Joel, vindo as pessoas de Seia, atinge-se pela seguinte ordem de vias: estrada Nacional Seia-Nelas; IP3 de Nelas até Coimbra;  Em Coimbra tomar a A1 por aí abaixo até mais ou menos Santarém. Depois disso apanhar uma "coisa" chamada A15 a e fazer os 70 km que separam a A1 de Peniche. Chamo à A15 uma "coisa" para não dizer que se trata da mais fantasmagórica das Auto-Estradas fantasmas que este Governo mandou construir, também conhecida na gíria dos motoristas de longo curso como a "estrada do lá vêm um"... Tudo visto e andado, talvez umas 3 horitas.

Em Peniche já sabem que o melhor caminho para a Tasca do Joel é o do cemitério(cruzes canhoto!!). Depois,  numa das curvas do dito Jardim das Tabuletas apanha-se a Rua do Lampadusso . No final desta, à esquerda, a Tasca espera por nós.

Como lhes disse, RESERVEM! Ontem era Terça feira e o restaurante estava cheio como um ovo à hora do almoço!! Telefonem:  262 782 945

O nosso almoço de raiva foi bem raivoso, como se pode observar:

Entradas: Salada de Búzios; Presunto 5 Jotas; Queijo Terrincho de Moncorvo; Coelho grelhado à Tasca
Pratos Principais: Javali à Tasca; Bacalhau Premium Assado (magnífica meia posta de altura considerável e bem lascável)
Sobremesas: Bolo de Bolacha (para não ter que dar umas bolachadas em alguém ali tão perto...) e Ananás.
Vinhos: Espumante do Joel (da casta Alvarinho de 2006, soberbo);  Poeira de 2004. Para mim o melhor dos tintos do Douro nesse ano. E (chiu!!!!) apenas a 37 euritos... Incrível!

Pagámos 117 Euros, mais que razoável para tanta comilagem.

E, a bem dizer, foi já com pouca raiva que me dirigi para o pátrio solo.

Pela comida e porque o vagabundo pagou a conta...Como era sua obrigação.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Crónicas da Serra 1: Nem chove nem faz frio

Está um tempo estranho aqui para cima. Não chove, apenas temos desde ontem o horizonte coberto de nuvens, e quanto a frio, o verdadeiro da serra, tão necessário para fazer o vinhito nos depósitos e ajudar à giesta que há-de originar o magnífico Queijo da Serra, lá mais para Janeiro, nem vê-lo...

De noite ainda desce o termómetro lá para os 8 graus, mas durante o dia sobe para os 18 e por aí se mantém, com uma preguiça desmedida.

Vamos hoje a Viseu, tratar de uns assuntos do meu Senhorio ao Governo Civil. Pôr em dia o passaporte....Depois conto como foi o almoçito lá para aquelas bandas. Em calhando e aproveitando a viagem, mercam-se uma ou duas caixitas de Vinho.

A Família foi-se ontem deitar satisfeita na integra, com o Sporting e o Benfica, e nem apreciou como merecia a bela sopa de Espinafres que a minha Santa daqui de cima nos fez para o jantar. Não tem segredos: Muita cebola da quinta, para aveludar, boa batata Desirée, e a água férrea aqui da Beira Alta. Mas é nas coisas simples que  se encontram muitas vezes estes bons segredos.

O pouco apetite se calhar também vinha da Feijoca com Pé de Porco que se tinha almoçado... Almoço de boas vindas tradicional dos Invernos serranos.


Vamos então para a terra de Viriato.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Finalmente...O Descanso!

Ala para a Beira Alta!

Bem preciso de dar repouso ao cadáver.

Crónicas da Serra , lá de cima, à medida  da inspiração da "cavalgadura" de serviço ao Blog.

Para Descansar a Vista

Dias de incerteza, dias de amargura talvez, para quem já fez as suas contas... O português médio (caso isso exista, essa criação virtual estatística) está mais habituado a esperar pelo encontro com a realidade do que a preparar-se devidamente para ela. Espero, sinceramente, que desta vez não confie apenas na protecção divina e começe, desde já, a poupar alguma coisa para tapar os remendos de 2011....

Preparemo-nos para os dias sombrios com um poema que nos faça sonhar . Por melhores dias, melhores governantes, mais justiça social e respeito pelo Ambiente.

De Mestres O'Neil e Antero fica-nos a Inquietação . Com Manuel da Fonseca chega-nos a Redenção...

"Pelo Sonho é que vamos..."

Mesa dos Sonhos

Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte povoando
De novos sonhos a vida

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'


















No Turbilhão
(A Jaime Batalha Reis)

No meu sonho desfilam as visões,
Espectros dos meus próprios pensamentos,
Como um bando levado pelos ventos,
Arrebatado em vastos turbilhões...

N'uma espiral, de estranhas contorsões,
E d'onde saem gritos e lamentos,
Vejo-os passar, em grupos nevoentos,
Distingo-lhes, a espaços, as feições...

— Fantasmas de mim mesmo e da minha alma,
Que me fitais com formidável calma,
Levados na onda turva do escarcéu,

Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes?
Quem sois, visões misérrimas e atrozes?
Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!...

Antero de Quental, in "Sonetos"



















Noite de Sonhos Voada

Noite de sonhos voada
cingida por músculos de aço,
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca armodaçada
noutra boca,

ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar
o reluzir de uma estrela
num abraço

e a ternura deslumbrada
a doce, funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
— Ó meu amor, já é dia!...

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

quinta-feira, outubro 21, 2010

No Reino Unido começou a Desbunda

David cameron , ontem, 20 de Outubro, na já chamada "Quarta feira do Machado" (Axe Wednesday) informou os súbditos de Sua Majestade Britânica ácerca das mais duras medidas de austeridade alguma vez tomadas no Reino Unido depois da II Grande Guerra. Com chapelada ao Daily Express aqui vai parte do artigo em causa:

Chancellor of Exchequer George Osborne will today unveil the details of the government’s plan to eliminate most of the 156 billion pounds deficit by 2015. David Cameron, UK prime minister, presented its defense cuts yesterday with overall savings reaching 3.2 billion pounds, but making sure that British defense spending does not fall below 2% of GDP target.

The Government’s spending review was delivered by George Osborne:



Faced with the need to save more than £80 billion, the Chancellor did what occupants of the treasury have been doing for decades: he squeezed the middle classes. Cuts to university funding and huge reductions in rail subsidies will hit the living standards of middle-earners hard. he also stood by his pledge to remove child benefit from households with a higher rate taxpayer.

For public sector workers news that nearly half a million jobs may go is a bitter pill. But only a small proportion will come from compulsory redundancies and the number of job losses can be reduced if unions are flexible about pay and pensions. these undeniably harsh choices are merely those that have already been faced up to by private sector workers whose taxes fund the public realm.

Os cortes começam logo pelas Universidades e apoios à classe média...O meu Senhorio, que tem  um convite da Universidade de Oxford para aí fazer um Pós-Doc, deve ir a Londres a 29\10 para receber algumas más notícias... Logo se vê.

Aqui em Portugal tudo indica que as "comadres" se vão entender e que haverá Orçamento para 2011. Fico incapaz de saltar de alegria com semelhante notícia...É que nem os dedos dos pés se empertigam com esta "boa" novidade...

Está claro que se fizéssemos o exercício do "E se não se entendessem??" os resultados seriam ainda piores, mas mesmo assim estou incapaz de me congratular com o (agora chamado) menor dos males.

Vamos navegando à vista da costa para que não nos falte o pé... Com a sorte que temos tido ainda havemos de pisar um peixe-aranha...

quarta-feira, outubro 20, 2010

Coisas estranhas na Beira Interior

Não se assustem que a cerimónia na Câmara Municipal da Guarda correu muito bem. O Livro das Judiarias foi apresentado pela Autora, na presença do Sr Embaixador de Israel, e muitos foram os recados políticos que se deram nos discursos de circunstância (neste caso, nem por isso). De salientar que esta "política" de que falo não é a Grande, do Orçamento e da P...da Crise, mas sim a das Regiões Interiores, a Política (ou a falta dela) de apoio cultural e de protecção do património, seja ele constituído pelas pedras vetustas de Judiarias ou pelos usos e costumes ancestrais....

Não Leitores, as coisas "estranhas" deram-se mesmo no capítulo dos "morfes", dos comes e bebes que rodearam a deslocação à velha Guarda da "Ribeirinha"...

Chegando na Segunda à noite, dia de encerramento das moradas de comer mais aprazíveis - Caçador e Belo Horizonte, este já aqui referenciado - aconselhados pelo gerente do Hotel metemos pés ao caminho para um tal Restaurante alcunhado de "Casa Mexicana"...

Ao chegar o ambiente era pouco menos que  téctrico: Televisão aos berros na sala, esta ataviada de panejamentos vermelhos escuros, carta mais que simples, abundante de grelhados, apenas com oferta carnívora de gado vacum  onde se misturavam sorrateiramente uns "Secretos" de porco preto... isto na Cidade da Guarda Amigos! Cabrito, nem vê-lo... E depois, os acompanhamentos das carnes pressagiavam o pior: Frutas estorricadas à mistura com os grelhados, império da batata frita...

Para entrada uns pratos de salada de orelha de porco (aqui...), de bacalhau desfiado á mão com cebola e salsa (mauzinho) e de uns cogumelos de lata estufados.

Pediu-se a medo um vinho local. O melhor - segundo o "patrão" -  seria um Touriga nacional de 2005, da Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo. O Vinho estava morto e delgado. Foi recambiado. Em substituição um Dão  Vinha Paz do ano, de 2008. Muito bom.

Já à espera de ser este um jantar para esquecer vimos chegar  os nacos das  Vitelas grelhadas. Os acompanhamentos metiam medo ao susto: ananás de lata "grelhado"; rodelas de banana e de Kiwi... batata frita mole...

Mas a carne... Quem diria que neste local se comia tão boa carne de vitela? Em quantidade mais do que suficiente para quem come muito bem, melhor do que em muitos restaurantes de Trás-os-Montes! Tenríssima, suculenta, de seda, a desfazer-se na boca...
"Ele há" Mistérios...

E o Preço? 4 transeuntes, nacos de Vitela para todos, Uma garrafa de Dão Vinha Paz (14 euros): 4 cafés ; aquelas entradas ..., tudo isto por ...67 euros.

Muitíssimo estranha aventura gastronómica, como têm ocasião de comprovar. A dar razão a um meu grande amigo portuense  que, quando era obrigado, normalmente pela mulher,  a ir ao Casino Estoril ver o espectáculo e jantar, pedia sempre uns "moletezinhos quentinhos" com duas doses de queijo da serra e uma boa garrafa de Barca Velha para acompanhar... e mandava às malvas o Jantar da Ordem...

Ora bem, no dia seguinte, depois da cerimónia, escapuli-me para a Covilhã, onde tinha encontro marcado com os colegas da Universidade local. Parando na berma da Estrada Nacional nº 18 (uma sua variante) deparei com um Restaurante de passagem: "Restaurante Pimenta".

 De novo a TV aberta e a dar uma inenarrável coisa que depois percebi ser a "A casa dos Segredos"  (en passant desejo sinceramente que os espectadores dessa bosta recuperem o mais depressa possível as suas capacidades normais. De facto, apenas por se encontrarem momentâneamente paralíticos e impedidos de se levantarem é que devem estar obrigados a ver e ouvir aquilo...).

Olhando para a carta, praticamente só Grelhados e um Prato do dia: Joelho de Porco com Arroz (tal e qual). Já muito desconfiado pedi umas Febras Grelhadas , bem passadas, pensado para comigo próprio que não seria possível ninguém maltratar demasiado tal simplicidade culinária.

Não só tinha razão como a travessa que me apresentaram era de um gosto e de uma apresentação fora do normal. Então num simples Restaurante de Estrada parecia quase "milagre":  magnífico arroz (que devia ser o do acompanhamento do Joelho de Porco) com couve tenrinha bem segada, ervilhas, uns grãos de feijão e pedacinhos de carne de porco frita. Batatas fritas das "verdadeiras", às rodelas estaladiças. Boa salada de temporada, com alface, tomate, cebola e cenoura. Febra magnífica de tenra,  grande, bem temperada e bem grelhada, sem pinta de gordura a escapar pelos bordos da travessa...

Com um café e uma mousse de chocolate acabadinha de fazer,  paguei tanto como ...15 euros. E ainda bebi meia garrafita de Branco "Conde Julião" da Cova da Beira...

E esta hein?  Não julgues o cavalo só pelo pêlo!

segunda-feira, outubro 18, 2010

Na Guarda, a lançar as Judiarias

Amanhã estou outra vez na  "mais alta" a lançar o Livro das Judiarias com a Autora, Sr Embaixador de Israel , Presidente da Câmara da Guarda, etc...

Apareço por aqui na Quarta feira, contando como foi.

A depressão orçamental

Este OE , já todos o disseram, só se devia tocar de luvas e de tenazes, de tão horrível que é. Os Partidos , da Esquerda até à Direita dizem dele cobras e lagartos:

"Afundanço de pobres e de remediados"; "Pedrada na castigada classe média","Orçamento de Banqueiros"; "Pesadelo", " Coveiro do Estado Social"etc, etc....

Na expectativa mais que credível que o PSD deixe passar o orçamento, por motivos de todos conhecidos, 2011 será o ano mais difícil para os portugueses de rendimentos médios-baixos desde que Abril rompeu com as amarras do fascismo.

O PSD tem de deixar passar o orçamento por vários motivos:

a) Não quer (quem é que queria??!!) governar o País neste momento.
b) Não tem alternativas, a não ser "cosméticas" para defrontar a crise.
c) Pressionado por Bancos e até pelo Sr. PR,  corre o risco de assumir o ónus da crise se o País se vir sem Orçamento, exactamente aquilo que a ala do PS mais afecta a Sócrates desejaria.

Pode ser que o PSD - salvando a face - imponha ao PS algumas alterações, com relevo para os benefícios fiscais em sede de IRS, como Teixeira dos Santos ontem deixou à tona da água... Mas decerto que todos nós vamos acordar no 1º de Janeiro de 2011 mais pobres em perspectiva e com uma depressão à vista.
















Como chegámos até aqui?

Boa pergunta...E as respostas não são fáceis. 

Ha quem diga que foi a aposta (desde os tempos de Cavaco Silva 1º Ministro) no Estado Providência , Investidor , motor da economia e protector dos mais fracos... Tal papel do Estado teria impedido o desenvolvimento do mercado de livre concorrência, limitando a iniciativa das empresas e dos capitalistas. Ao mesmo tempo teria criado uma classe de "fâmulos" dependentes do Estado para sobreviver, sem nenhum papel produtivo na economia que não fosse servirem de intermediários na troca de favores entre os empresários e os Ministérios que geriam os fundos comunitarios. Autênticos Vampiros da democracia...

 Há quem diga, ao contrário, que foi a falta de mais Estado que nos levou a este precipício, mais Estado que controlasse devidamente a Banca e que tivesse agido a tempo e horas para evitar os níveis alarmantes de crédito concedido ao desbarato pelos operadores financeiros. Mais Estado que impedisse o "salto" para a "privada" de governantes que tinham discutido grandes dossiers económicos com essa mesma "privada" que agora lhes oferecia emprego, à laia de osso que se atira ao cão que nos agradou... osso cheio de tutano, está claro.

Eu direi que, em calhando, foi isso tudo e mais alguma coisa. E não me venham falar de peritos ou de conselheiros, ou de comentadores que tudo "teriam previsto " e "para tudo tinham alertado as tropas"...

Se calhar foram esses mesmos que   vitoriavam a Irlanda - "espelho do bom aproveitamento dos fundos de Bruxelas" - dizendo que Portugal tinha feito auto-estradas, enquanto que os "bons", os "espertos", tinham investido na Educação e no aliciamento (com benesses fiscais tremendas) do grande capital para investir no seu País. Quando a Irlanda deu o berro (e mais cedo do que nós) começaram a encontrar alguma dificuldade em explicar-se...

Com Comentadores ou sem eles o resultado final é o que interessa. e, neste momento, há que amargar .

Uma coisa apenas tem de estar bem clara: na altura de ir outra vez a votos para eleger um parlamento e daí sair um novo 1º MInistro, o bom Povo português tem obrigatoriamente de saber que a oportunidade que vai dar a alguém para governar no meio desta crise monumental será talvez a mais importante decisão que tomam nas suas vidas. E têm que  (devem) decidir em conformidade.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Para Descansar a Vista

Os tempos não estão para grandes planícies verdejantes e céus  azuis ... mais de borrasca forte e a ameaçar ainda pior tormenta.

Vamos por isso trazer aqui hoje um poema de esperança, que é das poucas coisas que nos resta. E barata ainda por cima.

Do grande Machado de Assis aqui vai poema:

Os Dois Horizontes

Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Dois horizontes fecham nossa vida.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

Biografia de Machado de Assis por cortesia de "A companhia do Eu"

Machado de Assis Escritor brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, considerado o mais importante escritor da prosa realista da literatura brasileira. De origem humilde passou a infância e a adolescência no morro do Livramento, órfão de mãe e sob os cuidados da madrasta, Maria Inês. Fez os estudos primários numa escola pública do bairro de São Cristóvão e foi aluno do padre Silveira Sarmento, que o contratou como sacristão. Interessou-se então pelo estudo de línguas e aprendeu francês, inglês e alemão. Consta que aprendeu francês com a senhora Gallot, dona de uma padaria., e latim com o vigário quando foi sacristão de Lampadosa. Iniciou sua carreira de escritor após empregar-se na Livraria e Tipografia Paula Brito onde conheceu escritores e jornalistas. Aos 16 anos publicou seu primeiro poema: Ela, no jornal Marmota Fluminense, da empresa Paula Brito. A partir daí (1855) colaborou no Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, Jornal da Tarde (Ressurreição, 1872), Semana Ilustrada, O Globo (A mão e a luva, 1874), Jornal das Famílias (Histórias românticas e Relíquias de casa velha, 1874-1876), Gazeta de Notícias, na Revista Brasileira e em O Cruzeiro (Iaiá Garcia, 1878), periódicos onde publicou boa parte de sua obra inicial. Seu primeiro livro em prosa foi Crisálida (1864). Nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial (1867), dois anos mais tarde casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta português Faustino Xavier de Novais, que teve importância decisiva na sua vida, pois ao longo dos 35 anos de uma vida conjugal harmoniosa, o escritor teve o apoio e a serenidade necessária para a criação de sua obra. No serviço público foi nomeado primeiro-oficial da secretaria do Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas (1873) e oficial de gabinete do ministro da Agricultura (1880), passou à categoria de oficial da Ordem da Rosa (1888) e a diretor-geral da Viação (1892). Fundou, com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras (1896), da qual foi eleito o seu primeiro presidente (veja Nota Especial a seguir). Embora tenha cultivado quase todos os gêneros literários: poeta, teatrólogo, cronista, crítico literário, etc. Destacou-se essencialmente como contista, onde produziu algumas obras-primas como nas coletâneas Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia-Noite (1873) Papéis avulsos (1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896), Páginas recolhidas (1899) e Relíquias de casa velha (1906). Como romancista os mais impressionantes foram Helena (1876), Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), O Alienista (1882), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Como dramaturgo escreveu 13 comédias ligeiras, as peças que escreveu, destacando-se Tu só, tu, puro amor e Lição de botânica. Como poeta os destaques foram Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875) e Ocidentais (1879-1880). Após a morte da esposa (1904), sua genialidade entrou em decadência. Presidente da ABL, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa. Foi o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Comentário à Filatelia e Ecologia

O Leitor Silvério comenta:

Bom dia
Ao que sei as notas de Euro são fabricadas com celulose obtida a partir dos desperdícios de algodão conforme pode ser visto aqui:

 http://www.ecb.int/euro/banknotes/html/environment.pt.html

Cumprimentos


Comentário ao Comentário: As notas de Euro, pelo que ouvimos no tal Fórum da UPU em Lisboa, são feitas por várias empresas, em muitos lugares da Europa e por mais do que um processo de fabrico. Mas de facto a companhia que comercializa o papel  "craft" ecológico de algodão também está certificada para fazer notas de banco. É a Gascoigne Laminated.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Filatelia, Ecologia e Sustentabilidade

No mundo de hoje não é já possível falar de industrias que sobrevivem à custa do papel (como a filatelia) sem enquadrar nesse tema as formas que as diversas Empresas editoras encontraram para contornar a questão da "pégada ecológica" e das preocupações ambientais.

Para além da  consciência social e ambiental estas "boas práticas" são também cada vez mais ferramentas de MKT imprescindíveis a quem quer estar no mercado.

Como devem já saber, todos os papéis utilizados pela Filatelia dos Correios de Portugal são já certificados pelo FSC -  Forrest Stewardship Council, isto é, compramos o papel mais caro, com o símbolo FSC , garantindo assim que se trata de papel proveniente de florestas que são convenientemente tratadas e cultivadas com base em procedimentos validados e fiscalizados por esse organismo supranacional de referência.

É estranho, mas pertence já ao domínio público sabermos que a utilização de papel reciclado provoca mais dano ambiental do que a utilização de papel normal... Por causa do processo de reciclagem e da necessidade do branqueamento posterior... Por isso avançámos por esta via da certificação FSC.

Há ainda outras certificações ambientais mais rígidas, como a do PEFC e a do WWF, mas para lá chegar temos ainda de caminhar mais e melhor...

No Fórum da WADP\UPU realizado em Lisboa, durante a PORTUGAL 2010, foi discutida a questão dos elementos que utilizamos no fabrico dos selos (Papel, cola e tinta)  e de como a mais moderna tecnologia pode permitir fabricar um selo de correio perfeitamente "limpo" em termos ecológicos, com pégada ambiental próxima do "0".

Para além das questões da Tinta e da Cola, um pouco mais técnicas e de que não possuo conhecimentos para aqui divagar, o que retive foi a possibilidade de se produzir hoje em dia papel para selos ( e outras aplicações) a partir de plantas com ciclos de vida anuais (facilmente renováveis) e não a partir de árvores que - mesmo sendo eucaliptos, ou outras espécies de florestas artificialmente cultivadas - demoram vários anos a crescer e a estar prontas para o abate... Produz-se, por exemplo, papel para selos a partir do algodão. Quem diria?

Vamos experimentar fazer uma Emissão de selos de 2011 neste novo papel, desde que os testes que efectuaremos se revelarem promissores.

quarta-feira, outubro 13, 2010

A esperança num Super-Herói Nacional

Em tempos como estes é certo e sabido que as gentes tristes inventam refrigérios vários , indo buscar ao alforge antigo dos mitos e das histórias  as personagens que poderiam "salvar" a nação. aqui "desfolhamos" algumas, seus pontos fortes e fracos:

O D. Sebastião parece não colher aqui muitos votos dado que faltou ao respeito à religião muçulmana, pecado capital nos tempos que correm... Terá, contudo, a seu favor, o sempre importante apoio do  lobby Gay luso. A ponderar mesmo assim.

D. Afonso Henriques? Nem pensar! Para além de ter passado a vida a matar muçulmanos ainda por cima terá um problema mal resolvido com a Mãe. (Ele e outros, é preciso que se diga... Mas adiante que não estamos em Amarante). E para piorar a questão, segundo parece terá dado uns tabefes valentes  no enviado do Papa... Do Papa... Estão a ver que ter contra ele duas das mais importantes religiões do mundo não ajuda nada.

Afonso de Albuquerque - Bem, admitindo que seria possível escrever-lhe uma biografia editada onde se passasse à frente das orelhas , narizes e mãos decepadas aos hindus e muçulmanos (lá está...), como é que iríam os actuais negociadores do FMI e outros que tais encarar alguém com os títulos de: O Grande, César do Oriente, Leão dos Mares, o Terribili e o Marte Português?

Não Senhores. para mim a solução ideal seria fazer apelo a uma Mulher. Portuguesa pelo casamento, espanhola pelo nascimento: Dª Isabel de Aragão esposa fidelíssima de D. Dinis.

As vantagens são inúmeras: É santa. Exactamente o que será necessário para aturar os tempos que por aí vêm. E depois, parece que terá algum talento para "transformar" coisas... Quem transforma pão em rosas bem pode transformar as dívidas em créditos? Ou então - o que vai dar no mesmo - areia da praia em pó de ouro? O mais difícil será transformar os néscios e corruptos em pessoas de bem, mas é claro que há limites. Mesmo para uma Santa...

Se o pior tiver de acontecer, será de reunir Santo António e mais os seus "muxaxos"... Aqui vai a listazinha dos santos portugas :

São Teotónio (1082-1162), o fundador do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, o primeiro santo português.

São Frei Gil (1184-1265)

São Gonçalo de Amarante (1187-1259)

Santo António de Lisboa, (1195-1231), frade franciscano, Doutor da Igreja

Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel) (1271-1336), Rainha de Portugal

São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira (1360-1431), militar e Condestável do Reino.

Santa Beatriz da Silva (1424-1492), de Campo Maior

São João de Deus (1495-1550), religioso dedicado à assistência aos enfermos

São Gonçalo Garcia (1557-1597). Filho de portugueses, nasceu na Índia e foi martirizado no Japão. Canonizado em 1862.

São João de Brito (1647-1693), missionário jesuíta

Todos juntos pode ser que consigam mudar o País de Continente, ou então mudar a gente do País, ou libertar o País desta gente... Ou qualquer coisa assim...

Comentário ao pobre País que temos...

O nosso Zé comenta:

O País já se pirou,mas não sabe para onde emigrar...ir para onde?Se de um lado chove do outro dá vento.Escrevi aqui que a festa ainda ia no adro em 2008 e que a propaganda sem substracto, não tinha futuro e o Keynes viraria actualidade, no inicio da bolha do subprime...porque seria mais do mesmo....se o paradigma não se alterar,isto vai acabar tudo à trolha.Aonde isto chegou? Com esta gentalha, de faz de conta, que esperar?Nunca a gestão da pala, foi tão real...só olham para baixo..põem-se a jeito e depois fazem de anjinhos de coro.Basta de tanta treta, de acusações e chantagens mútuas.Afinal o que pretendem?Haja decoro e um pouco de respeito pelo Zé Povo, que vai continuar a penar, mas, haverá sempre uns poucos, que benificiarão como mal geral.Será que o Sistema não estará posto em causa?O mar bate na rocha e quem se lixa é o mexilhão...





Comentário ao Comentário: Se "isto" acabar mesmo à trolha o melhor é ter , como eu, um buraco na Província para onde hibernar...Tenho é que me dedicar à Ingrícola...Cavar... Parece que um gajo tem de se baixar... Isso é que vai custar mais....

terça-feira, outubro 12, 2010

Viram por aí o País? O meu País? Onde eu nasci?

Então apanham um gajo de costas, a trabalhar para o bem público, e aproveitam para fazer isto ao País?

Não querem lá ver que quando acordei do sonho que me embalou entre 1 e 11 de Outubro  (às vezes mais parecia pesadelo) vi-me num Portugal sem crédito, quase falido, a contracenar com tenebrosas  figuras tutelares do tipo FMI e Banco Central Europeu e, piores do que todas, as vampíricas Agências de Rating, quais abutres salivando para se fartarem com os despojos do cadáver pátrio.

É esta a herança de Sócrates, Santana Lopes, Durão Barroso e de António Guterres (pela ordem de entrada em cena)?

Um País já quase a cheirar a Alcácer-Quibir, onde a "nobreza" decadente se matou e deixou matar conduzida por um jovem rei louco e inebriado de poemas épicos...

Que final triste para o neto de Carlos V... Tal como hoje, lá se perfilavam em 1580  os interesses dos "tios" Filipes, finalmente conseguindo pelo vazio de poder e pela inépcia lusa aquilo que 400 anos de guerras e de tratados casamenteiros nunca tinham concretizado: o domínio da Península.

A diferença está em que , há 450 anos atrás, o desgraçado do Povo não escolhia o Rei... Tanto lhe podia calhar um D. João II como este imberbe e tarado Sebastião...E hoje é ele, esse mesmo Povo, que elege os governantes que assim deixaram, passo a passo, paulatinamente,  Portugal ser conduzido a estes extremos.

A história das crises, das bolhas, e da sua influência para o desnorte generalizado da economia de certos países, há-de ser feita com mais calma e depois do furacão ter passado.

Para já o que levamos de concreto é que a liderança de Portugal foi "garganeira", achou que os tempos das vacas gordas e do crescimento económico não mais iriam parar, pelo que decidiu investir à grande em Parcerias Publico-Privadas que poupavam os Orçamentos de cada ano dos Governos de então, mas deixavam para o futuro o acerto de contas com os credores... E bastou o cheiro a sangue na água para esses Credores de imediato circularem o náufrago.

Com as medidas extremas que Sócrates se viu obrigado a tomar - e que apenas se tornarão pesadas a partir de Janeiro próximo - criou-se uma clivagem perigosa entre o Estado e os cidadãos mais pobres.

  Quem pode continuar a manter o nível de vida são os ricos e poderosos, talvez alguns dos gestores de topo das privadas industriais e dos bancos. Serão no máximo 5% da população.

Os outros vão ter de controlar o que gastam. Diminuir o consumo de bens e serviços não essenciais. Por isso aumentarão as falências dos pequenos negócios.

Na altura em que todos os que podem - no Estado e Companhias Públicas - pedirão a reforma antecipadamente, para não serem penalizados pela diminuição salarial, e em que uma percentagem não negligenciável da população começará a ter ainda mais dificuldades para pagar escolas, seguros, medicamentos e mercearia, pode acontecer que a agitação social atinja níveis nunca vistos na Europa civilizada do após-guerra...

O problema é que não existem alternativas. Este Governo ( e os outros) raparam o tacho. Só o alumínio resta, e bem luzidio do furor dos esfregaços que levou.

Sangue Suor e Lágrimas.

Mas quando disse isto Sir Winston ainda tinha no seu horizonte a Esperança da vitória...

E nós o que teremos ? Mais do mesmo, com esta classe governante inepta, mal preparada, rapace e sem sentido de Estado?  Para quem o futuro é para a semana? Para quem bem governar significa garantir a vitória nas próximas eleições? Para quem, enfim, a crise e suas consequências serão sempre "culpa dos outros" ?

Cuidado, Porque é (foi) nestas situações que por aí costuma aparecer algum "Paladino" para meter ordem  nisto. E dessa "sopa" acho que nenhum de nós deseja comer...Nunca mais.

Comentários

Tenho recebido vários comentários sobre a PORTUGAL 2010, encorajadores e benfazejos, o que muito agradeço. Estão lá no local do costume para quem desejar ler.

Ao leitor que me diz que tem uma foto minha com o Sr PR ( a máquina dele deve ser das grandes, das que o National Geographic utiliza...) agradeço muito, mas o fotógrafo oficial de Belém costuma despejar essas fotos para este lado quando existem cenas destas.

E a vidinha continua, pior do que melhor , como se verá pelo Post seguinte, no qual retomo à "normalidade" da lusitana sina...

segunda-feira, outubro 11, 2010

CAI O PANO

Acabou ontem.  Estão os pacotes do material sobrante de Operadores Postais e de Comerciantes  já todos fechados , depois da visita da Dra Natália da Alfândega de Lisboa. Foi o meu último trabalho no local, ontem à tarde, acompanhar a alfândega na visita aos stands e garantir que tudo estava controlado. À parte a graciosidade de um comerciante que à Alfândega declarou "Não vendi nada nestes 11 dias!"  tudo correu bem.

Os colegas do Correio do  Iraque "piraram-se" do stand logo no primeiro dia e nunca mais apareceram... Receio que tenham aproveitado a PORTUGAL 2010 para fugir do seu País. Já me tinham avisado que isso podia acontecer.

Não posso ainda ir embora descansar desta "semana horribilis" sem deixar as contas mais ou menos feitas. Sobretudo as despesas...

Quanto à receita directa do stand CTT atingiu quase 50,000 euros. Para vendas selo a selo convenhamos que foi muito bom. É preciso vender muitos selos nos passaportes para atingir esse valor!

O 1º Balanço é Positivo.  "Bem organizada" , foi a expressão que mais ouvi aos colegas de todo o mundo que lá estiveram. Bem sei que as vendas e a presença do público poderiam ter sido mais potenciadas se tivesse havido mais publicidade, mas o dinheiro, como já aqui disse, não dava para tudo...

Uma das mais importantes lições que aprendi com esta Organização (talvez a mais importante): Exposições de 11 dias NUNCA MAIS!  São demasiados dias para justificar o investimento de Operadores Postais e Comerciantes, para já não falar das despesas decorrentes da presença de Jurados e Comissários. Acho que 7 dias será o máximo para qualquer Exposição Mundial que se venha a perfilar num horizonte próximo (que não em PORTUGAL! Tenham dó!)

Para descansar tenho ainda que concluir algumas tarefas:
- A mais importante  é fechar as contas da P2010
- Dar ao nosso Jacinto da Filatelia , pessoalmente, a medalha de Ouro dos CTT referente aos 40 anos de serviço (já amanhã).
- Lançar a Emissão do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados , a 18, com o Engº Guterres.
- Lançar a Emissão Conjunta com o Japão, a 22
- Ir à Guarda apresentar o Livro das Judiarias em cerimónia com o Sr Embaixador de Israel e o Presidente da Comunidade Sefardita da Península Ibérica, a 19.

E depois .... Ripanço por uma semana!

quinta-feira, outubro 07, 2010

O Intervalo a meio do "Filme"

Há quem goste...Eu não. Pode ser que o aprecie mais naquela altura da minha vida em que já não aguente a próstata...

Pois em termos da PORTUGAL 2010 estamos também " a meio do filme". E como hoje tive de vir ao verdadeiro escritório pôr a escrita em dia, aproveitei para passar por aqui.

Balanços do evento faremos todos mais tarde.
De momento gostaria apenas de referir dois ou três pontos:

a) O stress da "Visita Presidencial"  (que se realizou a 1 deOutubro) arrasa qualquer um, mesmo aqueles que são useiros e vezeiros nestes contactos com os grandes e poderosos.

A diferença - e que grande é ela - está em que esses contactos que tenho feito várias vezes por ano, são na esmagadora maioria dos casos em "casa" deles, dos Grandes, ou em locais onde eu próprio sou "convidado", e não num espaço que coordeno e do qual sou responsável a todos os níveis, incluindo a segurança...

E o timing da operação??!! Sabendo que a caravana presidencial demora x minutos a chegar e que o PR não espera por ninguém (os outros é que esperam por ele) e que está um Ministro a falar no Auditório, correndo o risco de o termos que mandar calar para ir a correr postar-se diante da viatura de Belém...

E o percurso a pé estará vedado e seguro?  E as portas desimpedidas? E os Operadores Postais e Comerciantes estão nos seus stands à espera de saudar o Presidente, eles que também foram convidados para a sessão do auditório, iniciada exactamente 35 minutos antes do ETA (estimated time of arrival)  presidencial ?   E por aí fora...

Mas adiante porque "ele há coisas" de que não posso aqui falar, e as medidas de segurança são uma delas.

b) Quanto a Público, devo dizer que os primeiros dias  (e o feriado do dia 5) correram muito bem. No Stand CTT,  ao 3º dia de Vendas já tínhamos batido o recorde de vendas total da última grande exposição realizada em Lisboa, a de 2003 , comemorativa dos 150 anos do 1º selo português.

c) Como ponto mais negativo refiro  a falta de mais publicidade. Mas o dinheiro teve de ser esticado e acabou por não chegar a todos os lados onde seria necessário...É a Crise .

Por dentro da PORTUGAL 2010 tive ainda de organizar e liderar a Assembleia Geral da UPU\WADP e o seu Fórum especializado.E  servir de "estalajadeiro" a 27 altos funcionários de todo o mundo nos intervalos dos 3 dias de trabalho...O que me valeu foi o "treino" de muitos anos nos comes e bebes e os bons conselhos dos meus mestres Quitério e David.

O meu trabalho diário era  ( e é) completamente eclético: desde andar com mesas às costas para o stand do Quirguistão (onde o meu  colega trabalhador dos correios  me compensou com um chocolate local. Não,  não o comi. Acham que sou maluco?); até tomar conta da bébé da Anne-Marie (da Cartor) que não conseguiu arranjar babysitter por uns dias a tempo inteiro aqui em Lisboa; ou discutir com o nosso Despachante os 120 euros que queria cobrar à minha colega de Marrocos por um simples despacho de 5 dias; ou ainda berrar com a  D. Edma da AIP por não estar pronto a  tempo e horas o stand da Imprensa; ou tratar de arranjar transporte para um comerciante espanhol fazer a "rua e meia" que separa o Pavilhão do seu Hotel , com 140 kg de material às costas, já que não havia taxi que quisesse fazer esse pequeno percurso...

Ah! Já me esquecia! Pelo meio disto tudo as reuniões de trabalho com a Republica da Coreia e a  Tailândia para as Emissões Conjuntas que vamos fazer para o ano...

Estou completamente arrasado...

Mais tarde falaremos do resto e haverá tempo para o Rescaldo. Uma coisa posso já afiançar: logo que isto acabe vou enfiar-me na Beira Alta uma semana e não levo telemóvel. E se o tempo estiver de feição meto um colchão na Adega! E comemos lá o cozidinho!