terça-feira, fevereiro 03, 2009

A Graça que é Possível ainda fazer...

Sempre admirei muito os Parodiantes de Lisboa, companhia inseparável dos meus tempos de miúdo - na radio pois então! - e da forma como todos os dias e mais do que uma vez por dia compunham uns bonecos e escreviam uns textos que alegravam a "malta" naqueles anos cinzentões e pesados do antes de 25 de Abril.
É claro que em alguns dias estavam mais inspirados do que em outros... Mas com a necessidade de alimentar por dia 90 (ou mais) minutos de humor com aquela cadência não se podia pedir mais.

Precisamos hoje de alguém que nos traga aos lábios um sorriso, e embora Bruno Nogueira, Ana Bola e Maria Rueff façam o que podem na TSF ( e peço perdão se noutros locais outros heróis trabalham também contra a crise desta forma e os estou aqui a ignorar) acho que o humor actual é talvez demasiado cerebral e erudito para os tempos que correm, tendo-se perdido algo da naturalidade e do "primarismo" com que os irmãos Parodiantes inundavam as ondas médias.

O Patrão " Casaca" sempre às voltas com a secretária, a menina Arlete; lá na Repartição da Praça do Comércio, o chefe , Sr. Fonseca; os impagáveis Patilhas e Ventoinha, e tantas outras criações que - à força de se repetirem diariamente - eram já mais do imaginário próprio dos ouvintes e nem tanto o produto da criatividade dos autores...

Pode ser que seja isso que hoje falta ao humor radiofónico e televisivo: a faculdade de se ligar em osmose directa ao Povão. Uma qualidade que alguns humoristas (poucos, muito poucos) tinham e que fazia com que os espectadores se começassem logo a rir antes destes abrirem a boca. Vasco Santana, Raul Solnado , António Silva, por exemplo, não podiam pôr o pé num palco que logo começavam as gargalhadas ainda antes das "tiradas". E quem não se recorda do Zip Zip e da presença inconfundível de Solnado naquela figura de "baladeiro" barbudo que "cantava para comunicar comunicação".??...
Hoje em dia, e salvaguardadas as devidas distâncias, ainda acho que o maior humorista vivo deste País é o Dr Alberto João Jardim. Este sim, o único (ou dos únicos ) mortal cuja "entrada em cena" é já suficiente para pôr a malta toda a rir antes mesmo de o ouvir falar dos "cubanos côtenentais" e da conspiração da "Cômenicaçon Social"... E porquê ? Talvez porque diz quase sempre a mesma coisa e é nesse reconhecimento do "discurso da cassete" que o Povão se revê .. E aplaude por isso mesmo.

Ninguém quer pensar em contratar o Dr Alberto João para dar réplica ao "boneco" do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, nos Domingos à noite? TVI e SIC , amigos da TSF, está aqui uma janela de oportunidade...

Um comentário:

Anônimo disse...

Na rádio?

Na telefonia,e daquelas que o saudoso António Silva, dizia que "se ligava à parede e pronto".

Quanto ao meu Bom Amigo Marcelo, acho que já foi bastante caricaturizado....
Peninha