quinta-feira, agosto 20, 2015

Levanta-se o vento


As Asas do Vento (2013) Poster

Ontem à noite descansei depois de  duas noites de pesquisa sobre temas relacionados com o trabalho.

Numa decisão revolucionária,  tanto o meu senhorio como eu ficámos em casa a ver uma obra-prima do cinema animado: "The Wind Rises", do mestre Hayo Miyazaki.

Cerca de duas horas de "desenhos animados" não será muito?

Não é não senhores! O filme deslumbra pelo luxo que emana das pranchas,  todas  desenhadas à mão, uma a uma. Cores deslumbrantes, ambientes nítidos e envolventes, uma história contada na primeira pessoa com moral algo duvidosa, mas que nos emociona e não deixa ninguém indiferente.

Este filme começou por ser considerado (em 2013) o canto do cisne do grande mestre japonês, que tinha 73 anos quando o mesmo estreou. Mas, segundo parece, Miyazaki já terá dado o dito por não dito e estará de novo sentado ao estirador... E ainda bem,

A história é a da vida do engenheiro aeronáutico japonês Jiro Horikoshi (1903–1982), mais conhecido no ocidente por ter desenhado o caça de ataque Mitsubishi Zero, utilizado na WWII.

A "moralidade duvidosa" do filme consiste nisso. O génio da engenharia aeronáutica nunca se preocupa muito em saber  com "quem vamos lutar" , nem sequer "porquê". Para ele a realidade tinha apenas a ver com a necessidade de pôr um avião a voar. O melhor avião possível.

 Horikoshi é considerado um dos génios da aviação militar, de todos os tempos e países, porque conseguiu à custa de improviso e de soluções muito arrojadas , totalmente inovadoras para a época, fazer o Japão ultrapassar o atraso no seu desenvolvimento e "saltar" dois ou três degraus passando directamente para o conjunto dos países mais avançados na área em causa.

Só para percebermos o desnível entre o Japão quase feudal ainda e a Alemanha que se preparava para a 1ª Grande Guerra, quando Giro visitou a principal fábrica de aviões da Junckers, em Dessau, admirou-se por não ver os estábulos para os bois. 

Porquê? Porque no Japão ainda eram juntas de bois que puxavam os aviões dos hangares para as pistas de descolagem. 

Independentemente da história, esta é uma obra de arte magnífica. Um filme que temos pena que não exista em livro, para podermos perder tempo a admirar aquelas pranchas todas, magnificamente desenhadas e pintadas.

O título do filme tem a ver com o poema de Paul Valéry "Le vent se léve!...Il faut tenter de vivre!"

Este filme teve 39 nomeações para prémios cinematográficos e ganhou 34, apesar do tema ser um pouco estridente para franceses, britânicos e americanos.

Recomendo em absoluto.

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