O estado das finanças de muitos de nós torna relativamente redundantes aqueles avisos que nos chegam em algumas embalagens sobre "consumir com moderação".
Numa das séries de culto da HBO - a 2ª temporada de "True Detective" - o gangster "bonzinho" (por comparação com os gangsters "mauzinhos" e com os outros gangsters "maus até mais não") passa a vida a emborcar Johnnie Walker Blue Label.
Bebe-o de manhã, à tarde e à noite. Bebe puro e com água e gelo (sacrilégio!!). Até bebe pela garrafa!!
A série não deixa de ser muito boa (como já foi a 1ª temporada) numa versão moderna do film noir, onde nunca se sabe bem se estamos a torcer pelo polícia mau, pelo gangster bom ou por nenhum deles. O que não impede que a Diageo (dona da marca Johnnie Walker) investisse fortemente no product placement desta série.
Eu gosto de JWBlue uma vez por outra, em boa companhia. A cerca de 170€ cada garrafa também não daria para muito mais.
Mas este é apenas um exemplo. Muitas bebidas espirituosas no nosso mercado vêm rotuladas com essa injunção ( e bem).
Os vinhos também devem ser "consumidos responsavelmente e com moderação". Idem para com as bebidas com açucares, mas também igualmente para os refrigerantes "Zero", "Diet" e "Light"...
Um dos especialistas em nutrição mais conhecidos do país vai mais longe e postula: "Deve-se comer e beber de tudo com moderação".
A "moderação" também é aconselhada no consumo da Televisão, do PC, dos tablets e smartphones.
E noutras coisas ainda.
Por exemplo, deve o sexo ser "consumido com moderação"? Tenho dúvidas sobre isso.
Quando somos novos mandamos este tipo de "moderação" para casa do diabo mais velho.
Mas chegando a uma certa idade o caso já não é de "usar moderação", mas sobretudo de ter "inclinação"... E as mais das vezes essa "inclinação" tanto é para cima como, infelizmente, para baixo...
Um pai extremoso dos anos sessenta do século passado aconselharia o filho a "ir às pu*** com moderação".
Um pai extremoso de hoje diz-lhe "passa menos tempo nos sites porno da net grande cab***!".
O pai dos anos 50 juntaria mais uma injunção "De tanto mexeres no coiso ainda ficas cego meu animal!".
O dos anos 60 nada diria sobre a pretensa cegueira causada pela manipulação. Está mais evoluído e ciente do desenvolvimento da moderna medicina.
Mas o pai actual volta à mesma consequência: "De tanto olhares para o fdp do computador ainda ficas cego minha besta!"
O mundo é estranho mas não deixa de ser redondo...
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