terça-feira, junho 23, 2015

De regresso! E vim de motorizada!

Cá estou de novo, tenho logo apanhado pela frente a apresentação do nosso último livro "Motorizadas de 50 cc Portuguesas", hoje no Palácio de S. José 20 (podem ir malta!). 

A aventura dos motociclos de origem portuguesa demorou cerca de 40 anos, de 1950 até ao final da década de 90 do século passado. Durante esses anos um conjunto de empresas nacionais conseguiu “motorizar” milhares de cidadãos nacionais, quase todos trabalhadores que conseguiam a preço razoável ultrapassar um dos problemas mais complicados das periferias e das zonas rurais: a falta de meios de transporte público adequados.
Uma forma prática de chegar de casa ao trabalho nas fábricas que no rescaldo da 2ª Grande Guerra se abriam, mas também de chegar às vinhas e aos campos de cultivo, toda uma independência de movimentação pessoal que haveria de contradizer a antiga (medieval) associação psicológica e cultural entre estatuto social e o uso do meio de transporte.
Referindo-se ao período em causa  lembra o Prof. António Barreto (Mudança Social em Portugal 1960-2000): “…pela primeira vez parecia haver uma alternativa industrial ao emprego agrícola, o que implicava uma nova organização do trabalho, salários superiores e emprego durante mais tempo em cada ano. Entre 1960 e 1973 o rendimento nacional por habitante cresceu a mais de 6.5% ao ano, tendo sido esse o período de maior crescimento económico do país”.
Para ajudar a concretizar este pequeno milagre económico  contribuiu o humilde ciclomotor, nivelador de classe social, facilitador do acesso ao trabalho e ao emprego.
A motorizada de facto - e na devida proporção - democratizou a sociedade portuguesa.
Correios e meios de transporte estiveram também sempre intrinsecamente ligados. Por esse motivo os CTT Correios de Portugal aproveitaram o aparecimento dos motociclos e melhoraram em muito todos os seus circuitos de distribuição porta-a-porta. Em 1971 dá-se a regulamentação dos serviços de transportes postais e tem início a distribuição motorizada que permitirá que nenhuma população fique privada dos serviços postais.


É toda esta história que o jornalista especializado Pedro Pinto nos descreve neste livro, imensa matéria interessante nunca antes compilada sobre o mundo das motorizadas de 50 cc que, estou seguro,  interessará a qualquer leitor.

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