segunda-feira, setembro 10, 2012

Bonjour Tristesse!

O comunicado do nosso 1º Ministro de Sexta Feira passada foi amplamente comentado por tudo quanto é gente no Sábado e no Domingo.  Até pensei escrever este Post logo que o estômago se acalmou , nessa mesma 6ª F depois do joguinho (para não lhe chamar outra coisa) que opôs Portugal e o Luxemburgo, mas não há dúvida que o distanciamente permite reserva e permite reflexão...

Emoções e ânsias  à parte ( e são muitas, tantas que me parece terem iniciado um sindroma de "malaise" que ainda não me passou) o que penso é o seguinte:
a) Passos Coelho anunciou medidas de ainda mais austeridade com reduções inequívocas do rendimento disponível dos trabalhadores portugueses. Chamem-lhe o que lhe chamarem, se a malta vai para casa ao fim do mês com menos dinheiro para gastar, então mesmo sem ser imposto será um abaixamento do nível de vida.
b) E não digam que "ficou tudo na mesma para os funcionários do SEE"  O desconto de 7% a mais nas contribuições para a Segurança Social vai levar mais do que um mês de ordenado a muitos funcionários e trabalhadores da economia  privada. E onde está a "equidade" em relação a reformados e pensionistas?
c) Esta procissão vai ainda no adro. Com as reorganizações "simplificadas" dos escalões do IRS que por aí vêm, é esperado que todos, sejam quem forem os trabalhadores ou pensionistas, ainda mais paguem...
d) As Empresas lucram alguma coisa que se veja com a correspondente (mas não proporcional) baixa na contribuição homóloga? Há algumas que sim: Bancos, Grande Distribuição, Energia e Comunicações, os tubarões do nosso mercado. As pequenas e médias? Duvido... O pouco que poupem será quanto muito um balãozito de oxigénio que nunca compensará a perda de vendas resultante de ainda menor consumo.
e) E quanto à parte do sacrifício que devia tocar aos "outros" rendimentos, ao capital? Passos disse...nada.

Em conclusão: Será inconstitucional este pacote de medidas como parece agora (ou não, esperemos pelo Orçamento de Estado) mas uma coisa é certa: Quem se está "lixando para as Eleições" mostrou na Sexta Feira passada que também se está "lixando para os trabalhadores"... A sua "praia" é outra.  A ideologia tem destas coisas.

E o grande problema parece-me ser este: A baixar ainda mais o consumo dos portugueses, como se vão aguentar as PME's que vivem desse mercado interno? Ou só de exportações vive a economia nacional?

O que se pretende com esta estratégia - mesmo que o não digam - será reduzir a economia portuguesa à sua "dimensão natural", deixando falir as empresas que não têm lugar "por incompetência ou por dimensão do mercado"... 

É o catecismo neo-liberal que, como vimos, tão bons resultados deu nos USA com a Fanny Mae e o Freddy Mac (ainda se lembram? Dos lideres do mercado secundário de hipotecas que fizeram ruir o edifício do capitalismo selvagem à moda do Sr. Bernard Maddof?)

Ou seja, dito por outras palavras, esta política tem em vista assassinar o retalho, acabar com a restauração e o pequeno comércio de rua, e transformar Portugal num aglomerado de "boas" empresas "viradas à exportação",  incluindo as suas fornecedoras que, se pensarmos bem, na maioria dos casos são estrangeiras: De onde vem  a energia elétrica e  petróleo? De onde vêm as peças de alta tecnologia para a Ford-Volkswagen? De onde vêm os Geradores? De onde vêm os componentes dos lagares de azeite e das modernas adegas com tecnologia a frio e movimentação vertical de massas vínicas?...

O risco que se corre - e eu já aqui o disse - é transformar o país numa Cuba dos anos 70 do século passado, sem industria, sem comércio e sem serviços a não ser os que estão virados para o Turismo. E com uma agricultura de subsistência...
E o problema é que não existe cá folha de tabaco em condições para fazer Cohibas.

Notas finais
1: François Hollande vai taxar as grandes fortunas e os vencimentos acima de  1 milhão euros por ano com um imposto especial de 75%. É claro que esta questão é ideológica e não poderemos esperar que um Governo de direita neo-liberal avance por esse caminho...
http://www.deltaworld.org/international/Hollande-announced-today-the-most-important-economic-adjustment-of-France-in-30-years/

2:Chapelada a Jerónimo de Sousa pelo discurso (bem, por parte dele, a outra já vem na cassete desde o tempo do Dr. Cunhal) do encerramento da Festa do Avante. Foi o leader mais lúcido a reagir e que sabe exatamente o que tem a fazer. Assim outros estivessem tão "Seguros" como ele...

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