A Lavradores de Feitoria fez um Douro (relativamente novo no mercado) o "Quinta da Costa das Aguaneiras". Provámos ontem o de 2007 à mesa do Galito.
Para lhe dar conversa de jeito o Sr. Henrique tinha proposto Sopa de Beldroegas para uns, Gaspacho com Pataniscas para outros, Borrego Assado no forno e Pézinhos de Porco de Coentrada.
Antes disso já a "quadrilha" tinha entretido o apetite com os habituais mata-bichos do jovem pretendente a galo: os torresmos do rissol, os queijos de ovelha secos, o coelho S. Cristóvão, a cabeça de xara, o paio de Portalegre, a tarte de espargos verdes com queijo e as excelentes empadas de javali ...
Um comentário à parte para dizer que se não fosse alguma falta de sal nos pézinhos (nota do paladar feminino à mesa) tudo o que se comeu estava como é costume: Muito bom!
Nesta reunião à volta dos talheres (ainda são as melhores) para discutirmos o andamento do nosso Livro temático "Sabores do Ar e do Fogo" compareceram os 3 autores: Fátima Moura, Quitério e Cerdeira. O livro apresenta-se de momento algo "enconapado" , mas tudo indica que aproveitará bem o Verão para medrar (cuidado!) e atingir a máxima pujança.
A data da entrega do original ficou apalavrada para o final deste ano . E assim deixámos ir para férias os 3 impetrantes, não sem antes terem visto e apreciado as maquetes dos selos das mesmas chouriças , presuntos e etc... que editaremos dentro em pouco . Parabéns bem merecidos foram na altura enviados ao Amigo Acácio!
Voltando então ao Vinho, aqui deixo (com chapelada) uma paciente apreciação de um blogger bem conhecido (João Pedro Carvalho do copode3) com a qual concordo inteiramente - à parte alguma poesia verbal que , sendo já esperada nestas "libações", ainda considero um pouco fantasiosa. Mas isso devo ser eu que de vinhos só percebo o suficiente para pôr o copo à boca e Beber ou Não (caso me agrade ou nem por isso..). E este Quinta da Costa das Aguaneiras agradou-me mesmo muito. Até pelo civilizadíssimo preço com que chegou à mesa (cerca de 30€, custando 18€ no produtor).
É curioso que o barulho que outros fazem acaba por deixar vinhos como este um pouco esquecidos e fora do destaque que sem dúvida merece e merecem, afinal de contas todos procuramos vinhos com a melhor relação preço/qualidade possível, este é um desses exemplos cujo preço ronda os 18€.
O lote é composto por um domínio de 70% da Touriga Nacional, com 10% de Tinta Roriz e 20% de outras castas, passando por barrica nova e usada de carvalho francês.
O vinho conquistou-me pela qualidade de conjunto, pela forma como se mostrou com aquele toque vegetal mais agreste, mais raçudo e com nervo, fora de facilitismos que tanto abundam por aí... mostrou-se de aroma intenso com bastante fruta vermelha (amora, framboesa, cereja) bem limpa e madura, a barrica em plena integração sem qualquer beliscar de conjunto, aporta aromas com peso e medida, aumentando assim a complexidade e refinando o conjunto. Depois mostra aquele toque de Douro com vegetal do monte, andar pelas encostas a cheirar a esteva e o mato verde, leve baunilha e apimentado, floral presente com muita frescura à mistura. Boca muito feliz e de perfil gastronómico, amplo a mostrar vigor e energia, com boa profundidade e uma frescura a mostrar-se muito bem, dando ao vinho uma vontade de beber mais um copo, sente-se a boa doçura da fruta pura e limpa, sente-se a madeira que serve de encosto, sente-se aquele travo a pimenta preta, fresco e apimentado, e lá no fundo a secura de alguns taninos em final longo e persistente com um travo fresco e mineral.
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