Infelizmente (o tempo não perdoa) contam-se pelos dedos de uma mão os restaurantes a que eu costumava ir com meu pai .
O meu pai trabalhou muitos anos no Ministério das Obras Públicas (já era sina minha acabar aqui debaixo da mesma tutela) e é normal que alguns desses restaurantes fossem na Baixa: O Gambrinus, o João do Grão, o Muni (já fechado), o Paris (hoje indiano).
Mas havia também um local mais afastado onde comíamos juntos pelo menos duas vezes por ano, quando havia os jogos Sporting-Benfica ou Sporting-Estoril-Praia.
Meu Pai era antigo guarda-redes do Estoril (nos tempos do Úria) e adepto ferveroso do Benfica, tendo eu herdado ambas as adições. Sou atualmente secretário da AG do velho clube da linha e , como é do conhecimento geral, simpatizante fervoroso (mas não doente) das "águias"...
Pois o Sr. Victor da Cruz Moreira (conhecido no MOP por "Cruz" para não se confundir com o irmão mais velho, que era o "Moreira") só visitava o Solar do Leão naquelas duas ocasiões. E quando o Estoril deixou de estar na 1ª divisão, a frequência baixou logo para metade. Mas era certo e sabido que em Domingo de jogo tínhamos que ir almoçar o Frango Assado à:
Churrasqueira do Campo Grande
Campo Grande 402/410
1700-098 LISBOA
telef - 217 590 131
Esta antiga morada refeiçoeira de Lisboa, que existe desde 1962, continua prazenteira, de cara lavada e ambiente muito mais cuidado do que quando a conheci.
Nessa altura - lá para o final dos 60's - tinha papel nas mesas e para afeiçoar os lábios, tinha esplanada mas também tinha moscas e melgas por causa da água que se concentrava das obras do estádio e de outros edifícios logo ali colados. Era paradouro de sportinguistas (claro!) mas também poiso de famílias inteiras aos fins de semana (vocação que, como veremos, hoje ainda parece manter-se).
Hoje não há esplanada, mas existem salas amplas e refrescadas pelo AC da praxe. Muito boas casas de banho, mesas bem vestidas de pano, guardanapos idem, idem. O serviço é que parece saído daqueles tempos antigos - o que não deixa de ser bom sinal da manutenção dos bons e leais empregados, alguns talvez um pouco já "usados" e a aguardar reformas merecidas.
É o reino da grelha, pois claro:
Carne: Frango na brasa; Entrecosto de porco; Picanha. Carnes certificadas de Miranda para Posta à Mirandesa e Costoleta Mirandesa.
Peixe: Bacalhau com batata a murro e Peixes grelhados do Dia.
Acompanhamentos, a cerca de 3€ a dose, são propostos à parte: legumes cozidos ou salteados, batatas cozidas, a murro, fritas; arrozes diversos, saladas também diversas.
Apresenta um ou dois pratos do dia ditos "de tacho". A nós calharam os Rojões. O ambiente é muito familiar. Boa carta de vinhos, embora ligeiramente inclinada para os verdes e brancos.
Preços bastante razoáveis para os tempos que correm, mas sobretudo qualidade muito aceitável e quantidade que chega para dar de comer aos vizinhos "leões"...
Numa visita com o meu senhorio comemos Posta Mirandesa a 16€ (ele) com couve salteada e batata a murro, e Frango na grelha a 11€ (eu, em romagem de saudade pelas visitas que lá fiz com o meu velhote). O galináceo vinha com batata frita, arroz e salada mista pedida à parte. Doses imperiais! A Posta Mirandesa de carne certificada foi pedida "mal passada" e assim apareceu na mesa. Muitíssimo boa! As batatas do Frango Assado eram mesmo fritas na casa sem serem das congeladas, praga que infesta muitas casas deste nível, por exemplo o velhinho Bonjardim... Se dou conta dessa tramóia em restaurante onde vá podem ter a certeza que nunca mais lá ponho os pés!
Nem por acaso beberam-se 6 Imperiais (muito bem tiradas) que o calor apertava e nem sempre de vinho vive o homem. 2 cafés. Queijinhos frescos de entrada, Pão e manteigas, patés ( etc...)
Cerca de 40 euros.
Conclusão: boa impressão geral. Boa comida feita ao momento (pudera!). Excelente matéria prima! Não ganhará nenhum prémio de gastronomia, mas para quem deseja descansar das metrosexualidades culinárias e das "espumas" e da (horror!) "cozinha molecular" trata-se de uma boa alternativa burguesa em Lisboa.
Enquanto houver alguns burgueses, está claro, que isto da classe média já terá sido chão que deu mais uvas...
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