Meu pai, que gostava muito de aguardentes velhas mas que nunca bebeu – tanto quanto eu saiba – whisky , deixou-me em herança uma quantidade apreciável de garrafas de whisky de todas as idades, tamanhos e feitios, algumas ainda com rolhas de cortiça , imaginem a antiguidade…
Deixem-se de alimentar falsas esperanças porque, tendo meu pai falecido em 1981, há muito que eu próprio tomei cabalmente conta desta “ocorrência” e pus a bom recato os líquidos das ditas garrafas, num sítio escuro e descendente, com dentes à entrada.
Mas, como é evidente, garrafas de aguardente velha não herdei…Nem uma. A minha mãe ainda me deu algumas que teriam “sobrado” do espólio paterno mas ao abri-las verifiquei que continham…chá. O meu pai gostava de beber uma pinguita à noite e fazia-o sem que a minha mãe desse por isso.
Minha mãe nunca tocou num copo de tinto, quanto mais de Porto ou de aguardente, e abominava (e ainda abomina, hélas…) quem se entrega à bebida. Esta a razão pela qual o meu “velho” ia substituindo os álcoois por chá. Tudo a bem da harmonia familiar.
Ora tendo eu embarcado há meses na romagem de homenagem ao grande Miguel Torga, para o qual fizémos selo e carimbo comemorativo, os “regedores” da Vila de Punhe, na grande tradição transmontana de hospitalidade, não nos deixaram sair do local sem uma caixita com garrafas.
Um dos nossos colegas companheiro de viagem e conhecedor do meu feitio, logo que chegado a casa avisou-me para não dar a caixa a qualquer pessoa porque “era azeite e do melhor do mundo, de Trás-os-Montes”.
Como eu tinha, por acaso, também aproveitado a mesma viagem para comprar um garrafão desse azeite na Cooperativa de Murça, acabei por oferecer à minha mãe a caixa de Vila de Punhe. E ela, boa pessoa e imbuída de caridade cristã, cedo a dividiu pela irmã e pelas amigas da Igreja, ficando com 2 garrafitas lá em casa.
Tudo isto se passou – como estarão lembrados - no ano passado, altura em que, neste blog, fiz crónica da homenagem em torno de Miguel Torga.
O nosso consumo habitual de azeite, nas duas casas, é feito à custa dos garrafões que trago da Beira Alta, da quinta dos meus sogros, motivo que explica as garrafas de Vila de Punhe terem sido poupadas durante tanto tempo à prova real.
Na semana passada, ao levar a casa da senhora em causa as habituais “pratas” da Garret , o que faço todos os sábados para acautelar a minha vida futura, levei roda de tudo o que há de pior!!
Eu nem percebia o que se estava a passar…
“-Foge daqui que nem te quero ver!!! Andas a brincar comigo! Então eu bebo lá vinho?!!? Andei a oferecer vinho às pessoas?! Hão-de pensar o quê?! Que vergonha! E eu ainda a dizer a todas que a garrafinha era para alumiar a candeia da Santa!! Agora como é que vais resolver isto??!!”
Lá percebi finalmente que, em Vila de Punhe, a uns tinham oferecido Azeite e , a outros… Vinho Abafado (e do bom, que já o provei depois do escândalo!). E a mim tinha-me calhado o vinho!
As caixas não tinham indicações por fora e como as garrafas eram escuras e o rótulo artesanal, de facto só estando com atenção (ou bebendo…) é que se perceberia a diferença…
Agora ando na “clandestinidade”, como a malta de esquerda na época do fascismo, até que lhe “passe a telha” ou eu me lembrar de qualquer coisa que “amanse a fera” … Caso contrário bem posso contar que a herançazita vai todinha para as Obras da Igreja …
Oh Torga isto faz-se a quem te dedicou um selo??!! Acho que não está bem pôrra!!
Deixem-se de alimentar falsas esperanças porque, tendo meu pai falecido em 1981, há muito que eu próprio tomei cabalmente conta desta “ocorrência” e pus a bom recato os líquidos das ditas garrafas, num sítio escuro e descendente, com dentes à entrada.
Mas, como é evidente, garrafas de aguardente velha não herdei…Nem uma. A minha mãe ainda me deu algumas que teriam “sobrado” do espólio paterno mas ao abri-las verifiquei que continham…chá. O meu pai gostava de beber uma pinguita à noite e fazia-o sem que a minha mãe desse por isso.
Minha mãe nunca tocou num copo de tinto, quanto mais de Porto ou de aguardente, e abominava (e ainda abomina, hélas…) quem se entrega à bebida. Esta a razão pela qual o meu “velho” ia substituindo os álcoois por chá. Tudo a bem da harmonia familiar.
Ora tendo eu embarcado há meses na romagem de homenagem ao grande Miguel Torga, para o qual fizémos selo e carimbo comemorativo, os “regedores” da Vila de Punhe, na grande tradição transmontana de hospitalidade, não nos deixaram sair do local sem uma caixita com garrafas.
Um dos nossos colegas companheiro de viagem e conhecedor do meu feitio, logo que chegado a casa avisou-me para não dar a caixa a qualquer pessoa porque “era azeite e do melhor do mundo, de Trás-os-Montes”.
Como eu tinha, por acaso, também aproveitado a mesma viagem para comprar um garrafão desse azeite na Cooperativa de Murça, acabei por oferecer à minha mãe a caixa de Vila de Punhe. E ela, boa pessoa e imbuída de caridade cristã, cedo a dividiu pela irmã e pelas amigas da Igreja, ficando com 2 garrafitas lá em casa.
Tudo isto se passou – como estarão lembrados - no ano passado, altura em que, neste blog, fiz crónica da homenagem em torno de Miguel Torga.
O nosso consumo habitual de azeite, nas duas casas, é feito à custa dos garrafões que trago da Beira Alta, da quinta dos meus sogros, motivo que explica as garrafas de Vila de Punhe terem sido poupadas durante tanto tempo à prova real.
Na semana passada, ao levar a casa da senhora em causa as habituais “pratas” da Garret , o que faço todos os sábados para acautelar a minha vida futura, levei roda de tudo o que há de pior!!
Eu nem percebia o que se estava a passar…
“-Foge daqui que nem te quero ver!!! Andas a brincar comigo! Então eu bebo lá vinho?!!? Andei a oferecer vinho às pessoas?! Hão-de pensar o quê?! Que vergonha! E eu ainda a dizer a todas que a garrafinha era para alumiar a candeia da Santa!! Agora como é que vais resolver isto??!!”
Lá percebi finalmente que, em Vila de Punhe, a uns tinham oferecido Azeite e , a outros… Vinho Abafado (e do bom, que já o provei depois do escândalo!). E a mim tinha-me calhado o vinho!
As caixas não tinham indicações por fora e como as garrafas eram escuras e o rótulo artesanal, de facto só estando com atenção (ou bebendo…) é que se perceberia a diferença…
Agora ando na “clandestinidade”, como a malta de esquerda na época do fascismo, até que lhe “passe a telha” ou eu me lembrar de qualquer coisa que “amanse a fera” … Caso contrário bem posso contar que a herançazita vai todinha para as Obras da Igreja …
Oh Torga isto faz-se a quem te dedicou um selo??!! Acho que não está bem pôrra!!
Um comentário:
Caro amigo Raúl
Adorei o Post a simplicidade e o carinho realmente revelam-se de formas que muitos de nós invejamos conhecer.
Um abraço
PS: conhecendo-o um pouco, fácilmente reconheço que preferia ter "perdido" o azeite
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