segunda-feira, outubro 13, 2008

A Crise na Família


Meu cunhado e minha sogra ouviram falar da crise lá na Beira Alta e convocaram-me para discutir o assunto.

Minha mãe já tinha entretanto decidido soberanamente que eu, daquilo, não percebia nada.

Quem a aconselhava era a Dª Ester cujo filho é caixa no Totta. E , à cautela, lá foi pedindo ao neto para ver como estava o cofre das librazitas que lhe tinha dado ao longo dos anos... De facto, segundo a Dª Ester:

- "O ouro é que nos salva minha Senhora...É o ourozinho... Se ainda cá estivesse o Dr. Salazar estávamos nós bem, tanto ouro que aquele santo poupou para depois virem uns comunistas gastá-lo todo.."

Eu bem lhe disse que nunca foi assim e que Portugal ainda era um dos Países com maiores reservas de ouro no Mundo, mas não valeu de nada.

O filho da Dª Ester e a Dª Ester tinham falado e estava tudo dito. Eu trabalhava nalgum banco? Então que me calasse... que quando ela quisesse saber de cartas e de selos me perguntaria.

Assim despedido virei-me para o outro lado.
Não sei até que ponto a agricultura de subsistência da minha sogra - lá na horta ao pé da casa - possa vir a ser afectada pela crise, mas achei melhor concordar com o esclarecimento, não vá "isto" complicar-se e eu ainda necessitar de um bocado de terra para plantar batatas e couves...
Para já não falar das vinhazitas, um dos poucos "refrigérios" que nos poderão consolar nos tempos das vacas magras...Ou dos ovos e das galinhas caseitras...

O que estava em causa era a escolha do banco onde tinham as poupanças familiares. Toda a vida - nem sei muito bem porquê - tinha aquela gente feito depósitos na Caixa. Estariam bem na Caixa? Era altura de mudar? Alguns dos vizinhos já falavam em tirar o dinheiro e mantê-lo em casa...
Lá os tentei acalmar o melhor que sei (embora não trabalhe em nenhum banco) garantindo que na altura em que a Caixa abrisse falência ("desse em quebra", como se diz lá para cima) o próprio País estaria condenado. Que não se preocupassem pois a Caixa seria, actualmente, o melhor dos locais para terem as poupanças.

Não sei se os convenci, mas conhecendo a minha sogra como conheço o mais certo é que, para além desta conversa comigo, ela vá também falar com a minha Mãe... E tenho algum receio que o longo braço da Dª Ester (e filho) ainda venha a ter alguma influência em Seia...

À falta de ouro na Beira - a não ser nas arrecadas da sogra - já os estou a ver a matarem as galinhas todas para congelar, poupando assim no milho e nas alfaces...



Que mundo é este onde até o galinhame não está livre de perigo por causa do sub-prime?

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