sexta-feira, maio 15, 2015

Para descansar a vista

Há já algumas semanas que me tenho baldado ao poema das Sextas-feiras. Aqui me tento hoje redimir.
No dia em que se soube da morte de B.B.King (deixando a sua guitarra Lucille ”viúva”) dei por mim a pensar como têm semelhanças os Blues e o Fado.


Nem tanto na estrutura musical ou poética, mas sim na forma como são utilizados para “cantar a desgraça” ou adormecer a dor.


Se o Fado nos chegou do Brasil (defesa da origem afro-brasileira é  de Ruy Vieira Nery) e o Jazz em geral (com os Blues em particular) têm génese nas plantações de algodão (música de escravos) é possível pensar que as raízes profundas de ambas as expressões musicais estão em África.


Para rever o grande blues man: http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=video&cd=8&cad=rja&uact=8&ved=0CD4QtwIwBw&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D4fk2prKnYnI&ei=C59VVfXzBsSE7gbY8oHYDA&usg=AFQjCNFtIPxHbVkM3CD0n31m_k25EUhiQg&sig2=YnAlRqnmUfYtaIH5c4Xo-A&bvm=bv.93564037,d.ZGU

De um grande letrista do Fado – Pedro Homem de Mello – aqui fica um belo poema sobre o destino:
 

Fado
Porque é que Adeus me disseste
Ontem e não noutro dia,
Se os beijos que, ontem, me deste
Deixaram a noite fria?


Para quê voltar atrás
A uma esperança perdida?
As horas boas são más
Quando chega a despedida.


Meu coração já não sente.
Sei lá bem se já te vi!
Lembro-me de tanta gente
Que nem me lembro de ti.


Quem és tu que mal existes?
Entre nós, tudo acabou.
Mas pelos meus olhos tristes
Poderás saber quem sou!


Pedro Homem de Mello
Fandangueiro (1971)
In Poesias Escolhidas
Lisboa, INCM, 1983

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