Os dias estão cheios de incertezas. Estava eu a apoiar o meu Estoril (viro-me sempre mais para o Estoril-Praia quando os vermelhos me dão desgostos) e a vibrar com as recuperações de resultado face aos alemães, quando já não houve segunda parte por causa da chuva...
Vão ver que hoje, com o solzinho a brilhar, os alemães ainda nos ganham, apesar do nome do nosso clube ser bem solarengo, acima como a cor das camisolas.
Existe também incerteza em relação a coisas mais sérias, de onde destaco obviamente a evolução do Desemprego. Sem dúvida a maior chaga social e a mais importante consequência da crise que assolou o mundo ocidental. Depois do Verão e do trabalho temporário como se evolui?
Para trás, como seria de esperar.
Por isto tudo aqui vos deixo um poema que bem poderia ilustrar estes novos tempos.
Poema de um grande, enorme, poeta alentejano, pois nesta data importa louvar o "Cante" e a sua subida a Património Imaterial da Humanidade! (obviamente com direito a selo postal comemorativo!).
Dona Abastança
"A caridade é amor"
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
sexta-feira, novembro 28, 2014
quinta-feira, novembro 27, 2014
Gelado na Boca
Andei 3 horas dentro da Casa Forte do Museu Postal, onde a temperatura ambiente é de 12º. Em mangas de camisa.
O que levei desta aventura foi uma carraspana das antigas. O que antigamente se chamava "um resfriado".
Mas como era ontem dia de arrancar mais um dente do sizo (pôrra! Porque é que são 4?? Só vai ainda no segundo...) lá fiz das tripas coração e ala para o dentista.
Não sei se alguma vez arrancaram um dente tendo o nariz completamente entupido? Não o recomendo.
Sem poder respirar pelo nariz, e com a boca cheia da água do destartarizante, a sensação é semelhante à daquela técnica de interrogatório desenvolvida pelos "médicos americanos" , o "waterboarding".
Já passou, mas enquanto durou deu para perceber a eficácia dos interrogatórios. Livra! Livra como "da-se " e "pôrra" (repito), mas do que me não livrei foi de um maxilar mais uma vez cosido a linha de costura e de um inchaço na gengiva.
Havia que "pôr gelo" e apenas comer coisas frescas, de preferências em estado líquido ou fluido...
Chegado a casa levava debaixo do braço uma embalagem grande de gelado haagen dazs. Sendo Inverno havia poucas na superfície comercial . Lá escolhi uma de "caramelo". Também, por azar, se não levasse o "caramelo" teria que levar outra de ..."caramelo". Era o que havia.
Não gosto de coisas doces, e estava convencido que a malta "amaricana" era nesse aspecto bem mais suave no açúcar do que a portuguesada...
Enganei-me. Aquilo era mesmo muito doce... Comi como se fosse remédio ( e resultou!) e porque tinha alguma larica, mas foi um sacrifício.
Hoje estou a pensar abancar ao almoço nalgum lado onde me façam uma açordinha, de preferência morna, e com uma posta de pescada lá dentro.
Ao jantar? Gelado outra vez. Mas vou-me tratar ao Santini!! O Santini dá 10 a 0 ao haagen dazs!
Farmácia por farmácia, prefiro o gelado ao Ibuprofeno... E , comprando gelado acho que há reduzidas hipóteses de um gajo ser arrastado para algum processo de Mega Fraude na distribuição dos medicamentos.
O país está perigoso, andam a prender toda a gente. Perdeu-se o respeito...
Viva Verdi!
O que levei desta aventura foi uma carraspana das antigas. O que antigamente se chamava "um resfriado".
Mas como era ontem dia de arrancar mais um dente do sizo (pôrra! Porque é que são 4?? Só vai ainda no segundo...) lá fiz das tripas coração e ala para o dentista.
Não sei se alguma vez arrancaram um dente tendo o nariz completamente entupido? Não o recomendo.
Sem poder respirar pelo nariz, e com a boca cheia da água do destartarizante, a sensação é semelhante à daquela técnica de interrogatório desenvolvida pelos "médicos americanos" , o "waterboarding".
Já passou, mas enquanto durou deu para perceber a eficácia dos interrogatórios. Livra! Livra como "da-se " e "pôrra" (repito), mas do que me não livrei foi de um maxilar mais uma vez cosido a linha de costura e de um inchaço na gengiva.
Havia que "pôr gelo" e apenas comer coisas frescas, de preferências em estado líquido ou fluido...
Chegado a casa levava debaixo do braço uma embalagem grande de gelado haagen dazs. Sendo Inverno havia poucas na superfície comercial . Lá escolhi uma de "caramelo". Também, por azar, se não levasse o "caramelo" teria que levar outra de ..."caramelo". Era o que havia.
Não gosto de coisas doces, e estava convencido que a malta "amaricana" era nesse aspecto bem mais suave no açúcar do que a portuguesada...
Enganei-me. Aquilo era mesmo muito doce... Comi como se fosse remédio ( e resultou!) e porque tinha alguma larica, mas foi um sacrifício.
Hoje estou a pensar abancar ao almoço nalgum lado onde me façam uma açordinha, de preferência morna, e com uma posta de pescada lá dentro.
Ao jantar? Gelado outra vez. Mas vou-me tratar ao Santini!! O Santini dá 10 a 0 ao haagen dazs!
Farmácia por farmácia, prefiro o gelado ao Ibuprofeno... E , comprando gelado acho que há reduzidas hipóteses de um gajo ser arrastado para algum processo de Mega Fraude na distribuição dos medicamentos.
O país está perigoso, andam a prender toda a gente. Perdeu-se o respeito...
Viva Verdi!
terça-feira, novembro 25, 2014
A Operação do Marquês e o consequente Processo
O Marquês foi operado há uns anos. Na impossibilidade de o levarem ao Hospital - a estátua (incluindo o leão) deve pesar toneladas - foi o Hospital ter com o Marquês. Levou algum tempo a ser convenientemente limpa de todas as profanações, incluindo a dos entusiastas de Carnide, bêbedos de glória ( e com o resto, obviamente) que assinaram "casal ventoso".
Foi o cirurgião Dr. A. Costa que se encarregou da Operação, e parece que não ficou satisfeito por ter de desembolsar o dinheirinho da CML para corrigir a obra dos vermelhos...
Quanto ao Processo do Marquês, esse é um pouco mais antigo. Devemos começar por observar que enquanto o Marquês foi Primeiro Ministro não houve ninguém com coragem para o acusar de nada...
Mas depois o reviralho foi tremendo. Acabando o enterro de D. José, lá apareceu D. Maria e foi o que se viu.
Em princípios de 1779, desencandeou-se o célebre processo instaurado por Francisco Galhardo de Mendanha, residente em Abrantes, a quem o Marquês teria enganado na venda de uma propriedade, exilando-o depois para a Ilha Terceira, a fim de o reduzir ao silêncio.
Três graves acusações pendiam sobre o dito Marquês: abusos da sua posição oficial para defraudar particulares, entre os quais o de obrigar pessoas a vender-lhe propriedades por preço inferior ao seu real valor, e o de não pagar as suas dívida. Roubos ao Estado, como nos contratos dos diamantes, e do tabaco e ainda na apropriação, para a família, de valiosos terrenos na capital. Finalmente, diversas arbitrariedades de natureza política.
Estando o Marquês sempre negando as acusações, após 4 meses de interrogatórios, a rainha acabou por ter em conta a idade do acusado (80 anos) e acabou por o exilar 20 léguas para fora da corte.
Morreu nas suas terras de Pombal em Agosto de 1782.
Uma coisa foi certa: Apesar do descrédito que se lançou em cima de Pombal, lá está o centro da Praça emblemática de Lisboa ocupado com a sua carantonha severa, passeando o bichano de estimação... A estátua começou a ser construída 100 anos depois da sua morte, com fundos provenientes de donativos. E porque lhe construiram a estátua (perguntarão os leitores)?
Porque, entre outras coisas:
"Reedificou Lisboa.
Animou a Agricultura.
Estabeleceo as Fabricas.
Restituiu as Sciencias."
Um verdadeiro Homem da Construção!
A história é uma coisa engraçada... Parece uma nora com os seus alcatruzes para cima e para baixo, sempre a girar.
Haverá quem imagine , daqui a cento e cinquenta anos, uma nova estátua em Lisboa, talvez no início da A1, olhando para os km de auto-estrada que se perdem no horizonte, com uma mão empunhando uma colher de pedreiro e mantendo um Magalhães debaixo do outro braço?
Sei lá eu??!! Já vi coisas mais esquisitas... Porcos a andar de bicicleta, e até vidas abastadas em Paris com o vencimento de funcionário público português.
Foi o cirurgião Dr. A. Costa que se encarregou da Operação, e parece que não ficou satisfeito por ter de desembolsar o dinheirinho da CML para corrigir a obra dos vermelhos...
Quanto ao Processo do Marquês, esse é um pouco mais antigo. Devemos começar por observar que enquanto o Marquês foi Primeiro Ministro não houve ninguém com coragem para o acusar de nada...
Mas depois o reviralho foi tremendo. Acabando o enterro de D. José, lá apareceu D. Maria e foi o que se viu.
Em princípios de 1779, desencandeou-se o célebre processo instaurado por Francisco Galhardo de Mendanha, residente em Abrantes, a quem o Marquês teria enganado na venda de uma propriedade, exilando-o depois para a Ilha Terceira, a fim de o reduzir ao silêncio.
Três graves acusações pendiam sobre o dito Marquês: abusos da sua posição oficial para defraudar particulares, entre os quais o de obrigar pessoas a vender-lhe propriedades por preço inferior ao seu real valor, e o de não pagar as suas dívida. Roubos ao Estado, como nos contratos dos diamantes, e do tabaco e ainda na apropriação, para a família, de valiosos terrenos na capital. Finalmente, diversas arbitrariedades de natureza política.
Estando o Marquês sempre negando as acusações, após 4 meses de interrogatórios, a rainha acabou por ter em conta a idade do acusado (80 anos) e acabou por o exilar 20 léguas para fora da corte.
Morreu nas suas terras de Pombal em Agosto de 1782.
Uma coisa foi certa: Apesar do descrédito que se lançou em cima de Pombal, lá está o centro da Praça emblemática de Lisboa ocupado com a sua carantonha severa, passeando o bichano de estimação... A estátua começou a ser construída 100 anos depois da sua morte, com fundos provenientes de donativos. E porque lhe construiram a estátua (perguntarão os leitores)?
Porque, entre outras coisas:
"Reedificou Lisboa.
Animou a Agricultura.
Estabeleceo as Fabricas.
Restituiu as Sciencias."
Um verdadeiro Homem da Construção!
A história é uma coisa engraçada... Parece uma nora com os seus alcatruzes para cima e para baixo, sempre a girar.
Haverá quem imagine , daqui a cento e cinquenta anos, uma nova estátua em Lisboa, talvez no início da A1, olhando para os km de auto-estrada que se perdem no horizonte, com uma mão empunhando uma colher de pedreiro e mantendo um Magalhães debaixo do outro braço?
Sei lá eu??!! Já vi coisas mais esquisitas... Porcos a andar de bicicleta, e até vidas abastadas em Paris com o vencimento de funcionário público português.
sexta-feira, novembro 21, 2014
Para Descansar a Vista
Aproveitemos este Sol de Inverno para pôr a roupa ( e a consciência) a arejar um bocadinho.
Mas será de pouca dura.
The Winter is Coming...
Aos que a Felicidade é Sol, Virá a NoiteQuero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada 'spera
Tudo que vem é grato.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Mas será de pouca dura.
The Winter is Coming...
Aos que a Felicidade é Sol, Virá a NoiteQuero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada 'spera
Tudo que vem é grato.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
quinta-feira, novembro 20, 2014
O Mocho
Os mochos e corujas não se comem (de um modo geral e salvaguardando ocasiões especiais, onde a fome grassa e tudo quanto mexe é considerado comida, tenha 1, 2, 3 ou 4 patas).
Refazendo a frase, o mocho não tem aptidão gastronómica que eu conheça. Recordo que estas coisas são sempre relativas, pois até ter comido morcego nas Ilhas Seychelles também nunca acreditaria que tal alimária era comestível ( sem ser nas tais ocasiões).
Animal que não serve para comer terá outras funções na ordem geral das coisas, mas para mim perde parte do seu interesse. Não digo grande parte, porque por exemplo eu adoro cavalos desde puto e recuso-me a comer a carne. E se souber que há alguém do meu circulo que a consome, acabou-se a amizade logo ali.
O Mocho controlará as chamadas "pestes", os ratos, esquilos, coelhos e coisas dessas. Deve ser um trabalho importante , mas eu, francamente, não sendo biólogo nem estudioso das sustentabilidades ambientais, não lhe detecto grande utilidade.
Resta a questão estética. E aí sim! os grandes Mochos (mesmo os pequenos) são lindos de morrer. Têm um olhar que mete medo e um porte altivo que fará pensar duas vezes qualquer águia (excepto aquela vermelha).
A mim sempre me meteu um bocado de respeito a figura do mocho. Tínhamos um empallhado na secção dos antigos alunos dos salesianos (o mistério da sua aparição naquele local nunca foi por mim desvendado) , e eu juraria que quando me apanhava lá sozinho, o bicho virava a cabeça mesmo depois de morto e embalsamado, para nunca deixar de me fitar. Enervante!
Cheguei a virar a coisa para a parede, mas quando lá chegava no dia seguinte a senhora que cuidava da limpeza da sede já o tinha colocado no sítio certo. A relação entre o mocho e a minha pessoa era tão estranha que nunca lhe cheguei a dar um nome, com medo que ele não gostasse...
Mesmo hoje em dia, se vou a algum lado onde há mochos ou corujas embalsamadas, apresso normalmente o passo e não me detenho muito na observação da espécie.
Imaginem então um dia do meu passado recente, por ocasião do lançamento do nosso livro e selos sobre a arte da falcoaria, em Salvaterra de Magos, onde uns senhores muito amáveis da Associação Portuguesa de Falcoaria , me queriam passar para o pulso um Grão Duque ... Um Grão Duque é uma espécie de mocho criado com esteróides anabolizantes. Tem mais de 70 cm de altura e pesa para burro!
Pôrra! Grão Duque ? Só se viesse com ou dois ovos Faberger fugidos à Revolução de Outubro nas garras... E mesmo assim tinha que pensar bem no assunto. Ala meano! E basei.
Sou cobarde nestas coisas de mochos...Ou corujas...
Refazendo a frase, o mocho não tem aptidão gastronómica que eu conheça. Recordo que estas coisas são sempre relativas, pois até ter comido morcego nas Ilhas Seychelles também nunca acreditaria que tal alimária era comestível ( sem ser nas tais ocasiões).
Animal que não serve para comer terá outras funções na ordem geral das coisas, mas para mim perde parte do seu interesse. Não digo grande parte, porque por exemplo eu adoro cavalos desde puto e recuso-me a comer a carne. E se souber que há alguém do meu circulo que a consome, acabou-se a amizade logo ali.
O Mocho controlará as chamadas "pestes", os ratos, esquilos, coelhos e coisas dessas. Deve ser um trabalho importante , mas eu, francamente, não sendo biólogo nem estudioso das sustentabilidades ambientais, não lhe detecto grande utilidade.
Resta a questão estética. E aí sim! os grandes Mochos (mesmo os pequenos) são lindos de morrer. Têm um olhar que mete medo e um porte altivo que fará pensar duas vezes qualquer águia (excepto aquela vermelha).
A mim sempre me meteu um bocado de respeito a figura do mocho. Tínhamos um empallhado na secção dos antigos alunos dos salesianos (o mistério da sua aparição naquele local nunca foi por mim desvendado) , e eu juraria que quando me apanhava lá sozinho, o bicho virava a cabeça mesmo depois de morto e embalsamado, para nunca deixar de me fitar. Enervante!
Cheguei a virar a coisa para a parede, mas quando lá chegava no dia seguinte a senhora que cuidava da limpeza da sede já o tinha colocado no sítio certo. A relação entre o mocho e a minha pessoa era tão estranha que nunca lhe cheguei a dar um nome, com medo que ele não gostasse...
Mesmo hoje em dia, se vou a algum lado onde há mochos ou corujas embalsamadas, apresso normalmente o passo e não me detenho muito na observação da espécie.
Imaginem então um dia do meu passado recente, por ocasião do lançamento do nosso livro e selos sobre a arte da falcoaria, em Salvaterra de Magos, onde uns senhores muito amáveis da Associação Portuguesa de Falcoaria , me queriam passar para o pulso um Grão Duque ... Um Grão Duque é uma espécie de mocho criado com esteróides anabolizantes. Tem mais de 70 cm de altura e pesa para burro!
Pôrra! Grão Duque ? Só se viesse com ou dois ovos Faberger fugidos à Revolução de Outubro nas garras... E mesmo assim tinha que pensar bem no assunto. Ala meano! E basei.
Sou cobarde nestas coisas de mochos...Ou corujas...
quarta-feira, novembro 19, 2014
Falta de Audácia
Tenho algum apego a ser bem tratado. Quem não tem??!!
Gosto que me recebam bem. Gosto que saibam aquilo que mais me agrada e que me reconheçam quando entro a porta.
Para mim o reconhecimento é isso mesmo. Tu sabes onde eu poiso o casaco, eu sei onde tu deixas a mala de mão. Mas não estamos a falar de casamentos ou relacionamentos desses.
Aqui a questão é mesmo sobre os restaurantes onde costumamos ir e aqueles onde nunca vamos porque não nos conhecem.
Não nego que ter algum "conhecimento interno" é importante. Que o diga a malta apanhada nas malhas do Processo dos Vistos Gold...
E não nego também que tenho retirado até trunfos desses conhecimentos pessoais: mesas de restaurantes "todas reservadas" e que por milagre se abrem ao "Je", miminhos dos chefes para o meu prato, e coisas assim.
Nunca deixei de pagar ( coisa que me faria nunca mais voltar) a não ser em casos excepcionais. O mais que aceito, quando estou acompanhado, será um "cheirinho" de whisky no copo do senhorio, porque eu normalmente não bebo digestivos.
Mas com estas ideias de velho acomodado vou perdendo a emoção da "caça"... E não é apenas dessa "caça" em que estão a pensar! Da "caça e captura" das boas novidades que se podem ir abrindo no ramo da restauração.
Bem posso ir lendo as mensagens da Fátima e do Mário no Face, sempre a "abrir" nesta área. Bem posso ler as crónicas do Fugas (Moreira e Fortunato fazem um bom trabalho!). Bem posso penar com saudades do meu Zé (melhorando, devagarinho, da maleita na vista)...
Mas quando chegamos aos "finalmentes", à hora de escolher? Lá vai o gordo para os mesmos lados outra vez: O Beira Mar, o Solar, o maluco do Pedro da Horta, o Galito, o Jockey, a Tia Matilde...
Por isso estimo as deslocações, que me permitem variar. Bem, variar um pouco apenas, porque tudo o que é demais deita por fora.
Esta falta de audácia terá a ver com a idade ? Ou com o necessário aprumo da escolha, agora que o dinheiro está cada vez mais caro e que não tenho ninguém (como nunca tive) para pagar as contas?
E se for para ir, sentar, comer mal, pagar e nunca mais lá pôr as solas, porque diabo iremos?
Lembra-me esta conversa as minhas aulas de análise de risco, quando associava valores de probabilidade a certas decisões de gestão.
Quanto maior o risco (medido em custo , despesa, ou prejuízo potencial) mais alta deveria ser a medida de probabilidade que aconselhava a acção.
Ou, dito por outras palavras: "Se vais ter uma reunião importante de tarde e almoças antes, tira a gravata de seda à mesa!"
Há ainda tanta casa boa e conhecida para comer... Porque é que havemos de correr o risco?
Porque quem não arrisca , não petisca.
E é o caso aqui. Não petiscas mesmo!
Gosto que me recebam bem. Gosto que saibam aquilo que mais me agrada e que me reconheçam quando entro a porta.
Para mim o reconhecimento é isso mesmo. Tu sabes onde eu poiso o casaco, eu sei onde tu deixas a mala de mão. Mas não estamos a falar de casamentos ou relacionamentos desses.
Aqui a questão é mesmo sobre os restaurantes onde costumamos ir e aqueles onde nunca vamos porque não nos conhecem.
Não nego que ter algum "conhecimento interno" é importante. Que o diga a malta apanhada nas malhas do Processo dos Vistos Gold...
E não nego também que tenho retirado até trunfos desses conhecimentos pessoais: mesas de restaurantes "todas reservadas" e que por milagre se abrem ao "Je", miminhos dos chefes para o meu prato, e coisas assim.
Nunca deixei de pagar ( coisa que me faria nunca mais voltar) a não ser em casos excepcionais. O mais que aceito, quando estou acompanhado, será um "cheirinho" de whisky no copo do senhorio, porque eu normalmente não bebo digestivos.
Mas com estas ideias de velho acomodado vou perdendo a emoção da "caça"... E não é apenas dessa "caça" em que estão a pensar! Da "caça e captura" das boas novidades que se podem ir abrindo no ramo da restauração.
Bem posso ir lendo as mensagens da Fátima e do Mário no Face, sempre a "abrir" nesta área. Bem posso ler as crónicas do Fugas (Moreira e Fortunato fazem um bom trabalho!). Bem posso penar com saudades do meu Zé (melhorando, devagarinho, da maleita na vista)...
Mas quando chegamos aos "finalmentes", à hora de escolher? Lá vai o gordo para os mesmos lados outra vez: O Beira Mar, o Solar, o maluco do Pedro da Horta, o Galito, o Jockey, a Tia Matilde...
Por isso estimo as deslocações, que me permitem variar. Bem, variar um pouco apenas, porque tudo o que é demais deita por fora.
Esta falta de audácia terá a ver com a idade ? Ou com o necessário aprumo da escolha, agora que o dinheiro está cada vez mais caro e que não tenho ninguém (como nunca tive) para pagar as contas?
E se for para ir, sentar, comer mal, pagar e nunca mais lá pôr as solas, porque diabo iremos?
Lembra-me esta conversa as minhas aulas de análise de risco, quando associava valores de probabilidade a certas decisões de gestão.
Quanto maior o risco (medido em custo , despesa, ou prejuízo potencial) mais alta deveria ser a medida de probabilidade que aconselhava a acção.
Ou, dito por outras palavras: "Se vais ter uma reunião importante de tarde e almoças antes, tira a gravata de seda à mesa!"
Há ainda tanta casa boa e conhecida para comer... Porque é que havemos de correr o risco?
Porque quem não arrisca , não petisca.
E é o caso aqui. Não petiscas mesmo!
terça-feira, novembro 18, 2014
O Alentejo e seus vinhos
Uma região que muito lucrou com as modernas técnicas de MKT aplicadas ao sector dos vinhos e da vinha (enoturismo, etc..) foi o nosso Alentejo.
Ainda hoje , em número de garrafas vendidas no mercado nacional (talvez não em exportação, onde avoluma o mercado do vinho do Porto), será o Alentejo o "campeão das grandes superfícies".
Mas reparem como a frase "campeão das grandes superfícies" pode levar o leitor para um paradigma de quantidade, sem que aos produtos vínicos transtaganos possam ser igualmente atribuídas as grandes medalhas da qualidade.
Essa interpretação não é correcta.
No Alentejo há hoje também muita qualidade. E quando ouço dizer que "ainda não têm o seu Barca Velha", só me apetece dizer que ainda bem! Pois o Douro é o Douro e a Planície é outra coisa distinta. Se bem que - em termos de preços na restauração - o Pera Manca não fique muito atrás do mito duriense.
Onde provavelmente o Alentejo ganha, como começei esta conversa, é nas técnicas de MKT aplicadas à actividade no seu todo, desde as acções de relações públicas até à publicidade e promoção, passando ainda por uma correcta relação com a distribuição. Se entrarem num qualquer supermercado que seja especializado em vinhos, poderão ver que o maior espaço é dedicado ao Alentejo. O que traduz obviamente a imensa área que está dedicada à vinha nessa região, mas também a abundância de marcas e a estratégia de ponto de venda.
Claro que o "Tio Belmiro" e outros quejandos acabam por colocar nas cabeças das gôndolas e ao nível dos olhos do consumidor os vinhos que lhes rendem mais. E a esse nível das margens que o vinho liberta para o produtor e para o vendedor, pode ser que a quantidade de garrafas produzida seja um trunfo que o Alentejo esgrime com maior evidência do que as outras regiões...
Em contraponto recordo apenas a Bairrada e o Dão, onde existem vinhos magníficos, e que parece subalternizada nas cartas de vinhos dos restaurantes da nossa terra, bem assim como nas grandes superfícies.
Hoje em dia o grande problema do Alentejo é que a notoriedade da região apaga a notoriedade das suas marcas (com as clássicas excepções que todos conhecemos!)... E como estas se multiplicam, o consumidor não tem já condições para poder provar de tudo.
Do Alentejo, e em complemento da viagem que fiz ontem a Évora em trabalho, trago aqui três vinhos pouco conhecidos, mas muito bons.
- Joaquim Madeira, Branco DOC de 2013: um vinho gordo e com notas de bela madeira. Um
branco de Inverno que agradará a todos os que estão um bocado fartos dos vinhos frutados e a cheirar a maracujá. Custa cerca de 8 euros. Tem Antão Vaz, Arinto e Chardonnay.
- Torais, Tinto de 2008: Belo tinto pelo mesmo preço do branco anterior. Um vinho "de ataque", para beber todos os dias e que não deixa ficar mal a "coudelaria", Tem 14 graus e é feito com predominância de Shiraz e Aragonês.
- Ponte das Canas DOC, Tinto 2010: Um pouco mais caro, pelos 15 euros. É marca do Mouchão, a seguir ao D. Rafael e antes do Mouchão verdadeiramente dito, o que lhe dá logo respeitabilidade teórica. E tem Alicante Bouschet, está claro! Na prática é um tinto cheio de aroma e de cor, muito bom na boca e com laivos de fruta preta madura. Não tem o corpo do "pai" Mouchão", mas por este preço não há milagres...
A provar para depois contarem as vossas opiniões.
Ainda hoje , em número de garrafas vendidas no mercado nacional (talvez não em exportação, onde avoluma o mercado do vinho do Porto), será o Alentejo o "campeão das grandes superfícies".
Mas reparem como a frase "campeão das grandes superfícies" pode levar o leitor para um paradigma de quantidade, sem que aos produtos vínicos transtaganos possam ser igualmente atribuídas as grandes medalhas da qualidade.
Essa interpretação não é correcta.
No Alentejo há hoje também muita qualidade. E quando ouço dizer que "ainda não têm o seu Barca Velha", só me apetece dizer que ainda bem! Pois o Douro é o Douro e a Planície é outra coisa distinta. Se bem que - em termos de preços na restauração - o Pera Manca não fique muito atrás do mito duriense.
Onde provavelmente o Alentejo ganha, como começei esta conversa, é nas técnicas de MKT aplicadas à actividade no seu todo, desde as acções de relações públicas até à publicidade e promoção, passando ainda por uma correcta relação com a distribuição. Se entrarem num qualquer supermercado que seja especializado em vinhos, poderão ver que o maior espaço é dedicado ao Alentejo. O que traduz obviamente a imensa área que está dedicada à vinha nessa região, mas também a abundância de marcas e a estratégia de ponto de venda.
Claro que o "Tio Belmiro" e outros quejandos acabam por colocar nas cabeças das gôndolas e ao nível dos olhos do consumidor os vinhos que lhes rendem mais. E a esse nível das margens que o vinho liberta para o produtor e para o vendedor, pode ser que a quantidade de garrafas produzida seja um trunfo que o Alentejo esgrime com maior evidência do que as outras regiões...
Em contraponto recordo apenas a Bairrada e o Dão, onde existem vinhos magníficos, e que parece subalternizada nas cartas de vinhos dos restaurantes da nossa terra, bem assim como nas grandes superfícies.
Hoje em dia o grande problema do Alentejo é que a notoriedade da região apaga a notoriedade das suas marcas (com as clássicas excepções que todos conhecemos!)... E como estas se multiplicam, o consumidor não tem já condições para poder provar de tudo.
Do Alentejo, e em complemento da viagem que fiz ontem a Évora em trabalho, trago aqui três vinhos pouco conhecidos, mas muito bons.
- Joaquim Madeira, Branco DOC de 2013: um vinho gordo e com notas de bela madeira. Um
branco de Inverno que agradará a todos os que estão um bocado fartos dos vinhos frutados e a cheirar a maracujá. Custa cerca de 8 euros. Tem Antão Vaz, Arinto e Chardonnay.
- Torais, Tinto de 2008: Belo tinto pelo mesmo preço do branco anterior. Um vinho "de ataque", para beber todos os dias e que não deixa ficar mal a "coudelaria", Tem 14 graus e é feito com predominância de Shiraz e Aragonês.
- Ponte das Canas DOC, Tinto 2010: Um pouco mais caro, pelos 15 euros. É marca do Mouchão, a seguir ao D. Rafael e antes do Mouchão verdadeiramente dito, o que lhe dá logo respeitabilidade teórica. E tem Alicante Bouschet, está claro! Na prática é um tinto cheio de aroma e de cor, muito bom na boca e com laivos de fruta preta madura. Não tem o corpo do "pai" Mouchão", mas por este preço não há milagres...
A provar para depois contarem as vossas opiniões.
sexta-feira, novembro 14, 2014
Para Descansar a Vista
Do grande Poeta Manoel de Barros, agora desaparecido, relembro alguns poemas :
O fazedor de amanhecer
Sou leso em tratagens com máquina.Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
Nota: Manoel de Barros foi (e é, poeta não morre!) um dos grandes poetas brasileiros de todos os tempos. Lá para os confins do Mato Grosso e do Pantanal exerceu o seu múnus publicum, ao mesmo tempo que tomava conta da fazenda paterna.
Para ele "a Frase era mais importante que a verdade, mais importante que a própria fé". Logo por aqui se entende o apego que desde muito novo sempre teve com o Padre António Vieira, grão-mestre da língua lusa.
Leiam aqui sff:
http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp
quinta-feira, novembro 13, 2014
O Aabrão do Eente!
Tenho uma dentadura notável. Sempre me orgulhei desse facto, que atribuí durante muitos anos a nunca ter usado fio dental e a lavar os dentes com alguma parcimónia, apenas uma vez por dia e essa vez bem rápida.
A completar sessenta anos tudo aquilo que está dentro da minha boca (excepto a comidinha, que vai e vem) é meu. Não há chumbos nem chumbinhos, não há tachas nem tachinhas, não há um buraco.
Pensei até ilustrar este Post com a radiografia (admirável) da minha dentuça, para todos verem aquela perfeição. Mas não consegui que a fotografia ficasse decente.
Ultimamente andava a sangrar das bochechas, tendo o dentista assumido - depois de vários exames e radiografias - que os meus quatro dentes do sizo estavam meio inclusos no maxilar, e apontavam para o lado, em vez de ser para baixo, como lhes competia.
Nem discuto o facto de uma criatura ter chegado aos 60 com dentes do sizo ainda a "crescer". Nem discuto que esse crescimento tenha sido para o lado. São coisas que acontecem...Agora, o resultado prático disto tudo é que, pela primeira vez na vida, tenho de extrair dentes!
Dentes perfeitamente saudáveis, que o único pecado que fizeram nesta vida foi o crescerem para os lados. Não haverá aqui alguma coisa de fascista nesta mania de que todos os dentes têm de apontar para o mesmo lado? Foi para isto que fizemos o 25 de Abril? Para que o unanimismo triunfasse?
Mas divago. Adiante que não estamos em Amarante.
Eu sabia teoricamente o que era "tirar um dente", mas não tinha a experiência prática. E o homem apanhou-me pela primeira vez à falsa fé.
Começei a preocupar-me quando vi umas alavancas (tenazes mesmo) de aço. E ainda mais me preocupei quando a criatura ia dizendo para a ajudante:
-"Olhe, dê-me aí uma mais larga que este é dos difíceis".
-"Mas que coisa, está bem fixo. Olhe, não há destas ainda mais largas?"
-"Já saíu! Olhe que grande! E não custou nada? Vamos é ter que cozer o buraquinho..."
Uma hora e meia de sacrifício, embora a anestesia tenha dourado esta pílula o melhor que sabia e podia. E no final das festas lá fiquei mais pobre ( de mais do que uma maneira!!)
Agora não posso comer para aquele lado, e comer é eufemismo! "Imbibo" líquidos, papas e sopas.
Vivi eu tanto ano sem saber o que era esta sobremesa...E, francamente, acho que podia ter esperado mais uns anitos ...
Tenho que por lá aparecer mais 3 vezes. Vou pensar bem no assunto, mas acabarei por ir. É o Karma...
O Lucky Luke quando ia ao barbeiro encostava a pistola ao cú do artista, não fosse a lámina escorregar para onde não devia... Pode ser que aqui resulte a mesma técnica. Barbeiros já tiraram dentes.. E alguns ainda tiram...
A completar sessenta anos tudo aquilo que está dentro da minha boca (excepto a comidinha, que vai e vem) é meu. Não há chumbos nem chumbinhos, não há tachas nem tachinhas, não há um buraco.
Pensei até ilustrar este Post com a radiografia (admirável) da minha dentuça, para todos verem aquela perfeição. Mas não consegui que a fotografia ficasse decente.
Ultimamente andava a sangrar das bochechas, tendo o dentista assumido - depois de vários exames e radiografias - que os meus quatro dentes do sizo estavam meio inclusos no maxilar, e apontavam para o lado, em vez de ser para baixo, como lhes competia.
Nem discuto o facto de uma criatura ter chegado aos 60 com dentes do sizo ainda a "crescer". Nem discuto que esse crescimento tenha sido para o lado. São coisas que acontecem...Agora, o resultado prático disto tudo é que, pela primeira vez na vida, tenho de extrair dentes!
Dentes perfeitamente saudáveis, que o único pecado que fizeram nesta vida foi o crescerem para os lados. Não haverá aqui alguma coisa de fascista nesta mania de que todos os dentes têm de apontar para o mesmo lado? Foi para isto que fizemos o 25 de Abril? Para que o unanimismo triunfasse?
Mas divago. Adiante que não estamos em Amarante.
Eu sabia teoricamente o que era "tirar um dente", mas não tinha a experiência prática. E o homem apanhou-me pela primeira vez à falsa fé.
Começei a preocupar-me quando vi umas alavancas (tenazes mesmo) de aço. E ainda mais me preocupei quando a criatura ia dizendo para a ajudante:
-"Olhe, dê-me aí uma mais larga que este é dos difíceis".
-"Mas que coisa, está bem fixo. Olhe, não há destas ainda mais largas?"
-"Já saíu! Olhe que grande! E não custou nada? Vamos é ter que cozer o buraquinho..."
Uma hora e meia de sacrifício, embora a anestesia tenha dourado esta pílula o melhor que sabia e podia. E no final das festas lá fiquei mais pobre ( de mais do que uma maneira!!)
Agora não posso comer para aquele lado, e comer é eufemismo! "Imbibo" líquidos, papas e sopas.
Vivi eu tanto ano sem saber o que era esta sobremesa...E, francamente, acho que podia ter esperado mais uns anitos ...
Tenho que por lá aparecer mais 3 vezes. Vou pensar bem no assunto, mas acabarei por ir. É o Karma...
O Lucky Luke quando ia ao barbeiro encostava a pistola ao cú do artista, não fosse a lámina escorregar para onde não devia... Pode ser que aqui resulte a mesma técnica. Barbeiros já tiraram dentes.. E alguns ainda tiram...
quarta-feira, novembro 12, 2014
A Hospitalidade
Num conto que li em menino, e cujo nome e autor não consigo agora situar , falava-se de um antigo hábito de certos povos da Oceânia. Quando recebiam alguém em suas casas emprestavam-lhes à partida sempre um objecto que lhes fizesse falta - por exemplo, uma faca - de forma a que o hóspede e amigo nunca se esquecesse de voltar, trazendo consigo o objecto "emprestado".
Em Portugal também temos fama e proveito de sermos hospitaleiros. Tenho-o provado no meu corpo e no meu espírito. Não só tenho "Provado" como tenho mesmo "Comido" essas larguezas da hospitalidade lusa.
Eu tenho também dado muitas vezes a experimentar a quem nos visita o melhor que temos. Na cozinha e nas vistas, usos e costumes. De tal forma que começou a criar corpo no âmbito dos nossos colegas internacionais a ideia que , se marcassem férias para Portugal, alguém os ampararia devidamente.
Não me custa nada ajudar nas marcações de Hotel e propor visitas e restaurantes, Faço-o sempre com gosto. E normalmente convido também sempre quem por cá aparece para almoçar ou jantar.
Mas, no meio desta crise existencial que assola todos, mais cedo ou mais tarde, dei por mim a pensar onde deveriamos traçar a fronteira entre a Hospitalidade e o Provincianismo.
A fronteira deve ser traçada algures entre a nossa forma de estar aberta e afável, pronta para agradar, e a bajulice própria do "pequeno" que recebe o "grande", estando (ou não) à espera de rentabilizar futuramente esse "investimento".
Claro que a distinção entre "pequeno" e "grande" é relativa. Não estamos no tempo das "Cours Itinérants du Roi Soleil", onde a comitiva real era obrigatoriamente recebida pelos nobres e autarquias da região onde passava, levando muitas vezes à falência alguns deles com a exigência pesada da respectiva acomodação.
O que me leva a reflectir é que, para alguns e neste enquadramento de bem receber, "grande" será sinónimo de "visitante estrangeiro" , enquanto que a ele, ao tuga, caberá bem o epíteto de "pequeno"... E isso não pode ser.
Tal como "velhos são os trapos", então "pequenos devem ser os toma***" de quem pensa assim e age em conformidade.
"Liberté, Egalité, Fraternité" tem a Igualdade no meio... Já tinham reparado?
Em Portugal também temos fama e proveito de sermos hospitaleiros. Tenho-o provado no meu corpo e no meu espírito. Não só tenho "Provado" como tenho mesmo "Comido" essas larguezas da hospitalidade lusa.
Eu tenho também dado muitas vezes a experimentar a quem nos visita o melhor que temos. Na cozinha e nas vistas, usos e costumes. De tal forma que começou a criar corpo no âmbito dos nossos colegas internacionais a ideia que , se marcassem férias para Portugal, alguém os ampararia devidamente.
Não me custa nada ajudar nas marcações de Hotel e propor visitas e restaurantes, Faço-o sempre com gosto. E normalmente convido também sempre quem por cá aparece para almoçar ou jantar.
Mas, no meio desta crise existencial que assola todos, mais cedo ou mais tarde, dei por mim a pensar onde deveriamos traçar a fronteira entre a Hospitalidade e o Provincianismo.
A fronteira deve ser traçada algures entre a nossa forma de estar aberta e afável, pronta para agradar, e a bajulice própria do "pequeno" que recebe o "grande", estando (ou não) à espera de rentabilizar futuramente esse "investimento".
Claro que a distinção entre "pequeno" e "grande" é relativa. Não estamos no tempo das "Cours Itinérants du Roi Soleil", onde a comitiva real era obrigatoriamente recebida pelos nobres e autarquias da região onde passava, levando muitas vezes à falência alguns deles com a exigência pesada da respectiva acomodação.
O que me leva a reflectir é que, para alguns e neste enquadramento de bem receber, "grande" será sinónimo de "visitante estrangeiro" , enquanto que a ele, ao tuga, caberá bem o epíteto de "pequeno"... E isso não pode ser.
Tal como "velhos são os trapos", então "pequenos devem ser os toma***" de quem pensa assim e age em conformidade.
"Liberté, Egalité, Fraternité" tem a Igualdade no meio... Já tinham reparado?
terça-feira, novembro 11, 2014
De regresso
As vantagens do meu trabalho são muitas. Entre as que mais aprecio é a possibilidade de todos os anos conhecer pessoas novas, ter novos assuntos para explorar, criar novos amigos espalhados por todos os locais do país onde se concretizam as nossas emissões de selos e edições de livros.
Há já alguns meses que ando por Trás-os-Montes, atrás de várias cerimónias filatélicas. E que prazer tem sido poder compartilhar a mesa das reuniões e a mesa das refeições com tanta gente boa!
De tal forma que mal saímos já estamos com saudades. O que é muito português. O meu colega Miguel Esteves Cardoso dizia, e bem, que "O português ainda não levantou voo da Portela e já está com saudades!".
Na última reunião e almoço onde estivemos, já de malas aviadas, fomos impecavelmente recebidos no complexo hoteleiro com a gestão do grupo A. Montesinho (proprietários do D. Roberto de boa fama). Entre um Butelo com Cascas e uma Posta grelhada fomos alinhavando o futuro da filatelia por aquelas terras. E muitas pistas foram ali colhidas.
Voltarei para tratar dos dois assuntos que deixei pendurados: o Caminho Português de Santiago de Compostela, a famosa "ruta de la plata"; e a série que dedicaremos à castanha de Trás-os-Montes.
Tudo isto em 2015, o que permite antever novas viagens em breve.
Preciso ainda de vos falar do êxito que foi a Exposição Filatélica VIANNA 2014, do emocionante encontro com o Sr. Lopes Ribeiro, quase a fazer os 103 anos de idade, sempre coleccionando os seus selos. O mais impressionante é poder falar com ele e verificar que anda bem, sem bengalas e tem a cabeça melhor do que muitos de nós!! Faço aqui uma injunção ao Sr. Ministro da Saúde que mande investigar. A dieta, a água (ou o vinho verde!) devem estar envolvidos.
Dou também testemunho da presença continuada do Sr. Presidente da Câmara de Viana do Castelo, não só na inauguração mas também nos outros dias. Grande exemplo!
Agora em Lisboa apresto-me também hoje para rever velhos amigos das artes gráficas. Em volta de uma antiga e rara (aqui na urbe pelo menos) especialidade: A Feijoada de Sames de Bacalhau à moda da Gafanha.
Será no Restaurante Jockey, que debaixo da batuta de Mestre Rafael segue a sua senda de casa afável e hospitaleira para todos os clientes, tragam eles cavalos ou mulas (salvo seja, pôrra!).
Há já alguns meses que ando por Trás-os-Montes, atrás de várias cerimónias filatélicas. E que prazer tem sido poder compartilhar a mesa das reuniões e a mesa das refeições com tanta gente boa!
De tal forma que mal saímos já estamos com saudades. O que é muito português. O meu colega Miguel Esteves Cardoso dizia, e bem, que "O português ainda não levantou voo da Portela e já está com saudades!".
Na última reunião e almoço onde estivemos, já de malas aviadas, fomos impecavelmente recebidos no complexo hoteleiro com a gestão do grupo A. Montesinho (proprietários do D. Roberto de boa fama). Entre um Butelo com Cascas e uma Posta grelhada fomos alinhavando o futuro da filatelia por aquelas terras. E muitas pistas foram ali colhidas.
Voltarei para tratar dos dois assuntos que deixei pendurados: o Caminho Português de Santiago de Compostela, a famosa "ruta de la plata"; e a série que dedicaremos à castanha de Trás-os-Montes.
Tudo isto em 2015, o que permite antever novas viagens em breve.
Preciso ainda de vos falar do êxito que foi a Exposição Filatélica VIANNA 2014, do emocionante encontro com o Sr. Lopes Ribeiro, quase a fazer os 103 anos de idade, sempre coleccionando os seus selos. O mais impressionante é poder falar com ele e verificar que anda bem, sem bengalas e tem a cabeça melhor do que muitos de nós!! Faço aqui uma injunção ao Sr. Ministro da Saúde que mande investigar. A dieta, a água (ou o vinho verde!) devem estar envolvidos.
Dou também testemunho da presença continuada do Sr. Presidente da Câmara de Viana do Castelo, não só na inauguração mas também nos outros dias. Grande exemplo!
Agora em Lisboa apresto-me também hoje para rever velhos amigos das artes gráficas. Em volta de uma antiga e rara (aqui na urbe pelo menos) especialidade: A Feijoada de Sames de Bacalhau à moda da Gafanha.
Será no Restaurante Jockey, que debaixo da batuta de Mestre Rafael segue a sua senda de casa afável e hospitaleira para todos os clientes, tragam eles cavalos ou mulas (salvo seja, pôrra!).
terça-feira, novembro 04, 2014
Em Viana do Castelo e em Bragança
Armado de pata de coelho pendurada no retrovisor, ferradura de besta quadrúpede enfiada no porta-luvas e trevo de 4 folhas no bolso (plástico, porque não tenho tempo, nem costas, para andar de cú para o ar) parto para duas cerimónias fora de Lisboa nesta semana que ainda agora começou.
A inauguração da VIANNA 2014, XXIV Exposição Nacional de Filatelia onde participa a convite a Associação Italiana de História Postal.
E, logo a seguir, a elevação a Basílica Menor da Igreja do Santo Cristo do Outeiro (Bragança) que mereceu um Postal Inteiro e Carimbo Comemorativo pela raridade do decreto papal.
Vejam aqui sff:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=155254
Os Posts com comentários de fundo podem rarear até à próxima semana , mas não deixarei de enviar fotografias dos locais por onde abancar...
A inauguração da VIANNA 2014, XXIV Exposição Nacional de Filatelia onde participa a convite a Associação Italiana de História Postal.
E, logo a seguir, a elevação a Basílica Menor da Igreja do Santo Cristo do Outeiro (Bragança) que mereceu um Postal Inteiro e Carimbo Comemorativo pela raridade do decreto papal.
Vejam aqui sff:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=155254
Os Posts com comentários de fundo podem rarear até à próxima semana , mas não deixarei de enviar fotografias dos locais por onde abancar...
segunda-feira, novembro 03, 2014
Entre mortos, quedas e bolos de bolacha...
O título é elucidativo da salganhada que foi este fim de semana tétrico.
Salvaram-se da desgraça duas coisas: o almocinho no Beira Mar com o Zé, a Fátima, o Senhorio e o Paulinho (estando o pescador Tó Simão de pendura) e , mais tarde, o jantar no "deserto" , em casa do Luiz, com o Acácio e respectivas famílias (sem esquecer os cães, "Vitor Gaspar" e "Vasco").
Fora isso, os três dias entre Quinta Feira e Domingo foram para esquecer...
A santa cá de baixo tropeçou nos degraus da minha casa e ficou com a cara que parecia um bolo de bolacha depois do "Vitor Gaspar" (do cão) se ter interessado por ele. No Hospital quase me trataram como se fosse um meliante que batia na mãe, tal a semelhança dos resultados da queda com uma daquelas sovas antigas que vemos nos filmes, depois de um combate de boxe.
Não publico as fotos da santa porque, sabendo como ela é, assim que estivesse boa ainda me dava com o cabo da vassoura...
Como resultado tive de tratar das campas no dia de fiéis defuntos sozinho com a outra santa, irmã da santa abolachada. Na pressa de tratar de tudo a tempo do almoço, enfiei o canivete suiço por entre o ramo das orquídeas e quase até ao osso do meu dedo anelar da mão esquerda...
Não desejando ir ao hospital outra vez (onde ficaram algumas desconfianças sobre a minha pessoa) tentei resolver o assunto mesmo ali, ao pé das campas.
O coveiro Sr. João tratou da ocorrência, embora esteja mais habituado a outro tipo de clientes, malta mais quietinha e sobretudo mais calada.
Depois de arranjar as campas, a santa tia ainda me pediu para ir ao Hiper, porque precisava de coisas para a casa e o meu primo também lhe tinha pedido para trazer alguma mercadoria, "já que lá ia aproveitava..."
Estou transformado na Central de Compras da família. Para as velhotas, ainda vá que não vá...Agora o meu primo também já aproveita? Ele que tem carro e é reformado? E da minha idade? Fica com o cu na cama e o "je" que se levante cedo e ature as galinhas velhas? Viver não custa...
Como a desinfecção do dedo foi passar a ferida pela água do cano, quando cheguei a casa para fazer o almoço, quase 3 horas depois, já tinha aquilo tudo infectado...
Resultado: comeram as velhas outra vez frangos do Galego, que à minha custa vai reforçando a fama de ser o restaurador e hoteleiro mais rico de Cascais.
Há dias assim... Temos que esperar por melhorias na meteorologia. Entretanto, o conselho que dou a todos é que tenham cautela quando saírem de casa. Não vá esta mala-pata momentânea ser contagiosa.
Salvaram-se da desgraça duas coisas: o almocinho no Beira Mar com o Zé, a Fátima, o Senhorio e o Paulinho (estando o pescador Tó Simão de pendura) e , mais tarde, o jantar no "deserto" , em casa do Luiz, com o Acácio e respectivas famílias (sem esquecer os cães, "Vitor Gaspar" e "Vasco").
Fora isso, os três dias entre Quinta Feira e Domingo foram para esquecer...
A santa cá de baixo tropeçou nos degraus da minha casa e ficou com a cara que parecia um bolo de bolacha depois do "Vitor Gaspar" (do cão) se ter interessado por ele. No Hospital quase me trataram como se fosse um meliante que batia na mãe, tal a semelhança dos resultados da queda com uma daquelas sovas antigas que vemos nos filmes, depois de um combate de boxe.
Não publico as fotos da santa porque, sabendo como ela é, assim que estivesse boa ainda me dava com o cabo da vassoura...
Como resultado tive de tratar das campas no dia de fiéis defuntos sozinho com a outra santa, irmã da santa abolachada. Na pressa de tratar de tudo a tempo do almoço, enfiei o canivete suiço por entre o ramo das orquídeas e quase até ao osso do meu dedo anelar da mão esquerda...
Não desejando ir ao hospital outra vez (onde ficaram algumas desconfianças sobre a minha pessoa) tentei resolver o assunto mesmo ali, ao pé das campas.
O coveiro Sr. João tratou da ocorrência, embora esteja mais habituado a outro tipo de clientes, malta mais quietinha e sobretudo mais calada.
Depois de arranjar as campas, a santa tia ainda me pediu para ir ao Hiper, porque precisava de coisas para a casa e o meu primo também lhe tinha pedido para trazer alguma mercadoria, "já que lá ia aproveitava..."
Estou transformado na Central de Compras da família. Para as velhotas, ainda vá que não vá...Agora o meu primo também já aproveita? Ele que tem carro e é reformado? E da minha idade? Fica com o cu na cama e o "je" que se levante cedo e ature as galinhas velhas? Viver não custa...
Como a desinfecção do dedo foi passar a ferida pela água do cano, quando cheguei a casa para fazer o almoço, quase 3 horas depois, já tinha aquilo tudo infectado...
Resultado: comeram as velhas outra vez frangos do Galego, que à minha custa vai reforçando a fama de ser o restaurador e hoteleiro mais rico de Cascais.
Há dias assim... Temos que esperar por melhorias na meteorologia. Entretanto, o conselho que dou a todos é que tenham cautela quando saírem de casa. Não vá esta mala-pata momentânea ser contagiosa.
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