Gosto do Mar desde que me lembro. Gosto de me deitar ali nas ondas e de me rebolar por dentro da mãe-água, ficando por lá enquanto os pulmões aguentarem.
Não gosto é de areia, o que neste país de belas e longas praias me traz algum desconforto no percurso de, e para, o ambicionado mar.
A areia é chata porque se mete em tudo. E há que a limpar bem antes do regresso a casa, para não ouvir os sermões da "sargenta". A santa cá de baixo diz que já vê mal, mas para certas coisas vê melhor do que a águia do Benfica (não, não se trata de um milhafre!!).
Quem vê cada vez pior sou eu! Míope garantidíssimo, com as diopterias a caminhar para 4 ou 5 (nunca me lembro). E como ainda não se descobriu a forma de um gajo ir tomar banho com óculos, (mergulhando , não apenas lavando os joelhos ou pouco mais acima) penso que estão todos os leitores a ver a cena do pato-toupeira a caminho da orla marítima, sempre a olhar em frente e não reconhecendo quem com ele se cruza no areal.
E, pior, nunca sabendo se a figura que se estende na areia mesmo ali ao lado merece mais um olhar, sendo do tipo Garota de Ipanema, ou se, pelo contrário, se trata de alguma coisa mais do tipo Garota Jaburu...
Nota: Jaburu é calão brasuca para mulher muito feia, baranga, bruxa, canhão.
Para já não falar das rochas afiadas que a vista não deteta e que o delicado pézinho vai sentindo, ou das topadas que o dedão do mesmo pé vai dando em pedritas mal enterradas na dita areia...
Por todos estes motivos, e embora gostando muito de mar, raramente vou à Praia. Tentei aquela história das piscinas naturais. Mas à primeira vez não vi (lá está a deficiência) os limos no chão, escorreguei e dei um soleníssimo bate-cú à vista de toda a gente, ali nas bordas da piscina do Tamariz.
Resta a piscina do "resort" com água salgada para matar as saudades do mar. Mas não é a mesma coisa, nem que tenha , por cima das amuradas, o mar oceano lá em baixo chamando-me para o seu convívio com o barulho de embalar que as ondas fazem na rebentação.
Desta forma e na maior parte dos dias livres e de férias, no que toca a banhos de mar fico mesmo a "Ver Navios"...
O que vale é que fico a "ver navios" ali sentado nalguma esplanada, com os óculos bem postos no nariz, bebendo e comendo e apreciando as vistas: de facto alguns navios, mas também e felizmente uns aviões, bastantes chatas e charutos (hoje de moda, é a anorexia) e de quando em vez a velha barcaça larga à antiga portuguesa, de peito imponente e anca galeónica.
Não se pode ter tudo.... E em caso de desespero há sempre o Rhinomer para usar em casa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário