Nesta Segunda feira tive de ir com a santa cá de baixo aos médicos, o que daria ocasião para escutar as conversas nas salas de espera da Clínica.
Gosto destes momentos para "auscultar" o pulso ao país real, já que não ando de transportes públicos nem o meu velho barbeiro Pica se desvia muito da conversa futebolística, para evitar chatices, ele que tem freguesia desde os Profs. Freitas do Amaral e Marcelo Rebelo de Sousa até à ala mais vanguardista do BE...
Estive sentado quase 2 horas - prova de endurance para o real assento, dada a configuração da alimária - o que seria tempo suficiente para ouvir muita coisa. Seria, mas não foi, porque a grande maioria dos doentes nada diz. Entram com um "boa tarde" apagado, encostam-se na cadeira e esperam pacientemente que o (a) chamem para o "sr. Doutor"...
Mas lá falam entre si se trazem acompanhantes. Foi assim que ouvi uma senhora de uns 40 anos, que vinha com a mãe (ela também) , discorrer sobre as férias deste ano:
-" Férias para quê Mãe? Sem subsídio de férias não há dinheiro para sair de casa... Mais valia que nos deixassem ir trabalhar que sempre se recebia o subsídio de refeição...Em casa ainda se gasta mais, almoço e jantar todos os dias...O pão sempre a aumentar, e a "luz" e o gás..."
A obrigatoriedade das férias na lei atual nem sequer se questiona, obviamente! Mas dá que pensar que mundo será este onde os trabalhadores - numa análise fria do "Deve" e do "Haver" - já preferem ir para o trabalho em vez de gozarem os dias que a lei (ainda) lhes outorga.
Na altura em que o PR promulgou a nova Lei do Trabalho (melhor dito, talvez, a nova Lei do Patronato) estas reflexões fazem todo o sentido.
Porque, como diriam os outros: "Não foi para isto que fizémos o 25 de Abril!".
Esta malta do PC e quejandos nalgumas coisas podem ter estado, e ainda estar, errados, mas em relação a isto estão mais que certos.
São é poucos...
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