sexta-feira, maio 02, 2008

May day - O 1º de Maio


O Título deste Post não se refere a "Mayday" (tudo pegado) que é a corruptela anglo-saxónica do francês "M'Aidez" (Ajudem-me) E QUE SE TRANSFORMOU NA SIGLA UNIVERSAL PARA QUALQUER PEDIDO DE AJUDA , EM TERRA, MAR E AR.

Falamos antes do significado da Festa de Maio "May Day" que se veio a transformar em 1886 (confirmada em 1889) por influência dos acontecimentos em Chicago relacionados com a repressão policial das greves , no Dia Internacional do Trabalhador.

As Festas de Maio são antiquíssimas e sobretudo de reminiscências druídicas e Celtas aqui em Portugal, embora praticamente todas as culturas do Planeta as celebrassem com uma ou outra invocação específica que tinha a ver com o ciclo das Colheitas .

Nas culturas clássicas estavam estas celebrações ligadas ao despertar da vida nos campos, à Primavera e ao renascimento associado ao final do ciclo invernal, ao início e bom presságio do ciclo da abundância que terminaria com as colheitas de Setembro\Outubro.

Na mitologia céltica e druídica celebra-se nesta altura o dia santo "Beltane" - O Fogo brilhante - e com ele é adorada a Deusa na sua encarnação de Donzela (Maiden). Espetavam-se os Maypoles (Símbolos fálicos) no solo e as virgens dançavam à sua roda num mimetismo de parada nupcial que tinha por objectivo simbólico "fecundar" a Terra e prepará-la para as dádivas das colheitas.

O arbusto sagrado de Maio é o Pilriteiro (Hawthorn), cujas hastes eram utilizadas para decorar os Maypoles e para ornamentar as cabeças das raparigas.

Existem vestígios, obviamente muito antigos, de que algumas culturas proto-históricas sacrificavam neste dia Virgens com o objectivo de garantir boas colheitas e abundância de comida para fazer face aos rigores do Inverno seguinte.

A Igreja Católica recuperou a simbologia do Mês de Maio para o dedicar à Virgem Maria prosseguindo assim uma tradição milenar de culto matriarcal à Terra-Mãe ( e recordem-se que, em Fátima, tudo começou também a 13 de Maio...)

Hoje em dia, e deixando de lado estas simbologias de carácter mais religioso, olhamos para o 1º de Maio sobretudo como o Dia do Trabalhador.

Damos a palavra (com ligeiras adaptações) à UGT:

"Em 1889 o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio, como o Dia Internacional dos Trabalhadores, um dia de luto e de luta, em memória dos gravíssimos incidentes de Chicago de 1886.

119 anos depois das grandiosas manifestações dos operários de Chicago pela luta das oito horas de trabalho e da brutal repressão patronal e policial que se abateu sobre os manifestantes, o 1º de Maio mantém todo o seu significado e actualidade.

Em Portugal, o Dia do Trabalhador é da maior importância para o movimento sindical e para aqueles que representa, mas também para todos os que defendem uma sociedade mais justa e solidária. Em Portugal é o dia em que afirmamos os valores do sindicalismo e a necessidade do progresso económico e social".

Os trabalhadores aproveitam este dia para alertar o Governo e outras entidades para algumas das suas necessidades, tais como: direitos dos trabalhadores, aumento de salários e melhores condições.

Em Portugal, os direitos dos trabalhadores têm evoluído positivamente, hoje os trabalhadores vivem melhor que há 15 anos mas continuamos muito afastados da média comunitária, da qual nos estamos a aproximar a um ritmo demasiado lento.

Temos maiores salários, mas continuam os mais baixos e desiguais da União Europeia; o mesmo acontece com as pensões. Os avanços legislativos não se traduzem muitas vezes na prática, face às violações sistemáticas da Lei.

A sinistralidade laboral é a 1ª na Europa. A negociação colectiva começa a estar bloqueada e urge o relançamento da concertação."


Muito há ainda para fazer, em Portugal e no Mundo, para dar ao Trabalho a dignidade que merece, nos campos, nas fábricas e nos escritórios.

Nas vésperas de discussão do novo Código do Trabalho as duas Centrais sindicais saíram à Rua (caso inédito nos últimos anos da UGT) para gritarem palavras de ordem contra a Precaridade do Emprego. Seriam 100,000 trabalhadores - na Av. da Liberdade e na Alameda - e era bom que todo o País as ouvisse.

Nada se pode fazer - em qualquer País do Mundo - sem que o Governo e os Patrões tenham a seu lado a força de trabalho.


Espero que não se esqueçam disso...

Ao lado a evocação do Primeiro 1º de Maio em liberdade - 1974.

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