As comemorações dos 140 Anos do nascimento
de um dos poetas maiores do Simbolismo português, Camilo Pessanha, começaram em 2007 e prolongam-se até ao final de Maio de 2008.
Lançamos, exactamente a 29 de Maio próximo , um Postal Inteiro comemorativo desta efeméride com o objectivo de despertar mais um pouco os nossos amigos e concidadãos sobre importância literária desta figuira ímpar das Letras portuguesas, que viveu quase 30 anos em Macau onde produziu grande parte da sua obra.
Considerado como Mestre por Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro ou Eugenio de Andrade, está Camilo Pessanha menos presente na nossa vida actual, certamente por uma questão de "modas", do que a sua obra e estatura de intelectual realmente merecem.
Crepuscular
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.
Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
--- Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
--- É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.
Camilo Pessanha
Um comentário:
As verdades são para ser ditas: se tenho criticado os CTT por dedicarem pouca atenção aos vultos da cultura e da história portuguesas, também tenho de reconhecer que este inteiro postal (e outros que certamente se seguirão) ajuda a colmatar essa lacuna filatélica. Oxalá os CTT continuem seguindo este rumo.
António Carvalho
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