segunda-feira, maio 08, 2006

Vinho do Dão muda artificialmente de Perfil?



Na Revista de Vinhos de Abril existe uma prova de vários Vinhos do Dão, recentes, onde a terminar é feita a interrogação que encabeça este Post: estarão os Produtores a tentar alterar o que era o antigo perfil dos Vinhos do Dão?

Dão, em Portugal, foi sempre sinónimo de Elegância. Vinhos mais abertos, para beber não muito novos, com grande potencial de envelhecimento (quando bem feitos) e onde se notava o cuidado em não abusar demasiado das uvas no processo de vinificação.

Actualmente - e face à modificação dos hábitos de consumo , mais virados para o Alentejo e para o Douro - também os Produtores-engarrafadores do Dão começam a trabalhar no Lagar e na Vinha as suas matérias primas de forma distinta: uvas colhidas em sobrematuração, massas vínicas "espremidas" para dar mais cor, comercialização em novos , quase que sem estágio de madeira.

Os resultados desta estratégia são a obtenção de vinhos mais "carnudos" e taninosos, com muito vigor, de certo modo mais fáceis para o consumidor imediato e pouco iniciado, sem grande potencial de envelhecimento e alcoólicos quanto baste...

O Mercado é quem manda! Assim é. Mas também não deixa de ser pena que não se mantenham as antigas características que faziam com que um Dão bem feito, à base de Touriga, pudesse ser bebido com grande prazer 15 ou 20 anos depois de ter sido engarrafado...

Se os Franceses só fizessem Vinhos com Perfil dos Grandes Bordéus não acham que o Mundo saíria mais pobre por não ter ocasião de provar os Grandes Tintos da Borgonha?

Por esse Mundo fora há cada vez mais produtores a fazerem vinhos para consumo imediato, alcoólicos e "pretos" de cor. Quase "pastosos" na boca do corpo (artificial) que lhes é imposto pela concentração das uvas, que são "apertadas" nas prensas automáticas até darem tudo o que têm.

Mas tem de haver lugar para a diferença...

Já agora, o Grande vencedor da Prova foi:

Quinta da Pellada Dão Touriga Nacional Tinto de 2004 - Preço recomendado €22

Parabéns a Álvaro de Castro (Dado e Pape)!




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