quarta-feira, maio 03, 2006

Gestores Públicos dependentes do MOTC vão ser pagos de acordo com Objectivos

Esta notícia dos Jornais de hoje, Quarta Feira, não me traz só acenos concordantes da cabeça, como à primeira vista poderia parecer, mas também algumas interrogações.

Para já, e daquilo que consegui ler, estaria em causa indexar os Salários (noutros jornais li os Prémios) dos Administradores da TAP e dos CTT de acordo com a performance das respectivas Empresas.

Como não se pode concordar com esta estratégia perguntarão os nossos Leitores?

Eu respondo com uma história verdadeira passada nos anos 70 (e princípios de 80) com a Chrysler . A Empresa-Mãe nos USA tinha definido um esquema de gestão das suas muitas sucursais na Europa e no Mundo, com base na apreciação dos Administradores pelos Resultados apresentados.

Essa apreciação tinha a ver com o respectivo percurso profissional: quando tinham bons resultados numa Fábrica (da Europa, do Brasil, da Turquia, etc...) iam sendo deslocados para as Fábricas maiores até chegarem aos USA e , depois, ao limite (Olimpo da Chrysler) que era trabalhar mesmo em Detroit, na Sede, integrando o Management Board.

O que é que correu mal?

A forma como as performances eram avaliadas!

Estas baseavam-se em análises puras de Resultados (aquilo que os Americanos chamam o P&L, Profit and Losses) o que permitia aos Gestores "cortarem" no Investimento e até na Manutenção das Unidades Fabris, apostando todas as suas energias numa estratégia de curto prazo que apenas tinha como Visão a ... sua (pessoal) "apreciação" pelos gurus de Detroit.

Resultado: Passados alguns anos as Fábricas a caírem de podres, Automóveis que não se vendiam, e a própria Chrysler à beira da falência. Foi preciso contratarem Lee Iaccoca para que as coisas mudassem de figura, mas levou o seu tempo e custou muito dinheiro e muitos Postos de Trabalho e até o desaparecimento de algumas Marcas (Talbot, por exemplo).

Numa estratégia de Gestão a 3 ou até a 4 anos, não é difícil para os Responsáveis trabalharem - dentro de certos limites - as Contas das Empresas de forma a que estas espelhem uma realidade fictícia da gestão, empolando as contas de resultados .

Todos sabemos que até aqui nos CTT havia uma "Táctica" de alguns CA que consistia em apresentar maus resultados no primeiro ano de gestão (é claro que empurrando-os para a responsabilidade do CA anterior) e depois ir melhorarando as coisas até ao último ano da respectiva Gestão, preparando quer a recondução nos cargos quer a "saída em Glória".

Não estamos assim tão longe dessas artimanhas. Lembrem-se das Contas de 2002 e de 2003 e das ofensas que todos ouvimos (de má gestão) na famosa reunião de Quadros na Antiga Feira das Indústrias...

Tudo isto vem a propósito da Responsabilização dos Gestores pela Má (ou Boa) performance das Empresas.

Responsabilizar é Justo, é Necessário e é Moralmente consistente.

Indexar os Prémios (Mas não os Salários!!) à Performance parece-me de uma Ética inatacável.

Mas...

Cuidado com as Métricas que se utilizem para as Avaliações!! Nem todos os Key Performance Indicators servirão.

As ópticas de Curto e de Médio Prazo trazem Riscos e Tentações...

Um comentário:

Anônimo disse...

Gestão por Objectivos e indexação de prémios ou salários nas empresas Públicas dos Admnistradores pode ter várias leituras e riscos,tal como Raul o refere e bem.
Parece-me que foi a panaceia esgrimida, por muitos para chorudos ganhos pessoais e dos seus gupos...política do faz de conta...quem vier atrás que feche a porta...o que é preciso é convencer, agradar e amarrar o accionista...Estado.
É obvio que os Admnistradores,tal como em qualquer tipo de actividade,tem que ter objectivos(uns reais e outros fictícios?!) e a indexação da sua retribuição aos resultados (Ganhos e perdas sòmente) é um risco demasiado grande,tal como aqui é referido no exemplo da Chrysler .
Infelizmente sò um exemplo entre os muitos dos da história económica das Empresas e das Organizações....
É natural que seja ponderado na remuneração(digo remuneração...inclui o que é visível...salários,prémios...fringe beneficit´s etc. e por vezes o que não é...estatuto,poder...trampolim para outros....cadeias de cumplicidades,compadrios,clientelas,famílias....)os resultados,o risco o DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO.
Isto implica definir Objectivos para além de dos simples Ganhos e Perdas,(SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE) tão visíveis em políticas recentes,envoltas em campanhas de autêntica propapaganda, sem uma estratégia clara, de responsabilização e responsabilidade em vários tipos de empresas públicas...aonde dado a sua natureza...a responsabilidade e responsabilização das várias admnistrações é o que se tem visto(por vezes mandada às malvas)...muita parra e pouca uva.
A Gestão por Objectivos é necessária,mas tem que ser responsável...de boas intensões está o inferno cheio,lá diz o zé.
Há que esperar para ver...os exemplos,não são muito abonatórios..tirando O Vale e Azevedo...que nem sequer conheço...que foi responsabilizado pelo que fez no Benfica e parece que não só...terá sido porque afrontou o poder?Também queria implantar a Gestão por Objectivos.
Há tantos tipos de Gestão idênticos..com Objectivos..branqueados conforme o Cliente..será o primado do "Cliente"...
Cepticismo e dúvida...os exemplos recentes e o arrastar de situações por esclarecer, estou-me a referir aos CTT neste caso(Gestão de pessoas,talentos?!!!evolução nos salários,avaliação de desempenho,prémios,valores de chorudas reformas recentes...)dá que pensar...cuidado com o Ditado Olhai para o que eu digo,não olheis para o que eu faço...e outro Bem prega frei Tomás,olhai para o que ele diz não olheis para o que ele faz.
Objectivos Claros,Responsabilização,responsabilidade..não é caro quem ganha muito mas quem produz pouco...o seu a seu dono.
Há que esperar para ver...mas quem espera desespera...é para ganhar mas de forma Clara e que ganhem todos os que participam e que a vitória não seja só de uns tantos.
Estamos na era dos Intangíveis, do conhecimento,da informação, aonde só a clareza de processos é compatível,senão....
Estou aqui a lembrar-me só da distribuição dos rendimentos em Portugal, da acumulação da riqueza, do estado da Economia Portuguesa,da produtividade,da burocracia,da Justiça,do déficit externo,do déficit,orçamental,da saúde e do financiamento do sistema de saúde,do financiamento da segurança social,da evolução e envelhecimento da população, do desenvolvimento sustentado do país... foi,é e será tudo uma questão de Objectivos....e da forma com atingí-los