Não está em causa o filme de Fonseca e Costa, com Mário Viegas e Vitória Abril (belo filme, aliás) mas sim o que podemos sentir quando "prevaricamos"... O remorsozinho do day after.
Eu "prevarico" sobretudo à mesa.
Alguns dos marotos habituais estarão já a pensar que deito as parceiras em cima da mesa para depois resolver o assunto daquela forma menos ortodoxa. Mas com verdade vos digo que - com o perfil, o peso e a idade que assumo - já me custa erguer do chão o cesto da roupa para estender, quanto mais levantar assim 50 quilitos de boa-ventura para os estender em cima de alguma mesa, mesmo que fosse baixita.
Não compadres! Aqui o problema é mesmo abusar à mesa, comendo e bebendo do que não devia.
Com o açúcar a entrar nos 110 não posso abusar de doces, nem de cerveja (que tem açúcar que se farta). E como estou a perder peso para compensar a glicémia ( devagar, não se assustem!) de cada vez que enfio carbo-hidratos ou gordura a mais ( o queijo da serra...) sinto logo um aperto de consciência.
Sem doces passo bem. O meu doce preferido é bacalhau com grão. Agora em relação ao resto vivo intensamente o "prazer da mesa ". E como cozinho e sei o que lá ponho , a "fórmula" tem sempre a ver com o azeite extra-virgem ou a banha de porco alentejano ( margarina não existe na minha cozinha) , ainda mais "culpado" me sinto.
Quando fiz 61 anitos passei a manhã divertido a trabalhar duas pernas de borrego lá da Beira Alta. Salteei grelos de nabo, assei batatas no forno. Bebi uma bela garrafita de tinto (Montes Claros Garrafeira de 2011) e afinfei um cálice ( ou dois, ou três) de Lagavullin.
Nessa noite a "sombra do pecado" que me assolou parecia a sombra da pirâmide de Kéops... Enorme e pesada.
Perguntarão se dormi bem e sem indigestões, apesar da transgressão?
Pois o problema é que dormi . Mesmo bem.
A questão será mais psico-somática? Nem isso. É mesmo sentimento de culpa sem reflexo no físico.
Se ao menos me desse uma dor de barriga, já um gajo tinha mais respeito... Assim temos que nos apoiar no auto-controlo.
Mas a carne é fraca. E o peixe, e o bacalhau, e os percebes. Tudo fraco. E a lampreia? Essa então é fraquíssima...
O mundo está mal feito.
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