terça-feira, setembro 20, 2016

O "espião"



Sempre gostei de livros de espionagem. Devorei todos os do Ian Fleming e deliciei-me depois com a série televisiva "Fleming" que vi no cabo em 2014. Se a puderem ainda apanhar aproveitem.

Quanto aos filmes do dito 007 já tenho opinião dividida. De alguns gostei, outros detestei, sobre a maioria fiquei indiferente.

A palavra "espião" utiliza-se também para identificar a malta dos clubes de futebol que anda a ver o que fazem os adversários, usa-se nos negócios, transborda para a indústria e para as patentes, é o "infiltrado" no caso das polícias e,  na prática,  acaba por fazer parte integrante do mundo de hoje.

Na política em geral e na segurança dos estados em particular, esta questão da espionagem não terá a importância monumental que já teve na época da guerra fria - diz a tradição que se construíam vilas americanas na URSS para treinar os "infiltrados"- mas continua a ser fundamental para tentar adivinhar os planos dos terroristas.

Há países que estabeleceram uma reputação muito boa nesta matéria, o Reino Unido, os USA. Há outros que já foram bons e hoje não se percebe bem (a Rússia) e há ainda outros que sempre foram um pouco para o anedótico.

Vêm à memória os acidentes de Bruxelas, só para dar um exemplo recente.

Lá mais para trás devem estar lembrados da história do espião búlgaro em treino, nos anos 60, que tentou fazer chantagem com um diplomata sueco mostrando-lhe fotografias tiradas num quarto de hotel com ele em actividade horizontal muito dinâmica, sobre uma bela mulher que não era a sua. O diplomata adorou as fotos e pediu logo umas cópias das melhores para enviar à esposa...

E depois temos Portugal, que deve ser um caso particular (daqueles mesmo "à parte).

Todos se recordam do "caso das secretas". Aquele senhor que ao fim de 22 anos de serviço público se passou para a "OnGoing" levando consigo um alforge bem carregado de informações e de contactos privilegiados. E que mandou vasculhar a vida privada de um jornalista já depois de não ter (supostamente) autoridade para o fazer. Violação de segredo de Estado, acesso ilegítimo a dados pessoais, abuso de poder e corrupção activa e passiva para acto ilícito são os crimes em causa neste processo,

Mais perto de nós, a NATO estaria a preparar uma "inspecção" aos nossos serviços de segurança, depois daquela história interessante do pacato funcionário português do SIS apanhado em Roma a tentar vender documentos secretos a um colega russo do mesmo ofício e defendendo-se por "ter exigido recibo da transacção"!!

Para mim, que ando um bocado perdido na história, com a vontade de celebrar condignamente os "500 anos do Correio em Portugal", espião mesmo, mas dos bons, daqueles que envergonharia qualquer destes tristes de hoje,  foi Pêro da Covilhã! E em boa hora saiu nova edição do Livro de Deana Barroqueiro (Casa das Letras)  sobre esta importante figura: "O Espião de D. João II".

Aqui vai um resumo, para vos abrir o apetite por mais:

"Pêro da Covilhã, o formidável espião de D. João II, injustamente esquecido pelos historiadores e quase desconhecido dos portugueses, é uma personagem histórica invulgar, cujas acções tiveram enorme repercussão no xadrez político da Europa.
Escudeiro do rei, que o escolhia para as missões mais secretas e arriscadas, era dotado de qualidades e talentos excepcionais: memória fotográfica, extraordinária aptidão para aprender línguas, mestria na arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, capacidade de adaptação ao imprevisto, perícia no manejo de todas as armas do seu tempo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, ideais cavaleirescos da Demanda, da Aventura e do culto da Mulher e do Amor.
Em 1488, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva são enviados, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra o que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do misterioso reino de Preste João. Disfarçado de mercador do Al-Andalus, o espião de D. João II vai realizar proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo."


Nenhum comentário: