quinta-feira, julho 21, 2016

Para Descansar a Vista



Neste final de semana faço uma "infiltração" na coluna. Mas das modernas, acho que se chama nucleólise de ozono , técnica não invasiva ( e de rápida recuperação) para minorar as consequências da inflamação no nervo ciático.

A qual já me incomodou mais, mas quando dá sinal de despertar não é flor que se cheire...E com uma horas de pé "a ver os aviões" com o PR piorou.

Como ainda por cima tenho para a semana trabalho em Braga e Viana do Castelo, com muitos km para fazer de carro, mais vale prevenir.

De todas as formas fico na sexta feira "esticado". Pelo que  vai já hoje o poema das sextas antecipado.

Do grande mestre Herberto Hélder aqui ficam variações sobre um poema:

Sobre um Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne. 

Herberto Hélder


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