Há histórias que nos dão um punho no estômago logo pela madrugada, como foi a do atentado em Nice de ontem à noite.
Aqui sentados à sombra das palmeiras da nossa marginal já estávamos incomodados quando soubemos que a marinha italiana retirara na quarta-feira mais 500 cadáveres do mar. Náufragos da fuga a caminho da Europa.
Homens , mulheres e crianças, a quem prometeram o paraíso para depois serem roubados e deixados à deriva por meliantes. E digo apenas "incomodados" porque era "gente" longínqua, das Sírias e dos Iraques. E talvez também porque são tantos estes náufragos mortos que a nossa sensibilidade já está a ficar embotada com a repetição destas notícias..
Mas quando morrem 80 pessoas em Nice, europeus como nós, porque um tresloucado usou um camião como arma de guerra, o incómodo passou de repente a ultraje, uma sensação de aviltamento que nos dá vontade de fazer qualquer coisa.
Pelo menos compreender a atitude do jovem português Mário Nunes, que desertou da FA para ir combater o Daesh de armas na mão, tendo morrido em combate.
Parece que a "táctica" do terrorismo estará agora a apostar na actuação do chamado "lone wolf" - o militante sozinho que se infiltra para depois fazer uma barbaridade daquelas, utilizando instrumentos de trabalho em vez de armas sofisticadas ou explosivos.
São mais difíceis de detectar e causam tantos estragos, ou até mais do que o terrorista "convencional", o "bombista".
Quem se deve estar a rir por dentro com estes ataques são os partidos de extrema direita, cada vez mais a verem reforçadas as suas ideias xenófobas nos mais diversos extractos da sociedade.
E é isso que as Daesh's deste mundo pretendem. A extrema direita no poder é terreno fértil para recrutamento de simpatizantes. Admiro-me como ainda há quem não perceba isto no ocidente e vá jogar direitinho com as mesmas regras dos terroristas.
2 comentários:
a esta do "lobo solitário" cumpre-me perguntar ; onde pára e quem é a alcateia que o pariu e que o educou e instruiu? Não terá muitíssima culpa? Nem responsabilidades? Estas bestas não aparecem de geração expontânea, nem tao pouco o "Bom selvagem" de Rousseau. Há que responsabilizar os chefes de manada, neste caso da dita alcateia, o resto são estórias da Carochinha que perdeu os "3 reis" no soalho da cozinha e... Não foi a primeira nem será a última.
Excelente síntese.
Estas culpas não podem, nem devem, morrer solteiras,
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