sexta-feira, julho 08, 2016

Com vista para a Esperança do Título



Haja unhas em condições de morder, haja alma e coração. Domingo às 22h logo saberemos quem leva a taça. Ou mais tarde se for tudo a penaltis.

Aconselho amêndoas torradas e um "refresco" a condizer. Evitem cognacs e armagnacs.

Há uns Portos mesmo a calhar para esta aventura: O Porto Branco Seco, quando servido com água tónica, gelo e uma rodela de limão num copo alto, o chamado “PORTONIC”, é um fantástico aperitivo! 

De todas as formas e para dar coragem impôe-se um poema de esperança.

Do velho Filinto Elísio (se fosse vivo faria 283 anos em Fevereiro) o padre poeta, mestre da Marquesa de Alorna, aqui vai um exemplo do seu "neoclassicismo".

Não aprecio muito a forma, mas adequa-se ao tema do fim de semana...

Ode à Esperança

Vem, vem, doce Esperança, único alívio
    Desta alma lastimada;
Mostra, na c'roa, a flor da Amendoeira,
    Que ao Lavrador previsto,
Da Primavera próxima dá novas.

Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
    Na escravidão pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
    Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,

Por ti veleja o pano da tormenta
    O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro,
    (Da sposa e dos filhinhos)
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.

Tu consolas no leito o lasso enfermo,
    C'os ares da melhora,
Tu dás vivos clarões ao moribundo,
    Nos já vidrados olhos,
Dos horizontes da Celeste Pátria. 

Eu já fui de teus dons também mimoso;
    A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortúnios
    A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.

Mas agora, que Márcia vive ausente;
    Que não me alenta esquiva
C'o brando mimo dum de seus agrados,
    Que farei infelice,
Se tu, meiga Esperança, não me acodes?

Ai! que um de seus agrados é mais doce
    Que o néctar saboroso;
É mais doce que os beijos requintados
    Da namorada Vénus,
A que o Grego põe preço tão subido.

Vem, vem, doce Esperança, que eu prometo
    Ornar os teus altares
Co'a viçosa verbena, que te agrada,
    Co'a linda flor, que agora,
Enfeita os troncos, que te são sagrados. 

Filinto Elísio - "Odes"

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