segunda-feira, julho 13, 2009

As agruras das férias


Acho que as férias nunca foram um mítico e desejável tempo de descanso que este vosso blogger ansiava olhando para os dias do calendário. Tenho a sorte de sempre ter trabalhado naquilo que gostava (quase sempre...) e por isso houve muitos anos em que achava que as Férias mais não eram do que um intervalo "obrigatório" e "meio chato" no meio daquilo que verdadeiramente me interessava...

Mas esta é só parte da história , embora verdadeira...

Os meus colegas, os meus colaboradores, sabiam que eu não estava a "armar ao pingarelho" com estas ideias e achavam-me - à falta de meio mais colorido para me classificarem - um bocado "pírulas"...

Mas eles não eram obrigados a viver aquelas duas ou três semanas com as (digamos assim) restrições que tinha e ainda tenho...

Se soubessem da missa a metade não só concordariam comigo como até encabeçariam uma petição ao Parlamento no sentido de haver a liberdade de "gozar ou não gozar as Férias" , ao gosto do Trabalhador...

Tal como nos dias de festa de família obrigatórios (Horror! Natal e coisas assim) o vosso Blogger começava a ter suores frios, enquanto ainda era casado, umas boas semanas antes do início das ditas Férias...

Para onde ir sem correr o risco de levar a "santa senhora Mãe" atrás? E a esperada visita à Sogra, para esta ver o neto? E a Mulher a querer visitar a Toscânia?

Antecipando guerras monumentais entre as três legítimas ( a com quem estava casado, a "outra" que lhe dera o ser e a verdadeira Sogra) o Blogger tinha era vontade de se pirar para um local meio desconhecido onde pudesse passar alguns dias sózinho, de barriga virada ao sol e de traseiro enfiado dentro de água (morna, já agora).

Mas não era possível. Para não fugir à Mãe, apaziguar a Sogra e contentar a Mulher, era suposto fazer das amaldiçoadas Férias uma amálgama de características utópicas e contrárias entre si: uma semana numa localização de praia de moda e cosmopolita q.b. ; mais uma semana na Beira Alta para a engorda; e ainda mais uma outra semana a dar satisfação à Mãe, provavelmente em Madrid ou em Sevilha (imaginem, Sevilha em Agosto...) que eram os lugares de que mais gostava por lhe recordarem juventudes passadas...

Apenas o "apêndice" Filho não era para aqui tido nem achado naquela altura.

Ainda por cima havia que equilibrar com algum cuidado todas estas tendências, pois da Sogra vinha o azeite, os queijos , os cabritos e o vinho, mas da Mãe vinha a contribuição não negligenciável para o orçamento das férias "familiares" no estrangeiro.

O vosso Blogger, corrupto até ao amâgo, não conseguia decidir se preferia o cabrito ou o cheque, e , enquanto pensava, aceitava os dois... Mas sempre contrariado e amaldiçoando a sua "mala suerte", (em voz muito baixinha, não fossem "elas" ouvirem...)

Agora já nos idos dos cinquentas, infelizmente viúvo vai para 10 anos, continuo a ter de equilibrar as as idiosincrisias da Mãe e da Sogra. Para mal dos meus pecados o "apêndice" Filho cresceu, tornou-se meu senhorio e também quer botar voto nestas matérias. E ainda por cima existe a Namorada, queixando-se amargamente que não há maneira de eu me libertar destas "correntes" e ter um bocadinho de tempo só para ela...

O problema é que continuo a gostar de cabrito e de queijo da serra, e quanto ao dinheirito da Mãe vou ali e já venho... precisar até nem preciso, mas dá sempre jeito.

Corrupto até ao fim dos meus dias, amarrado pelo maldito estômago à Beira Alta e à boa vida que alguma "massa" do lado materno permite, aqui me encontro mais uma vez na antecâmara do desespero:

Vêm aí as Férias!! O que vou (vamos...) fazer?

Olhem , depois de muito pensar, talvez decida ir uma semana para a Beira Alta, outra com a namorada para algum local recatado , e, para terminar, mais uma semanazita em Sevilha...

Ah grande cobarde!

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