quinta-feira, dezembro 27, 2007

Notícias da Serra - ao Lagar


Faço minha a voz que vem do frio, salvo seja, que estão agora às 16.00H menos de 7º e com tendência para descer...

Durante a noite a temperatura desce ainda mais até estabilizar nos 4 ou 5 negativos . Chuva nem vê-la...

Para estas tardes de sol e frio planeia-se sempre uma volta pela serra - que pouca neve traz este ano - mas acabamos por ficar pendurados na garrafita de whisky ou de aguardente velha, a trocar histórias à lareira...

Muito se come e bebe aqui na serra... Ou se calhar não, mas é a espera entre refeições que faz muitos destes nossos Amigos companheiros inseparáveis - pelo menos durante o inverno - da cavaqueira bem "molhada" de afectos e de lembranças.

Quem pode levar a mal? Temos o ano feito de trabalho agrícola, apenas se aguarda vaga no Lagar para lá ir pôr a azeitona. A terra está ainda verde e húmida, mas mais do orvalho e da geada matinais do que da tão necessária chuva.

A noite da azeitona no Lagar ainda é como antigamente: cada um leva a sua boa posta de bacalhau e o garrafão do Tinto da sua casa. À lareira, já no local determinado, assam-se lentamente nos lumes as postas de bacalhau e amachucam-se as boas batatas vermelhas sem lhes tirar a pele.

Fraternalmente juntam-se todas as postas assadas e as batatas num alguidar de ferro fundo. Deita-se -lhe por cima o azeite virgem da 1ª tiragem e come-se. Lentamente, com vagares de quem sabe que ali vai passar mais 3 ou 4 horas à espera do seu azeite.

Alhos dos melhores, azeitonas do ano passado e pão de centeio grosso compôem a ementa.

Depois de limpos os pratos aconchegam-se todos com o bagaço mais fino do ano. Ainda há quem traga de casa um ou dois salpicões a que se junta um quarto de queijo velho duro.

O pão , como disse, é sempre do melhor centeio ou de mistura e- por norma - lá pelas 2 ou 3 da manhã há sempre alguém que se oferece para ir ao padeiro buscar mais do mesmo acabado de fazer.

Se temos a sorte de ter um Pastor por companheiro nesta vigília então está na altura de barrar a incomparável manteiga de ovelha nesse pão escuro e rescendente de aromas, a queimar do forno.

Talvez seja esta por enquanto a mais genuína refeição comunal que ainda é possível desfrutar nalguns locais recônditos deste País.

Até quando? Tudo dependerá da Srª União Europeia, pois parece que com estas "exéquias" estarão os serranos a violar um sem número de regulamentos comunitários...

Até que seja proíbido aproveitemos! São servidos?

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