quinta-feira, junho 23, 2005

A "Cultura" dos CTT

É difícil de dizer o que significa “Cultura Corporativa”. Nas palavras imortais de Ellen Wallach : “Corporate Culture is like pornography, hard to define but you know it when you see it”

Admita-se, para começo de análise e para lançar a discussão, que “Cultura Corporativa” é “a maneira como fazemos as coisas aqui nos CTT”. De facto existem talvez três formas principais desta “Cultura Corporativa” se manifestar:

a) A maneira como tratamos os Clientes
b) A maneira como nos tratamos uns aos outros, como trabalhadores
c) A maneira como os Administradores e os Directores motivam, incentivam e premeiam as pessoas que com eles trabalham.

Todavia a simples observação das formas como a “Cultura Corporativa” hoje se manifesta não chega para compreender os motivos que a modelaram e lhe deram este aspecto. Os drivers mais profundos que influenciaram a “Cultura Corporativa” costumam ser a História da Organização, os Valores mais ou menos compartilhados por todos e as Presunções comuns sobre o (s) negócio (s) em que actuamos.

Muitas vezes se confunde a “Cultura Corporativa” com a “Missão” da Empresa, ou com a sua “Visão”. Outras vezes há a tendência de veícular para fora uma “Cultura Corporativa” que se deseja transmitir, à laia de vantagem competitiva, ou que é politicamente correcta, através das ferramentas de Relações Públicas Institucionais, sem que seja essa verdadeiramente a Cultura prevalecente no seio da Companhia.

Existem Empresas onde a “Cultura Corporativa” não representa mais , em certas ocasiões, do que a generalização do estilo de liderança e a filosofia de gestão do CEO.

No nosso caso dos CTT Correios de Portugal tivemos , nos tempos mais recentes, uma Cultura Corporativa virada ao Serviço Público (antes de 1980) , uma Cultura Norberto Pilar (orientada pela 1ª vez ao Cliente e ao conceito de MKT) e , com a gestão CHC, suponho não ter ainda o distanciamento suficiente para fazer uma tentativa de classificação. “Parte em pedaços e vende ao desbarato” é o que me apetece dizer, neste momento.

De mãos dadas com esta “Cultura Corporativa” existe a cultura média dos trabalhadores, não só medida pelo grau de instrução\formação académico, como também pelo desenvolvimento intelectual noutras áreas menos “oficiais” como a Arte, a Música, a Cultura Geral, o domínio de outras línguas, enfim tudo aquilo que influencia o contacto com Clientes, Fornecedores e com os outros Colegas.

Ora exactamente nesta última vertente – onde os CTT tinham níveis de excelência (basta dizer que todos os carteiros tinham obrigatoriamente de saber ler e escrever desde o começo da actividade postal) - existe hoje o receio de que as “novas contratações” tenham falhado um pouco...

Escreve-se cada vez pior na Casa, e – nas reuniões - deparamos com verbalizações de tal modo contrárias ao espírito da língua que nos arrepiamos...

Serei eu só que – tipo velho do Restelo ou ansiando pelo Encoberto - penso assim? Bem sei que os tempos mudaram e que para ser bom gestor ou bom operativo se calhar não é preciso saber que a Quinta de Maller é uma sinfonia e não a versão alemã da Quinta das Celebridades?

Espero pelos V. comentários.

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