Depois de uma altura em que a "crise" apagou as ruas das nossas cidades , parece que agora o caracol do despesismo recomeçou lentamente a "pôr os pauzinhos ao sol". Muito bem. Nem só de pão vive o homem e etc... E as "luzinhas " nas ruas animam o pessoal.
Não critico por isso estas decisões autárquicas. Tenho todavia o meu grilo falante privativo a confidenciar-me ao ouvido que será ainda um pouco cedo para deitar foguetes...
E não falo obviamente das iluminações de Natal. Mas sim de outras "aberturas orçamentais" que forcem as cadeias da austeridade.
Claro que se aplaudem as boas intenções da malta nova e que é sabido que pelo consumo também se cresce. Mas o gato escaldado da água fria tem medo. E, para o bem e para o mal, esta "perestroika" ainda não chegou aos bolsos de ninguém. Nem dá para gastar, nem para poupar, por enquanto.
Tenham calma.
À laia de exemplo refiro o medo que os alemães ainda sentem - depois de 60 anos - da inflação galopante que sofreram nos anos 50 do século passado e que é determinante na definição da respectiva política monetária atual.
Pelo menos assim entendemos o "responso" de Herr Wolfgang Shäuble cada vez que lhe falam em mexer na sua querida "estabilidade monetária".
Eu gosto de ver as "luzes" nas nossas ruas, mas dou de barato ter em casa decorações natalícias. Não me interpretem mal. Não é ausência de espírito natalício, mas sim prezar sobretudo alguma sobriedade naquilo que vejo quando estou sentado em casa: olhar para os nossos livros, passar os olhos pelas centenas de DVD's, admirar os velhos discos de vinil, esse tipo de coisas aconchegantes.
Para mais, não há ali crianças para admirar presépios nem para rodear a árvore de Natal. Apenas duas "anciãs" que fazem a parte de atrizes convidadas e dois matulões que - se lhes deitarem um pouco de Lagavullin no copo na noite de consoada - já gozam sem mais necessidade de outros estímulos.
Mas as "anciãs" normalmente tomam conta desta ocorrência da "decoração natalícia"nos dias que antecedem o Natal e - tendo por aliada a nossa empregada - metem "meninos Jesus" e "pais natal" em tudo quanto é puxador de gaveta. Não deixando de enfiar "estrelas" e "árvorezinhas de Natal" nos espaços disponíveis das restantes prateleiras...
Particularmente ofensivo foi ver que na prateleira da ciência política taparam parte da obra do Maurice Duverger com a procissão dos Reis Magos. e quando me queixei logo me disseram que "não me enxofrasse porque a procissão todos os dias andaria mais um bocadinho até chegar ao presépio..."
No candeeiro de pé está um bojudo Pai Natal sorridente pendurado por um fio dourado. Em frente à televisão colocaram um presépio, de tal forma que tapa o receptor do comando à distância.
Apenas meti o pé com estrondo quando me deparei com a "fotografia" do Menino Jesus nas janelas da sala. Depois de muito falatório lá a retiraram...Para depois a dita cuja ressuscitar colada na porta da rua...
Não há mais nada a fazer. Nesta quadra e como já não tenho possibilidade de fugir de casa, o melhor é aguentar e ir esperando que passe.
Vou esperando e vou bebendo (e comendo), como sempre me aconselhou o meu Pai.
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