Ontem foi dia de apresentação dos nossos livros "Sagres" e "Creoula" - Autor: Capitão de Fragata Manuel Gonçalves. E já à venda numa Loja de Correios perto de si :):) - foi no museu de Marinha, com a habitual pompa e circunstância destes eventos, realçada pelo brilho das fardas de tantos ( e bons) Srs Almirantes presentes.
Depois foi altura de ir dar um abraço apertado ao Amigo Acácio, pelos 70 aninhos de uma vida bem cheia de boas recordações. Mestre Acácio, o designer que trabalhou com os melhores do seu tempo (Sebastião Rodrigues, Vasco Lapa) e a quem todos eles recorriam a pedir conselhos , tanto para a vida profissional como para a vida pessoal... Um outro abraço, Amigo, aqui te envio hoje também, a somar aos de ontem.
Desta forma - por bons motivos - ontem não houve tempo de passar por aqui...
Vamos retomar o mote da amizade para o poema deste dia.
Do grande Alexandre O'Neil (que também partilhou tempo e espaço com o Luiz Duran e o Acácio) aqui vos deixo "Amizade".
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
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Um comentário:
Boa altura para relembrar Camilo e esta sua faceta literária menos conhecida, a de poeta:
OS AMIGOS
Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.
Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!
Camilo Castelo Branco [Lisboa (1825-1890)]
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