Não é marisco que eu pessoalmente aprecie. Refiro-me ao camarão. Todavia não há nada que não se coma quando tratado e apresentado por quem sabe da "poda". Até palha! Leia-se a história da conversa entre o grande Manuel Joaquim Machado Rebelo (Abade de Priscos) e El-Rei D. Luis I, a quem o Abade tinha dado palha a comer, tendo Sua Majestade gostado...Antes de saber que comia palha...
Mas voltando ao Camarão: mantenho alguma desconfiança pelas amostras do material desenxabido e congeladíssimo que por aqui costuma aparecer para entristecer coktails do dito, açordas do dito e outras coisas do dito (por não dito). Salvam-nos in extremis os magníficos camarões da nossa costa, sejam eles de Espinho ou da Aguda (guerra em que não me quero meter, toda ela passada - e bem - a Norte).
O Camarão de Espinho (ou da Aguda) tem o nome científico improvável de Exhippolysmata oplophoroides. Apesar disso não há dúvida absolutamente nenhuma que compartilha com os Percebes da rocha batida pelo mar e com as "bruxas" (santiaguiño) o pódium dos mariscos que mais sabor a mar trazem para a mesa de cada um de nós.
E as ostras ?? Perguntam alguns? Bem, sendo boas , das "portuguesas" , consinto que sejam elas também coroadas nesse pódium.
Qual destes quatro leva o ouro para casa? Qual o melhor? Depende da qualidade específica de cada qual. E sendo todos superlativos, deixo aqui no Post um piscar de olhos cúmplice ao camarão da Aguda, cheio de ovas e de tamanho conveniente...
Todavia, mesmo o camarãozinho ensacado e congelado pode ter algum lustro se convenientemente cozinhado. E a forma melhor de o apresentar talvez seja em arroz, utilizando o mestre cuca na preparação muita cebola velha , para aveludar o preparado, coentros e alho picados para a base, bom azeite e boa malagueta para espevitar. Onde vai parar o sabor do camarão depois de cozido o arroz? Nem se nota... O que pode ser grande vantagem.
Ontem tivemos uma bela refeição de Camarão à Moda de Leiria. Prato servido pelo Chef Cristiano Y sus Muchaxos.
Espero que tenha sido do agrado de todos...
Chamemos o Chef à mesa e dê-se a gaulesa (daí o acento) injunção de agrado universal :
Bravô, Chef! Bravô!
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Um comentário:
A história, para quem não a conhece, conta-se em poucas palavras. No dia 3 de Outubro de 1887, encontrando-se El-Rei D. Luís I no norte do País com a Família Real, foi de visita à Póvoa de Varzim. As autoridades locais convidaram o Abade de Priscos, Manuel Joaquim Machado Rebelo (1834-1930), para dirigir a cozinha e preparar o régio banquete. Desempenhou-se o Abade da tarefa com tão alto nível que o monarca mandou chamá-lo à sua presença, para o conhecer pessoalmente. D. Luís, tido como prático de cozinha, quis saber qual era a composição de certo prato servido e de sabor delicioso. O Abade sorridente, informou:
– Era palha, Real Senhor!
– Palha?! – disse o Rei espantado . – Então dá palha ao seu Rei!?
O Abade baixou a cabeça a fingir-se de envergonhado e, com sorriso manhoso, esclareceu:
– Real Senhor! Todos comem palha, a questão é sabê-la dar…
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