Nunca gostei muito de perder tempo com as "compras". Seja o que for, desde sapatos, calças ou casacos para mim, até ao peixe para os almoços de fim de semana.
É bem certo que para reforçar esta atitude estão quase 18 anos a viver sozinho (ou pelo menos sem cara-metade).
Para as "mércolas" do dia-a-dia normalmente faço pesquisa daquilo que preciso, levo a lista das compras, e quanto mais depressa estiver a pagar e a sair da fila da caixa, melhor. Entro no Hiper às 8.30h, e pelas 9.30h já estou ao volante do carro outra vez, com as compras da semana feitas.
E no que toca à roupa tenho as mesmas preocupações. Normalmente só compro sapatos da "Hush Puppy's", porque sei que me serve bem o "43" sem ter de experimentar. Quando apanho alguma promoção nas lojas da marca levo logo 2 ou 3 pares e estou com o problema resolvido para o ano.
Casacos e calças são mais difíceis, atendendo à envergadura da alimária que se assina. Mas lá me vou arranjando, ou mandando fazer por medida ou utilizando o pronto a vestir em locais especiais onde os grandes tamanhos são bem vindos.
Acho penoso ter de me arrastar atrás de alguém que adora ver, mexer, bisbilhotar, comparar dezenas de preços e de qualidades, e só depois comprar. Era isto que as mulheres casadas (ou não) normalmente faziam, pelo que ainda pensei que a vida solitária me tinha livrado destas sinecuras...
Nada mais errado.
As santas nem sempre saem comigo ao Sábado (haja Deus!) mas quando saem tenho de me encher de paciência...
Ao fim de hora e meia de compras começo a ficar chateado e a querer ir-me embora, até porque se o almoço se atrasa tenho que ouvir das boas . Mas nada disso impede a progressão majestática , lenta e inexorável das santas dentro do hipermercado.
E o mais engraçado é que levam mais do que uma hora a dizer "podemos ir pagar"; "vamos para a caixa". Mas não vão. Há sempre mais um cantinho para bisbilhotar.
Agrava a situação o facto de que já têm dificuldade para ler e entender os preços. Desta forma , se as deixo sozinhas levamos mais meia hora a repor nos locais devidos o que compraram e já não querem (porque se enganaram). E não posso andar com elas ao meu lado, porque uma vai para Norte a outra para o Sul, com a desculpa de que "ela não tem nada que ver aquilo que eu compro".
Agora, o que será a cereja no topo do bolo? Querem saber? É quando alguma das santas encontra por acaso na mesma loja uma amiga do seu tempo. Nessas ocasiões bem posso dirigir-me à secção das revistas e ler o "l'Automobile" inteirinho enquanto espero pelo final da conversa.
Já para não dizer que muitas vezes têm de ir ao Lidl e depois ao Continente. Para "comprar coisas diferentes", segundo elas.
Uma destas manhãs de compras começa antes das 9.00h e acaba, já em casa, lá pelas 12.00h, com o frenesim de ir fazer o almoço, pôr a mesa e dar-lhes de comer antes de começar a dar a "Sara" na CMTV.
A "Sara"? É a "Escrava Isaura" em dialecto de santa de 87 anos...
Uma seca, como diria o Eça. Pior que seca. O deserto do Sahara é que aquilo é.
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