Ontem foi dia de apresentação dos nossos livros "Sagres" e "Creoula" - Autor: Capitão de Fragata Manuel Gonçalves. E já à venda numa Loja de Correios perto de si :):) - foi no museu de Marinha, com a habitual pompa e circunstância destes eventos, realçada pelo brilho das fardas de tantos ( e bons) Srs Almirantes presentes.
Depois foi altura de ir dar um abraço apertado ao Amigo Acácio, pelos 70 aninhos de uma vida bem cheia de boas recordações. Mestre Acácio, o designer que trabalhou com os melhores do seu tempo (Sebastião Rodrigues, Vasco Lapa) e a quem todos eles recorriam a pedir conselhos , tanto para a vida profissional como para a vida pessoal... Um outro abraço, Amigo, aqui te envio hoje também, a somar aos de ontem.
Desta forma - por bons motivos - ontem não houve tempo de passar por aqui...
Vamos retomar o mote da amizade para o poema deste dia.
Do grande Alexandre O'Neil (que também partilhou tempo e espaço com o Luiz Duran e o Acácio) aqui vos deixo "Amizade".
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
sexta-feira, março 28, 2014
quarta-feira, março 26, 2014
Um Chaço?
Acho que todos, ou quase todos, gostamos da AUDI. Marca antiga e com muita qualidade que começou a sua apresentação pública pelo desporto automóvel, talvez em 1933. E ficaram célebres os AutoUnion que antes da 2ª guerra (1935\1937) dominaram as pistas de Grand Prix da Europa, com Tazio Nuvollari e outros grandes pilotos ao volante.
O que se dizia na altura é que poucos tinham "unhas" para segurar 520bhp ( cavalos) de potência naquele tempo, com travões "de bicicleta"... Recordes mundiais de velocidade (320km\h) e máximos de subida de rampas foram estabelecidos nesses dias por estes carros como se passeassem no Jardim da Estrela, tal a superioridade técnica que lhes era dada pelo Engº Ferry Porsche, filho do "outro" Porsche que inventou o Volkswagen.
Quem não gostaria de ser ainda hoje "Porsche", nem que fosse pela parte de algum primo distante?
Mas divago.
Continuando: Pois eu, que até já tive um Audi A4 distribuído como carro de serviço ( e gostei!) acho que depois deste anúncio do concurso Factura da Sorte coordenado pelo Sr. Governo - conhecida na gíria como o AutoTottaSorteio e que fará sortear 52 viaturas A4 e 6 viaturas A6 - os "outros" clientes da marca AUDI vão passar a andar na rua de tromba descaída, trocando a sobranceria da possessão orgulhosa pelo medo que lhes atirem a ignomiosa frase:
-" Olha lá oh meu! Ganhaste o chaço na Factura da Sorte não??!!"
À cautela recomendo que os gestores de frotas aproveitem esta condição de "carro popular" para comprarem mais barato ainda os AUDI... No fim de contas não é todos os dias que se faz o milagre de transformar um A4 num "topo de gama"...
É que depois do A4 ainda há o A5, o A6, o A7 e o A8. Sem falar na gama "Q", toda ela situada em preço acima do A4 base. Mas que gama de topo mais alargada...
Será que a BMW e a Mercedes se estão a rir com esta história?
Pode ser que sim, mas serão risos de raposa velha a desdizer das uvas: "estão verdes , não prestam", depois de terem perdido o concurso em causa.
Uma coisa é certa: quem já tem AUDI A4 ou A6 deve preparar-se para ser alvo da piadética nacional.
E quem estiver para comprar? Para bom entendedor...
O que se dizia na altura é que poucos tinham "unhas" para segurar 520bhp ( cavalos) de potência naquele tempo, com travões "de bicicleta"... Recordes mundiais de velocidade (320km\h) e máximos de subida de rampas foram estabelecidos nesses dias por estes carros como se passeassem no Jardim da Estrela, tal a superioridade técnica que lhes era dada pelo Engº Ferry Porsche, filho do "outro" Porsche que inventou o Volkswagen.
Quem não gostaria de ser ainda hoje "Porsche", nem que fosse pela parte de algum primo distante?
Mas divago.
Continuando: Pois eu, que até já tive um Audi A4 distribuído como carro de serviço ( e gostei!) acho que depois deste anúncio do concurso Factura da Sorte coordenado pelo Sr. Governo - conhecida na gíria como o AutoTottaSorteio e que fará sortear 52 viaturas A4 e 6 viaturas A6 - os "outros" clientes da marca AUDI vão passar a andar na rua de tromba descaída, trocando a sobranceria da possessão orgulhosa pelo medo que lhes atirem a ignomiosa frase:
-" Olha lá oh meu! Ganhaste o chaço na Factura da Sorte não??!!"
À cautela recomendo que os gestores de frotas aproveitem esta condição de "carro popular" para comprarem mais barato ainda os AUDI... No fim de contas não é todos os dias que se faz o milagre de transformar um A4 num "topo de gama"...
É que depois do A4 ainda há o A5, o A6, o A7 e o A8. Sem falar na gama "Q", toda ela situada em preço acima do A4 base. Mas que gama de topo mais alargada...
Será que a BMW e a Mercedes se estão a rir com esta história?
Pode ser que sim, mas serão risos de raposa velha a desdizer das uvas: "estão verdes , não prestam", depois de terem perdido o concurso em causa.
Uma coisa é certa: quem já tem AUDI A4 ou A6 deve preparar-se para ser alvo da piadética nacional.
E quem estiver para comprar? Para bom entendedor...
terça-feira, março 25, 2014
As misturas
O meu Pai sempre me avisou para "ter cuidado com as misturas". Referia-se às qualidades de álcool, está claro!
Misturar a cerveja com o vinho, o whisky com o gin, a aguardente velha com a ginjinha.
Dizia-se que "fazia mal". E que a pior "borracheira" de todas , pela ressaca que dava, era essa da mistura.
Os factos científicos nunca comprovaram essas ideias. Segundo os entendidos, "álcool é álcool, e o grau de cada bebida é que influencia a situação geral do bebedor, não o tipo de bebida".
Mas a tradição tem muita força.
Reparem que só falo de bebidas meias "cotas". É sintoma da idade que levo e da pouca experiência ( e pouca paciência) que tenho actualmente de frequentar os locais da "night" onde se bebem os "shots" da moda.
A Vodka, por exemplo, não sei se por causa da longa noite fascista e das suas conotações soviéticas, não era bebida da moda naqueles anos 70's. Mas dessa ainda aprendi a gostar moderadamente - com gelo, limão e água tónica. Agora de "shots", servidos em copos estreitos gelados, a que os antigos empregados da arte chamavam "copos a bagaço", não consigo gostar. Não me sabem bem, não lhes consigo encontrar complexidade de gosto. Parecem-me simples injecções de grau álcool.
Mesmo assim, e apesar do meu desconforto, conheço malta da minha idade que nunca deixou esse hábito de frequentar os bares e discotecas a partir das noites de Quinta Feira (dizem que é quando a estudantada mais aparece), estendendo-se para a Sexta e para o Sábado. Ou têm fígados de ferro velho ou já nem sabem o que fazem à conta da cirrose hepática?
Claro que não! Porque não admitimos que se pode tratar de pessoas que gostam dos ambientes e da música? E de ver a malta nova, está claro!
Essa ideia que temos de nos embriagar por obrigação quando saímos à noite é uma coisa muito "moderna" e "práfrentex" que era olhada de soslaio há 30 anos atrás.
Não é que a malta não se empiteirasse de quando em vez! Pelo contrário! Mas quando saíamos à noite o objectivo primário era "engatar a miúda" e não levar uma ou duas "peruas" para casa...
Não sei se ainda hoje assim é, mas naquele tempo, um gajo copofónico a tentar engatar uma jeitosa era algo que levava imediatamente o "Frigidaire" do Jaime Aury - famoso porteiro do Maxim's, 2m de altura para 140 kg de músculo - a pôr o impetrante na rua ao pontapé.
Nenhuma garina de respeito admitia que um gajo que a admirasse começasse o idílio perdido de bêbedo. Creio, admito e acredito piamente que ainda assim é.
Então porque motivo a malta nova (eles e elas) corre hoje ansiosamente para os balcões dos bares à procura da bebedeira mais rápida que houver, assim como se levassem um foguete espetado no cú?
Talvez porque o "bem estar" provisório e muito passageiro da "cadela" se sobrepôe na bolsa de valores da malta ao prazer da companhia do sexo oposto? Então, das duas uma: ou não sabem fazer amor - o que é o mais natural. Ou pretendem uma gratificação quase imediata e sem envolvimento emocional.
Conversa de velhos e a cheirar a mofo! Têm razão.
Por mim cada vez mais aprecio o vinho e menos os "espíritos". E cada vez bebo menos, porque o vinho que aprecio está cada vez mais caro...
Nesse preceito não sigo meu mestre Jean Anthélme de Brillat-Savarin, segundo o qual "o prazer dos bons espíritos se devia reservar para os anos já maduros, quando os frios da idade sugerissem o aconchego de um cognac envelhecido a preceito".
Eu adiantei-me. Acho que durante a minha juventude já esgotei a minha "quota" dessas coisas. Whiskies de Malte ainda bebo hoje em dia, como coroa de uma grande refeição, fazendo companhia a um bom charuto - situação cada vez mais rara no meu meio ambiente devido à época de austeridade.
E até já admito que um destes dias ainda me poderão ver a namorar com um copo de um grande Porto Vintage nas mãos... É a PDI...
Misturar a cerveja com o vinho, o whisky com o gin, a aguardente velha com a ginjinha.
Dizia-se que "fazia mal". E que a pior "borracheira" de todas , pela ressaca que dava, era essa da mistura.
Os factos científicos nunca comprovaram essas ideias. Segundo os entendidos, "álcool é álcool, e o grau de cada bebida é que influencia a situação geral do bebedor, não o tipo de bebida".
Mas a tradição tem muita força.
Reparem que só falo de bebidas meias "cotas". É sintoma da idade que levo e da pouca experiência ( e pouca paciência) que tenho actualmente de frequentar os locais da "night" onde se bebem os "shots" da moda.
A Vodka, por exemplo, não sei se por causa da longa noite fascista e das suas conotações soviéticas, não era bebida da moda naqueles anos 70's. Mas dessa ainda aprendi a gostar moderadamente - com gelo, limão e água tónica. Agora de "shots", servidos em copos estreitos gelados, a que os antigos empregados da arte chamavam "copos a bagaço", não consigo gostar. Não me sabem bem, não lhes consigo encontrar complexidade de gosto. Parecem-me simples injecções de grau álcool.
Mesmo assim, e apesar do meu desconforto, conheço malta da minha idade que nunca deixou esse hábito de frequentar os bares e discotecas a partir das noites de Quinta Feira (dizem que é quando a estudantada mais aparece), estendendo-se para a Sexta e para o Sábado. Ou têm fígados de ferro velho ou já nem sabem o que fazem à conta da cirrose hepática?
Claro que não! Porque não admitimos que se pode tratar de pessoas que gostam dos ambientes e da música? E de ver a malta nova, está claro!
Essa ideia que temos de nos embriagar por obrigação quando saímos à noite é uma coisa muito "moderna" e "práfrentex" que era olhada de soslaio há 30 anos atrás.
Não é que a malta não se empiteirasse de quando em vez! Pelo contrário! Mas quando saíamos à noite o objectivo primário era "engatar a miúda" e não levar uma ou duas "peruas" para casa...
Não sei se ainda hoje assim é, mas naquele tempo, um gajo copofónico a tentar engatar uma jeitosa era algo que levava imediatamente o "Frigidaire" do Jaime Aury - famoso porteiro do Maxim's, 2m de altura para 140 kg de músculo - a pôr o impetrante na rua ao pontapé.
Nenhuma garina de respeito admitia que um gajo que a admirasse começasse o idílio perdido de bêbedo. Creio, admito e acredito piamente que ainda assim é.
Então porque motivo a malta nova (eles e elas) corre hoje ansiosamente para os balcões dos bares à procura da bebedeira mais rápida que houver, assim como se levassem um foguete espetado no cú?
Talvez porque o "bem estar" provisório e muito passageiro da "cadela" se sobrepôe na bolsa de valores da malta ao prazer da companhia do sexo oposto? Então, das duas uma: ou não sabem fazer amor - o que é o mais natural. Ou pretendem uma gratificação quase imediata e sem envolvimento emocional.
Conversa de velhos e a cheirar a mofo! Têm razão.
Por mim cada vez mais aprecio o vinho e menos os "espíritos". E cada vez bebo menos, porque o vinho que aprecio está cada vez mais caro...
Nesse preceito não sigo meu mestre Jean Anthélme de Brillat-Savarin, segundo o qual "o prazer dos bons espíritos se devia reservar para os anos já maduros, quando os frios da idade sugerissem o aconchego de um cognac envelhecido a preceito".
Eu adiantei-me. Acho que durante a minha juventude já esgotei a minha "quota" dessas coisas. Whiskies de Malte ainda bebo hoje em dia, como coroa de uma grande refeição, fazendo companhia a um bom charuto - situação cada vez mais rara no meu meio ambiente devido à época de austeridade.
E até já admito que um destes dias ainda me poderão ver a namorar com um copo de um grande Porto Vintage nas mãos... É a PDI...
segunda-feira, março 24, 2014
Tanto barulho para nada...
Much Ado About Nothing é uma peça hilariante do velho bardo William Shakespeare, provavelmente escrita em 1599, no auge do talento do grande escritor. Nela se compôe uma comédia de enganos em torno de amores e desamores, passada em Messina.
Nota: Provavelmente muitos de nós recordam-se melhor do filme (1993) de Keneth Branagh, com o mesmo a fazer de Benedict, e ainda com Emma Thompson e Keannu Reeves.
De todas as formas o que aqui interessa é a intriga: há um casal de amantes um pouco parvos que se amam sinceramente à vista de toda a gente, e um outro de amantes muito mais espertos, que se revelarão apaixonados também, mas que ao início disfarçam o interesse com facadinhas e agastamentos... Nos "finalmentes" são todos levados ao altar e acaba tudo em bem, com algumas confusões mas sem mortes ( o que é raro em Shakespeare).
O enredo desta peça de teatro pode ter alguma coisa a ver com o portugalzinho do futuro. Vemos como hoje aparentemente se encontram de costas viradas os chefes de PS e PSD. Mas há quem jure e trejure que se trata apenas de aparências! Na intimidade parece que se cozinha já algum arranjinho debaixo das saias protectoras de uma certa "anja" tedesca.
Por causa disso até consta que o actual "casal" governamental pode andar relativamente tresmalhado por causa da intromissão do "outsider" Tó Zé .
O que ainda não se sabe é se daqui a 2 anos o "casal governamental" não acabará por ser outro, "casamento" esse apadrinhado com grande satisfação pela paróquia de Santa Maria de Belém...
Ou se, em alternativa, o assunto viraria um "ménage à trois", com Portas, Passos e Seguro tentando uma convivência algo estranha (mas sempre possível) ao mais alto nível da governação...
Transformando as coisas sérias em comédias de costumes parece que estaremos mais à vontade para dizermos o que nos vai na alma.
Neste caso concreto e à falta de palavras que não resvalem para a ordinarice, tal a esquisitice desta "real politik", acho que me vou refugiar em alguns provérbios lusos:
- Abre um olho para vender, mas dois para comprar ( e votar)...
- Anda direito se queres respeito
- As contas adiantadas saem sempre furadas...
- Barriga cheia, companhia desfeita...
- Cada macaco no seu galho...
- De Janeiro a Janeiro o dinheiro é do banqueiro...
- Promessas, ovos e juras, foram feitos para quebrar...
E termino com uma grande verdade à moda do Brasil brasileiro:
- Em rio de piranha, jacaré nada de costas...
Vá malta lusa, tudo a aprender a nadar! De costas!
Nota: Provavelmente muitos de nós recordam-se melhor do filme (1993) de Keneth Branagh, com o mesmo a fazer de Benedict, e ainda com Emma Thompson e Keannu Reeves.
De todas as formas o que aqui interessa é a intriga: há um casal de amantes um pouco parvos que se amam sinceramente à vista de toda a gente, e um outro de amantes muito mais espertos, que se revelarão apaixonados também, mas que ao início disfarçam o interesse com facadinhas e agastamentos... Nos "finalmentes" são todos levados ao altar e acaba tudo em bem, com algumas confusões mas sem mortes ( o que é raro em Shakespeare).
O enredo desta peça de teatro pode ter alguma coisa a ver com o portugalzinho do futuro. Vemos como hoje aparentemente se encontram de costas viradas os chefes de PS e PSD. Mas há quem jure e trejure que se trata apenas de aparências! Na intimidade parece que se cozinha já algum arranjinho debaixo das saias protectoras de uma certa "anja" tedesca.
Por causa disso até consta que o actual "casal" governamental pode andar relativamente tresmalhado por causa da intromissão do "outsider" Tó Zé .
O que ainda não se sabe é se daqui a 2 anos o "casal governamental" não acabará por ser outro, "casamento" esse apadrinhado com grande satisfação pela paróquia de Santa Maria de Belém...
Ou se, em alternativa, o assunto viraria um "ménage à trois", com Portas, Passos e Seguro tentando uma convivência algo estranha (mas sempre possível) ao mais alto nível da governação...
Transformando as coisas sérias em comédias de costumes parece que estaremos mais à vontade para dizermos o que nos vai na alma.
Neste caso concreto e à falta de palavras que não resvalem para a ordinarice, tal a esquisitice desta "real politik", acho que me vou refugiar em alguns provérbios lusos:
- Abre um olho para vender, mas dois para comprar ( e votar)...
- Anda direito se queres respeito
- As contas adiantadas saem sempre furadas...
- Barriga cheia, companhia desfeita...
- Cada macaco no seu galho...
- De Janeiro a Janeiro o dinheiro é do banqueiro...
- Promessas, ovos e juras, foram feitos para quebrar...
E termino com uma grande verdade à moda do Brasil brasileiro:
- Em rio de piranha, jacaré nada de costas...
Vá malta lusa, tudo a aprender a nadar! De costas!
Mais poesia de expressão portuguesa
O Amigo Américo , no local do costume, propôe Moçambique e Cabo Verde em poemas! A não perder!
sexta-feira, março 21, 2014
Para Descansar a Vista
Neste Dia Mundial da Poesia (UNESCO) hesito entre o óbvio "hululante" - Camões e Pessoa - depois da decisão saudável de me manter dentro dos confins desse Oceano que é a Língua Portuguesa...
Não vos dou Camões nem Pessoa, achei melhor usar a abrangência da nossa língua para fazer um pequeno percurso sobre vários poetas que escrevem português em locais muito diferentes.
Beijei uma boca vermelha e a minha
boca tingiu-se,
Maldito seja quem atirou uma maçã para
o outro mundo.
Herberto
Helder (Funchal)
Testamento
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
Alda Lara (Benguela)
Não vos dou Camões nem Pessoa, achei melhor usar a abrangência da nossa língua para fazer um pequeno percurso sobre vários poetas que escrevem português em locais muito diferentes.
Se
houvesse degraus na terra...
Se houvesse degraus na terra e tivesse
anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me
prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda
negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse
luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se
acumulasse.
levei um lenço à boca e o lenço fez-se
vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água
tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da
águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se
tornaram vermelhas.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma
espada de prata.
Correram os rapazes à procura da
espada,
e as raparigas correram à procura da
mantilha,
e correram, correram as crianças à
procura da maçã.
Insensatez
Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi tão fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro)
Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi tão fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro)
Testamento
À prostituta
mais nova
Do bairro
mais velho e escuro,
Deixo os meus
brincos, lavrados
Em cristal,
límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
Alda Lara (Benguela)
quinta-feira, março 20, 2014
A Prima
Chegou a Primavera. Veio tímida e demasiado recatada para o meu gosto. Depois de um Inverno de água (ainda bem) esperava-se uma Primavera mais meiga e ensolarada.
Mas como deixei de tentar compreender o clima nestes tempos de cataclismos planetários - El Niño; Aquecimento Global; Efeito de Estufa... - nem sequer me vou preocupar a prever o tempo que fará amanhã.
Quando acordar abro a janela e logo se vê. Isto se se vir alguma coisa, porque como eu acordo com as galinhas, na maior parte das vezes não vejo nada. Nem a ponta do meu nariz.
Poeticamente - e estamos a aproximarnos do Dia Mundial da Poesia , a 21 de Março, já amanhã! - a Primavera sempre foi uma dádiva dos deuses.
Muito poeta, versejador, compositor, escritor ou simples gatafunhador, se inspirou na dita Prima.
Tenho até algumas suspeitas se o velho Escriba Sentado (cerca de 2550 A.C.) não se teria ele mesmo já inspirado na Primavera lá de Saqqara... Pelo menos a cara dele é a de quem apanhou alguma alergia aos pólens...
Claro que a Primavera no Egipto tem hoje em dia outras conotações... Ali e noutros lados.
Espera-se até ansiosamente que a mesma chegue ao Norte, lá para a Crimeia.
Mas com as tais movimentações do estado do tempo a que atrás me referi, a Primavera é capaz de se atrasar um bocado a chegar a esses locais. Para aí uns anitos...
A não ser que o Czar o ordene, está claro! Era o que faltava o Czar convocar a Prima e ela não aparecer!
Imaginem o Putin a espirrar com febre dos fenos... Iam logo para a Sibéria contar pêlos de mamute congelado todas as Primas que se encontrassem disponíveis.
Mas como deixei de tentar compreender o clima nestes tempos de cataclismos planetários - El Niño; Aquecimento Global; Efeito de Estufa... - nem sequer me vou preocupar a prever o tempo que fará amanhã.
Quando acordar abro a janela e logo se vê. Isto se se vir alguma coisa, porque como eu acordo com as galinhas, na maior parte das vezes não vejo nada. Nem a ponta do meu nariz.
Poeticamente - e estamos a aproximarnos do Dia Mundial da Poesia , a 21 de Março, já amanhã! - a Primavera sempre foi uma dádiva dos deuses.
Muito poeta, versejador, compositor, escritor ou simples gatafunhador, se inspirou na dita Prima.
Tenho até algumas suspeitas se o velho Escriba Sentado (cerca de 2550 A.C.) não se teria ele mesmo já inspirado na Primavera lá de Saqqara... Pelo menos a cara dele é a de quem apanhou alguma alergia aos pólens...
Claro que a Primavera no Egipto tem hoje em dia outras conotações... Ali e noutros lados.
Espera-se até ansiosamente que a mesma chegue ao Norte, lá para a Crimeia.
Mas com as tais movimentações do estado do tempo a que atrás me referi, a Primavera é capaz de se atrasar um bocado a chegar a esses locais. Para aí uns anitos...
A não ser que o Czar o ordene, está claro! Era o que faltava o Czar convocar a Prima e ela não aparecer!
Imaginem o Putin a espirrar com febre dos fenos... Iam logo para a Sibéria contar pêlos de mamute congelado todas as Primas que se encontrassem disponíveis.
quarta-feira, março 19, 2014
A diferença entre Gula e Apetite
Nesta discussão sobre as diferenças entre Gula e Apetite começo - e bem - por citar "Os Maias":
A marquesa de Alvenga, para o examinar de perto, pediu o braço a Pedro, e foi aplicar-lhe, como a um mármore de museu, a sua luneta de ouro.
Só de o ver já fico com Gula!! Exclamou ela. Apetecia-me comê-lo mesmo sem tempero!... E onde é que ele mora Pedro? Tens o Telemóvel?
Nota-se assim que existe algum requinte, algum recato, alguma distância e alguma elegância na palavra "Apetite". "Gula", por seu lado, e retirando o sentido carinhoso e mais virado para a doçura que se dá ao termo "Guloso" na intimidade, parece uma palavra mais adaptada para conversa de taberna e de canjirões de tintol do que de "bistrot" e garrafas de clarete (para não sairmos do tempo do Eça).
A Gula é um apetite desmesurado que se manifesta pela voracidade, pela sofreguidão com que um matulão se atira a qualquer coisa que lhe encha as medidas. Carne, peixe, bacalhau ou queijo da serra da Estrela, morre tudo ali mesmo, haja ou não molho de piri-piri!
Neste sentido, o "guloso" nem os ossos deixa à perna de cabrito , de tal forma esganado se apresenta à mesa!
Da Gula nasce o arrôto e manifesta-se a azia. Como consequência distende-se o estômago e prepara-se a sesta da tarde, completa com roncos e suspiros em acompanhamento. Para não falar de outros sons que se originam, lá mais para as bandas das traseiras...
Quando se satisfaz o Apetite com moderação sai o impetrante da mesa calmo, satisfeito e pronto a dedicar-se às artes ou às ciências. E até a outras actividades mais movimentadas. Na cama ou mesmo em cima do que estiver mais a jeito, balcão de cozinha ou fardo de palha.
Ter Gula é transvestir-se em Gargântua ou em Pantagruel. Ter Apetite é mais próprio de Brillat-Savarin.
A plebeia "galga" não se deve confundir com a "gula". É uma questão de escala mas também de atitude! A "galga" está para a "gula", como um Jack Russel Terrier está para um Dogue de Bordéus.
A um civilizado homem de mesa admite-se nalgumas ocasiões a galga, mas a gula não se perdoa.
Vendo a Ana Sidorova naquela coisa esquisita do "curling" nos JO Inverno, a um gajo normal pode dar-lhe a "galga" de comer alguma coisa fresquinha. Lamber um gelado do Santini, ou outra coisa assim...
E depois disto tudo, seguro que esclareci as principais diferenças entre ambos os termos, resta-me desejar aos meus leitores que na vossa vida de todos os dias tenham alguma "galga". E que sejam muito mais "apetitosos" do que "gulosos".
Pelo menos na Europa. Porque em certos locais recônditos de África (mesmo na CPLP !!) e lá para a Oceânia não me parece muito conveniente um gajo ser "apetitoso"... É que ainda o comem! No sentido literal e não no ordinário do termo. Que aqui seria bem mais positivo. Mais vale ter cú (mesmo dorido) que não ter . Salvo seja!
A marquesa de Alvenga, para o examinar de perto, pediu o braço a Pedro, e foi aplicar-lhe, como a um mármore de museu, a sua luneta de ouro.
- É de apetite! Exclamou ela. É uma imagem!... E são amigos, são
amigos, Pedro?
Obviamente que uma Marquesa - mesmo que fosse da Malveira e não de Alvenga - nunca teria dito, (pelo menos naquele tempo, porque atualmente já não juro):
Só de o ver já fico com Gula!! Exclamou ela. Apetecia-me comê-lo mesmo sem tempero!... E onde é que ele mora Pedro? Tens o Telemóvel?
Nota-se assim que existe algum requinte, algum recato, alguma distância e alguma elegância na palavra "Apetite". "Gula", por seu lado, e retirando o sentido carinhoso e mais virado para a doçura que se dá ao termo "Guloso" na intimidade, parece uma palavra mais adaptada para conversa de taberna e de canjirões de tintol do que de "bistrot" e garrafas de clarete (para não sairmos do tempo do Eça).
A Gula é um apetite desmesurado que se manifesta pela voracidade, pela sofreguidão com que um matulão se atira a qualquer coisa que lhe encha as medidas. Carne, peixe, bacalhau ou queijo da serra da Estrela, morre tudo ali mesmo, haja ou não molho de piri-piri!
Neste sentido, o "guloso" nem os ossos deixa à perna de cabrito , de tal forma esganado se apresenta à mesa!
Da Gula nasce o arrôto e manifesta-se a azia. Como consequência distende-se o estômago e prepara-se a sesta da tarde, completa com roncos e suspiros em acompanhamento. Para não falar de outros sons que se originam, lá mais para as bandas das traseiras...
Quando se satisfaz o Apetite com moderação sai o impetrante da mesa calmo, satisfeito e pronto a dedicar-se às artes ou às ciências. E até a outras actividades mais movimentadas. Na cama ou mesmo em cima do que estiver mais a jeito, balcão de cozinha ou fardo de palha.
Ter Gula é transvestir-se em Gargântua ou em Pantagruel. Ter Apetite é mais próprio de Brillat-Savarin.
A plebeia "galga" não se deve confundir com a "gula". É uma questão de escala mas também de atitude! A "galga" está para a "gula", como um Jack Russel Terrier está para um Dogue de Bordéus.
A um civilizado homem de mesa admite-se nalgumas ocasiões a galga, mas a gula não se perdoa.
Vendo a Ana Sidorova naquela coisa esquisita do "curling" nos JO Inverno, a um gajo normal pode dar-lhe a "galga" de comer alguma coisa fresquinha. Lamber um gelado do Santini, ou outra coisa assim...
E depois disto tudo, seguro que esclareci as principais diferenças entre ambos os termos, resta-me desejar aos meus leitores que na vossa vida de todos os dias tenham alguma "galga". E que sejam muito mais "apetitosos" do que "gulosos".
Pelo menos na Europa. Porque em certos locais recônditos de África (mesmo na CPLP !!) e lá para a Oceânia não me parece muito conveniente um gajo ser "apetitoso"... É que ainda o comem! No sentido literal e não no ordinário do termo. Que aqui seria bem mais positivo. Mais vale ter cú (mesmo dorido) que não ter . Salvo seja!
terça-feira, março 18, 2014
Vista para o mar e de costas para a serra
Ontem estive mais uma vez a polir assentos de clínicas e consultórios de braço dado com a minha santa, o que me permitiu - durante os largos espaços de espera - filosofar à vontade e deixar por umas horas o vício do Google e Facebook. O Outlook é que ainda não consigo desligar...Maldito "pushmail" que não dá descanso ao indígena, esteja ele onde estiver, a qualquer hora do dia ou da noite.
Nesta relativa calma, só interrompida pelas muitas perguntas da santa sobre tudo e mais alguma coisa (está mais chata que as "chatas" da praia da Poça) , li numa das revistas disponíveis na sala de espera que a nova política do "visto de ouro" - passaportes de favor, vistos de residência e livre trânsito no espaço Shengen - tem trazido muitos investidores chineses ao nosso país.
E li outras coisas engraçadas sobre as preferências destes novos compradores em termos de imobiliário. Entre outras coisas, como a valorização do investimento, as áreas disponíveis, o preço por m2, etc... parece que dão também muita importância à milenar arte do Feng Shui na altura de decidirem a compra. O Feng Shui é a antiga arte chinesa de criar ambientes harmoniosos. Originou-se há cerca de 5.000 anos, e estuda a influência do espaço no nosso bem-estar e a forma como os locais onde vivemos e trabalhamos se refletem no modo como nos sentimos.
Parece que, para um chinês que se preze, as propriedades devem ter vista de mar e a serra nas traseiras.
-"Isso também eu queria!!" Dirão alguns leitores.
Pois queriam vossas mercês e eu também. Mas se calhar não têm.
No nosso caso não é Feng Shui. Seríamos logo tratados como "Gulosos! Não querias mais nada? E uma dose larga de sarna para te coçares? Se queres vista de mar e serra nas costas, paga!"
Também me apercebi que nesses negócios imobiliários à moda da China, o comprador só fecha o assunto no caso da empresa vendedora lhe garantir 30% de investimento ao fim de 5 anos (por arrendamento). Seja ou não possível arrendar, o chinês só compra se a promotora imobiliáriia lhe garantir esse rendimentozinho. Se investe 1 milhão de euros, ao fim de 5 anos quer 300 mil. Mantendo a propriedade plena ! Está claro!
De novo, aquilo que para os envolvidos nestas coisas passa por ser uma "política de investimento astuta e financeiramente bem ponderada" por parte dos chineses, se fosse exigida por algum tuga levávamos logo roda de "Gananciosos! É dado e arregaçado não?! E uma dose larga de sarna para te coçares?!"
De acordo com o "Epoch Times - "Em Portugal, cerca de 75% dos “vistos de ouro” concedidos no ano passado, que dão o direito de residir no país em troca de um investimento mínimo, foram concedidos a chineses, disse Vítor Sereno, o cônsul-geral português em Macau, numa apresentação a potenciais investidores".
Só me admiro é que não sejam mais... Como dizia António Barreto no "Público", "Comprar investimentos com vistos e passaportes de favor é absolutamente repugnante".
Pois é...Mas não parece. Leiam aqui mais sff:
http://expresso.sapo.pt/o-visto-dourado-e-repugnante-e-imoral=f828825#ixzz2wIli22ZY
Mas a coisa mais estranha que li na mesma sala de espera foi a seguinte:
"A nova lei que permite a isenção fiscal, durante dez anos, para as pensões de reforma de cidadãos estrangeiros que residam em Portugal há mais de 183 dias é um factor essencial para a nova vaga de imigrantes reformados que chegam ao país."
Portanto, isenção fiscal durante 10 anos para os pensionistas "entrados lá de fora àparte"!
Qual o português que não desejaria isso??
Mas se o pedisse, levava logo com um rosário de mais injúrias: "Interesseiro! Egoísta! Comodista! A defraudar o erário público?! A querer fugir ao pagamento dos seus impostos?!! Não querias mais nada não??!! E uma dose de sarna para te coçares??!!"
Em conclusão: alguém sabe onde se compra a tal "sarna"? Na falta de outras coisas (dinheiro, cuidados de saúde, apoio à educação) vamo-nos coçando... Já aqui escrevi sobre isso... Haja unhas! (até que as retirem também).
Nesta relativa calma, só interrompida pelas muitas perguntas da santa sobre tudo e mais alguma coisa (está mais chata que as "chatas" da praia da Poça) , li numa das revistas disponíveis na sala de espera que a nova política do "visto de ouro" - passaportes de favor, vistos de residência e livre trânsito no espaço Shengen - tem trazido muitos investidores chineses ao nosso país.
E li outras coisas engraçadas sobre as preferências destes novos compradores em termos de imobiliário. Entre outras coisas, como a valorização do investimento, as áreas disponíveis, o preço por m2, etc... parece que dão também muita importância à milenar arte do Feng Shui na altura de decidirem a compra. O Feng Shui é a antiga arte chinesa de criar ambientes harmoniosos. Originou-se há cerca de 5.000 anos, e estuda a influência do espaço no nosso bem-estar e a forma como os locais onde vivemos e trabalhamos se refletem no modo como nos sentimos.
Parece que, para um chinês que se preze, as propriedades devem ter vista de mar e a serra nas traseiras.
-"Isso também eu queria!!" Dirão alguns leitores.
Pois queriam vossas mercês e eu também. Mas se calhar não têm.
No nosso caso não é Feng Shui. Seríamos logo tratados como "Gulosos! Não querias mais nada? E uma dose larga de sarna para te coçares? Se queres vista de mar e serra nas costas, paga!"
Também me apercebi que nesses negócios imobiliários à moda da China, o comprador só fecha o assunto no caso da empresa vendedora lhe garantir 30% de investimento ao fim de 5 anos (por arrendamento). Seja ou não possível arrendar, o chinês só compra se a promotora imobiliáriia lhe garantir esse rendimentozinho. Se investe 1 milhão de euros, ao fim de 5 anos quer 300 mil. Mantendo a propriedade plena ! Está claro!
De novo, aquilo que para os envolvidos nestas coisas passa por ser uma "política de investimento astuta e financeiramente bem ponderada" por parte dos chineses, se fosse exigida por algum tuga levávamos logo roda de "Gananciosos! É dado e arregaçado não?! E uma dose larga de sarna para te coçares?!"
De acordo com o "Epoch Times - "Em Portugal, cerca de 75% dos “vistos de ouro” concedidos no ano passado, que dão o direito de residir no país em troca de um investimento mínimo, foram concedidos a chineses, disse Vítor Sereno, o cônsul-geral português em Macau, numa apresentação a potenciais investidores".
Só me admiro é que não sejam mais... Como dizia António Barreto no "Público", "Comprar investimentos com vistos e passaportes de favor é absolutamente repugnante".
Pois é...Mas não parece. Leiam aqui mais sff:
http://expresso.sapo.pt/o-visto-dourado-e-repugnante-e-imoral=f828825#ixzz2wIli22ZY
Mas a coisa mais estranha que li na mesma sala de espera foi a seguinte:
"A nova lei que permite a isenção fiscal, durante dez anos, para as pensões de reforma de cidadãos estrangeiros que residam em Portugal há mais de 183 dias é um factor essencial para a nova vaga de imigrantes reformados que chegam ao país."
Portanto, isenção fiscal durante 10 anos para os pensionistas "entrados lá de fora àparte"!
Qual o português que não desejaria isso??
Mas se o pedisse, levava logo com um rosário de mais injúrias: "Interesseiro! Egoísta! Comodista! A defraudar o erário público?! A querer fugir ao pagamento dos seus impostos?!! Não querias mais nada não??!! E uma dose de sarna para te coçares??!!"
Em conclusão: alguém sabe onde se compra a tal "sarna"? Na falta de outras coisas (dinheiro, cuidados de saúde, apoio à educação) vamo-nos coçando... Já aqui escrevi sobre isso... Haja unhas! (até que as retirem também).
sexta-feira, março 14, 2014
Para Descansar a Vista
Os antigos acompanhantes aqui do Blog lembram-se do "meu" cauteleiro com a perna mais curta do que a outra, o Sr. Saavedra.
Este espera-me quase todos os dias à entrada da Versailles para lhe pagar a bica , fazendo-me a pergunta sacramental :
-"Então a sua mãe como está? E o seu filho passa bem?".
À conta destas questões educadas lá vai cravando o cafézito matinal. Todos os dias, exceto às segundas feiras, dia em que vai "buscar a lista" para fazer o negócio da venda de jogo à Terça Feira. Normalmente eu pago os jornais da semana e a cautela ao Saavedra todas as Terças Feiras.
O Sr. Saavedra é sportinguista (não tem nada de mal, enfim, nada de muito mal..). Os proprietários do quiosque em frente - benfiquistas de gema - não o chupam, nem com molho de tomate vermelho bem maduro!
Pois hoje, ainda tinha eu os olhinhos a brilhar do jogo de ontem à noite em Tottenham, quando o Saavedra mete conversa ao balcão com um dos empregados (também ele leãozinho):
-"Ontem os lampiões devem ter comido banana antes do Jogo! Corriam que pareciam macacos!"
- "Pois foi Saavedra! E viste o estúpido do Jesus a mostrar com os dedos o nº da camisola do Luisão ao outro treinador? He, He, He... Só que como não frequentou a primária confundiu o 3 com o 4 , He, He! He! Ganda tanso!"
- " Banana! Banana é que os gajos comeram!! E naquela taça não há controlo! Devia ser no ciclismo que iam todos dentro!"
Como é óbvio paguei, não deixei a gorgeta habitual e também me esqueci de esportular a bica do Saavedra. Um "gajo" só aguenta até determinado ponto.
Oh Saavedra, vai chamar macacos aos C**** do teu Pai! (salvo seja).
Todavia, ninguém hoje me tira do sério. Motivo pelo qual aqui deixo poema de felicidade, de Pedro Homem de Mello, o poeta e investigador de folclore de Leça , onde muitas vezes o vi sentado à mesa do seu restaurante preferido, "O Garrafão":
Encontro
Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E, contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi, assim, que, submissa,
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
— Palavra que leva o vento,
E, depois, como se a ideia
De, nos dedos, a ter tido
Bastasse, por fim, larguei-a,
Sem ficar arrependido...
Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"
Este espera-me quase todos os dias à entrada da Versailles para lhe pagar a bica , fazendo-me a pergunta sacramental :
-"Então a sua mãe como está? E o seu filho passa bem?".
À conta destas questões educadas lá vai cravando o cafézito matinal. Todos os dias, exceto às segundas feiras, dia em que vai "buscar a lista" para fazer o negócio da venda de jogo à Terça Feira. Normalmente eu pago os jornais da semana e a cautela ao Saavedra todas as Terças Feiras.
O Sr. Saavedra é sportinguista (não tem nada de mal, enfim, nada de muito mal..). Os proprietários do quiosque em frente - benfiquistas de gema - não o chupam, nem com molho de tomate vermelho bem maduro!
Pois hoje, ainda tinha eu os olhinhos a brilhar do jogo de ontem à noite em Tottenham, quando o Saavedra mete conversa ao balcão com um dos empregados (também ele leãozinho):
-"Ontem os lampiões devem ter comido banana antes do Jogo! Corriam que pareciam macacos!"
- "Pois foi Saavedra! E viste o estúpido do Jesus a mostrar com os dedos o nº da camisola do Luisão ao outro treinador? He, He, He... Só que como não frequentou a primária confundiu o 3 com o 4 , He, He! He! Ganda tanso!"
- " Banana! Banana é que os gajos comeram!! E naquela taça não há controlo! Devia ser no ciclismo que iam todos dentro!"
Como é óbvio paguei, não deixei a gorgeta habitual e também me esqueci de esportular a bica do Saavedra. Um "gajo" só aguenta até determinado ponto.
Oh Saavedra, vai chamar macacos aos C**** do teu Pai! (salvo seja).
Todavia, ninguém hoje me tira do sério. Motivo pelo qual aqui deixo poema de felicidade, de Pedro Homem de Mello, o poeta e investigador de folclore de Leça , onde muitas vezes o vi sentado à mesa do seu restaurante preferido, "O Garrafão":
Encontro
Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E, contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi, assim, que, submissa,
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
— Palavra que leva o vento,
E, depois, como se a ideia
De, nos dedos, a ter tido
Bastasse, por fim, larguei-a,
Sem ficar arrependido...
Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"
quinta-feira, março 13, 2014
Um galinocídio anunciado...
Com a história da galinha atrevida (cognome "Reserva de 2009") que meti no facebook vi-me inundado de queixumes da malta mais dada à protecção dos animais contra o sacrifício gastronómico da ave para deleite de um "grupo de matulões".
"Coitada da Galinha!" e "Malvados! Fazerem isto ao animalzinho!" foram expressões utilizadas.
Eu não sei bem onde é que estas boas pessoas compram as pernas e coxas de frango, já convenientemente embaladas e rotuladas, mas imagino que seja nalgum supermercado. Onde - até ver e existir prova em contrário - os animais teriam sido primeiro mortos e só depois esquartejados. Para bem deles.
Mas como ninguém vê o momento da morte está tudo bem. Leva-se para casa sem perder mais nenhum pensamento com o assunto. E idem, idem, para bifes, filetes de pescada, rojões ou perna de borrego.
Lembro-me bem das minhas primeiras idas à quinta dos meus sogros e como tudo (ou quase tudo, o bacalhau já lá chegava em múmia) era morto na altura. E nunca mais me esqueço que o meu Sogro armava-se em valente para assumir as funções de algoz, bebia três ou quatro copos para arranjar coragem e empunhar a faca, mas depois da preparação e apesar do vinhito, acabava por pedir à mulher que fosse ela a tomar conta do assunto...
E dizia a lacrimejar "coitadas das pitinhas! (ou dos coelhos, ou do que fosse) Andavam por ali atrás de mim como se fossem pessoas de família..."
Mas esses sentimentos nunca o impediram de ser o primeiro a sentar-se à mesa e a "aviar" o cadáver da "pessoa de família" (salvo seja) com gosto e considerável apetite.
É preciso saber matar e saber cozinhar. Falem com os pescadores e os caçadores.
Dito isto, é evidente que a mim - menino da linha - nunca me coube semelhante tarefa crua e dura.
O mais perto que estive de semelhante barbárie foi quando era obrigado a segurar numa das pernas do porco na altura da matança tradicional. Lá na dita quinta, está claro!
Onde, aliás, passei pela vergonha (numa véspera de Natal) de acordar a minha mulher e levá-la à cozinha, ao alguidar monstruoso de cobre onde já repusavam as duas peruas bêbedas, num banho de água, vinho branco , rodelas de limão e de laranja:
-" Oh Natália vê lá que estas peruas não se podem comer !Estão todas amarelas da icterícia!"
De facto, o estúpido do cascaense nunca tinha visto peruas caseiras, alimentadas a milho e a alface, e pensava que depois de depenadas as ditas eram todas brancas azuladas, como as dos tais supermercados...
Dito isto, recupero uma Receita tradicional de Galinha de Cabidela, que fiz algumas vezes na aldeia da Beira Alta (tendo à frente os ingredientes todos bem mortos e quietos! Está claro!):
Aproveita-se o sangue de uma galinha já com alguma idade e peso , deitando-o numa tigela com três colheres de sopa de vinagre para que não coalhe.
Numa panela de fundo espesso fazemos uma puxadinha com azeite , cebola e alhos picados. Juntamos a galinha cortada aos bocados pequenos e os miúdos. Uma tirita de bacon magro ou presunto gordo de qualidade, aos pedaçinhos, fica sempre bem. Acrescentamos ainda à puxada uma folha de louro partida e uma malagueta desfeita com os dedos. Deixamos refogar temperando antes com uma mão cheia de sal e um copo pequeno de vinho branco. Depois da cebola alourar apuramos (estufamos) em lume baixo.
Em estando o estufado feito tapamos a galinha com água quente e deixamos a cozer até a galinha ficar tenra.
Depois de cozida como desejamos retiramos os pedaços da galinha e deitamos o arroz com mais água até fazer a proporção de uma chávena de arroz para três de água.
Quando o arroz estiver quase cozido (nota-se que vai subindo e enchendo o bago), juntamos o sangue e os pedaços da galinha. misturamos bem e deixamos apurar.
Bom Proveito e, ao comerem, em vez de pensarem na galinha pensem antes num vinho que acompanhe bem o sabor algo adstringente da cabidela...
Sugestões? Um Verde Tinto, um Tinto Bairrada, ou até um Tinto novo do Douro, todos eles taninosos que bastem.
Mas para mim, se fosse no Verão, estaria na altura de beber um espumante tinto de qualidade. Recomendo o da Mata Fidalga.
"Coitada da Galinha!" e "Malvados! Fazerem isto ao animalzinho!" foram expressões utilizadas.
Eu não sei bem onde é que estas boas pessoas compram as pernas e coxas de frango, já convenientemente embaladas e rotuladas, mas imagino que seja nalgum supermercado. Onde - até ver e existir prova em contrário - os animais teriam sido primeiro mortos e só depois esquartejados. Para bem deles.
Mas como ninguém vê o momento da morte está tudo bem. Leva-se para casa sem perder mais nenhum pensamento com o assunto. E idem, idem, para bifes, filetes de pescada, rojões ou perna de borrego.
Lembro-me bem das minhas primeiras idas à quinta dos meus sogros e como tudo (ou quase tudo, o bacalhau já lá chegava em múmia) era morto na altura. E nunca mais me esqueço que o meu Sogro armava-se em valente para assumir as funções de algoz, bebia três ou quatro copos para arranjar coragem e empunhar a faca, mas depois da preparação e apesar do vinhito, acabava por pedir à mulher que fosse ela a tomar conta do assunto...
E dizia a lacrimejar "coitadas das pitinhas! (ou dos coelhos, ou do que fosse) Andavam por ali atrás de mim como se fossem pessoas de família..."
Mas esses sentimentos nunca o impediram de ser o primeiro a sentar-se à mesa e a "aviar" o cadáver da "pessoa de família" (salvo seja) com gosto e considerável apetite.
É preciso saber matar e saber cozinhar. Falem com os pescadores e os caçadores.
Dito isto, é evidente que a mim - menino da linha - nunca me coube semelhante tarefa crua e dura.
O mais perto que estive de semelhante barbárie foi quando era obrigado a segurar numa das pernas do porco na altura da matança tradicional. Lá na dita quinta, está claro!
Onde, aliás, passei pela vergonha (numa véspera de Natal) de acordar a minha mulher e levá-la à cozinha, ao alguidar monstruoso de cobre onde já repusavam as duas peruas bêbedas, num banho de água, vinho branco , rodelas de limão e de laranja:
-" Oh Natália vê lá que estas peruas não se podem comer !Estão todas amarelas da icterícia!"
De facto, o estúpido do cascaense nunca tinha visto peruas caseiras, alimentadas a milho e a alface, e pensava que depois de depenadas as ditas eram todas brancas azuladas, como as dos tais supermercados...
Dito isto, recupero uma Receita tradicional de Galinha de Cabidela, que fiz algumas vezes na aldeia da Beira Alta (tendo à frente os ingredientes todos bem mortos e quietos! Está claro!):
Aproveita-se o sangue de uma galinha já com alguma idade e peso , deitando-o numa tigela com três colheres de sopa de vinagre para que não coalhe.
Numa panela de fundo espesso fazemos uma puxadinha com azeite , cebola e alhos picados. Juntamos a galinha cortada aos bocados pequenos e os miúdos. Uma tirita de bacon magro ou presunto gordo de qualidade, aos pedaçinhos, fica sempre bem. Acrescentamos ainda à puxada uma folha de louro partida e uma malagueta desfeita com os dedos. Deixamos refogar temperando antes com uma mão cheia de sal e um copo pequeno de vinho branco. Depois da cebola alourar apuramos (estufamos) em lume baixo.
Em estando o estufado feito tapamos a galinha com água quente e deixamos a cozer até a galinha ficar tenra.
Depois de cozida como desejamos retiramos os pedaços da galinha e deitamos o arroz com mais água até fazer a proporção de uma chávena de arroz para três de água.
Quando o arroz estiver quase cozido (nota-se que vai subindo e enchendo o bago), juntamos o sangue e os pedaços da galinha. misturamos bem e deixamos apurar.
Bom Proveito e, ao comerem, em vez de pensarem na galinha pensem antes num vinho que acompanhe bem o sabor algo adstringente da cabidela...
Sugestões? Um Verde Tinto, um Tinto Bairrada, ou até um Tinto novo do Douro, todos eles taninosos que bastem.
Mas para mim, se fosse no Verão, estaria na altura de beber um espumante tinto de qualidade. Recomendo o da Mata Fidalga.
quarta-feira, março 12, 2014
Reestruturação, Renegociação, Alongamentos ou Extensões?
Uma quantidade de malta lusa (velhinha em média, mas ainda mais bem conservada que muitos pickles de restaurante popular) assinou o "Manifesto da Reestruturação".
Trata-se de 70 personalidades onde avultam Adriano Moreira, Freitas do Amaral , Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, António Capucho, Ferro Rodrigues, Manuela Arcanjo, João Cravinho, Carvalho da Silva e Francisco Louçã, entre outros. Recordo que Sevinate Pinto e Vitor Martins (actualmente consultores do Presidente Cavaco) também fazem parte deste "rol"...
Querem estas pessoas dizer que Portugal não se safa da dívida caso esta não seja "revisitada" pelos credores, alongando os respectivos prazos de pagamento.
Já eu próprio, na minha insignificância intelectual no que diz respeito à economia pura e dura, tinha chegado à mesma conclusão e sobre isso escrevi aqui neste Blog, não uma mas várias vezes.
As contas são fáceis de fazer: se o PIB não cresce à medida do crescimento dos juros da dívida, como se pode pagar??
Nem pagaria o Género Humano, nem o Manel Germano! Ou seja, nem o Povo abstracto nem o cidadão concreto o podem pagar!
Dois sites para meditarem sobre estes assuntos, O editorial de hoje do "Público" e, logo a seguir, o texto do Manifesto em causa:
http://www.publico.pt/economia/noticia/a-semantica-palavra-reestruturacao-1627931
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO329559.html
Se for impossível haver uma conversa franca e honesta sobre estas matérias depois do encerramento "teórico, muito teórico" do programa de ajustamento - vulgo "Troikada" - há sempre a hipótese de recorrermos à nossa história rica de personagens e de situações.
No caso vertente parece-me adequada a figura emblemática de Bordalo Pinheiro: Ora Tomem lá disto seus Troika Tintas!!
Trata-se de 70 personalidades onde avultam Adriano Moreira, Freitas do Amaral , Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, António Capucho, Ferro Rodrigues, Manuela Arcanjo, João Cravinho, Carvalho da Silva e Francisco Louçã, entre outros. Recordo que Sevinate Pinto e Vitor Martins (actualmente consultores do Presidente Cavaco) também fazem parte deste "rol"...
Querem estas pessoas dizer que Portugal não se safa da dívida caso esta não seja "revisitada" pelos credores, alongando os respectivos prazos de pagamento.
Já eu próprio, na minha insignificância intelectual no que diz respeito à economia pura e dura, tinha chegado à mesma conclusão e sobre isso escrevi aqui neste Blog, não uma mas várias vezes.
As contas são fáceis de fazer: se o PIB não cresce à medida do crescimento dos juros da dívida, como se pode pagar??
Nem pagaria o Género Humano, nem o Manel Germano! Ou seja, nem o Povo abstracto nem o cidadão concreto o podem pagar!
Dois sites para meditarem sobre estes assuntos, O editorial de hoje do "Público" e, logo a seguir, o texto do Manifesto em causa:
http://www.publico.pt/economia/noticia/a-semantica-palavra-reestruturacao-1627931
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO329559.html
Se for impossível haver uma conversa franca e honesta sobre estas matérias depois do encerramento "teórico, muito teórico" do programa de ajustamento - vulgo "Troikada" - há sempre a hipótese de recorrermos à nossa história rica de personagens e de situações.
No caso vertente parece-me adequada a figura emblemática de Bordalo Pinheiro: Ora Tomem lá disto seus Troika Tintas!!
segunda-feira, março 10, 2014
Vinhos velhos , apreciadores novos? Ou velhos?
A malta dedicada às coisas do hipismo há muito que ouve falar da injunção : "Cavalo novo , cavaleiro velho. Cavalo velho, cavaleiro novo".
Por um lado, é a experiência do cavaleiro com anos de sela que serve para ensinar os cavalos novos, enquanto que, por outro lado, será o cavalo já sendeiro e avisado que sabe perdoar os pecados da juventude ao cavaleiro novo, ainda sem prática , nem postura.
Quanto aos vinhos não é fãcil construir um adágio semelhante.
Todos temos a noção que o MKT da moderna enologia tem por objectivo rentabilizar as marcas tão depressa quanto possível, o que leva os produtores a fazerem cada vez mais vinhos que são para beber jovens, plenos de força e de taninos, alguns deles "amaciados" expressamente para poderem obedecer à lógica inexorável da alta rotação dos stocks.
Li já não me lembro onde - mas a fonte era francesa - que alguém se recordava com saudade das garrafeiras que os pais faziam para os filhos, depois de terem bebido aqueles vinhos que os avós tinham amorosamente posto de lado para eles. Estamos portanto a falar de vinhos que aguentavam em cave 25 anos , 30 anos e até mais anos.
Esse paradigma acabou. Se exceptuarmos o Barca Velha , que costuma ser comercializado com 8 ou 10 anos de garrafa, a esmagadora maioria dos vinhos de mesa que não são generosos (mesmo os ditos Reservas e Grandes Reservas) estão feitos para beber 3 ou 4 anos depois da vindima.
Não digo que são "maus"! Pelo contrário, o desenvolvimento da tecnologia dá-nos cada vez mais melhores vinhos e mais baratos! O que digo é que se perdeu com estes avanços modernos a noção do sabor e do gosto do vinho velho evoluído, que nunca se deve confundir com o vinho velho estragado, oxidado ou sujo já de podridão!
O jovem "turco" a quem hoje se dá a provar um Dão com 25 anos , já descascado e relativamente pálido, deverá olhar para ele com algum desdém, não lhe reconhecendo o fulgor e o impacto sensorial que lhe inunda as papilas gustativas de um vinho bem feito, negro retinto e frutado a amoras, com 4 ou 5 anos de vindima.
O que se perde com isto tudo é uma franja de outras sensações. As que decorrem da avaliação de parâmetros hoje um pouco fora de moda, como a "elegância", o bouquet a sobrepor-se muitas vezes ao gosto, a delicadeza dos sabores a pinhões, amêndoas e a avelãs, que o tempo se encarregou de trocar pela fruta vermelha ou preta.
Quem beber um Bussaco com 30 anos (tinto ou branco) pode ter a certeza que está a degustar uma raridade. Que não substitui - nem tem essa pretensão - um Douro Touriga de 2011 como o Vallado ou o Passadouro...
Eu, pessoalmente, sou muito a favor da diversidade do leque de sabores possíveis de encontrar dentro da moderna enologia.
Tudo isto a propósito de uma prova de vinhos velhos que se fez este fds em casa de uns bons amigos.
Em redor de um arroz de marisco e de um cabrito assado no forno, beberam-se : Dão Alves de Sousa de 91 , em Magnum. Bairrada Cordeiro de Sousa de 91. Évora Fundação Eugénio de Almeida comemorativo da 3ª Assembleia Patrimónios Mundiais UNESCO, de 95.
Muito aceitáveis ainda o Bairrada e o Dão - naquele registo de vinho antigo, como referi. O alentejano, infelizmente, estava já estragado...
O bouquet esplendoroso do Dão Alves de Sousa - resina e pinheiros - inundou-me as narinas, apesar da cor desmaiada e do sabor fino e delicado. Um vinho para beber de olhos fechados...
Por um lado, é a experiência do cavaleiro com anos de sela que serve para ensinar os cavalos novos, enquanto que, por outro lado, será o cavalo já sendeiro e avisado que sabe perdoar os pecados da juventude ao cavaleiro novo, ainda sem prática , nem postura.
Quanto aos vinhos não é fãcil construir um adágio semelhante.
Todos temos a noção que o MKT da moderna enologia tem por objectivo rentabilizar as marcas tão depressa quanto possível, o que leva os produtores a fazerem cada vez mais vinhos que são para beber jovens, plenos de força e de taninos, alguns deles "amaciados" expressamente para poderem obedecer à lógica inexorável da alta rotação dos stocks.
Li já não me lembro onde - mas a fonte era francesa - que alguém se recordava com saudade das garrafeiras que os pais faziam para os filhos, depois de terem bebido aqueles vinhos que os avós tinham amorosamente posto de lado para eles. Estamos portanto a falar de vinhos que aguentavam em cave 25 anos , 30 anos e até mais anos.
Esse paradigma acabou. Se exceptuarmos o Barca Velha , que costuma ser comercializado com 8 ou 10 anos de garrafa, a esmagadora maioria dos vinhos de mesa que não são generosos (mesmo os ditos Reservas e Grandes Reservas) estão feitos para beber 3 ou 4 anos depois da vindima.
Não digo que são "maus"! Pelo contrário, o desenvolvimento da tecnologia dá-nos cada vez mais melhores vinhos e mais baratos! O que digo é que se perdeu com estes avanços modernos a noção do sabor e do gosto do vinho velho evoluído, que nunca se deve confundir com o vinho velho estragado, oxidado ou sujo já de podridão!
O jovem "turco" a quem hoje se dá a provar um Dão com 25 anos , já descascado e relativamente pálido, deverá olhar para ele com algum desdém, não lhe reconhecendo o fulgor e o impacto sensorial que lhe inunda as papilas gustativas de um vinho bem feito, negro retinto e frutado a amoras, com 4 ou 5 anos de vindima.
O que se perde com isto tudo é uma franja de outras sensações. As que decorrem da avaliação de parâmetros hoje um pouco fora de moda, como a "elegância", o bouquet a sobrepor-se muitas vezes ao gosto, a delicadeza dos sabores a pinhões, amêndoas e a avelãs, que o tempo se encarregou de trocar pela fruta vermelha ou preta.
Quem beber um Bussaco com 30 anos (tinto ou branco) pode ter a certeza que está a degustar uma raridade. Que não substitui - nem tem essa pretensão - um Douro Touriga de 2011 como o Vallado ou o Passadouro...
Eu, pessoalmente, sou muito a favor da diversidade do leque de sabores possíveis de encontrar dentro da moderna enologia.
Tudo isto a propósito de uma prova de vinhos velhos que se fez este fds em casa de uns bons amigos.
Em redor de um arroz de marisco e de um cabrito assado no forno, beberam-se : Dão Alves de Sousa de 91 , em Magnum. Bairrada Cordeiro de Sousa de 91. Évora Fundação Eugénio de Almeida comemorativo da 3ª Assembleia Patrimónios Mundiais UNESCO, de 95.
Muito aceitáveis ainda o Bairrada e o Dão - naquele registo de vinho antigo, como referi. O alentejano, infelizmente, estava já estragado...
O bouquet esplendoroso do Dão Alves de Sousa - resina e pinheiros - inundou-me as narinas, apesar da cor desmaiada e do sabor fino e delicado. Um vinho para beber de olhos fechados...
sexta-feira, março 07, 2014
Para Descansar a Vista
Nas vésperas do Dia Internacional da Mulher teria que vos dar um poema de Amor.
Recorro a meu mestre Paul Verlaine e à sua versão de um sonho meio "estranho".
Qual de nós não gostaria de ter um sonho destes, pelo menos uma vez por semana?
Recorro a meu mestre Paul Verlaine e à sua versão de um sonho meio "estranho".
Qual de nós não gostaria de ter um sonho destes, pelo menos uma vez por semana?
Mon rêve familier
Je fais souvent ce rêve étrange et pénétrant
D'une femme inconnue, et que j'aime, et qui m'aime
Et qui n'est, chaque fois, ni tout à fait la même
Ni tout à fait une autre, et m'aime et me comprend.
Car elle me comprend, et mon coeur, transparent
Pour elle seule, hélas ! cesse d'être un problème
Pour elle seule, et les moiteurs de mon front blême,
Elle seule les sait rafraîchir, en pleurant.
Est-elle brune, blonde ou rousse ? - Je l'ignore.
Son nom ? Je me souviens qu'il est doux et sonore
Comme ceux des aimés que la Vie exila.
Son regard est pareil au regard des statues,
Et, pour sa voix, lointaine, et calme, et grave, elle a
L'inflexion des voix chères qui se sont tues.
D'une femme inconnue, et que j'aime, et qui m'aime
Et qui n'est, chaque fois, ni tout à fait la même
Ni tout à fait une autre, et m'aime et me comprend.
Car elle me comprend, et mon coeur, transparent
Pour elle seule, hélas ! cesse d'être un problème
Pour elle seule, et les moiteurs de mon front blême,
Elle seule les sait rafraîchir, en pleurant.
Est-elle brune, blonde ou rousse ? - Je l'ignore.
Son nom ? Je me souviens qu'il est doux et sonore
Comme ceux des aimés que la Vie exila.
Son regard est pareil au regard des statues,
Et, pour sa voix, lointaine, et calme, et grave, elle a
L'inflexion des voix chères qui se sont tues.
Paul Verlaine
quinta-feira, março 06, 2014
Agradecimentos e mensagens
Um Abraço de muita amizade ao Paolo e ao Américo, pelas suas mensagens de ontem. Leiam que vale a pena esses dois comentários!
Já agora, informo os filatelistas que os meus colegas dos Serviços Filatélicos da República da África do Sul já puseram em venda um folder dedicado ao Presidente Nelson Mandela.
Vejam aqui sff:
http://www.postoffice.co.za/group/philately/2014/madibacommemorative.html
Já agora, informo os filatelistas que os meus colegas dos Serviços Filatélicos da República da África do Sul já puseram em venda um folder dedicado ao Presidente Nelson Mandela.
Vejam aqui sff:
http://www.postoffice.co.za/group/philately/2014/madibacommemorative.html
Camarões de cebolada
Não é marisco que eu pessoalmente aprecie. Refiro-me ao camarão. Todavia não há nada que não se coma quando tratado e apresentado por quem sabe da "poda". Até palha! Leia-se a história da conversa entre o grande Manuel Joaquim Machado Rebelo (Abade de Priscos) e El-Rei D. Luis I, a quem o Abade tinha dado palha a comer, tendo Sua Majestade gostado...Antes de saber que comia palha...
Mas voltando ao Camarão: mantenho alguma desconfiança pelas amostras do material desenxabido e congeladíssimo que por aqui costuma aparecer para entristecer coktails do dito, açordas do dito e outras coisas do dito (por não dito). Salvam-nos in extremis os magníficos camarões da nossa costa, sejam eles de Espinho ou da Aguda (guerra em que não me quero meter, toda ela passada - e bem - a Norte).
O Camarão de Espinho (ou da Aguda) tem o nome científico improvável de Exhippolysmata oplophoroides. Apesar disso não há dúvida absolutamente nenhuma que compartilha com os Percebes da rocha batida pelo mar e com as "bruxas" (santiaguiño) o pódium dos mariscos que mais sabor a mar trazem para a mesa de cada um de nós.
E as ostras ?? Perguntam alguns? Bem, sendo boas , das "portuguesas" , consinto que sejam elas também coroadas nesse pódium.
Qual destes quatro leva o ouro para casa? Qual o melhor? Depende da qualidade específica de cada qual. E sendo todos superlativos, deixo aqui no Post um piscar de olhos cúmplice ao camarão da Aguda, cheio de ovas e de tamanho conveniente...
Todavia, mesmo o camarãozinho ensacado e congelado pode ter algum lustro se convenientemente cozinhado. E a forma melhor de o apresentar talvez seja em arroz, utilizando o mestre cuca na preparação muita cebola velha , para aveludar o preparado, coentros e alho picados para a base, bom azeite e boa malagueta para espevitar. Onde vai parar o sabor do camarão depois de cozido o arroz? Nem se nota... O que pode ser grande vantagem.
Ontem tivemos uma bela refeição de Camarão à Moda de Leiria. Prato servido pelo Chef Cristiano Y sus Muchaxos.
Espero que tenha sido do agrado de todos...
Chamemos o Chef à mesa e dê-se a gaulesa (daí o acento) injunção de agrado universal :
Bravô, Chef! Bravô!
Mas voltando ao Camarão: mantenho alguma desconfiança pelas amostras do material desenxabido e congeladíssimo que por aqui costuma aparecer para entristecer coktails do dito, açordas do dito e outras coisas do dito (por não dito). Salvam-nos in extremis os magníficos camarões da nossa costa, sejam eles de Espinho ou da Aguda (guerra em que não me quero meter, toda ela passada - e bem - a Norte).
O Camarão de Espinho (ou da Aguda) tem o nome científico improvável de Exhippolysmata oplophoroides. Apesar disso não há dúvida absolutamente nenhuma que compartilha com os Percebes da rocha batida pelo mar e com as "bruxas" (santiaguiño) o pódium dos mariscos que mais sabor a mar trazem para a mesa de cada um de nós.
E as ostras ?? Perguntam alguns? Bem, sendo boas , das "portuguesas" , consinto que sejam elas também coroadas nesse pódium.
Qual destes quatro leva o ouro para casa? Qual o melhor? Depende da qualidade específica de cada qual. E sendo todos superlativos, deixo aqui no Post um piscar de olhos cúmplice ao camarão da Aguda, cheio de ovas e de tamanho conveniente...
Todavia, mesmo o camarãozinho ensacado e congelado pode ter algum lustro se convenientemente cozinhado. E a forma melhor de o apresentar talvez seja em arroz, utilizando o mestre cuca na preparação muita cebola velha , para aveludar o preparado, coentros e alho picados para a base, bom azeite e boa malagueta para espevitar. Onde vai parar o sabor do camarão depois de cozido o arroz? Nem se nota... O que pode ser grande vantagem.
Ontem tivemos uma bela refeição de Camarão à Moda de Leiria. Prato servido pelo Chef Cristiano Y sus Muchaxos.
Espero que tenha sido do agrado de todos...
Chamemos o Chef à mesa e dê-se a gaulesa (daí o acento) injunção de agrado universal :
Bravô, Chef! Bravô!
quarta-feira, março 05, 2014
As Cinzas
Depois de um Entrudo chuvoso caem as cinzas do azul de um céu já quase primaveril. Pelo menos aqui para Lisboa.
A Quarta Feira de Cinzas marca o início da Quaresma. Na imposição da cruz na testa vê o cristão um símbolo da futilidade dos bens terrenos, um convite à reflexão sobre o efémero da vida e o absoluto que nos espera depois desta.
"Homem, tu és apenas pó e em pó te hás-de tornar".
Muito mais para trás os antigos povos nórdicos utilizavam este costume de espalhar cinzas no rosto em honra de Odin, cujo dia sagrado era quarta feira (Wednesday, dia de Odin). Essas cinzas dariam ao prosélito a proteção do deus.
Ainda mais remotamente, na Índia, a antiga religião védica tinha também um deus - Agni , deus do fogo e dos materiais ígneos - cujos adoradores se pintavam de cinzas coloridas no intuito de lhes serem perdoados os pecados. E o próprio sangue purificado de Vishnu era por vezes apresentado aos fiéis em forma de cinzas. Vishnu Protector, o deus da trindade védica que tem a seu cargo a manutenção do Universo tal como o conhecemos, e que também era conhecido como o "purificador de pecados".
Toda a simbologia das cinzas aponta para estes termos: reflexão, introspecção, avaliação dos actos passados. O espírito antes da carne (que foi a grande variável que "mandou" no Carnaval).
Por isso a Quaresma da sobriedade, dos dias ditos "magros", onde a necessária limitação na ingestão de comidas fortes e bebidas intoxicantes vai para além dos preceitos higiénicos da purga, contidos em tantas religiões.
Uma "Quaresma" quer-se também ( e sobretudo) do espírito. Pôrmos à frente das considerações materiais os aspectos morais e éticos que entendemos respeitar, mas dos quais às vezes nos esquecemos.
Sejamos ou não Cristãos.
A Quarta Feira de Cinzas marca o início da Quaresma. Na imposição da cruz na testa vê o cristão um símbolo da futilidade dos bens terrenos, um convite à reflexão sobre o efémero da vida e o absoluto que nos espera depois desta.
"Homem, tu és apenas pó e em pó te hás-de tornar".
Muito mais para trás os antigos povos nórdicos utilizavam este costume de espalhar cinzas no rosto em honra de Odin, cujo dia sagrado era quarta feira (Wednesday, dia de Odin). Essas cinzas dariam ao prosélito a proteção do deus.
Ainda mais remotamente, na Índia, a antiga religião védica tinha também um deus - Agni , deus do fogo e dos materiais ígneos - cujos adoradores se pintavam de cinzas coloridas no intuito de lhes serem perdoados os pecados. E o próprio sangue purificado de Vishnu era por vezes apresentado aos fiéis em forma de cinzas. Vishnu Protector, o deus da trindade védica que tem a seu cargo a manutenção do Universo tal como o conhecemos, e que também era conhecido como o "purificador de pecados".
Toda a simbologia das cinzas aponta para estes termos: reflexão, introspecção, avaliação dos actos passados. O espírito antes da carne (que foi a grande variável que "mandou" no Carnaval).
Por isso a Quaresma da sobriedade, dos dias ditos "magros", onde a necessária limitação na ingestão de comidas fortes e bebidas intoxicantes vai para além dos preceitos higiénicos da purga, contidos em tantas religiões.
Uma "Quaresma" quer-se também ( e sobretudo) do espírito. Pôrmos à frente das considerações materiais os aspectos morais e éticos que entendemos respeitar, mas dos quais às vezes nos esquecemos.
Sejamos ou não Cristãos.
segunda-feira, março 03, 2014
Cedo para Burro!
Hoje , ainda não eram 4.30h , levantei o meu real assento (eufemismo para cu) da cama.
Tinha que estar às 9h na Maia e levava o Senhorio comigo para me ajudar a ficar acordado.
E como o gajo é pior que uma mulher para sair de casa , isso explica a madrugação excessiva.
Na prática a estratégia revelou-se tão coxa como a do Paulo Fonseca: a criatura em causa encostou os c***** à porta do carro assim que saímos e só parou de resfolegar à entrada da Área de Serviço de Aveiro...Aveiro! Não Aveiras!!
Enfim, cheguei a tempo, fiz o meu habtual numero das focas amestradas com a caixa de carimbos e às 11h já estava em Serralves para outra reunião!
Por tudo isso é mais que compreensível que por volta das 13h tenha procurado mangedoura.
Que encontrei nos velhos Amigos Castelhanos , aqui ao pé do Picoto, Nogueira da Regedora.
Casa admirável para refazer forças!!
Posso dizer com razão que entre o Lidador Gonçalo Mendes (da Maia) e o Espadeiro Lourenço Viegas entretive esta manhã.
E que a acabei esplendorosamente aqui mais para baixo, num doce torpor de boaventura que terá tanto de cansaço de sono como de remanso pós-prandial.
Amanhã vou armar em calina e não me levanto antes das 730h!!
Está dito!!
Tinha que estar às 9h na Maia e levava o Senhorio comigo para me ajudar a ficar acordado.
E como o gajo é pior que uma mulher para sair de casa , isso explica a madrugação excessiva.
Na prática a estratégia revelou-se tão coxa como a do Paulo Fonseca: a criatura em causa encostou os c***** à porta do carro assim que saímos e só parou de resfolegar à entrada da Área de Serviço de Aveiro...Aveiro! Não Aveiras!!
Enfim, cheguei a tempo, fiz o meu habtual numero das focas amestradas com a caixa de carimbos e às 11h já estava em Serralves para outra reunião!
Por tudo isso é mais que compreensível que por volta das 13h tenha procurado mangedoura.
Que encontrei nos velhos Amigos Castelhanos , aqui ao pé do Picoto, Nogueira da Regedora.
Casa admirável para refazer forças!!
Posso dizer com razão que entre o Lidador Gonçalo Mendes (da Maia) e o Espadeiro Lourenço Viegas entretive esta manhã.
E que a acabei esplendorosamente aqui mais para baixo, num doce torpor de boaventura que terá tanto de cansaço de sono como de remanso pós-prandial.
Amanhã vou armar em calina e não me levanto antes das 730h!!
Está dito!!
domingo, março 02, 2014
Abaixo o Carnaval! Viva para sempre Alain Resnais!
Nunca gostei do Carnaval. Deve ter sido por causa de uma infância traumatizada onde a minha Mãe e as irmãs me arrastavam mascarado para o Corso ali em baixo junto aos jardins do Casino, naquela loucura do Sr Teodoro dos Santos (o das malas) que não lhe sobreviveu.
Eu odiava aquelas "exéquias" e ainda hoje nåo acho graça nenhuma à quadra.À parte os bailes de Carnaval da adolescência tardia, onde a máscara permitia algumas liberdades com as meninas. Mas nada de extraordinário, porque era um país meio cinzento onde estas veleidades não eram encorajadas, sendo ainda por cima muitos pais das donzelas em causa caçadores com armas em casa...
Desta forma manifesto algum desdém pelo Carnaval e ao contrário proclamo
a minha pena pela partida de Resnais nesta noite que vai ser de Óscares em Hollywood!
Hiroshima
, meu Amor!
Eu odiava aquelas "exéquias" e ainda hoje nåo acho graça nenhuma à quadra.À parte os bailes de Carnaval da adolescência tardia, onde a máscara permitia algumas liberdades com as meninas. Mas nada de extraordinário, porque era um país meio cinzento onde estas veleidades não eram encorajadas, sendo ainda por cima muitos pais das donzelas em causa caçadores com armas em casa...
Desta forma manifesto algum desdém pelo Carnaval e ao contrário proclamo
a minha pena pela partida de Resnais nesta noite que vai ser de Óscares em Hollywood!
Hiroshima
, meu Amor!
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