segunda-feira, fevereiro 06, 2017

Nomenclaturas

As antigas classificações dos vinhos de mesa costumavam ser esclarecedoras. Tínhamos as Regiões Demarcadas. E dentro delas havia o Branco e o Tinto. E depois o Verde. Este podia ser branco ou tinto também.

O que melhor classificava o vinho do ponto de vista do consumidor era o produtor. Produtor de confiança era regra de ouro na compra. Grandes marcas se fizeram desta maneira ( e assim morreram algumas também). A atual hegemónica Sogrape  é um bom exemplo do que herdou à conta da fama da clássica Ferreirinha.

Depois começámos a ler nas garrafas as palavras Reserva , ou Garrafeira. A Sociedade de Vinhos Borges tinha até nos topos de gama dos anos 70 o adjectivo "Frasqueira".

E a seguir foi uma desbunda completa: Aos rótulos anteriores acrescentaram-se: Colheita Seleccionada, Escolha Pessoal, Reserva dos Sócios, Selecção Especial, Superior. E muito recentemente os vinhos com designação de "Premium" também abundam...

Isto é só MKT ou também existe algum "substrato" que o cliente deve ter em atenção?

A lei (Portaria 239\2012) obrigava a que no rótulo se associasse a palavra "Garrafeira" a um vinho tinto com envelhecimento mínimo de 30 meses, dos quais 12 podem ser em garrafa. Será "Velha Reserva" se esse período for no mínimo de 3 anos.

As designações Colheita Seleccionada, Escolha, Reserva,  Reserva Especial e Grande Reserva, previstas na lei,  estão adstritas a vinhos de mesa com características organolépticas destacadas e  que exibem teor de volume alcoométrico superior ( em 1% , noutros casos em 0,5%) ao limite mínimo fixado para o ano em causa

Ajudei? Se calhar não... Mas dou aqui dois exemplos alentejanos.

A Adega Cooperativa de Borba (uma grande casa, em todos os sentidos) comercializa o Grande Reserva Ouro de 2011 (14 graus)  a 25 euros ;  o Reserva de 2011, clássico rótulo de cortiça de 13,5 graus,  a 9,90 euros;   e o Premium de 2011, 14,5 graus também ,  a cerca de 6 euros.

Já bebi de todos. E qual gostei mais? Do mais caro. Teve 18,5 \20 na classificação da Revista de Vinhos. Mas atenção que o Premium mereceu , na mesma revista,  16,5\20! E reparem na diferença de preços... Comparando em termos absolutos, salte o Grande Reserva para quem pode. Mas ...em termos relativos? Venha de lá o Premium!

A Amareleza Vinhos (Companhia de Vinhos da Amareleja)  tem uma marca chamada "Courelas de Pias" que faz Vinho do ano,  Reserva e Premium. Neste caso a ordem de preços é essa mesmo.

Na feira de Vinhos do Continente foi possível testemunhar o seguinte:  O Premium de 2015 tem 14 graus, custa mais caro, 2,99 euros (mas estava marcado a 9,99 euros!!) ) e é muito bom para o preço,  um vinho gastronómico que baste. O Reserva de 2013 custa cerca de 2,90 euros (marcado a 6,99 euros fora de feira). Tem 13,5 graus e é um honesto, honestíssimo produto. E o vinho do ano (com um belo melro no rótulo) tem 12,5 graus,  custa ainda menos do que o Reserva , cerca de 2,50 euros, e bebe-se muito bem, sem exageros de "bondade".

Qual gostei mais? Do mais "caro". Que também é o de mais elevado grau álcool.  Sempre de comprar, até porque a diferença de preços para o Reserva foi na prática de 50 cêntimos!

Mas se a diferença de preços fosse de 3 euros em garrafa , dos 7 para os 10?   Já pensaria...

E qual o lugar do vinho do ano nesta escolha?  Durante a feira de vinhos, mais vale não o terem à venda.. A qualidade não justifica a escolha , pelo preço comparativo que encontramos entre estas 3 garrafas. E fora da feira? Assim sim. Estamos a falar de 2,5 euros a comparar com 7 e 10 euros.

Conclusão: Na dúvida e se puderem, vão pelo mais caro. Que pôrra de conselho Compadres...

Nenhum comentário: