Entrando pelo mês de Agosto os sinais de férias multiplicam-se em Lisboa e penso que também nas outras cidades do país. Não será já como foi outrora, onde parecia que a cidade fechava um mês para obras, mas mesmo assim notam-se diferenças notáveis no dia-a-dia de quem passa, trabalha ou vive nos Burgos.
Mês de Agosto é também mês de férias ao contrário, de imigração turística. E Lisboa afina por esse diapasão cada vez mais. Tal como Barcelona e Paris ( para citar exemplos que conheço) cidades que por força dos muitos milhares de visitantes ficam descaracterizadas nestas alturas.
Como costumava dizer um amigo meu catalão:
-"Em Agosto todos os "pixapins" se vão embora! Só a igreja do Gaudi não foge porque é de pedra".
Nota: Pixapin , Camaco ou Ets de Can Fanga, são nomes dos barceloneses em calão local.
Só as pedras não fogem , porque não podem. E em Lisboa será o mesmo. Ou não?
Para quem ainda trabalha nesse mês existem vantagens interessantes, como a diminuição do fluxo de automóveis na estrada, a maior facilidade em estacionar, ou ainda a possibilidade de frequentar restaurantes com mais calma, sobretudo aqueles que estão fora dos guias turísticos internacionais.
Por exemplo, num destes dias pude ir almoçar com uma trupe engraçada ao Bel'Empada, no cruzamento da Avenida de Roma com a João XXI, deixando o carro quase ao lado da porta,
E como o Sr. Belmiro apenas tem capacidade para 10 ou 12 convivas, não imaginam a alegria que foi ter chegado às 13h e deparar com três mesas vazias!
Alegria para o grupo de manducantes, porque para o proprietário talvez não... Não existem mundos perfeitos, com sol na eira e chuva no nabal.
A ideia era trazermos vinhos para prova. E a desculpa era a canícula, o calor que fazia e a desertificação da cidade ambos convidavam a refrescar as gargantas.
Pensemos no bar colonial lá para o Cairo, onde T.E. Lawrence , regressado da última conversa na tenda de Faiçal, se encostaria para um Gin&Tonic.
Mesmo sem Peter O'Toole ao nosso lado beberam-se nessa ocasião , e começando pelos brancos, um Chardonnay alentejano da Figueirinha 2015, excelente; Dory de viosinho e alvarinho, um Douro muito interessante ; e um Espumante millesimé vinificado em Távora-Varosa, bom , mas sem deslumbrar.
E depois passámos aos tintos: de Susana Esteban o Aventura de 2014, alentejano das terras altas que mostrou vigor e frescura; Quinta da Leda 2004 (de cair para o lado!); um Priorat de 96 soberbo ainda, aristocrata seco e fino; E como surpresa um Cartuxa de 92. Velho, sim, mas não acabado, cheio de sabedoria e a convidar para ser bebido sozinho e lentamente.
Para aguentar tanto líquido apresentaram-se na mesa: Queijos de Castelo Branco, requeijões de Serpa, "terrine de viande" ali mesmo feita pelo Sr. Belmiro, pimentos de Padrón e dos outros, as inevitáveis empadas que dão nome à casa, com recheio de galinha e enchidos. Sopa de Beldroegas e um belo Pernil assado no forno.
Bem podia ser sempre assim. Refiro-me à facilidade de estacionamento e à ausência de filas para as mesas. Porque quanto ao resto, boa comida e a preços maneirinhos, já o Amigo Belmiro nos habituou seja em Agosto, Abril ou Dezembro.
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