quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Poema de Gilberto Teles recorda a Língua Portuguesa

O nosso Amigo Américo recorda, a propósito da "língua" um poema que talvez poucos leitores conheçam:

Lembro, a propósito, o poeta brasileiro Gilberto Mendonça Teles e o seu poema ‘Língua’ que aborda a origem e evolução da língua portuguesa, referindo-se ao seu dinamismo e expansão à medida que é levada para outros países:

Língua

Esta língua é como um elástico
que espicharam pelo mundo.
No início era tensa,
de tão clássica.

Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas.

Um elástico que já não se pode
mais trocar, de tão gasto;
nem se arrebenta mais, de tão forte.

Um elástico assim como é a vida
que nunca volta ao ponto de partida.

[Gilberto Mendonça Teles, poeta brasileiro]

Um comentário:

  1. Ainda do Brasil, agora um soneto de um clássico da sua rica literatura,

    A Camões

    Quando n'alma pesar de tua raça
    A névoa da apagada e vil tristeza,
    Busque ela sempre a glória que não passa,
    Em teu poema de heroísmo e de beleza.

    Gênio purificado na desgraça,
    Te resumiste em ti toda a grandeza:
    Poeta e soldado… Em ti brilhou sem jaça
    O amor da grande pátria portuguesa.

    E enquanto o fero canto ecoar na mente
    Da estirpe que em perigos sublimados
    Plantou a cruz em cada continente,

    Não morrerá, sem poetas nem soldados,
    A língua que cantaste rudemente
    As armas e os barões assinalados.

    [Manuel Bandeira (1886-1968), Antologia poética]

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