quinta-feira, junho 30, 2016

Portugal-Vietnam: 500 anos de contactos

Hoje recebo o Encarregado de Negócios da Embaixada do Vietname em França ( aqui ainda não têm representação). Fala bem português porque já foi embaixador em Angola. E estará presente na cerimónia de amanhã, quando colocarmos em circulação a emissão de selos que dedicámos - em ambos os países - a estes 500 anos de relacionamento.

Passaram 500 anos desde que Fernão Peres de Andrade, pressionado pela turbulência da monção, chegou a Da Nang, a região da Cochinchina que muitos anos mais tarde, em 1802, quando ocorreu a reunificação do território pela dinastia Nguyên recebeu o nome Viêt Nam (Povo do Sul) para designar o povo e o país.

Evidentemente que a Cochinchina dos Portugueses em 1516 não corresponde ao espaço do protetorado francês homónimo do século XIX. E, por outro lado, nunca os naturais da terra chamaram Cochinchina ao território onde viviam; apresentavam-se na corte chinesa, nos séculos XVI e XVII, como Dai-Viêt (Povo Ilustre).

O que interessa salientar neste historial longuíssimo de vivências comuns é que ao longo destas centenas de anos de contactos comerciais e culturais, nunca existiu a sombra de nenhuma guerra entre os dois povos, nem sequer nenhuma tentativa de colonização por parte dos portugueses. E é este um caso notável de exemplar relacionamento entre duas formas de ser e de estar tão afastadas no espaço e tão diferentes culturalmente como a vietnamita e a portuguesa.

Para comemorar esta efeméride decidiram os Operadores Postais Designados dos dois países lançar uma emissão filatélica conjunta. Trata-se de uma iniciativa que traduz, naturalmente, o ambiente de boas relações mútuas existente, mas que é em si mesmo um gesto que vem contribuir para reforçar os ancestrais laços de amizade que unem os dois povos.
Uma imagem expressiva desse espírito de abertura, diálogo e amizade que se deseja manter e incentivar no relacionamento entre os nossos países foi escolhida para ilustrar os selos que agora são postos a circular em Portugal e no Vietnam.


Trata-se de dois magníficos exemplos de porcelana da época deste primeiros contactos, uma executada no Vietnam e a outra em Portugal.

terça-feira, junho 28, 2016

Bienal do Azeite



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Sempre estive mais virado para o vinho.

Que querem, o azeite fazia parte dos dados adquiridos quando casei na província.  


A "casa agrícola" dos meus sogros também tinha vinho, e bom! Mas de facto o azeite não se discutia tanto como o vinho. 

Lá estavam as árvores, lá se colhia a azeitona em Dezembro, lá se fazia a lagarada.  Enchiam-se os potes, começava a usar-se do mais antigo, a malta arrecadava uns garrafões para trazer para Cascais e pronto.

O vinho era a estrela da companhia. Alvo de provas e reprovas (nalgumas "reprovavas" mesmo para baixo da mesa). Vinham os taberneiros e donos das lojas testar os depósitos, faziam-se as travessas de febras para ajudar à festa, abria-se um queijo velho para ensopar. E quando se faziam as contas era quase ela por ela... O preço a que o meu sogro vendia o litro quase não dava para cobrir as tais "festas" das provas e reprovas.

Este azeite feito em lagar conhecido e com a nossa azeitona passou de moda.

Costumávamos fazer a noite da lagarada à espera do trabalho da pressão, assando postas de bacalhau com batatas a murro numa fogueira acesa em frente ao lagar. Não só todos comiam e bebiam bem como também era desculpa para estarmos de olho na nossa azeitona, garantindo que o azeite que se levava era o que correspondia à azeitona de nossa casa.

Hoje não funciona assim. Entrega-se a produção  e o mestre do lagar faz a mistura atendendo à qualidade e "raça" do fruto.  Paga-se  em dinheiro  e já não  em quinhão de azeite.

Em Castelo Branco realiza-se de 1 a 3 de Julho a Bienal do Azeite, desta vez centrada no tema: “O Azeite e a Dieta Mediterrânea".  Este evento realiza-se  de dois em dois anos e é organizado pela Câmara de Castelo Branco, Casa do Azeite, APABI (Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior) e Confraria do Azeite.

Os CTT e a Filatelia vão lá estar, representados pela TerraProjectos, tal como aconteceu em Santarém, na Feira Nacional da Agricultura. 

É um pretexto para visitar a bela cidade e provar os queijos fenomenais que por lá se fazem. Idanha-a-Nova e Alcains integram os rebanhos da  Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa, que foi muitas vezes ofuscada pela aristocracia da serra. 

Mas que agora ganham estatuto e nobreza.  Entre eles o Castelo Branco Amarelo DOP. Mas sem esquecer os "queimosos" de sabor e cheiro tão característicos que sabemos de fonte segura que a mulher do nosso amigo que nos costuma trazer uns para o “Jockey” já lhe fez um ultimato: ou vem ela ou vêm queijos desses no carro. Ambos nunca!

Vamos até lá provar o azeite, comer o bacalhauzinho e trincar alguns destes queijos.


segunda-feira, junho 27, 2016

Fim de Semana branco

Branco, de Hospital. Foi onde passei grande parte da sexta, do sábado e do domingo.

Almoços fartos e demorados foram adiados para melhor ocasião, e as santas tiveram que se aguentar firmemente. Ia dizer " ao bife", mas a verdade é que nem isso houve para ninguém...

Uma delas ficou às voltas com a "dieta" hospitalar. Pouco faltou para atirar com o prato da vitela estufada ( sem sal) à cabeça da senhora empregada lá na CUF... E a outra irmã, tal como o senhorio,  foi contentada à custa de frangos do "galego" (sem ofensa, que o gajo é rico como o Jorge Mendes).

No Domingo à tardinha, quando veio para casa depois da operação, a mãe  quis logo café. E ao ver-me com a chávena na mão indagou de imediato:  Só café? Não há nada para comer?? Isto ainda é pior que o hospital!

E logo acrescentou: "Quero ir ao cabeleireiro. A operação deixou-me o cabelo todo em pé!"

Como se vê as coisas estão a entrar na normalidade.

O maior problema foram as duas anestesias com um intervalo pequeno, que lhe deixaram a pobre cabeça um bocado azoada... Mas vamos lidando com o assunto de forma filosófica.

Até dá um certo jeito esta sensação de confusão mental...Pode ser que ela não se lembre de me pedir de volta os cartanitos...das contas bancárias...

Mas não conto muito com isso.

quinta-feira, junho 23, 2016

Para Descansar a Vista ...à quinta feira



Amanhã tenho de acompanhar a minha santa a mais uma peregrinação pelos hospitais da CUF, pelo que adianto aqui hoje o poema das sextas feiras que, aliás, está há 15 dias à espera de ver a luz do dia.

Nesta época do ano em que a maioria do povo não despega os olhos do Europeu de Futebol (e que grandes "empatas" nos estamos a sair!) fica bem temperar a emoção com poesia adequada ao tema.

Do grande Carlos Drummond de Andrade aqui vai um poema sobre o futebol:

Futebol

Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas de pau.
Mesma a volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.

São voos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entrançados.
Instantes lúdicos: flutua
o jogador, gravado no ar
— afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.

Carlos Drummond de Andrade in "Poesia Errante"

quarta-feira, junho 22, 2016

Limão e Laranja



Aproveitei um convite de dois bons amigos para ir conhecer uma nova locanda para dar trabalho aos dentes.

Em Lisboa. na avenida que liga Telheiras a Carnide ( Av. das Nações Unidas) aparece escondido debaixo de um prédio de escritórios e de habitação um simpático restaurante para gente simples à procura de novidades nesta cidade já um bocadinha cheia ( e perdoe-se-me a leviandade) de "alentejanadas" e de peixe crú com sotaque asiático.

Chama-se "DonLimão DonaLaranja" assim tal e qual escrevi. E fica no número 25B da dita avenida.

A sala  é bem pequena  pelo que a reserva é muito aconselhável  - 964 375 568. Nela pontifica mestre Luis e a esposa, ajudados por uma simpática empregada de sotaque açucarado.

A ideia é porem-se nas mãos do proprietário e comerem o que ele lhes disser. Ontem havia chocos assados no forno, pato idem. E mais  as Línguas de bacalhau cozidas com todos e a bela Sardinha assada no carvão. Aliás, é casa de bons grelhados no dito carvão.

Onde fica a grelha parece ser mistério, mas uma coisa é certa: não se dá pelo cheiro dentro da sala, o que é um alívio.

Os vinhos são poucos mas bem escolhidos e (segundo parece, porque não fui senhor de pegar na carteira) a bons preços.

Comeu-se nesta primeira visita as entradas de queijo fresco com massa de pimentão açoriana ao lado, chamuças com recheio da casa (acabadas de fritar) e salada de bacalhau crú.

Depois vieram os chocos assados e o pato. Melhores talvez os chocos do que o pato, ou seria o apetite já satisfeito que influenciou o paladar?

Para sobremesa um queijo de Serpa superlativo, que veio para a mesa quase inteiro e dela saiu meio "aviado"...

Vinhos bebidos: Odisseia  branco e tinto do Douro 2011; Conde da Ervideira branco reserva (um pouco de mel a mais num vinho excelente) e Lupucino Douro, também ele de 2011. Levaram a taça os dois Odisseia.

Pelo preço dos pratos - entre 9 euros e 12 euros - admito que o máximo que se poderá ali pagar, bebendo vinho, café e sobremesa, será em redor de 20 a 25 euros por cabeça. Mas como não me deixaram pagar ...

Ontem não terá sido assim uma conta tão "contida", porque abusámos dos vinhos (eram conhecedores à mesa)  e terminámos com o tal queijo de Serpa que era um "monumento" .

Este restaurante vale pela originalidade, pela simpatia do proprietário e esposa, mas sobretudo pela nota de cozinha "caseira" que dali se desprende.  Recomendado!!

segunda-feira, junho 20, 2016

Azambuja: 100 anos do 1º voo militar



Vamos montar uma pequena exposição no Museu Municipal da Azambuja - aliás um espaço notável para compreender a vida do Ribatejo - subordinada ao tema da Aviação Militar.

Temos várias emissões de selos adequadas ao assunto, mas também possuímos artefactos que foram utilizados no serviço de "correio aéreo" e que poderiam ser mostrados ao público, De entre eles destaco uma caixa de estilo "Art Nouveau" que segundo uma lenda dos correios teria sido desenhada por mestre Almada Negreiros.

De notar que os primeiros selos portugueses de correio aéreo datam de 1936, com desenho de Almada Negreiros, representando um hélice.

Uma confusão que pode ser feita pelos menos entendidos na matéria tem a ver com a emissão por parte dos CTT de várias  séries de selos comemorando o Centenário da Aviação em datas diferentes. De facto  as datas são diferentes, mas os acontecimentos também o são:

- Execução do 1º voo tripulado em Portugal - 27 Abril de 1910
- Criação da Aviação Militar em 1914 (Lei 162 de 14 de Maio)
- Execução do 1º voo militar - 17 Julho 1916, pelo Tenente Santos Leite, em Vila Nova da Rainha

A 17 de Outubro de 1909, houve também um curto voo junto à  Torre de Belém, em Lisboa, protagonizado pelo francês Armand Zipfel que  pilotou um avião Voisin Antoniette.   Por esse motivo alguns datam de 1909 o início da aviação no nosso país.

Com tantas datas diferentes pode haver alguma confusão. Razão tem a Força Aérea: está a comemorar os 100 anos começando em  2014 e acabando em 2016.

quarta-feira, junho 15, 2016

A realidade espanta mas não deve ser ignorada...



Eram 7,10 desta manhã quando caiu uma valente carga de água sobre Lisboa.

O quiosque dos jornais estava meio alagado e os proprietários (marido e mulher) amaldiçoavam S. Pedro por entre os dentes, ao mesmo tempo que se queixavam da prestação da selecção no jogo de ontem. A culpa (segundo o entendimento do casal) era da fraca forma do CR7  e dos dois centrais.

E porque é que não puseram o miúdo a jogar mais cedo??  Fernando Santos também não ficou muito bem neste retrato tirado a esta hora matinal por dois peritos no assunto.

Peritos? Pelo menos as fontes estavam sempre ali perto...Os jornais desportivos são sempre os primeiros a chegar ao quiosque. Mais do que posso dizer sobre os pretensos "peritos" comentadores que atravancam as TV's.

Mas adiante que não estamos em Amarante.

Já o vosso blogger esperava junto da porta da Versalhes que lhe franqueassem a entrada para o café da manhã quando entrou um dos meus companheiros de aventuras matinais. Vinha de cabeça descoberta e pingava.

Perguntei:
-" Mas não tinha guarda-chuva no carro?"
- Tinha, mas recuso-me a pactuar com estas reviravoltas nas estações do ano! Estamos a 15 de Junho! Devia fazer sol e calor a adivinhar o Verão. Se chove eu não me acobardo! Mostro desta maneira a minha revolta!"

Tá bem. Há casos destes, alguns dos quais estarão internados. Mas outros, como se prova, nem por isso.

Imagino se  tivessem a mesma filosofia  os revoltados alfacinhas com as obras que querem fazer a toda a pressa na nossa cidade? Entrariam alegremente com o carro pelo "canteiro" plantado pela autarquia no centro da Av. da República ( ou da 2ª circular)?

No fim de contas para eles era como se lá existisse pavimento, como sempre existiu...

Cito Lou de Olivier  (psicopedagoga, psicoterapeuta, especialista em Medicina Comportamental):

"A fuga da realidade mostra como nos esquivamos  de enfrentar as frustrações, um comportamento cada vez mais frequente, que faz o sucesso das telenovelas e dos consultórios.
E a vida real? Esta pode esperar ou até acontecer em paralelo, desde que não atrapalhe a novela"

terça-feira, junho 14, 2016

Só dá "bola"...


Resultado de imagem para Selecção, portuguesa

As minhas santas estão desoladas. A TV "só dá bola"!

Mesmo o canal preferido (CMTV), onde todos os dias viam com sofreguidão o rol das mortes e assassinatos (concluídos, pensados ou imaginados), se dedica nesta altura do mês a dar directos de França e do campeonato da Europa de futebol.

A versão pós-moderna da "Escrava Isaura" é interrompida a torto e a direito para dar entrevistas com emigrantes em França. Sacrilégio! Nódoa na honra de qualquer estação televisiva.

Já falam ambas em queixar-se por escrito. Por mim tudo bem. Trabalho nos correios e qualquer carta selada com selo mesmo é bem vinda. Até estou a ver se as convenço a enviarem uma carta cada uma...

Indignações da terceira idade à parte, estou mesmo assim convencido que esta sofreguidão em seguir a tendência e perseguir as audiências com uma indigestão de bola a toda a hora, ignora estratos respeitáveis da sociedade.

Eu gosto de futebol e até já reservei lugar para logo à noite, em frente à TV, para ver o jogo inaugural da nossa selecção. Mas entendo que esta doidice seja mal vista por quem passa o dia em casa sem mais  nada que fazer, aqueles ou aquelas para quem a TV é de facto a única janela para o mundo.

Dou um exemplo: quando se começaram a saber detalhes sobre o pavoroso assassinato colectivo em Orlando, todas as TV's nacionais abriram os noticiários com o futebol e com o que se estava a passar no estágio, as dores de barriga do Quaresma, os jogos de ping-pong do Vieirinha com o Moutinho...

É demais e é exagero. Acho eu, que, como disse, gosto de futebol e apoio os "Patrícios II".

Mas sem dúvida que houve quem "fizesse as contas" lá nos canais de Televisão. É o vil metal. O lucrozinho a chamar.

Recordo-me de uma célebre crónica de meu mestre Vasco Pulido Valente, no "Público" , por alturas do "Euro 2004" em Portugal. E dela respigo algumas frases que cito de memória:

"Cercado por todos os lados (ele morava na altura perto do Estádio da Luz) encontro apenas na abertura do centro comercial algum refrigério. Pelo menos na FNAC ainda não põem todas as Televisões sintonizadas no omnipresente futebol. Só algumas... Vou e venho provido de mantimentos líquidos e sólidos, para aguentar em minha casa que passe este destempero. E trago livros. Mesmo assim não encontrei  tampões para os ouvidos que cumprissem bem a sua função."

Existirão muitos portugueses que o compreenderão bem. E goste-se ou não de ver a "Escrava Isaura" sem interrupções, manda o bom senso que se reconheça que tudo o que é de mais enjoa.

Mas lá está, hoje é dia de ir pastar a vaca. Prá Frente Tugas!

quinta-feira, junho 09, 2016

Beja e Serpa no menu deste fds prolongado



Hoje à tarde há cerimónia no velhinho Largo do Correio em Beja, para a apresentação do Postal Inteiro Comemorativo dos Jogos Nacionais do CDCR dos CTT, que é o nosso Grupo Cultural Desportivo e Recreativo.

Logo a seguir, no feriado do 10 de Junho, teremos em Serpa - na Casa do Cante - e também pela tardinha, a evocação do Cante Alentejano Património Imaterial da Humanidade Unesco. Fizemos uma série de selos que hoje será apresentada em Serpa com um carimbo especial da mesma localidade.

"Molhó Bico" e "Lebrinha" estão na calha para experiências científicas que metem copos e pratos...Vamos a ver se ainda estão ao nível da fama que tinham.

Depois conto como foi.

quarta-feira, junho 08, 2016

O Gil Vicente, os 10 porcos (com V. licença) e o Canário



Não sei se viram ontem na SIC a grande entrevista ao Sr. Fiúza, Presidente do Gil Vicente de Barcelos , depois de sair da sede da Liga e comentando a razão que - 10 anos depois - o Tribunal Administrativo lhe deu naquela questão da inscrição supostamente mal feita do jogador Mateus.

Uma decisão que valeu a despromoção ao Gil e obviamente muitos prejuízos morais e materiais.

Ontem a FPF recomendou à Liga a integração "imediata" do Gil no 1º escalão do futebol nacional, nem que para isso seja necessário aumentar o número de clubes na competição.

Pois o Sr. Presidente Fiúza, compreensivelmente comovido e emocionado, não se conteve. Chamou os "bois" pelos nomes, atacou a Mafia existente há 10 anos na cúpula do futebol nacional e, em laia de catarse, anunciou a grande festa que está a preparar para a sua cidade:

"Serão 10 porcos assados no espeto! Vai lá estar o Quim Barreiros e o Canário (suponho que se referia ao Sr. Augusto Canário, cantor popular)!  Vai haver vinho verde! E Cerveja à descrição! E algum Champanhe ( aqui notámos alguma contenção). E estão todos convidados!"

Dou os parabéns ao Sr. Presidente, ao Clube e à magnífica cidade. Onde, mesmo sem porcos nem canários,  é mister irmos algumas vezes para comer no restaurante do Hotel Bagoeira, ou no magnífico Pedra Furada .

Viva Barcelos! Onde nunca comi galo... Lembrei-me agora.

terça-feira, junho 07, 2016

A simpatia à mesa



Fiquei um bocado aborrecido porque a reunião na Câmara Municipal de Évora  que se realizou ontem tinha sido marcada para as 14.00h (mais ou menos).

Ainda por cima numa segunda feira... depois de saber que o "Fialho" encerra às segundas feiras e a outra "ourivesaria" da cidade, a "Tasca do Oliveira",  embora aberta nesse dia só  dá almoços a partir das  12,30 h. Ou depois...

O que me levou a procurar comida num local perto da edilidade, sem grandes pretensões e sobretudo sem procurar mesa farta e de respeito.

Mesmo assim,  quando me sento para comer há "pormaiores" a que me vejo obrigado. Nem que seja pelo respeito que a mim próprio devo.

Entre eles: o bom acolhimento, os guardanapos de pano, a paparoca bem feita e a simpatia da chamada  "envolvente", onde incluo o preço justo e a vontade de voltar..

Pois onde parei ontem a paparoca não era mal feita. Quanto ao resto? Ai Jesus! E não me refiro ao do Sporting.

Devo dizer para quem me ache snob, que até  posso perdoar os guardanapos de papel,  se for em recinto atascado, mas onde o resto funciona e a tal simpatia existe.

Agora, entrar num restaurante às 12,15h e ser olhado como se fosse um bicho do mato pela tal "envolvente"? Com a desculpa de que "ainda era cedo"? Mas na porta estava escrito que abrem ao meio dia... e não estamos em Espanha!

Fruto desse pecado original tudo o resto (excepto a comida, que não era mal feita, e o grande branco da Vidigueira de Antão Vaz) correu malzinho. Eu era "aquele que tinha vindo cedo demais"...

E ainda por cima sozinho!

Não havia sorrisos para tal meliante. Não havia conversa. Havia um olhar ávido para ver se comia depressa e largava a mesa, porque à espreita já estavam alguns clientes habituais, dos que vinham a horas decentes.

Onde foi que isto se passou? Já não me lembro. Há sítios assim. Parece que passam por nós a 100 à hora e rapidamente caem no esquecimento total e absoluto.

Total e Absoluto também não posso dizer... Algum resquício do local terá que ficar na memória, para que me lembre de nunca mais lá voltar, nem sequer passar à porta. Livra!

Pôrra Compadres!!

segunda-feira, junho 06, 2016

Em Évora



Temos uma celebração marcada para o dia da Cidade de Évora, 29 de Junho .

Trata-se de comemorar os 30 anos da elevação da cidade a Património Mundial pela UNESCO. Hoje estarei com a autarquia a tratar deste assunto.

A ideia será reeditar como um Postal Inteiro  a imagem célebre do bloco filatélico de Maluda "Janela da Casa de Garcia de Resende", que foi considerado como o melhor selo do mundo e que foi emitido exactamente para celebrar a decisão da UNESCO, em 1988.



sexta-feira, junho 03, 2016

Para descansar a Vista...Olhando para o subcontinente indiano

Ainda no rescaldo da famosa assinatura do memorando de entendimento que nos vai permitir finalmente ( depois de quase 20 anos) celebrar em selos postais  as relações centenárias entre os povos de Portugal e da Índia, nada como dar ao manifesto um poema com reminiscências do grande subcontinente indiano.

Com "chapelada" à Universidade de Coimbra (de cujo site o retirei) aqui anexo "6 poemas de Goa", de Liberto Cruz (1935-).


SEIS POEMAS DE GOA

1. Atravesso
    Devagar
    A ponte
    Dos Portugueses.
    Tem cinco séculos.

Uma saudade de pedra.


2. Terra vermelha.
    Verde o arroz.
    De chumbo
    Um céu dourado.
    Sortilégios
    Multicolores.


3. Dia da cobra:
    Ninguém trabalha.
    Respeita,
    Diz-me o jardineiro,
    E serás
    Respeitado.


4. Bairro das Fontaínhas:
    Sinto-me em casa.
    A paisagem
    Respira-se
    Como quem
    Saúda um vizinho.


5. Bovinamente altivos
    Os búfalos
    Pisam os campos
    Do arroz.
    Seu território
    Percorrem.


6. Festa do Ganesh.
    Cumprida a missão
    Deslizam
    Depois
    De tromba diversa
    Pelas águas do Mandovi.

Pangim, Julho/Setembro de 1996
Liberto Cruz
Nota:  Para além da sua obra como ensaísta, crítico literário, tradutor, coordenador de publicações de obras literárias, Liberto Cruz publicou seis livros de poemas – Momento, Névoa ou Sintaxe,Itinerário, Distância, Caderno de Encargos e Sequências; dois poemas longos em forma de pequeno livro – A Tua Palavra e Ciclo–; uma Gramática Histórica, próxima da poesia experimental, um diário de guerra em brevíssimos versos- Jornal de Campanha. A sua poesia figura em inúmeras antologias.

quarta-feira, junho 01, 2016

Em conversas com a Índia



Depois de Vasco da Gama ter chegado a Calecut as relações institucionais entre os tugas e os indianos têm sido assim-assim, para não dizer com altos e baixos...

Por lá andaram uns fulanos pouco recomendáveis (do ponto de vista local) - como o D. João de Castro e o Afonso de Albuquerque - por lá fomos recebidos e roubados , roubámos e recebemos, conquistámos e fomos conquistados, naufragámos e navegámos, e acabámos por fazer de  Goa placa giratória para Malaca e para a China e Japão.

Nos tempos mais modernos houve a "invasão" de Goa pelos indianos em 1961, a quebra de relações diplomáticas subsequente e o reatar das mesmas depois de 1974.

Tentei em 1998 fazer uma emissão de selos conjunta com a Índia sobre a chegada do Gama. Chamei-lhe "encontro de culturas",  para não dar a ideia de nos estarmos a armar em neo-colonialistas ( não confundir com neo-liberais). Mas debalde. Nem de balde, nem de pá e enxada, quiseram fazer a emissão de selos conjunta naquela altura...

Passados quase 20 anos foram os amigos indianos que se aproximaram de nós a pedir para fazermos os selos com o mesmo tema e para saírem no mesmo dia. 500 Anos de Relacionamento e encontro de culturas.

Quem imaginaria uma coisa destas?

Claro que dissemos que sim e estamos a trabalhar para resolver este assunto. O tema dos selos serão duas danças folclóricas de Portugal e da Índia com semelhanças: a dos Pauliteiros de Miranda e a Dandya Dance (Gujarat).

Ontem cá recebemos duas colegas da India Post e assinámos o acordo protocolar.

Saída destes selos está prevista para 26 de Setembro.