quarta-feira, julho 31, 2013

As Palavras das Tribos que nos assolam


Pertinácia é Excesso de obstinação ou persistência; teimosia; Contumácia é a recusa de um acusado em comparecer a juízo quando obrigado. Perspicácia é  a capacidade de perceber claramente complexidades e subtilezas, Falácia é um raciocínio errado com aparência de ser verdadeiro e Verbigrácia é “por exemplo” na horrorosa aliteração á la mode de Copacabana do latim verbi gratia (v.g.)
 
Nos tempos que correm é possível (mas não desejável) construir uma frase com estes palavrões:
 
O pertinaz réu , culpado de abjeta contumácia, utilizou a falácia na defesa que fez da sua posição. Mas a perspicácia do Juiz de Direito cedo o encostou às cordas, verbigrácia na altura em que exibiu o falso atestado de óbito com que o suspeito andava há já alguns anos a enganar a Segurança Social.
 
Uma “gíria” ou melhor,  “linguagem especial” por demais conhecida é a do futebol, que alguns alcunham de “futebolês”. São termos como: garrinchear (driblar) , pelada (mau futebol), folha-seca (pontapé com efeito que muda a direção da bola), arquibaldos , geraldinos, zona do agrião (grande área), domingada, ripa na chulipa (remate à baliza), pimba na gorduchinha (remate), telegrafar a jogada.
 
O grande Osmar Santos, "O Pai da Matéria", o maior cronista de futebol relatado do mundo estabeleceu a primazia nesta linguagem típica e reconhecida por todos os torcedores.
 
Vejamos agora a “fala” do atual Governo, traduzida para o calão futebolês, na véspera das eleições autárquicas.
 
Diz o nosso Primeiro Ministro: Os meus jogadores estão muito motivados e a derrota sofrida na última jornada em nada afectou o rendimento. A vitória está ao nosso alcance.
 
E depois das ditas eleições:
 
Logo a seguir ao jogo aí estão de novo os intérpretes com novas e retumbantes declarações, desta vez o Capitão da equipa (digo, o Vice Primeiro Ministro) : Temos que reconhecer que a equipa adversária não se superiorizou mas o árbitro deu-lhe uma ajuda ao não marcar uma grande penalidade a nosso favor. Ganhámos moralmente e em jogo jogado fomos superiores. Só quem não viu o jogo pode pensar de outra maneira!
 
E a palavra da oposição vencedora:
 
Vem depois o treinador vencedor, estimo que seja António José Seguro (mas não juro nem aposto) : Ninguém pode ter dúvidas que mostrámos uma grande coesão; o árbitro teve alguns deslizes mas que não afetaram o resultado, como foi público e notório.A haver um vencedor tinha de ser este PS!
O árbitro, todos sabemos já quem é...
O que nem todos sabem é alguns dos nomes mais criativos que se chamam ao Árbitro na vida real:
 
"A sua mãe tá na zona!" ; "filho, mamãe é p*** e isso não impede de te amar."; Tens mais cornos que um prato de caracóis, meu grande FDP!" ; Marra bezerro, marra no vermelho ganda cab***!"
 
E o mais completo insulto já ouvido mas acho que nunca publicado na imprensa regional desportiva, segundo parece gritado por um benfiquista, não fosse a inexplicável referência final aos "pneus":
 
"filho da p*** de um ganda c*****, boi preto capado! De quanto é o cheque careca? palhaço vai para a c*** da tua mãe corrupto de m****  preto de m****  parte-lhe a perna c***** ladrao pinto da costa vai para o c******* pinto da costa faz-me um b*** porto é m****  lagartos nojentos tripeiros nojentos treinador de m****  este vale tudo é um ladrao kadhafi dos pneus boi nojento cornudo!!"
 
Até mete respeito caraças! 

E depois de tanta linguagem vernácula, português do mais puro antes do Acordo Ortográfico,  acabamos com um comentário erudito, mais de acordo com o espírito deste Blog:
 
Nota sobre a diferença entre  a Gíria e a Linguagem especial, da autoria do Professor Mattoso: Em sentido estrito, uma linguagem fundamentada num "vocabulário parasita que empregam os membros de um grupo ou categoria social com a preocupação de se distinguirem da massa dos sujeitos falantes" (Marrouzeau, 1943: 36), o que corresponde ao que também se chama JARGÃO. Os vocábulos da gíria ou jargão coexistem ao lado dos vocábulos comuns da língua: "a gíria só se torna tal porque se projeta num fundo de tela que não é gíria" (Krapp, 1927: 64); ela abrange o vocabulário propriamente dito e a fraseologia. A origem pode estar em: - a) derivações anômalas (ex.: bestialógico, da gíria dos estudantes), b) deformação de vocábulos usuais (ex.: brilharetur, idem), c) metáforas ou metonímias (ex.: burro, idem, para um texto grego ou latino com tradução literal), d) especialmente digna de nota a gíria dos malfeitores, designada como calão. Há gírias em classes e profissões não só populares, mas também cultas, sem qualquer intenção de chiste e petulância, que comumente caracteriza as primeiras; mas em todas há uma atitude estilística. Quando se trata de mero vocabulário técnico, sem essa atitude, tem-se a LÍNGUA ESPECIAL, como a dos médicos baseada em helenismos técnicos. Em sentido lato, a gíria é o conjunto de termos que, provenientes das diversas gírias em sentido estrito, se generalizam e assinalam o estilo na linguagem coloquial popular, correspondendo aí ao papel da língua literária na linguagem poética. Amplia-se com o uso de termos obscenos ou pelo menos grosseiros para a expressão de uma violenta linguagem afetiva.

 

De novo o "bug" do Blogger...

Mãozinha de reaça anda outra vez por aí a impedir o acesso à Imprensa Livre!! De novo quase dois dias de censura!

E ainda dizem que estas questões do Assange, do Wikileaks e do gajo que está preso no aeroporto russo não interessam nada...

Abaixo o controlo imperial dos meios de comunicação!

segunda-feira, julho 29, 2013

Caretas

Faz o Verão "caretas", faz a política "caretas", faz o nosso amigo Alberto João de "careto" (cabeçudo ou gigantone) naquele Carnaval fora de época do Chão da Lagoa. 

Que deveria antes ser conhecido como "Chão da Barrica",  tais as monumentais "constipações" que por ali se apanham por causa da poncha das graciosas barraquinhas...

Mas aqui no "Côtnente" não se anda melhor...Uns desgraçados lá para Sesimbra desataram a imitar em pleno Verão o desfile dos carros alegóricos do carnaval do mesmo local, porventura para impedir que se acumulasse a traça,  e dar ar e sol aos ditos cujos..

Só mesmo aqui nesta portugalidade...

Entretanto abriu oficialmente a época da caça aos Votos por tudo quanto é terra, terrinha , romaria e canteiro do retângulo pátrio.

Ao ver e ouvir o nosso PM a dirigir-se aos feirantes e populares (a lembrar o "compagnon de route" governamental) com a pele de PSD-Mor vestida,  até dá vontade de pedir ao Alberto João que lhe mande um "palhinhas"  lá da Camacha!

Ainda a Privatização

Um comentário de um nosso leitor:

Recomendo vivamente a leitura do artigo de Daniel Oliveira sobre o assunto, disponível no site do Expresso em:
http://expresso.sapo.pt/privatizacao-dos-ctt-um-crime-sem-perdao=f822805


Comentário ao Comentário: Muito Bom artigo, com palavras que deveriam levar-nos a pensar... Não é apenas por ser filho de meu mestre Herberto Hélder, mas sempre achei graça à forma aparentemente iconoclástica como Daniel Oliveira tratava estes temas muito sérios.

sexta-feira, julho 26, 2013

A Privatização dos CTT

No 1º Conselho de Ministros do Governo remodelado foi aprovado o Decreto-Lei que consagra a Privatização dos CTT. Assim que seja publicado no Diário da República está o assunto encerrado. Pelo menos no que diz respeito a esta legislatura.

Esta Casa teve  atividade organizada em Portugal desde 1520, sendo Luis Homem o 1º Correio-Mor. Era "do Estado" aqui representado pelo Senhor Rei D. Manuel I. E assim se manteve até 1584 (ou por aí, cito de memória). Nessa altura o Rei Filipe encontrou Portugal falido (outra vez...) e vai de vender o cargo de Correio-Mor. Foi a 1ª Privatização. O comprador era Luis Gomes da Mata, descendente de riquíssimos banqueiros espanhóis judeus, depois cristãos novos  muito ligados a Fernando e Isabel, Reis Católicos.

Ficou a atividade postal nas mãos destes privados ( que trabalharam bem) até ao reinado da Senhora Rainha D. Maria I ( cognominada "a louca"). Nessa altura o ofício de Correio-Mor foi outra vez comprado pela coroa, e dentro do "cabaz" de privilégios concedidos à família Gomes da Mata (então já Sousa Coutinho) estava o título de Conde de Penafiel.

Em consequência da  remodelação que foi imediatamente feita dos serviços da Posta foi nomeado o 1º Superintendente Geral de Correios, Telégrafos e Estradas (o "Duarte Pacheco" desses tempos) José Diogo Mascarenhas Neto,  um licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra.

Os Gomes da Mata Sousa Coutinho, ainda mais ricos,  construiram o palácio Penafiel, em Lisboa, eles que já eram proprietários do Palácio do Correio-Mor, em Loures, comprado às freiras de Odivelas por volta de 1450.

Daí existirem no País os dois Palácios do Correio-Mor, o velho (de Loures) e o novo (na Rua de S. Mamede).

Este último acabou por ser comprado pelo Estado em 1919 (depois do terramoto tinha ficado em ruínas) e cedido - vejam lá as coincidências - ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações ,  entidade tutelar dos Correios em Portugal.

Como se observa o mundo é mesmo redondo...

 Qual a moral desta história?  A  história ensina-nos que existem alcatruzes nas noras e que estes não param de girar. O que é vermelho passa a verde, e o que é verde passará depois a vermelho. A história também nos ensina que não é a "propriedade" do ofício que o faz ser bem ou mal gerido, mas  sim a qualidade das pessoas escolhidas para o gerirem.

Tudo bem e siga a Marinha!

 Mas então porque é que a notícia de ontem à tarde me deixou um mal estar e um amargo de boca que ainda hoje se manifesta?

Mistérios da vida... Ao fim de 33 anos de serviço pensamos que "isto" é já um bocado nosso...E, como diziam os velhos lá na quinta:
"Quem vende o que tem fica com ele vendido, quem guarda acha"

quinta-feira, julho 25, 2013

Restauro da Fachada

O velhinho (nasceu em Outubro de 1974)  Solar dos Presuntos encontra-se em restauro de fachada. Trata-se de  pintura ou limpeza da "cara" com que se apresenta aos transeuntes daquela rua tradicional de Lisboa e que tão cara é aos antigos "postalistas".


De facto, logo em cima, à esquerda de quem mira o Elevador do Lavra, o mais antigo de Lisboa, temos a dupla moradia antiga dos Correios-Mores deste reino: O Palácio Sousa Leal, rico de recheio e de interiores, mas sobretudo rico de "estórias" da atividade postal nos últimos 100 anos...

Mas o que aqui interessa hoje é a referência ao Sr. Evaristo e família, há 40 anos a dar de comer aos passantes de bom gosto e de bolsos razoáveis. Não é uma casa cara, mas também não se trata de nenhuma chafarica onde se vai trocar os maravedis.

O que mais me impressiona - hoje e sempre - neste Solar é o milagre com que conseguem ser uma morada popular e aberta a todos os tipos de gentes de qualquer parte do mundo que nos visita, sem nunca deixarem de cultivar a tradicional e rica cozinha típica portuguesa que os tornou famosos junto dos mais exigentes gastrónomos nacionais.

É um local onde tanto se satisfaz meu mestre Quitério  (o que não é fácil) como ainda consegue fazer experimentar o  prazer da mesa a um qualquer "checospolaco" que nem sabe o que será  o bacalhau nativo, ou o cabrito no forno.

Não admira que no Congresso  Internacional sobre Ciência Política (que reuniu 45 peritos de todo o mundo) há já 3 anos em Lisboa, o jantar no Solar tenha sido votado como "O melhor de todos os Congressos, em qualquer País onde se realizaram".

E a mim , que com o meu "senhorio" escolhi a ementa e organizei a coisa manducante, nem me cabia uma ervilha onde vocês já adivinharam, tão cheio de orgulho que estava!
Parabéns Amigos Evaristo e Pedro! Parabéns à Brigada toda e inteira! E que a limpeza da fachada seja prenúncio para mais 40 anos de vida (pelo menos).

quarta-feira, julho 24, 2013

Vem aí o Machete!



Agora é que estamos lixados...

Depois de dar cobertura simbólica ao roubo no (e do)  BPN, depois de se ter "governado" (atenção que são dois Embaixadores dos USA aqui em Lisboa que o afirmaram, eu apenas repito) na Fundação Luso-Americana, Machete reencarna neste Governo Paulo Portas \Passos Coelho...

Já sabíamos que o mundo estava perigoso, mas assim não será demais?

terça-feira, julho 23, 2013

Que comer neste Verão?

Escrevo "neste Verão" e não apenas "no Verão" devido às considerações financeiras que devem ponderar qualquer escriba nesta época de vacas esqueléticas.

O Verão é naturalmente época de "fastio".  De alguma repugnância pelo alimento, de falta de apetite. E algumas almas esperam ansiosamente por estes sintomas para aliviarem a canga em kg causada pelos meses de feijoadas, cozidos à portuguesa e "outros" bacalhaus assados com batatas a murro. Outras, onde me incluo, passam pressurosamente por estes meses de canícula sem que o tal fastio se manifeste muito particularmente...

É a vida , ou melhor dito, é a sina de cada um. Mesmo assim o vosso Blogger sofre a influência da estação:

Noto que bebo mais brancos e rosados do que tintos, com a exceção do verde tinto, está claro. Noto também que - fora de casa, em restaurantes ou  "al fresco" - aprecio mais as sardinhadas ou as grelhadas mistas.

Noto enfim que evito os "pratos de tacho" , os guisados apurados e até deixo ao largo os assados grandes, o cabrito, borrego, perna de porco ou lombo. Isto é que me custa mais, pois como todos os solitários trabalhadores da cozinha sabem, o assado é o prato que mais poupa o queima cebolas amador. Poupa no sentido em que com o assado há muito menos material para lavar e limpar depois das festividades.  Mas nestes dias quem aguenta em casa o calor do forno a trabalhar 3 ou 4 horas?

Nestas circunstância o que tenho feito lá em casa aos fins de semana?

Salada de atum à minha moda , onde o atum propriamente dito é da barriga - ventrescas - e a batata nova, o feijão verde , o tomate e a alface são envolvidos numa mistura de mayonnaise e de mostarda com grão que bato antecipadamente numa tigela larga e funda (um frasco de cada, já que o frasco da  mostarda tem normalmente metade da capacidade do frasco da mayonnaise). E junto ainda grão de bico. Deixem esfriar primeiro os legumes e ponham no frio. Depois de uma hora no frigorífico está pronta.

Plumas (Ou Secretos) de porco alentejano no tacho. Preparo num tacho as batatas novas descascadas e as plumas, depois de deixar apurar uns minutos (mas sem refogar) um fundo de boa cebola, alho, massa de pimentão, piri-piri e sal. A base é apenas azeite virgem. Fica pronto em 35-45 minutos, sempre em lume brando para não pegar.

Arroz de Peixe. Cozo uma cabeça de garoupa e depois de coar a água, retenho-a. Limpo muito bem a cabeça de espinhas. Faço uma ligeira puxadinha de azeite, cebola e alho. Uma malagueta desfiada entra também. De seguida a polpa e o sumo de 2 tomates bem maduros. Uma mão de sal. Junto um pacote de miolo de camarão, outro de miolo de mexilhão (ou de berbigão)  e todas as lascas da cabeça da garoupa. Apura bem. Depois deita-se o arroz estufado - chávena e meia para 4 pessoas - e deixamos fritar um bocadinho. Metemos a água da cozedura da cabeça ( e a que mais for necessária para perfazer um pouco mais do dobro do arroz). Em estando o arroz  cozido tira-se de imediato para a mesa. Decoramos com coentros frescos grosseiramente picados.

Segredo: se ao provarem o molho este lhes parecer ácido do tomate, metam uma colher de chá de açucar amarelo.

Nota final sobre as bebidas: Agora que o calor nos dá boa desculpa, abusem dos nossos Espumantes Brutos, ousando acompanhar a refeição do princípio ao fim com eles.

segunda-feira, julho 22, 2013

Vira o disco e toca o mesmo....

Como se esperava a decisão do Sr. PR foi no sentido da evolução na continuidade. Face ao terror das Eleições Antecipadas a alternativa possível era dar posse ao Governo de Passos Coelho nesta sua nova encarnação, com Paulo Portas a Vice teórico e a PM na prática.

Esperemos para ver até onde esta coligação irá. Uma coisa é certa, a confirmar-se a preponderância do CDS\PP no Governo, sobretudo no que diz respeito à economia e às finanças (o mais importante) ainda não se sabe como o núcleo duro dos honrados velhos PPD's de Sá Carneiro vão reagir à afronta...

O Povo continuará como até aqui, sofrendo na pele todas as consequências da Austeridade. Que foi agora alvo de beneplácito "régio".

Uma última pergunta é de rigor: Independentemente das pressões exteriores, será que o casamento Portas\Passos, remendado em Belém, tem condições internas para chegar ao fim da legislatura?

Vão as comadres entenderem-se? Será o apego ao Poder ( tão importante para todas as máquinas partidárias, que sem ele definham naturalmente) superior à aversão natural que os "esposos" sentem um pelo outro, depois de tudo o que passou?

Logo se vê. E entretanto cá iremos sobrevivendo, olhando de soslaio os ainda maiores apertos que se perfilam no horizonte.

4700 milhões de apertos, para ser mais preciso... 


sexta-feira, julho 19, 2013

Para Descansar a Vista

Falemos de Ilhas, que estão na moda esta semana. Ilhas com cagarras e calca-mares, osgas e outros pequenos répteis endémicos, flora miraculosamente preservada . Sem desemprego! E sem habitantes.

Então, de Manuel Alegre ( e sff não digam que se trata de poesia armadilhada dada a situação política!) aqui fica este maravilhoso soneto "Coisa Amar":

Coisa Amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre

E se não houver acordo político?

Ontem o Sr. PR esclareceu (para bom entendedor) o que fará se não houver Acordo Político entre os 3 Partidos que vêm namorando há já 6 dias: por exclusão de partes e atendendo à sua repulsa pelas eleições antecipadas, não havendo acordo resta-lhe esperar que Passos Coelho se dirija de novo a Belém com as alterações ministeriais . E podem marcar já a data da nova tomada de posse.

Apés moi , le Déluge! (dizia a Pompadour depois da derrota dos exércitos franceses face a Frederico da Prússia).

E eu acrescentaria:  o último a sair que feche a porta. (Ou não, já nada deve ficar em casa que mereça ser roubado).

quinta-feira, julho 18, 2013

A Sarna nas Praias

Não utilizo aqui a palavra SARNA como sinónimo popular para "arranjar sarilhos" : metes-te com mulher casada ainda arranjas sarna para te coçares. Nem sequer com o significado de pessoa chata, a evitar : Passa para o outro lado da rua que vem aí o ganda sarnoso do ****, aquele gajo nunca se mais se cala! É pior do que a Agripina!

Nota: A verdadeira Agripina era neta de César Augusto e foi casada com Germanicus. Nada se pode dizer contra ela (pelo contrário) a não ser ter sido mãe do maluco Calígula. Mas enquanto viveu foi um poço de virtudes republicanas. Por isso sempre me pareceu estranho que a malta da pesada, aqui em Lisboa pelo menos, sempre tenha aproveitado o respetivo nome para maldizer e profanar entidades várias, sobretudo femininas...

Mas voltando à "sarna". Anda por aí uma bicheza estranha nas águas da foz do velho Tejo que obriga os utentes  das praias da  Costa da Caparica e ali para os lados de S. Pedro do Estoril, a precaverem-se contra os banhos de mar.

Parece que a água contém micro-algas (ou outra coisa) que em contato com a pele provocam "coçeira" , a velha sarna, prurido ou comichão das nossas avós, muito em voga em tempos onde o banho em casa se tomava uma vez por semana (e vá que não vá), e as camisas se mudavam de 3 em 3 dias (as de gravata, porque as outras tinham obrigação de durar a semana inteira).

A ciência - essa vaga deusa do conhecimento que muito gostamos de evocar - ainda não conseguiu provar que existe uma ligação entre a coçeira e as ditas algas. Mas manda outra deusa do antigamente - a da precaução - que haja cuidado na exposição das partes pudendas ao mar, sobretudo nesses locais.

É que se já dá um mau aspeto do caraças um gajo macho não parar de coçar os "coisos" em público, imaginem uma mulher a fazer o mesmo (à "coisa", não aos "coisos")...

quarta-feira, julho 17, 2013

Conta mas é anedotas ó Palha.. (digo) Blogger!!

A Malta está farta de coisas sérias. Querem mas é distração, porque (dizem eles) para ferver a mona bem basta a leitura dos jornais diários e as televisões à hora da janta.

Não estou de acordo, porque de distração em distração é que o macaco fez aquilo que fez à progenitora (segundo dizem)... E ainda porque depois da falência de muitas religiões de estado, hoje talvez sejam as "distrações" proporcionadas pela TV generalista que constituem o verdadeiro "ópio do povo".

Mas adiante. Não estamos em Amarante, todo o "Ator" precisa de público, sem audiências fecha o canal, e por um dia (ou dois) posso abandonar a minha costela Medina Carreira e tentar também distrair o Povão.

Não vou tirar fotos da minha imensidade em fato de banho, nem muito menos em tanga ou fio dental (o horror!!). Receio que essas fotografias tivessem o efeito oposto e afugentassem a malta toda  para sempre, com graves problemas psicológicos para tratar.

Também não tenho muito jeito para cantar.

E quanto a dansar, houve quem dissesse que o falecido Walt Disney tinha tirado a ideia para a cena famosa dos hipopótamos bailarinos quando sonhou (nos sonhos tudo é possível) comigo a dançar. Consta até - e tenho de pôr o meu advogado a vasculhar o que pode tirar dali - que  o design da  actual Popota do Tio Belmiro Continente deverá alguma coisa à minha própria figura dançante.

(Já agora, sabiam que o hipopótamo é o animal com a mais potente libertação de gases anais - peido mesmo, com vossa licença - que se conhece? Não interessa nada ao caso pendente, mas aqui fica para a cultura geral).

Elencadas as minhas inoperâncias como "entertainer" ao vivo, resta refugiar-me naquilo que ainda mais ou menos vou conseguindo fazer, que é entreter o pagode depois de morto. Melhor dito, escrevendo.

Tomem lá então esta pequena anedota:

Porque é que a garrafa de vinho é socialmente superior à garrafa de leite? A mãe da garrafa de vinho é uma Uva . A mãe da garrafa de leite é uma ... (MÚÚÚ).

E com esta me vou porque amanhã há mais desgraças para contar.

terça-feira, julho 16, 2013

O fio de Ariadne

Quem tinha lido na juventude a história admirável do labirinto de Creta decerto estará recordado do papel fulcral que o "fio de Ariane" teve no desenvolvimento da ação.

Teseu matou o Minotauro com a espada (também dada pela filha do Rei de Creta) mas foi à conta do novelo com o Fio de Ariadne que encontrou a saída do labirinto que o arquiteto Dédalos construiu.

Labirinto é palavra que nos chega do grego clássico , provindo de "Labrys", o machado ritual de duas lâminas com que o touro era sacrificado em Creta.

De então para cá um dos significados filosóficos de "Fio de Ariadne" tem sido o de guiar o Homem na sua jornada interior, no caminho tantas vezes sinuoso que percorre em  busca do autoconhecimento.

O que se pergunta é se existe "Fio de Ariadne", "Road Map", "Runas", "Sinais de Fumo" ou "Portulano quinhentista", que, por artes mágicas ou através da aplicação de preceitos lógicos e racionais, consiga encontrar uma solução para a estranha crise que atingiu a Europa.

É que mal estaremos se considerarmos que se trata apenas de uma Crise financeira ou Económica, à conta dos ataques às dívidas soberanas provocados por terceiros. Falo também da Crise dos valores e da Crise de identidade.

As nossas "Élites" aqueles que mandatámos para nos governar parece que perderam o tino...Fazem de tudo, mesmo de tudo, para se aguentarem no Poder: Dar o dito por não dito, receber o que não se pode , de quem não se deve (veja-se o que se passa em Espanha), mentir descaradamente ao País e ao Mundo, falsificar declarações(leia-se o que se passa em França), etc, etc...

Dir-me-ão que esta sempre foi a natureza humana, e que não vamos agora nós mudar o mundo entre hoje e amanhã.

Pode ser. Mas, para além disso tudo,  a mim o que me parece é que baixou muito consideravelmente o nível das pessoas que nestes primeiros anos do XXIº século são timoneiros dos diferentes países.

A não ser que o relativo bem-estar dos finais do século passado tenha mascarado as verdadeiras cores dos nossos lideres.

Mas não me parece que assim fosse, nem em tal quero acreditar. Repito, para mim um dos graves problemas da atualidade é que tivemos azar com esta fornada de "mandantes". Mal preparados, mal formados e mal educados. Seja aqui no burgo ou noutro lado.

Está na altura de pôr ao lume outra fornada, mais bem temperada nas velhas e espartanas virtudes democráticas e republicanas, com amplas doses de socialismo (no sentido literal do termo) na mistura.

Isso é que era! Mas infelizmente ainda não vejo cozinheiro que tenha arte para pôr as mãos na massa de  semelhante tabuleiro...

segunda-feira, julho 15, 2013

Os limites da convergência não estão cada vez mais próximos...

Existe um limite que nunca devemos ultrapassar. Falo do limite que a consciência impõe às pessoas de bem, impedindo que se desfaçam das considerações morais e éticas logo à primeira "chapada".

Aprendemos na escola que viver em sociedade tem a ver com o respeito pelas opiniões dos outros. E depois de podermos exprimir livremente as nossas ideias como ainda mais importante ficou esse mandamento da civilidade para nós todos!

O limite à liberdade de cada um é a liberdade dos outros. Se queres exprimir-te livremente respeita quem se opõe às tuas ideias. E se a ideologia traça muros de divisão, haja cuidado. Não se deitem as crenças para trás dos ombros, mas encontre-se caminho comum por onde a verdadeira discussão possa avançar.

Dito isto, como se conseguem conciliar teorias aparentemente inconciliáveis?

Dizem os entendidos que se deve começar por procurar o menor factor comum em termos de catecismos opostos, e, a partir daí, ir caminhando para alguma convergência que fique sempre um pouco mais a jusante desse factor comum.

Na mais bem sucedida tentativa moderna de conciliar Israel com a Autoridade Palestiniana, ainda no tempo de Yasser Arafat, o mediador norueguês tinha convidado os negociantes para sua casa, e de cada vez que surgia a inevitável crispação entre as duas facções, mandava chamar as netas pequenas para brincarem com os israelitas e palestinianos, interrompendo até ao dia seguinte as conversações. E assim, com a ajuda destes pequenos interregnos, lá conseguiu levar (alguma) água ao moinho da concórdia.

Obviamente que sem efeito nenhum que se veja agora, quase 20 anos depois...

Esta conversa tem por base tentar saber qual o menor múltiplo comum que PSD, PS e CDS\PP poderão encontrar como  sendo a 1ª base do acordo eventual.

Infelizmente parece-me que estarão de acordo numa única coisa: o apego ao poder. Quem o tem recusa largá-lo. Quem ainda não o tem anseia visceralmente por conquistá-lo.

Apenas o Poder (leia-se, a governação) permite pagar as dívidas dos Partidos e fazer deles e das suas (pequenas) élites, de outra forma perfeitamente indistinguíveis, pelo génio ou pela preparação do mais comum de todos os mortais,  uns gigantes que têm palavra a dizer nos destinos do País e das suas "riquezas".

Olhem Moçambique, País fraterno e sem contendas até que nele se descobriu alguma riqueza. E atente-se no exemplo de Angola, há anos já a cobrir as suas élites de ouro à custa do sub-desenvolvimento do seu povo.

Portugal está neste momento a vender os últimos anéis que lhe sobraram dos tempos do Sr .Rei D. João V. Não convém nada que o vento mude antes dessa alienação final estar assegurada. Há ainda prebendas a pagar e benefícios a receber.

Depois? Bem, depois venha o Diabo e leve tudo o que resta...

É esta talvez a última hipótese que temos de ficar com alguma coisa que se veja à conta do bem público. Depois de vender o mal está feito.

E os contratos blindados aí estarão para impedirem que, dentro das regras democráticas, se possa voltar atrás.

Veja-se o que se está a passar com a conta sem fundo que o Estado continua a pagar ao BIC pela negociata do BPN conduzida, fechada e assinada por (Surpresa!!!) a Drª Maria Luis Albuquerque atual Ministra das Finanças...

Por isso, a responsabilidade do PS nesta conjuntura é maior do que se pensa. Sobre os seus ombros repousa uma pálida ideia de travão a estas negociatas.

Tomáramos nós que não houvesse acordo de Salvação Nacional, visto como o último prego no caixão de um Estado social-democrata na verdadeira assunção da palavra.

Tomáramos nós que a sua liderança (do PS) estivesse ao nível deste desafio. Talvez o mais complicado da vida democrática deste velho País.






O Poeta, que morreu de fome nesta terra,  já escrevera:

"...As terras sem defesa, esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente,
Que um fraco rei faz fraca a forte gente.»
 
e, em epitáfio poderemos escrever, mais tarde:

Aqui jaz Portugal \Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu...


domingo, julho 14, 2013

O País à espera , os portugueses a olharem uns para os outros e a amaldiçoarem a triste sina,

Há Governo no sentido constitucional e oficial do termo. É aquele Governo que tem ainda Paulo Portas no MNE, o pobre do Dr. Álvaro Santos Pereira na Economia e Maria Luís nas Finanças.

O "outro" Governo que Pedro Passos Coelho levou a Belém está, digamos assim, no congelador. Foi lá posto pelo Sr. PR, depois da terrível intervenção do dia 10 de Julho de 2013.

Essa intervenção, que ainda nem todos perceberam bem, a começar pelos Partidos, deixou o País embasbacado e à rasca (mais do que estava, o que não é dizer pouco...).

Foi o beijo da morte no PS (como muitos dizem, deixando  Tó Zé Seguro entre a espada e a parede)? Foi a vingança retardada sobre Paulo Portas, que o Sr. PR nunca quis aturar? Ou, simplesmente, foi uma palmatoada ao 1º Ministro, por não ter mão no Governo, nem jeito para a governação?

Se calhar foi tudo isso ao mesmo tempo.

Neste momento a governação reduz-se à ínfima espécie, tal e qual como se fosse de gestão. Tudo espera. O País está ele próprio em modo de espera. Mas o que ninguém sabe é porque que COISA estamos todos a esperar?

Caso os três partidos não se entendam - o que é o mais certo, dadas as circunstâncias - o que vai fazer o Sr. PR?

E como ficamos todos nós neste interregno? A quem interessa manter este lago parado de águas cada vez mais fétidas?

Aos senhores da massa, que continuam ganhando com a desgraça dos outros? Olhem que as privatizações e as outras jogadas financeiras abraçadas pelo cartel Passos-Portas não pararam. Se calhar até estão a acelerar com medo de eleições.

Posso estar enganado, mas a sombra do 2º resgate paira já sobre nós. Escrevi isso mesmo há 2 meses, aqui mesmo. E creio, sinceramente, que foi por causa disso que Gaspar se demitiu.

Ou alguém já se esqueceu dessa demissão e da famosa carta que foi o rastilho disto tudo?

sexta-feira, julho 12, 2013

Para Descansar a Vista

Nesta Sexta Feira de Julho, já mais fresca, venha de lá um poema de amor que já aqui tardava!


Então, de Mia Couto, deixo esta "Demora":

A Demora

O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.

Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.

Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues.

Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água no lábio
para aplacar a tua sede.

Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo em ti.

O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar.

Mia Couto, in " idades cidades divindades"


Em Guimarães encontrámos algum Talento, na Universidade e à Mesa

Mais uma visita a um Laboratório de ideias para renovar a nossa oferta de produtos aqui na Filatelia. Desta vez fomos falar com alguns cientistas portugueses que estão a trabalhar na junção de tecnologias E-book  com o velhinho  livro em papel, através de processos magnéticos.
 
Podem ver aqui sff: http://bridgingbooks.org/
 
Pode dar dentro de algum tempo um belo livro com selos para crianças que tenham acesso a tablets, permitindo-lhes descobrir novos mundos no tablet à medida que desfolham as páginas do livro de papel.
 
Para depois da reunião o almocinho no:

Restaurante Talento
São Gemil - São João de Ponte
Braga-Guimarães
Telefone: 253473672

Vindos de Guimarães tomamos a estrada para São João da Ponte. Depois de alguns (poucos) quilómetros damos com a povoação de S. Gemil. A partir daqui é questão de estarmos atentos ao lado esquerdo da estrada, à caça da tabuleta (grande) que indica o Restaurante Talento.

Casa com duas salas amplas (fumadores e nem por isso).  Bons panejamentos, aceitável serviço de copos para vinhos (como veremos dominam os verdes de todas as cores), serviço muito agradável e rápido.

 
O que se come: 
Cabrito do Gerês (Sextas, Sábados e Domingos, nos outros dias por encomenda)
Vitela barrosã assada no forno a lenha
Posta à Talento
Arroz de pato à antiga
Grelhados na brasa
Bacalhaus em várias apresentações

Como se vê são propostas quase que exclusivamente carnívoras, se admitirmos que o fiel amigo tem mais de carne do que de peixe quando pensamos na respetiva absorção pelas papilas gustativas, como alguns defendem.

A carne é muito boa.  Certificada, Maronesa ou Barrosã, tenríssima e muito gostosa. Ainda por cima quer os cabritos quer as vitelas são criadas pela família ou por amigos dos proprietários.

Comemos,  3 transeuntes, (isto escrito assim parece que “comemos” mesmo  3 desgraçados, o que não foi verdade desta vez. Repito:) Comeram três transeuntes o seguinte:

- Entradas de queijo de vaca local (assim-assim). Bom presunto de Bísaro, Excelente Paio da mesma proveniência.
- 3 postas e meia de Vitela. Grelhadas à Talento, com batata assada, couve coração estufada e batata frita (pedida à parte, mas não resultou. Culpa da batata). A Carne estava de se cortar com o garfo. E a dose  era ampla.
- Para terminar, Melão casca de carvalho.

Bebemos três frascos do vinho Espadeiro da casa (excelente!).  Mais os inevitáveis cafés.

E pagou-se por isto tudo cerca de 65€.

Quanto aos vinhos: 
Este Restaurante há muito que ganhou fama de colecionar para os seus clientes vinhos verdes de proveniências quase esquecidas do grande público, daquelas pequenas propriedades, ou diríamos melhor “quintinhas”, que abundam no nosso Minho e onde se faz sempre vinho verde.

Para além disso os proprietários são certificados para produzirem este tipo de vinhos nas suas quintas, pelo que o chamado “vinho da casa” é ali muito bom, igual em qualidade aos outros .

O Talento tem dezenas de referências em verde branco (todas as castas) , verde tinto e espadeiro (rosado natural).  Só por isso vale a pena lá irem!  E trazerem para casa!

quinta-feira, julho 11, 2013

A Espuma destes nossos dias

Paulo Portas pondera demitir-se outra vez.
Nada a dizer, hoje é dia ímpar, amanhã regressa.


Dizem as más línguas que o Ministro indigitado Pires de Lima, patrão da UNICER, ainda chegou a Aveiras vestido de Ministro, mas logo regressou ao Porto, maldizendo estes Cab@@@@ destes mouros que não sabem o que querem...

Problema ciber-internético boicota o Blogger!

Há já 3 dias que não me consigo ligar ao servidor para fazer a publicação destes Posts… Houve decerto boicote – para não dizer  sabotagem – orquestrado pelos Poderes que mandam, receosos da influência que a Imprensa Livre pode ter nos seus nefandos propósitos.
 
E isto tendo como base a ocasião que atravessamos, tão fora do vulgar que apenas o meu Mestre Vasco Pulido Valente (até agora) terá sido o único comentador político encartado  com suficiente força na verga e poder na fruta  para não  interromper as férias e colher deste momento propício os frutos da árvore das patacas atirados pelas TV’s aos ditos comentadores…
Honra lhe seja feita Prof. Pulido! E que o bom  whisky esteja sempre ao alcance da sua mão, e o Marlboro ao alcance da outra.

Afinal temos Governo ou não??!!
 
E se temos qual é? O de antes da irrevogável declaração , ou o depois do Perdoa-me Portiano??!!
Depois da declaração de ontem do Sr. PR, Paulo Portas e Passos Coelho ainda mandam ou já não mandam nada? E o Tó Zé ? Fica-se? Vai-se? (eu não escrevi “vem-se” !  Malcriados!)
 
O velho País está , ao que parece, ingovernável pelos tempos mais próximos. E dada a notória opacidade (para não escrever outra coisa) das palavras presidenciais, a malta toda fica à espera que este imbróglio se esclareça nas próximas semanas.
 
Para mim, como escrevi no facebook, o que entendi da esfíngica declaração presidencial foi mais ou menos isto:
- O Governo Pós-Cartas de Demissão não vai tomar posse. O que nos leva a uma situação de Governo em funções com Paulinho a MNE , Maria Luis  a Ministra das Finanças e o resto tudo na mesma.
-  Existirão eleições antecipadas depois de Junho de 2014.
 - Até essa altura, pede-se acordo a 3 para formar novo Governo… Ou pelo menos para assinarem os 3 um memo de intenções que dê estabilidade por mais um anito.
-Caso ninguém se entenda (o que é o mais certo) o Sr. PR tomará outras medidas previstas na Constituição. E aqui é que ninguém percebeu…Nomear um Governo de iniciativa presidencial? Dar posse aos “arrependidos”??
 
No final disto tudo ainda pode ser que o Povão venha a ter saudades da Troika…
Pelo menos ia enviando o cabaz de Natal com alguma frequência.
 

sexta-feira, julho 05, 2013

Para Descansar a Vista

Com esta massa de ar quente sobre a Península, com os fogos já bem ateados (de todos os tipos) e com a dupla dinâmica PP à rasca para se entenderem com o PR, resta ao pobre País fazer o que faz melhor:

Ir à Praia, porque ainda não paga imposto e sempre se sai dali com os pés molhados e a cabecita arejada...

Venha então daí poema estival, pode ser que faça esquecer algumas mágoas enquanto não começa o futebol, lá para o meio de Agosto... Não sei é se por essa altura ainda haverá País , quero dizer, Governo...


O Ritmo Antigo que Há em Pés Descalços

 O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança,
Vós na alva praia relembrai, fazendo,
Que 'scura a 'spuma deixa; vós, infantes,
Que inda não tendes cura
De ter cura, responde
Ruidosa a roda, enquanto arqueia Apolo
Como um ramo alto, a curva azul que doura,
E a perene maré
Flui, enchente ou vazante.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Segunda em Guimarães

Na próxima Segunda feira vou para Guimarães , para uma reunião com o Prof. Zagalo e a sua equipa, no Pólo Tecnológico da Universidade, para estudarmos as novas ideias do Professor sobre a junção do Livro em suporte físico (papel) e o E-Book.

Depois, quando regressar, explico.

Entetanto aproveito e vou à estátua do Primeiro pedir pelo pobre país... E perguntarei se D. Afonso poderia emprestar o montante para afiambrar aqui algumas "élites"... Nunca se sabe.

quinta-feira, julho 04, 2013

Manicómio? Nada disso! O termo politicamente correto é Soluções em Saúde Mental

O Professor Medina Carreira referiu-se aos tempos atuais aqui no burgo como sendo de autêntico "Manicómio".

Calma Senhor Professor! Esse termo - tal como Hospício, Asilo - tem ares de século passado, pertence a uma era em que ainda não se davam a essas pessoas afligidas pelas doenças mentais um quadro de assistência digno de uma civilização humanista.

Hoje em dia temos "hospitais psiquiátricos" ou, ainda mais pr'á frentex, "clínicas psiquiátricas - soluções em saúde mental" onde podem os referidos doentes ser instalados comodamente, sem perigo para os outros nem para eles próprios, enquanto recebem as terapias mais adequadas para cada caso.

Nada de banhos frios, nada de choques eléctricos, nada de sessões de espancamento especialmente preparadas para deliciar visitas (muito comuns em Londres, no século XIX).

É tudo mais ou menos intravenoso ou comprimidal.

O tenebroso "alienista"  - não confundir com "alienígena" - dá agora lugar ao  fixe psiquiatra moderno. Um (a) gajo (a) porreiro (a) Pá!

Podem todos ficar sossegados que, em havendo necessidade de algum internamento por causa destas ocorrências, serão os doentes muito bem tratados!

Não podem é sair quando quiserem lá da clínica,  e têm ainda de entregar os telemóveis à entrada. Ao fim de algum tempo faz-se a reavaliação e inicia-se um processo de reintrodução do doente na sociedade. Aos poucos e poucos, está claro, para evitar recaídas e proteger os civis passantes.

O que acham? Uns dias de cura de sono, uns meses (poucos) de terapia com internamento? Sem contatos com o exterior?

Haverá ainda vagas para dois candidatos, muito afligidos com esquizofrenia - uma psicose grave que pode resultar em delírios, alucinações e paranoias?

Pedro e Paulo? Podem chamar-lhes Napoleão.

quarta-feira, julho 03, 2013

Volta Paulo que estás perdoado!

Hoje faria Kafka 130 anos. Que feliz coincidência! Ora leiam esta peça de ficção escrita com Kafka na memória:

Na Mansão (mansão é um modo de dizer...já foi grande e boa, agora é mais Casebre) do casal Coligação a mulher bateu com a porta e o marido ficou a olhar para as paredes.

A mulher já pouco parava em casa...Tinha um emprego muito absorvente que a obrigava a longas viagens, o que normalmente não é bom para as relações. O marido , cansado de estar sózinho, lá ia dando as habituais facadinhas no matrimónio. Hoje com o Gaspar, amanhã com a Maria Luis.

Falava-se até de uma flausina, uma tal TSU, que teria sido das últimas  gotas de água que fizeram tansbordar o copo da esposa.

Oficialmente, contudo, terão sido desavenças "irrevogáveis" que fizeram com que a dona de casa (em  mais do que um sentido) fizesse a trouxa e zarpasse. A trouxa ainda era grande, conhecido o pendor da criatura para as toilettes...

Quem ficou aflito e cheio de dores de cabeça foi o patriarca da família, o Pai Adão , quero dizer, (pôrra que ainda vem processo judicial) o Pai Silva, que ainda se encontrava a lamber as feridas, muito incomodado  por causa da negação em tribunal do insulto que lhe fora feito pelo  Tareco junior.

Os juizes ainda se riram. Não está bem. Ou estará, já que os palhaços são mesmo e naturalmente para fazer rir a malta. Até juízes.

A governação do casebre Portugal está  em risco. E o Pai Adão (ai , ai, ai,  que ainda te prejudicas...) digo, o Pai Silva,  encara agora seriamente a possibilidade de ter de pedir a opinião ao Povo (os criados, fâmulos e outros cavalariços da Mansão transformada em Casebre) antes de arranjar quem tome outra vez conta da situação.

A pairar por cima disto tudo podemos já encontrar os célebres abutres dos livros do Lucky Luke, um sorrizinho manhoso naqueles bicos peçonhentos, já a adivinharem regabofe à séria. São três...

Conclusão: Meias são boas para os pés. Se queres governar arranja maioria absoluta. Se não houver, o novo estado imperial europeu  que nomeie um Vice-Rei, Chanceler, Governador, Feitor (tínhamos cá um bom, mas bazou anteontem...), Caseiro, Porqueiro,  ou lá o que lhe quiserem chamar,  para dar conta do pouco que resta dos bens do Casebre.
Estando este minimamente limpo e pintado de fresco, aqui à beira mar, podemos finalmente cumprir o nosso desígnio histórico: ser a  Praia da Europa.

Atempada e Irrevogavelmente! (digo eu). 

terça-feira, julho 02, 2013

A Carta do Sr. Ministro

Na minha opinião o grande facto político da tarde de ontem nem foi a demissão de Vitor Gaspar ou a nomeação de Maria Luis Albuquerque, mas sim a famosa carta deixada em testamento pelo Ministro de saída  e que ainda fará correr baldes de tinta...

Leiam aqui a tal missiva sff:

http://downloads.sol.pt/pdf/Cartade01072013.pdf

Na prática Vitor Gaspar pôe em cheque a liderança de Pedro Passos Coelho, queixa-se amargamente da falta de coesão no interior do Governo (leia-se, da oposição de Paulo Portas) e no meio disto tudo admite que a política que apadrinhou de austeridade sem olhar à economia falhou redondamente.

Devia ter começado pela Reforma do Estado e não pelos cortes no rendimento disponível dos portugueses. Devia ter começado por racionalizar as despesas , em vez de ter decidido aumentar as receitas à custa da classe média. E o resultado está à vista: a pior recessão dos últimos 60 anos, a queda abrupta do consumo individual, e a quebra significativa nas receitas fiscais.

Depois deste testemunho - que só peca por tardio - o que devemos esperar?

Infelizmente por nada de bom. A Srª Ministra que o substitui parece ter sido uma escolha imposta por Bruxelas (ou , em alternativa, a única escolha possível nas circunstâncias atuais) e não vai alterar o rumo das políticas financeiras.

Claro que vem aí o Congresso do CDS, e as moções a votar são todas de apoio à economia e de repúdio aparente da continuidade da tal política de austeridade cega...

Como se vai "compaginar" a moção ganhadora com a estratégia de Passos Coelho\Maria Luis Albuquerque?

Se tudo correr bem, o 1º Ministro vê-se obrigado a dar espaço governativo à "oposição interna". Se tudo correr mal, teremos eleições no início do ano que vem, ou melhor, daqui a um anito.

E a Troika ainda à espera que lhe expliquem como se vão cortar os 1700 milhões de euritos que foram acordados por carta do PM,  e que constam do OE para 2014...

Cá para mim é melhor esperar sentada...

Claro que  restam algumas  pequenas questões para resolver, as quais passo a enumerar:

- Saber como - sem a Troika alegre e contente - Portugal irá receber os maravedis que faltam para pagar as pensões, os ordenados da Função Pública e etc...

 - E ainda, saber de que forma os "Mercados" (essa nebulosa entidade todo-poderosa) vão reagir à saída do Feitor de Berlim do nosso governo... E como as taxas de juro dos nossos financiamentos  se vão comportar por causa disso...

- E, finalmente, quanto tempo vai resistir a nova Ministra ao impacto do escândalo das SWAPS em que se encontra envolvida?

Mas, como dizia o mestre mocho aos animais da floresta reunidos em convenção:

- " Eu sou consultor! E nós não nos preocupamos com esses detalhes!"

E alguém lhe respondeu:

- "O Diabo está nos detalhes..."

segunda-feira, julho 01, 2013

Coscuvilhices

Caíu o Carmo e a Trindade com as revelações do transfuga Snowden sobre as eventuais escutas a membros da União Europeia por parte da CIA , aquela organização "maledetta" do Tio Sam que coordena e organiza ações contrárias à própria lei norte-americana, fora dos USA para não ser apanhada nas malhas da justiça.

O amigo Snowden, presentemente em visita turística à zona internacional do aeroporto de Moscovo, lá forneceu os documentozinhos que provavam a "traição" dos nossos aliados do outro lado do mar. Mas quem se surpreendeu com a notícia já não deve estar bem a par do que se passa neste mundo...

Então numa altura da vida onde não há passo que se dê nos países civilizados que não seja visionado e controlado - vejam em Londres, mãe de todas as democracias e liberalismos! - alguém se admira que quem possui a técnica e os meios para espiar, espie?

Os USA desenvolveram a mais importante tecnologia de controlo de comunicações existente neste planeta. Têm a capacidade para "escutar" telefonemas, "ler" mails e "SMS", e monitorizar canais de comunicação empresariais. Porque raio é que não os deveriam utilizar?

"Somos Aliados caraças!!" Dirão alguns... Mas estas escutas não servem apenas para caçar o terrorista. Nunca ouviram falar de espionagem industrial?  Nem nos  mercados financeiros? Nem na guerra suja e surda que há quem diga que se está travar entre o Euro e o Dollar pela hegemonia monetária no mundo?

Vão por mim camaradas: quando tiverem alguma coisa mais pessoal e confidencial para dizer, escrevam uma cartita. E já agora, neste dia de aniversário, daquelas seladas com selos verdadeiros, de belo aspecto!

Faz hoje 160 anos que D. Maria II fez emitir o nosso 1º selo. Parabéns a todos os filatelistas deste país!