sexta-feira, maio 31, 2013

Para Descansar a Vista

Circulam rumores que dão El Bronco Jesú no SLB por mais duas épocas. Não sei se o País aguenta ...

Porventura esta decisão do presidente Vieira foi provocada pelos muitos pedidos dos autores de textos cómicos e de caricaturas, que sem as bocarras de Jesus ficavam desarmados... Ou então foi para não deixar que o Papa Pinto o fosse buscar na volta da maré...

Enfim... Para Descansar a Vista cá vai poema sobre os alcatruzes da nora.  A vida é assim: Hoje és Bom,  amanhã Bestial e no Domingo à noite és uma ganda Besta!

Nenhum Mortal no Mundo Satisfeito

Nenhum mortal no mundo satisfeito
Com sua Sorte está, nunca é contente,
Pois de mil desatinos enche a mente
Sem que possa gozar um bem perfeito.

O soldado deseja o canto estreito
Da cela do ermitão, com ânsia ardente:
Este, da guerra, o estrépito fremente
Deseja, sem razão, ao ócio afeito.

O rico, redobrados bens deseja;
O pobre, de quimeras se sustenta;
No coração humano reina a Inveja.

Pobre, rico, fidalgo se alimenta
De insaciáveis desejos que lhe peja
Sua Sorte fatal, que os não contenta.

Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

Arribem os Vermelhos!

Alguns leitores mandam-me  mensagens de benfiquismo militante (podem ver aqui nos comentários) , deixando no ar a ideia de que Benfica é para sempre , não importam os resultados!

O que muito agradeço e subscrevo por baixo. E recordo aos meus amigos (da onça) sportinguistas que me têm inundado com anedotas sobre os desaires benfiquistas da época que passou,  que ninguém melhor do que eles pode compreender a frase chave do parágrafo anterior: "Um clube  é para sempre, não importam os resultados!".

Se assim não fosse, o velhinho e respeitável SCP estaria já reduzido a uma associação de bilhar com uma esplanadazita virada ao mar, onde os velhos sócios pudessem jogar à sueca e ver uns joguitos de futebol de praia...



Mas adiante que não estamos em Amarante!

quarta-feira, maio 29, 2013

Hoje em Ourique e amanhã em Coimbra

Hoje abria em Ourique o Congresso Mundial do Presunto . Lá fui fazer o meu habitual "número das focas" para a inauguração.

Para além de rever velhos e bons amigos (com o Prof. Tira Picos à cabeça) demos uma voltinha pelos stands (poucos..) e assistimos a umas palestras logo na sessão inaugural. A homenagem ao Sr José Cândido Nobre , anterior Presidente da ACPA, foi sentida e arrepiou o cabelo logo de início,

Quanto ao resto, talvez se esperasse mais presença estrangeira , sobretudo de "nuestros hermanos", mas é a p*** da crise...

Muito boa presença da Drª Gabriela Ventura, responsável nacional pelas verbas do PRODER ( vejam no Google, que mais não direi...)

Amanhã ala para Coimbra para a Feira do Livro, para uma sessão de assinaturas com a Fátima Moura. Mais uma vez estas publicações podem sofrer com a viagem...

terça-feira, maio 28, 2013

Cercados

Um destes dias - e por causa das férias da Garret - tive de ir comprar o pequeno almoço num fds a uma outra pastelaria muito conhecida e bem no centro de Cascais, cujo nome omitirei (et pour cause).

O novo proprietário contava de manhã bem cedo (logo às 8h) uma história engraçada.
Sete (7)  senhores fiscais das Finanças invadiram o pacato estabelecimento. Sem pedir licença de imediato tomaram conta da máquina registadora e ocuparam os armazéns. Parece que por lá existiriam ainda materiais da anterior gerência, entre eles um artigo a que faltava o selo de 16 (dezasseis) cêntimos (cêntimos mesmo!).

Por causa disso foi passada uma multazinha de ...532 euros.

O Proprietário lá se dirigiu à Alfândega para pagar. Era véspera de Feriado e , segundo lhe disseram:

" A senhora dessas multas não estava".
- "Então dão-me mais um dia para pagar?!
- "Não damos não senhor! Quem o mandou vir no último dia?"

Com mais dez minutos de conversa lá receberam a multa. Antes disso o proprietário tinha trazido provas de que na altura em que comprara a firma já a "inconformidade" se tinha dado, isto é, não fora ele que estava em falta, mas sim a anterior gerência, Trazia os papéis da escritura e tudo.

A resposta foi lapidar:
-"Olhe, até pode ser que tenha razão, mas esta multa vai dos 500 euros aos 300 000 euros... É melhor pagar já. Eu aconselho vivamente."

E terminou a tirada:
-" O Senhor é comerciante cumpridor e de sucesso. Pode bem pagar. Olhe se fosse algum desgraçado falido como aqui recebemos tantos?
-" Comerciante cumpridor hoje, falido amanhã com estas malfeitorias. Boa Tarde!"

Eu até posso dar algum desconto , o chamado coeficiente de queixo bem conhecido quando se conta uma história destas...Mas mesmo assim dá para pensar...

O Governo estará a alienar os portugueses da classe média sem saber? Ou sabe e é esta a sua última oportunidade de rapar ainda mais o fundo ao tacho, já que os Grandes das  Off Shores se passeiam tranquilamente por Cannes sem estas maçadas?

Dark Side of the Horse,comics,funny comics & strips, cartoons, ,cooking,how to









O problema é igual ao do cavalo do inglês, que quando já estava treinado para deixar de comer...morreu!

Mas que  que pôrra é esta camaradas?!

segunda-feira, maio 27, 2013

Glória aos Vencedores, Honra aos Vencidos

Neste fim de festa há que louvar quem merece:

Futebol Clube do Porto, Vitória de Guimarães Futebol Clube, Sporting de Braga - pelos títulos.

Paços de Ferreira e  Estoril-Praia pelo grande campeonato que fizeram e por irem (com todo o direito)  à Europa.

A "honra dos vencidos" será  partilhada entre  os dois grandes perdedores da Época, os rivais da 2ª Circular: Sporting Clube de Portugal , por se ter arrastado pelos relvados sem brio como se fosse  uma autêntica sombra  de si próprio; Sport Lisboa e Benfica, por ter prometido tudo e não cumprido nada.

O Óscar da "vaca sortuda" é atribuído por unanimidade ao Benfica , porque a vitória do Bayern sobre o Borussia o fez cabeça de série no sorteio da Champions.

 O prémio de "cabeçudo carnavalesco" é atribuído ao Óscar (Cardoso) pelas fitas dignas de menino de recreio, na final do Jamor.

E pronto, acho que não me esqueci de ninguém? Lá para Agosto há mais do mesmo. Ou talvez não...

Adeus ou Vais-te Embora?

Tendo sido, indesmentivelmente, o Grande Campeão das finais perdidas neste ano futebolístico que acabou Domingo, o Benfica prepara já a nova época 2013\2014.

Segundo parece passam a jogar com uma mistura de equipa B e  Juniores. A escolha do plantel para cada jogo será feita meia hora antes, pelo processo de moeda ao ar.

Uma coisa estará garantida: com essa equipa de jovens escolhidos ao acaso o Benfica ganhará pelo menos tantos títulos como os que ganhou este ano!!

E já não é mau...

E.T: Dizem que Jupp Heynckes, o treinador que ganhou tudo para o Bayern este ano, na época passada tinha ficado completamente em branco (nem Campeonato da Alemanha, nem Taça, nem Champions). Dizem também que Sir Alex Ferguson antes de começar a dar alegrias ao Man United  (38 títulos e troféus) esteve 5 épocas sem ganhar nada , e sempre apoiado pelo Presidente do Clube.

O que é que eu digo disto? O que eu digo é que Jorge Jesus não é Jupp Heynckes nem Alex Ferguson...Pôe-te a milhas bronco. Deve haver vagas lá para o Irão, agora que saíu o Toni.

sexta-feira, maio 24, 2013

Para Descansar a Vista

O poema de hoje é uma homenagem a Herberto Hélder, meu  mestre, que na respeitável idade de 82 anos ainda encontrou alma e engenho para escrever um novo livro de poemas: Servidões.
À venda já na Segunda Feira. E com desconto na Feira do Livro, Não percam!!

Fonte - I

Ela é a fonte. Eu posso saber que é
a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo ---
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.

Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.

Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.

Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.

Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.

                Herberto Helder

quinta-feira, maio 23, 2013

Frases lapidares (ou não)

A última grande calinada do atual regime foi dita (tanto quanto sei ainda não houve outra) por Luis Marques Guedes, quando chamou a Paulo Portas , em directo para a TV, "o lider do principal Partido da Oposição."

Mas muito antes do que isso sempre existiram frases engraçadas  fora de contexto, ou situações que as envolviam.

O diário do Almirante Américo Tomás - que há pouco tempo ainda se podia consultar no Museu da Presidência, em Belém , aberto na página do dia 25 de Abril - refere exatamente para esse dia (e cito de memória) que o "tempo estaria bom mas enevoado, e o mar encrespado" e depois destas notícias , típicas de um marinheiro que fez parte da sua vida no Instituto Hidrográfico, não deixa ainda de nos elucidar : "parece que lá para o centro de Lisboa há alguma movimentação e populaça nas ruas...".

Na agenda de bolso da minha Mãe - normalmente utilizada para assentar as consultas médicas e pouco mais -  a informação para esse dia é muito mais lacónica , mas ao mesmo tempo radiante: "Acabou o Fascismo". E mais nada.


Quando visitava uma cidade o velho Almirante era conhecido por dizer sempre mais ou menos a mesma coisa:  “ Esta é a primeira vez que aqui venho depois da última vez que aqui estive…”

E normalmente acabava : "Perante o calor humano  que rodeou esta minha visita tenho apenas um adjectivo: Gostei!"

Não sei quem lhe preparava os discursos , ou se seria ele mesmo a fazê-los, habituado a escrever os comunicados do Hidrográfico com as previsões das marés.

Dizem os antigos alunos de Direito  de uma Universidade privada de Lisboa que  uma linda  aluna teria sido sujeita a exame oral de Direito Constitucional, onde lhe colocaram uma questão sobre a revolução dos cravos. E a resposta foi mais ou menos esta:

"O que aconteceu no 25 de Abril foi o início do regime autoritário salazarista.
Mas quem subiu ao poder foi o presidente do então PSD, Álvaro Cunhal, que viria a falecer em circunstâncias misteriosas no acidente de Camarate."


Segundo parece tiveram que segurar o Professor para não lhe bater...

Outra história interessante, passada na vetusta e respeitadíssima Universidade de Coimbra, Faculdade  de Direito, no exame final de Introdução ao Estudo do Direito, do 1º ano do curso: 

" - Pegue no Código Civil e leia o artigo 32.
- O Código Civil?
- Sim, o Código Civil.
- Bem, Sr. professor, isso é que ainda não tive oportunidade de comprar."


E termino com mais uma escorregadela da nossa juventude, desta vez no exame  final do 12º ano:

"- Como se chama o grupo dos países mais industrializados do mundo?
- Jet-Set."


Toma lá qu'é pr'áprenderes!

quarta-feira, maio 22, 2013

Arroz de Pato (sem porco)

Fugindo a sete pés de porcinas abjurações aqui deixo o arroz de pato que a minha santa lá de cima costumava fazer, obviamente melhorado pelo meu espírito inventivo.

Arranje-se um pato inteiro com miúdos, criado em casa com carinho (milho, alfaces e coisas dessas).

Cozemos o dito por uma hora e meia (talvez um pouco mais se for mesmo  pato de quinta) juntando um golito de azeite e uns grãos de pimenta preta à boa mão cheia de sal que deitamos na água.

Depois de cozido reserva-se a água, deixamos esfriar e limpamos o pato todo de peles, ossos e gorduras, deixando apenas as febras.

Para continuar a receita faz agora falta um tacho bem grande e de fundo espesso. De preferência de ferro, alumínio fundido ou barro preto.

No "tachão"  faz-se um bom refogado com azeite do melhor, cebola e alho picadinhos, sal e pimenta. Nesse refogado (que se deve refrescar com um copito de moscatel ou vinho branco) introduzimos primeiro os miúdos em crú e deixamos apurar. Depois as febras do pato e por fim um frasco inteiro de azeitona preta às rodelas.

Finalmente duas chávenas de arroz estufado que se deixa fritar junto com os acompanhamentos, por um minuto. A água onde o arroz vai cozer deve ser duas vezes e meia a quantidade de arroz, Neste caso, 5 chávenas. Obviamente que se utiliza apenas a água onde o pato esteve a cozer antes.

Retificam-se os temperos (sal e pimenta) e em estando o arroz cozido deitamos num tabuleiro de ir ao forno.

Enquanto o arroz coze devemos também cozer 4 peitos de pato (vendem-se congelados da Quinta da Marinha a cerca de 6€ o par). Cozidos cobrem-se com pimentão e alho,  deita-se um fio de azeite e vão a corar no forno antes de lá introduzirmos o tabuleiro.

Finalmente decore-se o tabuleiro com rodelas de chouriço (pôrra que lá vem o porco!!!) espetem-se os lombos corados do pato por cima e deixemos tudo alourar por mais meia hora.

Acompanhem com um tinto da Amareleja: Piteira, Escolha Virgílio Loureiro de 2009.

E bom Proveito!

Ganda Varrasco de Blogger! Isso diz-se dos Azuis??!!

Um dos nossos Leitores comenta (e bem) a ida a Ourique e a "vara azul".

Eu até podia dizer que gosto de porcos desde pequenino (o que é verdade, tinha até um porco que fazia de padre à frente da procissão que eu organizava em casa dos meus avós, lá para os meus 5 anos) mas imaginem onde levaria esta conversa do gosto pelos porcos, com leitões da Bairrada à mistura, secretos e plumas de porco preto e por aí fora...

Nada disso. Importa pedir desculpa a quem se ofendeu, e realçar que numa coisa apenas o nosso leitor se equivocou: já passei há anos a bitola do varrasco. Neste momento aproximo-me mais da do charolês. Macho e apetrechado (por enquanto) está claro!

terça-feira, maio 21, 2013

Reticências...

Depois de nos termos lambido com as magníficas carnes de porco alentejano e das vitelas mirandesas   do "Novo Coimbra",  lá para Palheiros, aqui estamos de novo  no meio desta selva urbana.

Reticências ( um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite  omissão de algo que podia ser escrito, mas que não é)  parece ser o que agora abunda por aí em termos de comunicação política à plebe.

Mesmo com as negações governamentais dos seus cada vez menos otimistas militantes  e com a injunção inocente feita ontem à noite pelos nossos  Conselheiros de Estado à "Solidariedade" dos colegas europeus, fiquemos todos bem cientes que aquilo que nos espera - mais cedo ou mais tarde - será um outro Resgate Financeiro, com condições  ainda  piores dos que as que temos atualmente.

Porque estou tão certo disto? Porque não há forma do país pagar os juros que os nossos "colegas prestamistas" exigem.  Todos os meses estamos a dever mais. Assim este pesadelo não tem fim.

É a própria União Europeia que afunda os seus membros, criando condições para que nunca mais estes possam erguer a cabeça.

Na espera ansiosa pelos resultados das eleições legislativas  alemãs de Setembro viverá este pobre Portugal, adiando porventura para essa altura o pedido formal do novo resgate.

Sabemos agora como os "resgates" são grandes negócios para quem empresta e precipícios para quem pede emprestado. Por isso a Espanha não foi na conversa. Por isso - e por muito que nos custe - talvez José Sócrates tivesse razão quando queria resolver o problema sem intervenção da Troika.

Entre a espada do novo Resgate com cláusulas  ainda mais draconianas e a parede  da saída do Euro, penso sinceramente que se deve pensar  nesta última hipótese.

Pelo menos seríamos outra vez independentes... Pobres seremos sempre. A diferença estará em ser pobre e pau mandado, ou pobre com alguma dignidade...

Reticências no fim (viram?)

segunda-feira, maio 20, 2013

Hoje, a caminho de Ourique, capital porcina da humanidade

Cá vai o Blogger outra vez para a Ourique, ultimando os detalhes da presença dos CTT no Congresso Mundial do Presunto, a 29 de Maio.

Teremos Livro da Fátima Moura  (com  fotos de Mário Cerdeira e coordenação de mestre Quitério) , teremos um carimbo comemorativo "Ourique 29 de Maio" e teremos (obviamente) as duas emissões de selos que fizémos em 2012 e 2013 sobre esta temática dos enchidos e presuntos de Portugal.

Espero apenas que não encontre lá para algum monte uma vara de porcos azuis, cor que ultimamente me anda a dar algumas noites mal dormidas...

sexta-feira, maio 17, 2013

Para Descansar a Vista

Amanheceram cinzentos e chuvosos os dois últimos dias, parecendo que o clima acompanha a tribo benfiquista na sua decepção profunda...

(Ganda treta para dizer que o tempo está uma trampa, mas adiante, perdoa-se...)

Para hoje lembrei-me de mostrar aos leitores como pode ser o bom tempo, o bom tempo do amor , feito para amar. Só para ver se os poderes superiores deixam passar a indireta e autorizam o compadre Sol a mostrar-se mais, para gáudio e esperança de todos os corações enamorados.

Porque, nunca se esqueçam, o enamoramento é o supremo prazer da vida e dos únicos que se podem usufruir em qualquer idade.

Começo ( e bem!) com Paul Verlaine:

A une femme

A vous ces vers de par la grâce consolante
De vos grands yeux où rit et pleure un rêve doux,
De par votre âme pure et toute bonne, à vous
Ces vers du fond de ma détresse violente.

C'est qu'hélas ! le hideux cauchemar qui me hante
N'a pas de trêve et va furieux, fou, jaloux,
Se multipliant comme un cortège de loups
Et se pendant après mon sort qu'il ensanglante !

Oh ! je souffre, je souffre affreusement, si bien
Que le gémissement premier du premier homme
Chassé d'Eden n'est qu'une églogue au prix du mien !

Et les soucis que vous pouvez avoir sont comme
Des hirondelles sur un ciel d'après-midi,
- Chère, - par un beau jour de septembre attiédi.

E termino com Pedro Támen:

A Luz que Vem das Pedras

A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?

quinta-feira, maio 16, 2013

Adeus Caneco! Adeus Época Dourada! Porque raio é que os Jogos duram mais de 90'??!

Mais um balde de gelo. Na mesma semana já são dois. E o engraçado é que os barmen das discotecas em causa não foram de modas e, combinados ou não, serviram o Cliente exatamente à mesma hora: ao minutinho 92...

Nem vale a pena chorar leite derramado nem sequer curar as feridas com aquelas histórias das "vitórias morais". O que se deve tentar perceber são os "porquês" desta mala suerte, assim tão perto de um final feliz. Fiel a mim próprio passei parte da noite ( entre ressonos) a fazer a lista das causas da crise (benfiquista, porque as causas da OUTRA CRISE  hoje não interessam nada. Amanhã voltaremos a falar disso):

Causa 1- Jesus terá quotas em atraso no Sindicato dos Treinadores. E a malta do cimento não perdoa...
Causa 2 - O cartel de Medellin ainda tem contas a ajustar com certos intervenientes nesta matéria. Um assunto de pneus e pó branco...
Causa 3 - A maldição do "Húngaro". Bela Gutman bateu 3 vezes com o chapéu no chão e prometeu que sem ele nunca mais o Benfica seria Campeão na Europa.
Causa 4 - O novo penteado à mowack do Óscar Cardoso. A bola assusta-se e foge ainda mais dele do que antes.
Causa 5  - Esqueceram-se de pagar a promessa à Nossa Senhora de Fátima quando ganharam o campeonato em 2009. Jorge Jesus teria prometido rapar  o cabelo e deixar crescer a barba. Por um lado ainda bem que não o fez...
Causa 6 - A conspiração política para fazer cair este Governo. Sabendo-se como o país depende das vitórias benfiquistas para manter um nível mínimo de felicidade, a oposição tenebrosamente teria congeminado um plano secreto para acelerar a queda de PCP (Passos Coelho e Portas). Este plano passava pelas derrotas in extremis dos vermelhos, minando assim a paz social e dando cabo dos planos de reforma do Prof. Cavaco.

Por tudo isto amigos e sabido que ainda temos pela frente a final da Taça (suspiro) e a última jornada do campeonato (suspiro, suspiro) haja Alma até Almeida e tomemos as medidas necessárias para contra-atacar:

a)Marcar uma consulta na Bruxa da Arruda,  Ana Lérias, ou sua descendente, já que a verdadeira não habita neste mundo desde que faleceu lá para 1906.
b) Pedido de audiência urgente ao Sr. Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto.
c) Compra de uma peruca para o Cardoso.
d) Fazer cair o Governo antes do jogo com o Moreirense.

O resto (traficantes e Sindicato) resolve-se com uns euritos...

Nada difícil malta. Haja vontade!

quarta-feira, maio 15, 2013

As Obrigações Sociais na Crise

As "obrigações sentimentais por decreto" raramente têm aceitação livre e espontânea por parte das pessoas envolvidas.  Recordo que o povo já dizia antigamente que "Obrigação era a do carrasco", tudo o mais deve fazer-se apenas se quisermos, mas incluindo obviamente as consequências da decisão.

Não pagas impostos? Levas com o ordenado, o carro e depois até a casa penhorados...

Não ligas aos avisos dos médicos? Então vai queixar-te ao coveiro.

Não te empenhas nessa relação sentimental? Levas com um  par de c**** tão grande  que até pareces um troféu de caça...

Penso que já entenderam:  Todo o crime merece castigo, toda a verdade merece ser louvada, todas as boas acções recompensadas,  toda a mulher merece ser amada...

Andamos poucos anos nesta Terra pelo que é nossa "obrigação" facilitar a vida aos que nos rodeiam, traçando uma espécie de círculo virtuoso no segmento das nossas relações que, quando em sintonia com os outros círculos semelhantes, faria das sociedades antecâmaras do paraíso (qualquer que seja a crença).

Pelo menos isto seria o que um universo bem feito daria de sobremesa aos seus usufruários.

Mas não!

Grande parte dos mortais, nossos compagnons de route,  está-se lixando para o Karma e vive habilidosamente, tentando passar em seco por entre os intervalos da  chuva.

Desta forma co-existem nas nossas sociedades as figuras interessantes dos  chicos-espertos (invenção lusa), dos plagiadores, dos moinantes, dos chulecos, dos golpistas,  e de outros mandriões e tunantes, aproveitadores das oportunidades que as leis mal-feitas lhes dão, espreitando sempre até onde podem iludir as regras, vivendo de subterfúgios e de aparências.

E o mais interessante é que durante muito tempo foi esta gente  considerada como "heróis" pela restante populaça que pagava atempadamente os seus impostos e religiosamente seguia os preceitos dos diversos códigos (Civil, Criminal e etc...).

As leis "eram feitas pelos ricos e para os pobres" dizia-se muitas vezes. E esta convicção, quando aliada à opressão da ditadura, muitas vezes levava a sociedade informal a aplaudir os que fugiam ao controle do Estado.

Essa mesma sociedade portuguesa - depois de um interregno em que a civilidade e as obrigações sociais à moda do Norte da Europa talvez tivessem tomado raiz, depois do 25 de Abril  - está hoje outra vez completamente descrente e não faltará muito para que de novo tome o partido silencioso dos  "Robins dos Bosques" com comportamentos anti-sociais.

E esse é um dos perigos desta austeridade sem parança: tornar os cidadãos opositores do regime em todas as suas vertentes. Quando não se consegue compreender a razão profunda  por detrás das decisões que empobrecem cada vez mais quem trabalha e dão descanso a quem detém o capital,  de que é que se está à espera?

Just Deserts...

Nota: Just Deserts is a  a punishment or reward that is considered to be what the recipient deserved (Oxford Dictionary)

terça-feira, maio 14, 2013

Bacalhau à Gomes (de Sá) e Mão de Vaca com Grão...

Muitas das desgraças que afligem a humanidade poderiam ser amenizadas (já não digo evitadas) se houvesse o cuidado de fornecer aos desgraçados e aos "desgraçantes" , antes de se meterem a trabalhos que dão para o torto, almoço que metesse  um pratinho de Bacalhau à Gomes de Sá como entrada, e uma travessazinha de Mão de Vaca com Grão para acamar...

E se tudo isto tivesse como acompanhamento um Quinta de Saes Tinto, Estágio prolongado, então os economistas que supervisionam as diversas crises, para os jornais ou para os organismos decisores, teriam de começar a procurar novo emprego.

Isto digo eu, está claro, depois de muito pensar em como aliviar o corpo das misérias que este , coitado, tem ultimamente sofrido...


Ontem lá tive de acompanhar o lançamento da emissão de selos dedicada ao Centenário das Missões Laicas, na Sociedade de Geografia de Lisboa, pretexto que serviu para uma visita ao bom e velho Solar dos Presuntos, onde (já adivinharam!) o menú foi tal e qual como o do título desta crónica de hoje. Incluindo o Tintinho de Pinhanços (Engº Álvaro de Castro).

Que bem estar se seguiu ...

Parece que estou a ouvir alguns dos amigos leitores: O que é que lhe deu para forrar a pança desta maneira, gozar com os pobres e ainda por cima dar pretextos ao Gaspar para ainda mais apertar a tarraxa?!! Endoidou o Blogger ou quê??!!

Endoidar não, mas quase... 

Tudo isto tem a ver com a minha reflexão sobre o paradigmático pensamento do grande Camilo José Cela,  segundo o qual  apenas 3 coisas moviam o Homem : Poder, Sexo e Estômago.

Ora como o mais próximo que estive do Poder foi na minha situação atual de 2º Secretário da Assembleia Geral do Estoril-Praia, e quanto ao Sexo vou ali e já venho há uns anos ( quando tinha  sorte), o que me resta?  Exatamente camaradas...

Olhem, malta , vão lá ao Solar tratar do assunto porque, para o preço que pagam  (e que ainda é menos do que uma embalagem de Cipralex ou parecido) são capazes de vir com as baterias cheias para aguentar mais uns dias de Telejornais e de Editoriais, zangas de comadres, cortes e austeridades...

E se as tais baterias não encherem como prometido , uma coisa é certa: pelo menos do estômago  a trabalhar em vazio não se poderão queixar...

segunda-feira, maio 13, 2013

O PIB e o Benfica

Depois daquele jogo insuportável para os benfiquistas, O Sr. Pinto da Costa deu uma entrevista  à Porto TV - posteriormente passada pelos outros canais - onde se refere bastas vezes ao "Mexia" e ao "PIB do País".

Nota 1: Atenção! Eu não disse que fomos roubados, ou que o Porto não mereceu ganhar! O que eu disse é que o jogo foi "insuportável" de ver para adeptos do vermelho , com aquele final inesperado em carambola celestial, quase como se os deuses se tivessem fartado do foguetório antes da festa e vai daí, à boa maneira grega da tragédia clássica, quisessem mostrar aos mortais de que metal era feito o raio de Zeus.

Segundo parece o Presidente executivo da EDP teria afirmado que so Benfica não ganhasse o campeonato lá iria sofrer o nosso PIB... E à conta disso, dessa afirmação, os portistas ficaram tão ofendidos que até riscaram a EDP como fornecedora de energia para o complexo do Dragão.

Não comento, porque não sei,  se a derrota do Benfica afeta o PIB, mas de uma coisa podem ter a certeza: se o estendal das desgraças continuar, se os vermelhos claudicarem na 4ª feira como fizeram no Sábado e se se contentarem com o prémio de consolação (a Taça contra o Guimarães) de certeza absoluta que o "indicador da felicidade lusa" (ou lá como lhe chamem) vai cair a pique...

O Benfica arrasta milhões de simpatizantes,  e se por cima da falta de dinheiro da algibeira,  da  ameaça do banco ir buscar a casa  e do problema do filho e da filha não arranjarem emprego, ainda se somar o "escorreganço-mor benfiquista" , mal estaremos...

Salazar sabia intuitivamente isso, assim se explica que tenha impedido o grande Eusébio, no auge da sua forma,  de seguir a sua vida fora de Portugal.

Panem et circensis!

Ora se o pão já começa a faltar, pelo menos que lhes (nos) dêem circo...

Leiam aqui sff para verem que não estou a brincar:

A Comissão procura indicadores fiáveis para medir o bem-estar, porque “o PIB é do passado, não serve para responder aos desafios do futuro”, diz Durão Barroso.
O PIB (Produto Interno Bruto) pode ser o indicador mais importante da actividade económica e política mas já não serve. Serviu nos anos 30, quando foi criado, para guiar os políticos para libertar a economia da depressão mas hoje mais do que nunca o dinheiro (rendimento) não traz felicidade. Quem o diz é a Comissão Europeia, que apesar de diariamente se basear no PIB para aplicar o Pacto de Estabilidade, os critérios de Maastricht ou para cobrar contribuições nacionais para o seu orçamento, juntou-se ontem à comunidade académica e organizações internacionais, como a OCDE, à procura de melhores indicadores.

Uma única vantagem vejo no meio deste negrume: sem alternativas que sirvam de válvula de escape para esquecer por momentos as consequências dos buracos onde estamos atulhados, pode ser que os cidadãos metam finalmente na cabeça que é no voto e com o voto que se começam a resolver estas questões...

Com a última "lançada" no peito do funcionalismo reformado, a famosa "taxa" sobre as reformas que irá quase de certeza ser aplicada  (apesar das lágrimas de crocodilo e dos subterfúgios semânticos com que se acalmou o CDS) ainda mais vai afundar a economia real, baixar o consumo interno e assim, de recessão em recessão, preparar a inevitável saída do Euro.

Preparemos essa saída já hoje! Digo eu.

Nota 2: O Sr. Ministro das Finanças  e sua "entourage" ficou compreensivelmente satisfeito (radiante, melhor dizendo) com a procura da dívida portuguesa nos mercados, tendo sido possível atingir uma taxa média próxima dos 6% para maturidades a 10 anos. Ótimo, claro! Sou o primeiro a dizê-lo! Saibam porém que nessa semana também o Ruanda obteve a mesmíssima taxa de juro para títulos da dívida pública com a mesma maturidade... Portugal e Ruanda! Já viram? Porreiro, Pá!

sexta-feira, maio 10, 2013

Para Descansar a Vista

Estou a favor dos Touros!!

Não se pense que isto tem alguma coisa a ver com "toiradas" e "mortes na arena"!  Falo dos dois touros que se piraram quando iam a caminho de uma morte anunciada, no matadouro de Viana do Castelo, e que nunca mais (até ontem) foram apanhados.

Pergunto , e se fosse connosco? Não nos bazávamos também? E o mais depressa que as pernas e a barriga deixassem?

Os infames torcionários até trouxeram em desespero de causa uma vaca em cio, para ver se os machos vinham ao engano. Mas eles, e bem, não ligaram ao "chamego". E por causa disso levaram logo roda de gays e pior... Está mal! É homofobia  primária (torofobia, aliás).

Então não há liberdade para cada um seguir o seu chamamento? Até para os touros, coitados, que habituados a ser "espremidos" por uns macacos quando da inseminação artificial já nem devem saber bem o que é uma vaca ao vivo e a cores...

Posto isto,  é óbvio que o tema de hoje tinha que ser a Liberdade! E aqui vão poemas:

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'


A solidão é sempre fundamento
da liberdade. Mas também do espaço
por onde se desenvolve o alargar do tempo
à volta da atenção estrita do acto.


Húmus, e alma, é a solidão. E vento,
quando da imóvel solenidade clama
o mudo susto do grito, ainda suspenso
do nome que vai ser sua prisão pensada.


A menos que esse nome seja estremecimento
— fruto de solidão compenetrada
que, por dentro da sombra, nomeia o movimento
de cada corpo entrando por sua luz sagrada.

Fernando Echevarría, in "Sobre os Mortos"

quinta-feira, maio 09, 2013

A morte e a copaneira de mão dada na Queima

O artigo que João Miguel Tavares assina hoje na última página do Público (até quando se publicará este excelente jornal? É aproveitar enquanto o Engenheiro não apertar os cordões à bolsa) deve ser bem lido e bem analisado.

Chama-se: Marlon morreu. Vamos ao Concerto?

E debate a decisão da Associação Académica de não interromper a Queima e suas festividades para honrar o jovem estupidamente assassinado, o tal atleta que tinha vindo da Venezuela para Portugal porque lá as pessoas não se sentiam seguras nas ruas...

Muito bem escrito este artigo, onde bebedeira rima com brincadeira e com atividade festivaleira. Onde se estigmatizam as práticas das "queimas" baseadas no consumo absurdo de cerveja e de vinho e nos "batizados" báquicos dos desgraçados dos caloiros, a quem os "inteligentes" obrigam a beber até vomitarem.

Sei bem do que estou a falar porque perto de minha casa existe um café de bairro  que serve bebidas a estudantes a preços especiais  , e que se encontra de tal modo cheio nesta época do ano que impede a passagem dos carros naquelas ruas meio apertadas do Estoril antigo.

A estudantada - que julgo pertencer à escola de Hotelaria e Turismo  do Estoril - passa as horas a dar a volta ao quarteirão onde moro, berrando e cantando as trovas habituais, bebendo muito, partindo garrafas de cerveja pelas ruas e acabando a festa com a também habitual "ida ao Gregório" na via pública.

Ontem, quando regressei a casa de uma cerimónia, pelas 2330h,  a festa estava já no fim. Não por falta de vontade, mas porque os "impetrantes" já nem sequer conheciam as mães, quanto mais acertarem com o buraco da boca ao levarem a garrafa acima das cabeças... Duas miúdas estavam deitadas no chão e alguns rapazes sentados no degrau do tal café esperavam pela recuperação das colegas. Ao menos isso.

Encaro filosoficamente estes dislates, porque já tive aquela idade e também abusei em certas alturas, embora não me lembre de ter sido tão "soltinho" como esta malta de agora. E nem sequer critico muito o dono do café, porque me disse que se não fossem estas noites de festa já tinha encerrado.

O que critico - e aqui acompanho o colunista do Público - é que não se tenha dado um sinal de respeito pela morte do jovem Marlon lá em cima na Invicta. Pelo menos por um dia, no 1º dia da queima, deveria a "festa" ter sido interrompida.

Mas há interesses económicos e financeiros importantes nestas andanças, e o poder da Super Bock ou da Sagres depressa ultrapassa pruridos morais. E a mensagem que se lança para a rua é esta:  Conhecíamos bem o  Marlon.  Ele  gostaria que não se alterasse nada!

Mas como não há hipótese de falar com os mortos - por muito álcool que se emborque  - nunca saberemos mesmo , mesmo, a vontade do assassinado não é verdade?

quarta-feira, maio 08, 2013

As recorrências nos temas das Emissões e Selos

Ao fim de 160 anos de emissões (desde 1853) é normal que se tenha já "comemorado" ou "evocado" , ou "celebrado" quase tudo.

Pelo menos, muita coisa. E nesta altura do ano, em que se prepara o Plano de 2014, vêm outra vez à colação as propostas de temas que poderão (ou não) já ter sido objeto de emissão de selos em anos posteriores.

É claro que muitas vezes não se celebram certas coisas, antes devem ser evocadas para não cair no esquecimento. Por exemplo, embora abundem nos catálogos os selos dedicados a centenários da "morte" de alguém, é por demais evidente que a morte não se celebra (com a provável exceção dos santos). Quanto muito evoca-se a vida e obra da personagem em causa.

Também não é muito simpático comemorar uma guerra. Mas penso que todos concordarão que lembrar aos mais novos as circunstâncias e a tragédia das grandes guerras mundiais - e agora aproxima-se o centenário da WWI - é um dever de entidades como os CTT, que são uma parte importante da memória histórica do país.

Vem esta conversa à colação para falarmos de um assunto que eu, pessoalmente, gostaria que fosse (outra vez) celebrado em selos no ano que vem. Trata-se dos 500 anos da Embaixada de D. Manuel I ao Papa. A célebre Embaixada que meteu Elefante Branco (o Hanno) e Rinoceronte (que, coitado, morreu no caminho, não sem antes ter sido desenhado por Dürer).

Bem sei que já tínhamos feito a evocação deste acontecimento numa Emissão EUROPA em 1982, com um selo do Arqº Martins Barata (que assinou José Pedro Roque). Mas que diabo, entrar em Roma com um elefante branco, panteras q.b. e mais não sei quantos cavalos e cavaleiros, pedrarias e tecidos da Índia, etc... valerá bem a "reposição"!

Nem que seja para lembrar aos amigos transalpinos o verdadeiro significado da palavra "Portoghesi"...

Caloteira é a mãe! (como diria o Chico Anísio)

terça-feira, maio 07, 2013

Coração (mal) Dividido!

Não se trata de ventrículos e de aurículos. Apenas relato o que sofreu ontem à noite  um desgraçado adepto do Benfica que é ao mesmo tempo sócio do Estoril-Praia (e secretário da AG do mesmo clube)...

Livra! Mal comparado eu quase que parecia o  mendigo daquela história conhecida, quando uma das senhoras da Santa Casa lhe perguntou à mesa da Ceia de Natal se "queria carne ou peixe?"

E no estádio da Luz, ontem, nem sequer tive a hipótese de usar a saída airosa do pobre famélico assim interpelado: "Muito, minha Senhora!"

Tivémos um grande jogo de futebol, tivémos um Estoril que merecia ganhar (com  penalty e tudo) tivémos um Benfica que me pareceu cansado (Matic e Sávio já nem corriam) mas, sobretudo, vamos ter Campeonato por mais uma semana pelo menos...

E com o FCP a afiar os dentes , depois de ter mais uns dias de descanso e alguns jogadores do Benfica a fazerem contas de cabeça à Final da Liga EUROPA, onde se querem "mostrar" para as TV's e potenciais compradores, vou ali  (às Antas) e já venho...

Ai Jesus que parecia que ganhavas tudo e corres o risco de não ganhar nada...

É a vida. Resta dar os parabéns aos meus canarinhos e esperar que , finda a temporada, os conhecidos abutres que sangram estas equipas deixem pelo menos alguns dos bons  jogadores lá na velhinha "Plage" para fazer figura na Europa .

E o meu Pai (que foi guarda-redes do Estoril lá para o início dos anos 50) deve estar a rir-se amargamente com esta história, ele que também dividia o coração tal e qual como o filho,  que se assina aqui diariamente...

segunda-feira, maio 06, 2013

Este protetorado está a ficar esquisito...

Que Portugal abdicou da independência e se tornou um Protetorado da Troika é por demais evidente...O que não se esperaria  é que se dessem dentro das fronteiras (ainda) existentes tantos fenómenos meio estranhos.

Ora leiam sff:

a) Ou existem dois Primeiros Ministros, ou então é um com esquizofrenia que dirige o atual Governo. Esse Primeiro Ministro disfarça-se de Lider do CDS aos Domingos para se dirigir ao País, depois de se ter dirigido ao País como Primeiro Ministro às Sextas Feiras. Estranhíssimo! É uma espécie de PCP (Passos Coelho Portas) que nos aflige como uma alma penada, sempre a anunciar desgraças. Não se pode exorcizá-lo?

b) Parafraseando Luis Afonso no seu excelente (sempre) Bartoon, "Se já temos outra vez exames da 4ª Classe, Emigração em barda e o Benfica em grande na Europa, o que é que nos distingue dos anos 60 do século passado?"
Resposta: hoje os homens já não usam chapéu. A não ser para pedir às esquinas...

c) Por não terem dinheiro para as deslocações, há já pais ( e mães) que pedem ao Sr. Juiz para verem os filhos menos vezes, conhecida a decisão do Tribunal de Família e Menores...

d)Termino com uma boa notícia! Descobriu-se lá para Alvaiázere (Leiria) uma nova espécie! Um  caracol lusitano até aqui desconhecido! Vive debaixo de pedregulhos e chama-se Candídula Coudensis. O seu habitat resume-se a uma área de 32 km2 apenas. E o que vale é que foi descoberto por um casal de ingleses... Porque se fosse avistado por algum portuga o desgraçado gastrópode  teria sido logo comido, sem direito a classificação, nome erudito e artigos de jornais. É a crise...

sexta-feira, maio 03, 2013

Para Descansar a Vista

Antes que o pau caia outra vez em cima das costas dos tristes (esperem pela pancada logo mais à tarde, 20h) aqui fica o habitual poema das Sextas. 

E mesmo que o país tenha acordado feliz pelo Benfica (enfim, a maioria do país...) não há Taça nem Campeonato que hoje em dia substituam os euros a menos que vão saindo das carteiras todos os meses. Saindo nem é bem o caso...Mais bem dito, "os euros que deixaram de lá entrar!".

Desta forma, para nunca perdermos de vista a "Realidade",  aqui vos deixo uma reflexão meio amargurada de Pedro Homem de Mello:

Realidade

Fomos longe demais, para voltar
Aos antigos canteiros onde há rosas.
Em nós, o ouvido, quase e, quase, o olhar
Buscam nas cores vozes misteriosas...

Mas o mistério é flor da juventude.
Não rima com poemas desumanos.
A idade — a nossa idade! — nunca ilude.
Só uma vez é que se tem vinte anos.

Quebrámos todos, todos os espelhos
E o sol que, neles, está hoje posto
Já não reflecte os lábios tão vermelhos
Que nos iluminam, sempre, o rosto.

Realidade? Há uma: apenas esta!
— Somos espectros na cidade em festa.


Pedro Homem de Mello:  "Eu Desci aos Infernos"



quarta-feira, maio 01, 2013

Amanhã no Funchal

Vou num pé e venho no outro, ou seja, parto de manhã e regresso ao final da tarde, para estar presente na cerimónia do Carimbo Comemorativo dos 25 Anos do Tribunal de Contas da Madeira.

Por isso amanhã não apareço por aqui. Até Sexta Feira!

1º de Maio do Trabalho

Em países onde o desemprego se aproxima ou até ultrapassa os 20% , e onde em certas classes populacionais - como nos mais jovens - atinge já uma obscena marca de 40%, parece utópico falar do 1º de Maio, ou pelo menos fora de fase, como se estivéssemos alucinando,  delirando com febres altas...

Um pouco como o náufrago a morrer de sede a quem os colegas de infortúnio importunam para discorrer sobre a influência na prova das  diferenças de temperatura a que se deve beber o vinho Alvarinho...

E no entanto, se não falarmos do 1º de Maio e da importância que essa data teve,  tem e terá sobre as relações laborais, estaremos sem querer a meter mais um prego na sepultura da Democracia.

Os operários que se revoltaram em Chicago, nessa madrugada fria, abriram com sangue o caminho de todos nós. Abriram um caminho que hoje parece estar condenado a ser cada vez mais estreito, feito de conquistas sociais que nos querem tirar em nome da "competitividade", da "segurança do emprego", da "manutenção das reformas".

O Ocidente quer competir com as fábricas do Bangla Desh - onde há 2 dias morreram 400 almas, por defeitos de construção num prédio-fábrica que desabou. O Ocidente quer competir com os salários dos chineses, com os dos indianos e paquistaneses. Quer competir com países onde não há segurança social, nem reformas, nem assistência à maternidade ou à doença.

O Ocidente devia ter vergonha e passar as leis que impedissem os seus gigantes industriais  de  se instalar nesses locais. E devia ainda passar as leis que proibissem a importação dos bens vindos dessas escravaturas, feitos pelos meninos-operários a troco de pão e água ou por desgraçados em condições sub-humanas.

O Ocidente não faz nada disso porque convém às grandes Indústrias e aos seus grandes Bancos pensar na economia "globalmente" e encarar o mundo todo como o seu parque de recreios privativo...

Como se pode impedir a China de exportar ao preço da chuva, se neste momento se trata de um dos maiores importadores de bens de luxo do Planeta? E há que escoar os Beamers, os Mercedes, os perfumes e as roupas de marca...

O Ocidente vai acabar por ser vítima da sua própria voracidade, logo que deixe de ser capaz de sustentar a segurança social nas suas fronteiras. E esse dia não está muito longe. Mais depressa a Sul, sem dúvida, mas a vez do Norte vai chegar.

Por todos estes motivos; Viva o 1º de Maio! Viva o Trabalho! Vivam os Trabalhadores!