quarta-feira, novembro 30, 2011

Comentário à Decadência

Uma nossa Leitora comenta ( e tão bem...):

Afinal não disse em que fase de decadência se encontra :) mas gostei. Também não prescindo dos prazeres da vida, com moderação. Morra Marta, morra farta. Bom feriado.



Comentário ao Comentário: Caríssima Leitora, a fase da minha decadência encontra-se em estudo no LNEC. Logo que haja resultados não deixarei de informar. Entretanto, como e bebo benzinho... O Post de amanhã será o espelho desta humilde afirmação. Um Beijo e Volte sempre!

A Decadência dos Indivíduos (no caso presente, Moi)

A decadência física ou intelectual é uma coisa lixada, todos o reconhecemos. Evidentemente que há decadências e decadências, mesmo sem entrar pela história do Voltaire e das suas conhecidas "duas mortes do homem macho": a propriamente dita e a das "bolinhas"...

Embora modernamente as duas "conclusões" da vida activa do macho homem estejam cada vez mais próximas no tempo uma da outra, por conta da investigação farmacêutica!  E em boa hora para felicidade de todos (deles e delas)....

Um atleta olímpico, dependendo da modalidade, atingirá o auge perto dos 27 ou 28 anos. Se for maratonista, mais tarde. No judo de alta competição estudou-se que o equilíbrio ideal entre a sabedoria, a experiência (porque não a "manha"?) e a pujança física,  verificar-se-ia ao redor dos 33 anos. No futebol todos nos lembramos do Gordon Banks, o grande guarda redes da selecção inglesa, que  defendeu a baliza da selecção com 40 anos. E hoje Ryan Gibbs no ManUnited, que como 38 ou 39 ainda é jogador de campo!

Está claro que as profissões ditas "de cú sentado" são mais duradouras e nessas, à parte algum furúnculo (já me aconteceu...) ou despertar do hemorroidal (este por enquanto não tenho)... O que dá cabo desta malta de camisa e gravata, sentada à secretária, são normalmente as doenças coronárias, uma ou outra cirrose para os mais atrevidos ou o bendito AVC - bendito, se for fatal.

Mas deixando de lado esta conversa escatológica em tema, vou-me agora referir ao outro tipo de decadência: a dos neurónios! E da forma como podemos todos detectar que alguma coisita nos está para acontecer...

Uma das coisas que nos fará despertar o sinal de alerta da senilidade precoce é quando começamos a confundir a abertura da Máquina de Lavar Roupa com a do Caixote do Lixo. Mesmo hoje em dia, em que quase toda a gente "recicla",  ainda me acontece às vezes ir deitar as peúgas no lixo, sem que para tal haja razão evidente ... As formas de contrariar esta tendência são duas:
- Nunca lavar as peúgas, De forma a que quando se retiram dos pés, depois de algumas semanas de uso, podem ir directamente para a "poubelle".
- Perder o mau hábito de fazer da Máquina de Lavar depósito da roupa suja. Comprar um recipiente apropriado para o efeito que se deve colocar afastado do caixote do lixo! Sob pena das cascas de banana passarem a fazer companhia às camisas...

Outro sintoma de alerta para a admissão à categoria de "ginja" (ou cereja já um bocado passada) é quando nos perdemos ao volante.
Saímos de um local, andamos uns km, e daí a pouco não sabemos onde estamos,  nem para onde íamos, nem sequer o que lá íamos fazer... Esta só me aconteceu uma vez ainda - estando sóbrio, está claro! As outras vezes não contam! -  em resultado do esgotamento que sofri logo depois da exposição Mundial que organizámos em 2010: saí uma noite do Parque das Nações e fui dar comigo dentro do carro (vá lá, vá lá...) no Alto da Damaia... O meu caminho de destino  era o do  Estoril. Ainda hoje estou para saber que vueltas deu o meu subconsciente para ir parar a tal sítio...

Finalmente, a mais conhecida de todas as antecipações da senilidade: quando nos dá a chamada "Branca". Nunca percebi porque é que lhe chamavam a "Branca"... Mas dou aqui alguns exemplos para os Leitores se situarem:

-" Pôrra! Ontem quando o teu Pai apareceu e estávamos sem roupa, deu-me uma "branca" que até me esqueci do nome dele..."
-"Oh Sr Guarda, eu não deixei a carteira com a carta de condução em casa de propósito! Deve-me ter dado uma "branca" e pronto."
-" Como está Sr Dr.... he...he...isto é, Sr. Engº...he...he...olha que coisa... deu-me uma "branca" e vai daí esqueci-me do nome de V. Exª"

Remédios? Ouve-se falar dos Complexos de Vitaminas, dá na Rádio Amália muita publicidade a uma "coisa" chamada Mangustão Mais (acho que é assim que se chama). Os naturalistas defendem a ingestão de diversos chás, mas todos (médicos incluídos!) recomendam que devemos seguir os seguintes conselhos:
1. Eliminar a carne vermelha bovina o suína.
2. Eliminar todas as outras carnes gordas.
3. Não consumir mais do que três gemas de ovos por semana (no ovo, a gema é que contém o colesterol),
4. Eliminar camarões e ostras.
5. Eliminar frituras, enchidos, produtos de salsicharia, farinha e açúcar refinados.
6. Eliminar cigarro, café e álcool (todo, acho que mesmo o alcoól de pôr nas feridas)).
7. Pouca ingestão de manteiga, cremes, queijos, e margarina.
8. Redução do sal.

Não está mal visto e tomei em boa conta.  Deixo aqui estas recomendações na melhor das boas vontades!

Claro que nunca as vou aplicar.  Livra Demóino!

 Para mim  viver é Viver mesmo. Para quem deseja apenas sobreviver basta ter a crisezinha em atenção.

Bom Feriado e aproveitem bem porque, destes , será o úiltimo!!

Vivam os Conjurados do 1º de Dezembro de 1640!  Abaixo a hegemonia castelhana da península!
(Mas deixem passar o Jamón muchachos!)

terça-feira, novembro 29, 2011

O Adeus às Armas

Não amigos leitores, não acabou a guerra no mundo... Antes fosse assim. O título tem apenas a ver com a substituição da bazuca, da granada e da AK47 - no mundo civilizado - pelos ratings das dívidas soberanas dos Estados, taxas de juro, aumento de impostos, e coisas assim...

Já todos tínhamos ouvido falar de "crimes de colarinho branco" , mas neste século parece que se inaugura uma nova tendência : a da "Guerra Branca"... Apesar do nome  não tem racismos, tal como o vírus da gripe influenza no século passado, "mata" pretos, brancos, amarelos e até acobreados...

Esta Guerra também tem baixas? Perguntarão alguns...

Tem sim e não são poucas...basta pensar no desemprego, nas falências, nas penhoras, nos universitários a contar moedas nas caixas dos hipermercados (os sortudos!) ... basta pensar no declínio das disciplinas ligadas às Humanidades e à Cultura, porque neste mundo cão quem ainda se pode safar serão os engenheiros e os pedreiros, e os biscateiros...Quem saiba trabalhar com as mãos ...

É o Regresso à Terra, à "ingrícola" para quem pode. Não tenho nada contra isso e até me posso considerar priveligiado nesse aspecto. O velho Rousseau estaria até feliz com este reviralho... Da poluição ao paraíso (fiscal...).

Quem não recordará esse momento histórico em que um grego  pousou a enxada, limpou o suor, olhou para o céu e para o mar infinito e começou a pensar:

"-Quem raio somos nós? Para que é que aqui estamos? "

2300 anos depois (mais ou menos..) a resposta nunca foi tão simples:

"Somos um bicho de faz de conta e estamos aqui para ajudar à engorda de alguns, poucos"

segunda-feira, novembro 28, 2011

Guisado à "Calona" (neste caso, Calão...)

O título é feio, "Calona" rima com trombona, mijona, cagona,  e outras coisas terminadas em "ona"...Como "maratona"... (O que é que julgavam ordinarões??!!). Mas "Calão" também não é melhor...Experimentem as rimas possíveis...

Mas fora isso, o guisado do qual vos dou em baixo humilde receita, faz-se em 45 minutinhos! Podem crer porque o experimentei neste Domingo.

Mas já lá chegaremos, primeiro o "enquadramento":

Começa o terror da "saison". As compras e as ofertas. Se bem que reduzidas à sua dimensão mais pequena por causa daquilo que nos fizeram (ainda não se sabe bem quem foi, estão a investigar...).

Nestas coisas das compras há que nos revestirmos de um cinismo absoluto , aliado a uma esperteza saloia de Odivelas (ou maior). De facto, a Santa gosta de tudo controlar. Quer saber onde se gasta o dinheiro e com quem. Como muitas vezes se trata do dinheiro do "Je", do "Moi", mesmo sendo relativamente pouco eu acho que ela tem tanto direito a saber do assunto como o Jorge Jesus a ter acesso à táctica do Paciência 24h antes do derby! (Ainda dói amigos? Deixem lá que passa mais depressa se puserem vaselina...).

Dessa forma vou com ela às compras para a família cá de baixo, geralmente ao Sábado, e depois, enquanto a "criatura" vai à Missinha, no Domingo, trato eu das minhas outras devoções....

Foi o que se passou neste fds, deixando-me tanto como 60 minutos para tratar do almoço do senhorio e do locatário... Obviamente que não tinha nada  já temperado de véspera (até podia, mas assim não se justificava a "pressa" e os truques menos "gastgronómicos").

Guisado à moda de um bom calão: Comprem secretos de porco preto, uma embalagem de toucinho de porco preto também, entremeado. Um pacote de coentros já cortados ,  azeite, duas latas de grão cozido, meio chouriço alentejano (para não fugirmos do "mote") aos pedaços pequenos, meia morcela preta, cebola e alho para o refogado. Uma cenoura não muito grossa, Louro em folha, 2 malaguetas esmagadas, um copo pequeno de Moscatel, Madeira (ou de vinho branco).

Comecem  por refogar ligeiramente a cebola, cenoura cortada  e o alho no azeite, com uma mão de sal, e juntando o chouriço cortado, a morcela aos bocados,  o toucinho entremeado também ele cortado às fatias o mais finas que puderem, pedacinhos de louro, os coentros  e malagueta.
Logo que esteja loura a cebola deitem o vinho .
 Depois os "secretos" cortados ao meio.
Ao fim de meia hora a apurar sempre ao lume médio, introduzam o grão já cozido, com alguma da água que vem nas latas. Rectifiquem de sal, dêem uns abanões ao tacho  e fica a apurar de novo mais 15 minutos até retirar para a mesa.

Fácil, rápido e...bom! (com desculpas pelo elogio em boca própria).

Acompanhem com um tinto novo, que tenha algum tanino. Por exemplo um Bairrada da Casa de Saima, ou das Bágeiras... Eu resolvi o assunto com um branco já muito evoluído, de 2005, do Centro de Estudos de Nelas...  E veriam como foi feliz este casamento...

Comentário à Crise

O Amigo Paulo Mendonça comenta:

Recomendo vivamente a explicação da crise pelo grande John Cleese em:



http://youtu.be/GJ5dwQUKZ0E

Um abraço

Comentário: Vão lá ver que vale bem a pena...

sexta-feira, novembro 25, 2011

Para Descansar a Vista

Em dia de Sol que faz adivinhar um fim de semana também ele Soalheiro (grande vinho por sinal!) vamos lá a levantar o moral.

Mesmo que o leitor seja algum trabalhador a quem "foram" já ao bolso no subsídio natalício... haja esperança porque, por enquanto, o Sol e a Praia são de graça.

Tal como dizia o brasileiro antigo:

"Morena tem, banana tem, coco tem, solinho tem, praia tem...Porque Deus foi esquecer da árvore do chope??!!"


Feliz Dia para Quem

 É Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!

Azul do céu faz pena a quem
Não pode ser
Na alma um azul do céu também
Com que viver

Ah, e se o verde com que estão
Os montes quedos
Pudesse haver no coração
E em seus segredos!

Mas vejo quem devia estar
Igual do dia
Inconsciente e sem querer passar.

Ah, a ironia

De só sentir a terra e o céu
Tão belo ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter!

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

quinta-feira, novembro 24, 2011

Greve Geral

Poucas palavras hoje aqui no Blogue, a não ser para falar da GREVE.

Muita gente saía de casa pela madrugada, de carro. Pelas 6,30h já havia algum abrandamento na A5...

Os jornais publicaram-se e chegaram aos quiosques. Parece que os Transportes estão mais ou menos parados, mas aqui à entrada de Lisboa vi vários autocarros das "Rodoviárias" a passar. Com muito pouca gente dentro, claro.

O êxito da GREVE vai medir-se pela adesão do Metro , da Carris e da CP, como costuma ser costume...

Neste País de recibos verdes e de contratos a prazo, onde o medo substitui o respeito, é normal que os desgraçados precários venham trabalhar sob pena de ainda mais represálias.

A GREVE sempre foi um sintoma de mal estar e um aviso a quem de direito. O problema é que neste momento quem manda não está em Portugal nem será afectado pela GREVE... Ou melhor, será tanto como nós quando vemos num Telejornal a notícia de um descarrilamento (sem mortos nem feridos) lá para a Pensilvânia...

Convenhamos que é pouco motivador,  e ainda menos dará para alguém da "massa" , aqueles que verdadeiramente mexem connosco, coçar o traseiro com algum incómodo....
Resta a politicazinha caseira, a brincar às bonecas aqui na praia lusitana:

"-Vá lá, deixa ficar como está o IVA na restauração que não te chateio mais com os subsídios!"
"- Não pode ser! Já tivémos esta conversa querida, gastaste demais em sapatos , agora não dá para  SPA's e massagens faciais!"

Que indigência!

quarta-feira, novembro 23, 2011

O assombro do Marciano que regressa à Terra

A perspectiva que alguém de fora (muito de fora, tão de fora que parece exagero) terá sobre os hábitos indígenas tem pelo menos a vantagem de pôr a claro algumas "verdades" que, por serem assim demasiado evidentes,  às vezes se ignoram...

Esta "fresca" visão das coisas é conhecida da literatura, por exemplo  a famosa parábola "O Rei vai Nu" onde, como todos sabem, foi preciso  vir uma criança "desmontar" o cenário grandioso tecido (diríamos mesmo "drapeado") em volta da vaidade humana.

Vem esta conversa a propósito do célebre  texto anedótico que mete um Marciano, depois de ter vindo à Terra, a contar o que por cá viu aos outros Marcianos. Entre muitos disparates deliciosos retomo este:

"-Lá na Terra quem manda mais são uns seres que parecem uns Postes Altos e  que estão pregados no chão em certos locais. Mudam de cor, e conforme essas ordens os Terrráqueos das classes inferiores param ou avançam. E nem precisam de abrir a boca para serem obedecidos... tal respeitinho devia também existir aqui em Marte!"

Os semáforos mandantes do turista Marciano estão de volta. Falam pouco ou nada...E mandam que se farta! São altos e magros, transportam sempre umas pastas, viajam em viaturas negras de grande cilindrada, trajam por norma fatos de 3 peças de tons escuros, usam a Montblanc para assinar contratos e externalizam no Paquistão ou na India os call centers das suas empresas, depois de terem para lá mandado instalar as respectivas fábricas...

Vivem em Paris, Londres, Nova Iorque ou em Genéve. Constituem uma classe à parte da dos outros mortais. O seu objectivo na vida é construir uma imortalidade feita de papel (sonante) que lhes permita perpetuar hereditariamente o respectivo domínio que têm  sobre as classes "inferiores"...

Foram os causadores da Crise ( de todas as crises). Agora brincam com as dívidas soberanas, tentanto tirar dividendos pessoais desta "guerra surda" que opôe o USD ao Euro...

Não se preocupam nem nunca se preocuparam com os "danos colaterais"... Se as suas decisões nos mercados levarem à falência e ao desemprego de milhões, não será por isso que dormem menos horas...Fazem a Guerra e decidem quanto à oportunidade da Paz.

São aparentemente "invisíveis" e utilizam como marionetes aqueles que dão a cara e que os representam nos fóruns públicos: os Ministros das Finanças, os Primeiros Ministros, as Chanceleres, e etc...

Apoiam hoje um Presidente de um País terceiro mundista e amanhã fazem-no cair, consoante as alterações no preço dos metais em Tóquio ou do café em Chicago... Lucram, (podem crer que sim!) muito, imensamente, com esta Crise.

E , para voltar ao ponto como começámos a conversa,  imaginem que  o tal turista Marciano pudesse reportar aos seus conterrâneos (salvo seja) que, tendo regressado à Terra, viu muitos daqueles postes "mandões" no chão?

Inclemência! Caos no Trânsito! Desgraça !  (dirão alguns, agarrados às regras da sociedade antiga, feitas por esses mariolas de fato completo) .

Mas reparem que  pode ser necessário desmontar a actual Sociedade para construir alguma coisa de diferente... Uma "coisa" onde não mande o mais alto e o mais magro , só porque lhe puseram um software de mudança de luzinhas às cores...

 De facto, não sei se notaram que há mais carros do que semáforos. Se um carro se zangar com um semáforo e marrar nele, quem ganha? E se forem 100, uns atrás dos outros?

Daqui a nada estão a chamar-me Otelo... mas não importa.

Saúdo daqui a Greve Geral de amanhã.  Abaixo os Semáforos!

terça-feira, novembro 22, 2011

Homo Sum...

homo sum: humani nil a me alienum puto

Sendo Homem acredito que nada do que é humano me deve ser estranho... Famosa frase de Terentius (um autor de comédias que terá vivido em redor do ano 180 AC)...

A palavra latina  "putus" significa "menino" (verdade!). Mas aqui  é utilizada a forma "ut puto"  que se poderá traduzir livremente como "conforme creio".

Nota: O Blogger não é latinista nem sequer formado em  Humanidades. Adiante se verá porque começou desta maneira pseudo erudita o Post.

Tudo tem a ver com a confissão pública de um dirigente da Cáritas sobre a sua incapacidade para lidar com as necessidades cada vez maiores dos novos indigentes nacionais... E quando apareceu por momentos nos horizontes deste gente que trabalha nas Organizações de Solidariedade Social a nuvem negra sobre um pretenso corte dos fundos comunitários destinados a estes fins de benemerência, ainda pior!

Parece que os bancos alimentares, as paróquias que possuem cozinhas comunitárias,  etc... cada vez mais veêm aparecer à porta novas caras e novos encargos.  Tratar-se-ia de gente que já pertenceu à classe média, mas que agora ( por ter sido despedida, ou por lhe terem caído em cima dos ordenados com os cortes) depois de pagar o que deve às Finanças, depois das despesas fundamentais de um agregado familiar (EDP, Águas, Escola)  já não tem dinheiro para comprar comida.

Não acho estranho. Todos nos situámos face às despesas em função daquilo que recebíamos antes.
Quando o rendimento disponível baixa para (nalguns casos) metade daquilo que era noutros tempos  - e vá lá, vá lá, que assim ainda se mantém o emprego! - é perfeitamente normal que já não seja possível pagar todas as despesas com que nos tínhamos comprometido...

O que fica para trás? O supérfluo obviamente: o tabaco, as saídas de copos, o cabeleireiro, o comer fora, a roupa nova, o judo dos miúdos, a TV Cabo ... E se mesmo assim o dinheiro ainda não dá?

Estaciona-se permanentemente o automóvel à porta de casa? Tiram-se as crianças da escola? Deixa-se de pagar o seguro do carro? E por aí fora, até chegarmos à comida...

Muitas famílias portuguesas estão assim. E o pior é que as maiores despesas que lhes mordem a carteira não são (infelizmente) descartáveis como o bolo do pequeno almoço ou o café depois do jantar...São os encargos dos empréstimos bancários, os juros dos cartões de crédito (assombrosos!), e outras coisas desse género.

E mesmo que os outros que ainda podem alguma coisa queiram ajudar, muitos deles devem estar a olhar para dentro e a ruminar "E se isto me vai acontecer também? Pôrra!!"

Daqui apenas uma lembrança aos Amigos: compreendo bem o escrúpulo em abrir os cordões às bolsas nestas épocas, MAS nem só com dinheiro se pode ajudar... Não haverá lá em casa roupa que já não serve aos "putos" , livros infantis ou outros que se possam dispensar? E se algum dos adultos emagreceu por moda, não poderá dispensar a roupa dos outros tempos, até em incentivo para não voltar a engordar?

E falhando tudo isso, ou mesmo com tudo isso mas sem meter dinheiro na conversa, não sobrarão umas horas aos fins de semana para ajudar com o corpinho? Para nos voluntariarmos para alguma ajuda?

Hoje serão "eles", os "outros", que estão "à rasca"...Nada garante que amanhã não possamos vir a ser nós, ou alguém que nos seja próximo.

Leiam  os comentários de Vasco Pulido Valente na entrevista magnífica que deu a Pedro Lomba no caderno 2 do Público de ontem.

E assustem-se como eu me assustei...

segunda-feira, novembro 21, 2011

Comida de conforto

Comecemos por alinhavar um dos significados de "comfort food" : Comfort food is a meal prepared traditionally that may have a nostalgic or sentimental appeal.Comfort foods may be consumed to positively pique emotions, to relieve negative psychological affects or to increase positive feelings. The term was first used, according to Webster's Dictionary, in 1977.

Nos dias que correm,  esta "comidinha de conforto" que evoca tempos melhores, de serões passados em família, com os tachos lentamente a apurar na cozinha, pode e deve, mais uma  vez ( e outra, e outra...) entrar nos nossos planeamentos quando comemos em casa.

O receituário tradicional português está cheio deste tipo de pratos, desde o emblemático "Cozido" até aos guizados apaladados, às caldeiradas ou sopas de peixe, passando pelos Bacalhaus. Algumas destas receitas - embora fáceis de fazer - levam tempo. E não serão muito tendentes a "perder peso"... Fora isso recomendo-as em absoluto!

Este Sábado, por exemplo, avancei com uma variação das salsichas frescas com couve lombardo, feita em casa onde a "malta" não gosta de Lombardo... Muito fácil e rápido:

Ingredientes para 4 pessoas: Uma cuvette de couves de bruxelas frescas (2,21€); uma embalagem de cogumelos pleurotos (2,71€); 1 kg de batatas pequenas novas (3€); 2 embalagens de salsichas frescas ,10 pares (8€) se forem finas, 8 pares se forem das grossas. Azeite, cebola e alho para a puxadinha. Pimentão doce e malagueta seca. Uma mão de sal. Meio copo de vinho branco.

Faz-se tudo no mesmo tacho! O que para mim é uma grande vantagem!.
Lavem-se muito bem as batatas (não precisam de tirar a casca se forem das novas mesmo), os cogumelos e as couves de bruxelas. Finalmente chegamos ao Tacho que, como já sabem e muito tenho aqui dito, deve ser sempre de fundo bem grosso:  começamos por puxar no azeite a cebola aos pedaços pequenos com o alho, a malagueta desfeita e uma colher de sopa de pimentão doce. Juntem nessa altura uma mão de sal (cheia ou rasa, consoante as "inclinações"). Quando a cebola alourar introduzam o vinho branco para refrescar. Deixem apurar mais uns minutos, sempre em fogo lento. De seguida introduzam os pleurotos  primeiro (para engrossar o molho) depois as batatas e as couves de bruxelas. Ponham por cima as 20 salsichas, comecem por rodear o perímetro do tacho e depois  ocupem o centro, para caberem todas sem "atropelos".

Sempre em fogo lento deixem estar ao lume cerca de uma hora, abanando de vez em quando o tacho e provando para corrigir de tempero se necessário.

Logo que as batatas estejam cozidas tiramos para a mesa. Come-se acompanhando com um bom pão casqueiro de Mafra ou de Rio Maior, que se ensopa naquele molhinho rescendente de cheiros e de sabores.

E já viram que com 16€ dão de comer a 4 mânfios? Fora o vinho...
Bebam um Tinto jovem com este. prato barato e despretensioso: talvez um Monte das Servas tinto de 2009 (cerca de 6€), ou (subindo em gama) um Crasto tinto de 2009 também ( a 8 €).

Bom Proveito!

A Crise "espanta" mais um Governo

O PSOE de Zapatero foi mandado plantar couves (galegas) e dedicar-se ao caldo verde, como tinha acontecido aqui no burgo com o seu homólogo PS de Sócrates...

A P*** da Crise fez mais uma vítima. E por isso mesmo avança para Bingo Don Mariano Rajoy com maioria absoluta.

Sendo um "bizinho" nosso da sempre amada Galicia (gastronomicamente, e não só) é de esperar que se entenda bem aqui com o lado mais pobre da Ibérica família...Os do lado do Mar.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Para Descansar a Vista

Um pouco mais tarde do que o habitual cá estamos para dar o mote ao poema desta Sexta feira.

Fui com a Santa fazer uma RM . Para muitos ( e com razão) uma RM é uma  ressonância magnética, mas eu gosto de lhe chamar a "Revisão do Milhão" (de km...). A santa sempre tem oitentas...

Um tanto perigosa esta afirmação nos tempos que correm e tendo em atenção a Quadra.Se ela me ouvisse (digo, lesse) ainda me mandava apanhar as couves da Consoada  eu próprio .

Mas o meu Primo chibinho está para a Guiné , onde foi oferecer uma ambulância, pelo que estou mais ou menos livre de complicações...

E o mote está dado: Longe da Vista...

Distância

Não vás para tão longe!
Vem sentar-te
Aqui na chaise-longue, ao pé de mim...
Tenho o desejo doido de contar-te
Estas saudades que não tinham fim.

Não vás para tão longe;
Quero ver
Se ainda sabes olhar-me como d'antes,
E se nas tuas mãos acariciantes,
Inda existe o perfume de que eu gosto.

Não vás para tão longe!
Tenho medo
Do silêncio pesado d'esta sala...

Como soluça o vento no arvoredo!
E a tua voz, amor, como se cala!
Não vás para tão longe!

Antigamente,
Era sempre demais o curto espaço
Que havia entre nós dois...
Agora, um embaraço,
Hesitas e depois,
Com um gesto de tédio e de cansaço,
Achas inconveniente
O meu abraço.

Não vás para tão longe!
Fica. Inda é tão cedo!

O vento continua a fustigar
Os ramos sofredores do arvoredo,
E eu ponho-me a pensar
E tenho medo!

Não vás para tão longe!
Na sombra impenetrada,
Como se agita e se debate o vento!...


Paira nas velhas ruínas do convento
Que além se avista,
A alma melancólica d'um monge
Que a vida arremessou àquela crista...

Céu apagado, negro, pessimista,
E tu sempre mais longe!...

Fernanda de Castro, in "Antemanhã

quinta-feira, novembro 17, 2011

O Livro do Luiz Duran

Um Comentário de um dos nossos Leitores:

Boa tarde
Tenho estado à espera de mais informações sobre o catalogo/livro de selos do Luiz Duran. O livro já foi editado ? Tenho todos os livros do Luiz Duran e também gostava de ter este. É possível ?

Resposta: Infelizmente este Livro não estará à venda... Como foi feito desde a concepção até à impressão com colaborações graciosas de muitos, tudo pro-bono , os CTT não poderiam "fazer negócio" com ele. Foi oferecido a todos os filatelistas, designers e interessados que se deslocaram à Fundação das Comunicações no dia 11 de Outubro, para a cerimónia. E eu avisei aqui no Blogue sobre o que se iria passar e convidei os leitores para lá irem...

Nivelar por Baixo

A inefável Troika não só mandou passear as miragens "naif" de Seguro quanto ao "perdão" de um dos subsídios aos trabalhadores do sector público, como ainda por cima alvitrou que o corte nos tais subsídios deveria ser "esticado" a todos os trabalhadores portugueses, também aos do sector privado...

Numa terra como a nossa, onde a invejazinha impera, estou já a ver alguns dos "públicos" a fazerem manguitos aos "privados":

-"Toma lá q'é pr'á aprenderes! Julgavas que só me tocava a mim não? Guloso!"

Coitados de uns e de outros se não entenderem que esta luta é de todos, sem excepção.

O Senhor Governo, a contar com os votos e o apoio dos "privados" , é que não deve ter gostado muito desta cena troikal em vésperas de uma Greve Geral...

Vamos lá a ver se em relação a esta "solicitação", "recomendação", "reinvindicação", "imposição" , (ou lá como lhe quiserem chamar), da Troika que nos governa , vai o Homem Gaspar ser tão expedito como costuma ser em ir mais longe do que diz o sermão...

Cá para mim acho que não. E até são capazes de se esquecer...

O que não será mal para o comércio e restauração de Portugal, e para os bolsos dos camaradas do "privado", mas aumenta a nódoa de discriminação que já se abatia sobre Passos Coelho e Cª...

Virar Trabalhadores contra Trabalhadores pode parecer uma estratégia arguta e até era capaz de o ser para os Patrões , se vivêssemos todos no dealbar do Sec XX... Nesta altura dará sempre mau resultado.

E quem não o compreender é porque é BURRO!

(Com desculpas aos asnos de 4 patas, que são bem espertos por sinal!)

quarta-feira, novembro 16, 2011

Definida a Troika para novo Livro Gastronómico dos CTT

Fátima Moura, José Quitério, Mário Cerdeira (o fotógrafo).

São estes três especialistas que assumirão a alta responsabilidade de pôr em prática, do ponto de vista da concepção dos conteúdos, o Livro Gastronómico "Sabores do Ar e do Fogo" que os CTT editarão em 2013,  contendo selos alusivos já a lançar em 2012 e a repetir em 2013.

Trata-se de um levantamento (necessariamente limitado) de Produtos de salsicharia tradicionais portugueses, dos nossos fumeiros regionais ou  secos ao ar, enchidos em tripa ou simplesmente adubados, começando pelo Montesinho e Barroso  e vindo parar cá em baixo a Barrancos, sem esquecer os Açores.

Depois de "difícieis " negociações,  dada a proverbial reticência de meu ( e Vosso) Mestre Quitério em envolver-se noutras aventuras fora do seu  "munus publicum" semanal no Expresso, conseguimos por fim levar a bom porto este navio. Levar a bom porto será exagero...Ainda a barcaça não saíu do Tejo e já estou a ver a costa do Malabar onde Calecute esperava pelo Gama??
O que querem? Sou um optimista ferveroso e crente.

Será uma epopeia de alta dificuldade... Basta referir que as autoridades (Ministério da Agricultura) citam não menos de 7 dezenas de produtos destes, IGP ou não.

Este projecto podia e devia ter também a colaboração do nosso David Lopes Ramos, que connosco compartilhou muitas vezes a sua sabedoria sobre estas matérias, desejoso de finalmente poder trabalhar num projecto com o seu Amigo de sempre,  Quitério.

Os Deuses não o permitiram.  Encomendo daqui ao David, não direi uma cunha, que isso ele nunca faria, mas uma palavrinha de apoio dita aos ouvidos do Fado Eterno, de forma a que olhe com benevolência esta aventura .

E dado que nem o Zé, nem muito menos  eu,   (nem o David),  podemos servir de Vénus apaziguadoura de alguma possível  ira de Júpiter - por nos faltar a "embalagem" para tal  (só de pensar nisso estremeço) - apenas devemos jurar  em promessa alguma modesta cesta, com um ou dois chouriçitos da Guarda, umas febrinhas de presunto de porco alentejano curado ao ar e uma alheira de Vinhais com grelos... Pode ser que se tente o Homem com isto...

Aqui para nós é capaz de estar um bocado farto do néctar que manja todos os dias nesse seu Olimpo...

Nem sempre Rainha , nem sempre Galinha! (Como dizia o D. José ao construtor Marquês).

Portugal 6 - Bósnia 2

Olha que Pôrra! Lá se vão as esperanças em manter um subsídiozinho para o ano...

Nota: O Blogger não está maluco, pelo menos não mais do que o habitual... Leiam o Post anterior e já ficam a saber.

terça-feira, novembro 15, 2011

A Ameaça Bósnia (Importa-se de repetir??)

Parece que hoje, no mítico Estádio da Luz, será o encontro do "tudo ou nada". Portugal joga ali as suas pretensões de se reunir com a alta roda europeia de clubes . O adversário é a...Bósnia.

Exacto! A Bósnia. Parece estranho a alguém que a selecção que foi finalista de um europeu, que estará nos top ten da FIFA  (e não da UEFA) e que tem nos seus quadros o Bota de Ouro actual e dois candidatos a Bola de Ouro,  esteja nestas circunstâncias? E frente à Bósnia?

Sim e Não...É "a sina que as cabras têm", como dizia o Tio Santidade lá na Beira Alta.

O povão já goza na rua com o assunto: "- Habituaram-se a isto e vai daí brincam com o coração dos adeptos".. Pode ser que asssim seja. Mas quem brinca? O Bento? O CR7? O Madail mumificado?

Mistério. Provavelmente será a tal "sina" , o atavismo árabe aqui deixado pelo último dos Emires a levar com a bota do Afonso Rei.

Uma coisa é certa: este país não precisa neste momento de mais nenhuma desgraça para somar ao rol das que já leva às costas. E se a Selecção das Quinas não for ao Europeu o Governo tem imediatamente de pensar em mitigar o desgosto generalizado e as sombras negras que não deixarão de pairar sobre a já escassa pretensão lusa a uns pingos de felicidade.

De tal forma que pode muito bem arrepiar o caminho e dar ouvidos ao Seguro, levantando a interdição a pelo menos um dos subsídiozinhos cortados em 2012 e 2013...

Pensando bem, se tal se passar até já não me parece tão mal que a Bósnia seja apurada... Queremos lá saber  da bola para alguma coisa? Venha o dinheirinho sff!

Nota 1: o mesmo devem pensar (venha o dinheirinho!)  noutro enquadramento,  Nani, Cristiano, Fabião & Cia.... E nunca se esqueçam que o Marechal Duque de Saldanha acabou por trair os seus ideais ( e os dos outros) porque "tinha muitas despesas". Ora aí é que  está o Busílis!!

Nota 2: A origem de Busílis é controversa. Uma das interpretações é a de que vem do latim "in diebus illis" (naqueles dias), frase que algum copista dividiu erradamente: ao final de uma página como "in die" e no início da  outra como "bus illis" . Quem lia mais tarde esse texto sem conhecimento sério de latim pronunciava "Busilis", termo inexistente nessa língua,  até que se aperceberam que o problema central era a má divisão da frase inicial. . Hoje em dia Busílis significa "o ponto central, o mais importante na solução de um problema ou na resolução de alguma dificuldade".

segunda-feira, novembro 14, 2011

Teorias da Conspiração

Mario Monti  ( o indigitado 1º Ministro de Itália) e Lucas Papademos (actual 1º Ministro Grego com horas de nascimento na função) e ainda Mario Draghi (Presidente do Banco Central Europeu)  foram quadros superiores ou consultores da Goldman Sachs...

O que será esta tal de Goldman Sachs? Apenas um dos maiores Bancos de Investimento do mundo, embora desde a crise do Sub-Prime tanto ela como a rival J. P. Morgan tenham retomado as actividades bancárias "normais" de angariação de depósitos como core business.

Consultora de Governos, de Multimilionários e de enormes Empresas... Uma Financeira gigante,  bastante envolvida na crise que nos afecta a todos neste momento. E quando digo "bastante" estou a dizer bem pouco...

Vejam aqui sff: http://en.wikipedia.org/wiki/Goldman_Sachs

Cá em Portugal são Consultores do BPI para Fundos de Investimento , delinearam a defesa da PT e do BPI contra as aquisições hostis de Sonae.com e do BCP e são parceiras do Estado na colocação dos Títulos do Tesouro. António Horta Osório e António Borges (este muito próximo do actual 1º Ministro) foram trabalhadores da Goldman.

Vejam aqui mais detalhes: http://economico.sapo.pt/noticias/os-negocios-do-goldman-sachs-com-portugal_129105.html

Conclusão: O Leopardo pode mudar as suas pintas? A Bíblia diz-nos que não (Jeremias, 13,23)... Cuidado Amigos e mandem vir a Scully e o Mulder... A Europa está em perigo. O que também não é novidade nenhuma.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Para descansar a Vista

Dia de S. Martinho. 

Haja castanhas e bom Vinho!  E pela Golegã, como se passam as coisas? Foi provavelmente também afectada pela crise esta 36ª Feira da Golegã e 13ª Feira Nacional do Cavalo, que teve o "azar" de decorrer em 2011, de 4 a 13 de Novembro. Para o ano haverá mais ( só espero que seja "mais e melhor").

Em louvor do Cavalo serão então os poemas de hoje.  E antes da poesia um delicioso "pensamento" sobre o Tema:

"If the world was truly a rational place, men would ride sidesaddle."
Rita Mae Brown

E esta hein? Bem visto e apalpado Rita!
Não quero, não

Não quero, não
Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.

Quero um cavalo só meu,
seja baio ou alazão,
sentir o vento na cara,
sentir a rédea na mão.

Não quero, não quero, não
ser soldado nem capitão.

Não quero muito do mundo:
quero saber-lhe a razão,
sentir-me dono de mim,
ao resto dizer que não.

Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.

Eugénio de Andrade

A thousand horse and none to ride!

With flowing tail, and flying mane,
Wide nostrils never stretched by pain,
Mouths bloodless to the bit or rein,
And feet that iron never shod,
And flanks unscarred by spur or rod,
A thousand horse, the wild, the free,
Like waves that follow o'er the sea,
Came thickly thundering on,...

Lord Byron, XVII, Mazeppa, 1818

The Horse

Where in this wide world can man find nobility without pride,
Friendship without envy,
Or beauty without vanity?

Here, where grace is served with muscle
And strength by gentleness confined
He serves without servility; he has fought without enmity.

There is nothing so powerful, nothing less violent.
There is nothing so quick, nothing more patient.

Ronald Duncan, "The Horse," 1954

What delight

What delight
To back the flying steed, that challenges
The wind for speed! - seems native more of air

Than earth! - whose burden only lends him fire! -
Whose soul, in his task, turns labour into sport;
Who makes your pastime his! I sit him now!

He takes away my breath! He makes me reel!
I touch not earth - I see not - hear not.
All is ecstasy of motion!


James Sheridan Knowles, The Love-Chase

quinta-feira, novembro 10, 2011

Como Explicar a Crise à "Santa" ( a dos carcanhóis)

A única vantagem que eu pensava ser possível extrair desta Crise seria a maior facilidade em abrir a torneira dos fundos maternais geridos pela santa senhora cá de baixo, aliviando assim o peso da austeridade que este vosso amigo blogger já sente cada vez mais...E quem não sente que levante a mão!

As intenções eram boas, o princípio da coisa parecia ser são, o objectivo por demais virtuoso: antecipar alguma coisita da "herança" sem ter que esperar pelo "acontecimento inevitável".

Tal "acontecimento" há-de chegar - não duvido . Não se sabe é quando...Tal como com o Fidel, esta santa cá de baixo, aos 80 e tais, ainda parece que está para durar e engomar... o outro pode estar conservado em Rum e defumado pelos Cohibas (Ai que saudades!) enquanto que a dita cuja será mais em àgua benta. Seja como for ambos têm tido bons resultados.

Farto de esperar pelas melhoras da vida (Euromilhões e assim) , atormentado pela crise e querendo , não direi manter o nível a que estava habituado, mas pelo menos minorar os sacrifícios, engendrei um esquema articulado para "sacar" mais algum do que lá está na Caixa.
A chamada (noutros Trópicos) "Conversa do Bandido":

"- A Mãe já viu como está cada vez menos gente nos super-mercados? É a Crise..."
 "- Pois já vi, já. Gastaram tudo quando tinham e agora remoem!" (mau, mau que a conversa não era bem esta..).
"- Mas até o Presidente da República acha que os sacrifícios são demais! Assim não pode ser!"
"- Poupem! Poupem que foi o que eu fiz toda a vida!" (Ai, Ai, Ai que tá cada vez pior...)
"- Por exemplo, eu agora com o aumento dos impostos e a redução no vencimento e o desaparecimento dos prémios,  só ganho metade do que ganhava em 2002! Quem se habitua a isto?"
"- Olha que metade de muito ainda é bastante! E para que precisas tu de mais dinheiro? Só se for para poupar..." (Está o caldo a entornar não tarda!"
"- A Mãe já viu que se o seu Neto ou eu formos  para um Hospital já não tenho tudo de graça? E que até os remédios têm menos participações? "
"- Bem, se isso acontecer eu ajudo. Agora para copos,  jantares e compras de vinhos caros para beber com os teus amigos? Nem pensar nisso!  Até seria uma ofensa aos pobres!" (Pronto. Acabou-se a prudência e a cortesia! Estupor de V*** que me atarrazina!)
"- Olhe que a Mãe também está sempre a dar para a Paróquia e coisas assim. Lembre-se mas é de nós que também precisamos!"
"- Tens lá em cima na terra muito terreno para cavares se vier a fome. Vai mas é treinando. E se entretanto, com a Crise, abateres um bocado a barriga, só te fica bem." (Meterem-se com a minha barriga irrita-me! Chateia-me! Parece que passei a vida sem fazer mais nada a não ser  comer e beber do bom e do melhor ... )  (Bem, Adiante ...)
"- Oh Mãe, pelo menos pelo Natal podia ajudar um bocadinho mais..."
"- Ajudo mas é menos! Já sabes que será só  metade do que costumava dar! Esse é o conselho  daquele Senhor muito sério que é Victor como o teu pai  e dá ares ao ciclista que ganhava antigamente a Volta a Portugal, o Alves Barbosa". (Ai o R*** da V*** que´nasceu para me Chatear! Acabou-se a conversa!)

Resumindo: As negociações foram inconclusivas. Trata-se, evidentemente, de um processo em curso, tal e qual como a questão da Palestina.  Pensaremos melhor em estratégia distinta para o segundo round

O que vale é que o Natal está aí a chegar. Será que posso continuar a fazer a cena do costume (100 euros por 100 contitos, 50 euros por 50 contitos)? É preciso é que a Santa passe para cá o cartanito da Caixa, como nos outros anos... Desconfiada como está já nem isso será certo!


F*** da P*** da Crise que "arrebenta" com as relações familiares!

quarta-feira, novembro 09, 2011

Tudo por água baixo?

Itália, Grécia (ainda existe? Até quando?) Portugal e Espanha aguardam pela próxima "cajadada" que lhes derem os famigerados "Mercados". Já nem deve haver pachorra para estar sempre a falar do mesmo...Nem eu a tenho para escrever, nem os Leitores a devem ter para ler...A Negritude parece alastrar por todo o lado,  contaminando os "egos" pátrios. Se calhar por causa disso é que o "galego" do Benfica chamou "preto" a um dos "negros" do Braga...

Racismos à parte, viram como ficámos todos de cauda a abanar quando o TóZé veio dizer que "haveria espaço para se poupar um subsídio e uma pensão" nos cortes anunciados para 2012 e 2013? E como, sem o afirmar ninguém explicitamente, todos julgámos que "aquilo" tinha já sido combinado nos gabinetes, entre os dois lideres?

Era a esperançazinha do náufrago que agarrado a uma reles bóia tem a miragem de um navio no horizonte...

















Mas veio logo o Tio Rangel laranja mecânica esclarecer as turbas: "Tirem os cavalos da chuva que aqui não há pão para malucos! Não haverá subsídios e pronto!"

TóZé bem pode agitar a figura do isolacionismo do Dr Passos, mas deve contar para pouco ou quase nada. O PS está feito um verbo de encher na presente conjuntura. Por culpa dele próprio, está claro!

Por isso mesmo muitos simpatizantes e afiliados exigiam que o mesmo PS votasse contra o OE.

Como sabem defendo o contrário, mesmo que as boas intenções de Seguro não passem disso mesmo quando chegarmos todos aos "finalmentes". A razão é simples: Quem faz agora de incendiário terá pouca ou nenhuma credibilidade para exigir solidariedade quando lhe calhar a vez de governar.

Quando será isso? E valerá nessa altura a pena?

Perguntas difíceis de responder. Vejam como na Grécia não se encontra ninguém que queira ser queimado numa governação impossível de 100 dias de Inferno...Só falta botarem anúncio nos classificados do  Correio da Manhã para ver se arranjam Primeiro Ministro.

Na melhor das hipóteses o PSD e o CDS concluirão a sua legislatura. "Melhor" porque significaria que , apesar de tudo, o País se aguentava  "ao bife"... Depois de 2015 falaremos.

Mas basta de política!

 Uma sugestão para estas noites invernosas: acham que conseguem convencer a malta lá de casa para passarem todos uma noite sem TV? Bem sei que é difícil, mas se conseguirem pregar esse Evangelho com sucesso preparem um serão "à antiga", com jogos - o velho Monopólio pode dar algum azar nesta altura, mas tentem o Scrabble, ou organizem um campeonato de Damas ou de Sueca .

Quem ganhar tem direito a uma fotografia da Merkl em formato A4 (tirada da Net) para servir de alvo para setas , o que daria logo outra ideia para mais uma noitada... Tenham é cuidado com o local onde pendurem o "alvo"... Longe das carteiras e dos porta-moedas!

terça-feira, novembro 08, 2011

Em Odivelas também se manduca bem!

Depois daquele Post de "arrebenta pessegueiro" sobre um dos restaurantes de Odivelas, logo vários leitores da zona se "enxofraram" com a nódoa espalhada na reputação gastronómica da localidade de D. Dinis e me fizeram chegar várias alternativas.

Uma que me saíu interessante e à qual  meu Mestre Quitério também já  deu "Fiat" (não o "Punto" ou o "500" leitores! Mas sim o seu beneplácito "papal") foi o:

Forno da Cidade
Urbanização da Ribeirada - Lote 65
Odivelas
Telefone - 219 344 770

Para lá chegar tome-se a socrática via CRIL até à saída Odivelas Centro. Depois de passar por cima do viaduto o sentido é Odivelas Centro. Sempre a direito e a subir veremos o Liceu (agora Escola Secundária) à esquerda. À direita é que vamos, depois da Secundária.  Andamos uns 300 metros e aparece-nos a Urbanização da Ribeirada (com Placa). Ali mesmo, em edifício de amplas janelas vidradas, existe o Talho, a Peixaria  (de congelados embora) e o Restaurante em causa.

Boa apresentação, com padaria\pastelaria ao centro, montra de vinhos (estão lá os melhores!) à esquerda e mesas de refeiçoar espalhadas. Dois ambientes. Um no r\c parece ser mais proletário, o outro em mezanine parece ter mais algum requinte. Contudo os preços são iguais. idem para o serviço e idem,  idem para o Menu.

O ex-Libris da casa é o leitão feito à moda da Bairrada. E com uma vantagem: é possível, para quem goste, pedir uma dose só de costela!!   Vende-se na mesa a 60 euros o kg (com os acompanhamentos). A 18 euros a dose (com 320g)

Tem um agradável espumante bruto da casa ( a 9,90 euros, vinificado na Bairrada pelo método tradicional de Champagne.

Obviamente que o facto do proprietário ter um Talho mesmo ao lado  ( e , diga-se já, com um aspecto espectacular! Com carnes de regiões demarcadas)  influencia a carta, construída muito em redor das propostas carnívoras: Bifes vários, tornedós, entrecôtes, entremeada, bitoques. De peixe o Dom Bacalhau e a Pescada do Chile (congelada como honestamente se refere). Também Gambas em caril ou de açorda.

Nas sobremesas destaque para a Marmelada Branca do convento de Odievelas, feita ali no Restaurante ( e pode-se levar para casa) e para os Crepes e Gauffres, recheados com tudo o que se possa imaginar...

Mas o leitão é que é o chamariz!

Para duas pessoas:  2   Doses de Leitão da Costela, com batata frita da "autêntica" e salada. Cesto de Pão (feito lá em casa). Paio do lombo (industrial).  1 garrafa de Espumante Bruto. 2  Cafés e 2 pastéis de nata miniatura. Tudo por 48 euros.

O Leitão ( e aqui será o principal) tinha muita qualidade. Bem feito e bem assado. Não é o da Mealhada... mas sempre poupamos na gasolina e dá bem para matar saudades...

E podemos sempre sair dali com um avio de bolos caseiros ou pão a sair do forno... para já não falar dos vinhos em exposição. Mas esses serão para bolsos de Rappers norte-americanos ou de jogadores do Real...

Conclusão: Recomendado. Mas evitem o Paio...

segunda-feira, novembro 07, 2011

Feijoada "Magra"

Fiz para este Domingo uma feijoada “Magra”. Nem tanto a contar com a crise, magra de baratinha, mas Magra, magra mesmo, sem recurso a carnes e enchidos mais “gordos”. Mas claro que também é sempre um prato económico...

Demolhamos o feijão manteiga de véspera. No dia deixamos ao lume litro e meio de água para meio litro de feijão durante aproximadamente uma hora . Depois dá-se uma entaladela aos enchidos e carnes numa sertã (1 chouriço de carne, 1 morcela da Guarda, meio kg de entrecosto previamente salgado e temperado também de véspera, tudo aos pedaços ). Reservamos tudo – tacho do feijão e carnes - enquanto fazemos um bom refogado (cebola, alho, malagueta, bem picadinhos, sal e azeite).

Nessa altura tenham já duas cenouras cruas e descascadas cortadas às rodelas grossas . Juntamos as cenouras, carnes e o refogado ao tacho do feijão com a água da cozedura e este vai outra vez ao lume. Quando levantar fervura reduz-se o lume e fica a fervinhar mais meia hora. Durante este processo vejam se necessita de mais alguma concha de água (quente).

Para finalizar costumo pôr no forno médio mais uma meia hora para apurar lentamente, com o Tacho destapado. É nessa altura que ponho por cima do tacho uma Farinheira de boa qualidade (de porco alentejano) a qual se corta uns minutos antes de tirarmos para a mesa e se mistura aos restantes ingredientes no tacho.

Atenção: Se cozerem o feijão com sal tenham cuidado com o sal que põem no refogado , pois o entrecosto já está também ele salgado de véspera. Provem antes de ir ao forno, pecando sempre por defeito, já se sabe, pois é muito mais fácil de resolver a falta de sal que o seu abuso…

sexta-feira, novembro 04, 2011

Para Descansar a Vista

Hoje ouvia de manhã cedo, na TSF, aquela história meio macabra, meio jocosa, de uma doente a quem foi diagnosticado um aneurisma cerebral depois de ter feito uma RM.  Sabedora de que tinha a vida a prazo - o aneurisma podia rebentar a qualquer momento - essa senhora desempregou-se, gastou tudo o que tinha ( e se calhar o que não tinha...) num ano e vive há 17 anos (Dezassete!!) na maior das misérias... Mas vive...

Moral da história: A prazo estamos todos nós. A mortezinha deve ser a única coisa que está garantida. Porquê sofrer ataques de ansiedade por causa disso?

Nestes tempos  em que TóZé Seguro revelou que o PS se vai abster na votação do Orçamento de Estado ( e na minha opinião foi  bem decidido , que me desculpem alguns Amigos que votariam contra) em que  FCP, Sporting e Benfica desiludem os seus adeptos e em que ninguém percebe já o que se passa na Grécia, será a altura ideal para irmos ler uns poemas de saudável Anarquia. E aqui vão:



O primeiro é de um famoso anarquista brasileiro - José Rodrigues Leite e Oiticica (Oliveira, 22 de Julho de 1882 — Rio de Janeiro, 30 de junho de 1957) foi um professor, dramaturgo, poeta parnasiano e filólogo e notável anarquista brasileiro. Foi membro da Fraternitas Rosicruciana Antiqua, estudou Direito e Medicina, não tendo concluído nenhum dos dois cursos em favor do magistério e da pesquisa filológica. Foi vegetariano.

No plano político foi um dos grandes articuladores da Insurreição anarquista de 1918 que inspirada pela Revolução Russa pretendia derrubar o governo central na capital do país.

"Se não houver rebelião, não haverá sobrevivência". Era esta a sua "palavra de ordem".

Seria um Profeta? (isto digo eu...)

Anarquia

Para a anarquia vai a humanidade
Que da anarquia a humanidade vem!
Vide como esse ideal do acordo invade
As classes todas pelo mundo além!

Que importa que a fração dos ricos brade
Vendo que a antiga lei não se mantém?
Hão de ruir as muralhas da Cidade,
Que não há fortalezas contra o bem

Façam da ação dos subversivos crime,'
Persigam, matem, zombem... tudo em vão...
A ideia, perseguida, é mais sublime,

Pois nos rude ataques à opressão,
A cada herói que morra ou desanime
Dezenas de outros bravos surgirão.

José Oiticica

Oiticica? Sim Senhores,  este apelido já de si também será algo anárquico...

E agora um poema de humor nonsense, à boa moda de uma anarquia mais de trazer por casa . É preciso ter cuidado, não vá a (o) amante julgar que o ser amado aprecia altas cozinhas e vinhos da moda,  Restaurantes "miquelinos" e salamaleques de 11 lacaios, quando afinal a sua perdição será mais pelas Tascas de mesas de mármore,  Iscas com elas e verde tinto ... Problemas de identificação.

Wrong Recipe

The vichyssoise is almost chilled,
The salad's crisp and crunchy,
The duck l'orange smells divine,
The apple pie looks muchy,
The coffee's brewing on the stove,
The Riesling's my love potion -

Surely when he's had his fill
He'll speak of his devotion?

I scrape the plates, I clear the decks,
I glumly fill the dregs-can.
I should have know it (damn his eyes!)

He was a steak-and-eggs man.

 Roslyn Taylor

Nota: Roslyn Taylor nasceu e viveu no País de Gales (NewCastle) antes de emigrar para a Austrália, onde começou a sua carreira de escritora em 1966. Publicou diversos livros e peças de teatro. Conduziu programas de rádio e ateliers de escrita criativa para jovens. Vive actualmente em Wagga Wagga, Riverina.

Só este nome Wagga Wagga me faria sorrir nesta manhã... Wagga Wagga para vocês também, Leitores! E Oiticica for ever!

quinta-feira, novembro 03, 2011

Abusos

Tenho andado a abusar da sorte. Mais tarde, quando escrever as minhas memórias,  direi até que ponto - profissionalmente - tem ido este abuso.

Para já e no que toca a esse importante vector da nossa existência (o trabalhinho de todos os dias) , basta dizer que com 22 ausências por reforma (antecipada ou não) em 72 trabalhadores activos,   e sem lugar para substituições, é um verdadeiro milagre que as "coisinhas" se continuem a fazer , mais ou menos como dantes, quando o nosso quartel-general ainda era em Abrantes...

Mas adiante que não estamos em Amarante!

Do ponto de vista pessoal também me farto de abusar.  Abuso sobretudo da cama e dos sonhos. Sempre que posso, aos fins de semana. Dizem os entendidos que dormir em demasia será sinal de depressão. Pode ser que assim seja., mas prefiro sonhar do que passar as tardes de Sábado e de Domingo a pensar no que posso fazer ( e é pouco, e é quase nada)  para resolver as situações precárias de cada vez mais  Amigos e Empresas, que nos acompanham há muitos anos,  agora com a corda ao pescoço.

Há que recuperar energias para enfrentar  o dia-a-dia cada vez mais complicado desta existência enfeudada às "Troikas"... E sem que nenhuma esperança seja visível a curto ou a médio prazo. Esta será talvez a pior característica destes tempos: a ausência da esperança. E, na minha opinião, a mais  criticável vertente da actuação do Governo actual: o facto de nunca ter conseguido entremear os apelos à sobriedade e à austeridade com o acenar de uma leve brisa de esperança para os que sofrem e vão ainda mais sofrer.

Amigo antigo dizia-me um destes dias: "Mas vamos todos passar as passas do Algarve para quê? Se o resultado for sempre o mesmo apesar destas austeridades?"

Também este é outro tipo de abuso: o abuso da confiança que os portugueses depositaram pelo voto.

Sofrer sempre, se à vista estiver um caminho doloroso com final feliz... Mas quem terá coragem de se fazer a esse caminho se , pelo menos, não ressoar um boato de melhores dias no fim da travessia ?  Nem Jeová, o Deus justiceiro do Antigo Testamento foi tão longe... E  levou o seu Povo à Terra prometida, apesar dos 40 anos de sede e de fome.

Na indigência anunciada de um futuro mais que incerto falta a quem (nos) manda erguer a bandeira de um amanhã mais feliz para todos os portugueses. Se não o fizer - mesmo que seja mentira - corremos o risco de ir morrendo todos a pouco e pouco.

Mente-me, anda! Porque eu gosto! ( E faz falta...)

quarta-feira, novembro 02, 2011

Dia de Los Muertos

Hoje era dia de visitar os cemitérios, já convenientemenete arranjadas as campas no feriado de ontem. Digo "era" porque provavelmente apenas as velhas e os velhos continuam a manter esta observação ritual aqui na paróquia... Ontem sim, foram à Missa e aos cemitérios mais cristãos.

Nesta altura da vida,   o combate pela sobrevivência das nossas finanças - reparem que pela primeira vez desde que existem registos , o número de famílias falidas oficialmente em Portugal ultrapassou o das Empresas - deve ser a grande prioridade das nossas existências. E  lembrar os que já passaram pode  ser importante para a saúde mental de todos.

Aquele crescendo de desafogo que começou com o 25 de Abril para as classes média e baixa, revelando-se hoje fugaz e passageiro - durou pouco mais que 30 anos - já antes tinha sido experimentado cá no burgo, nas alturas dos ciclos das Especiarias, do Ouro e das Pedras Preciosas, das Ìndias e do Brasil.

Nessas alturas, como agora, pouco ou nada se investiu na modernização da Nação. Fizeram-se alguns ricos-homens (que se calhar já o eram) e as oportunidades para os outros , para os pobres, limitavam-se à guerra ou ao embarque nas naus do tempo... Desenvolveu-se o Comércio! Dirão alguns. É verdade. Mas ao contrário dos Holandeses e Ingleses, mesmo esse Comércio não passou de um fogacho de amadores que cedo deu lugar ao profissionalismo das Companhias das Indias e etc...

Pouco ou nada aprendemos com a história antiga.  Visitem-se por isso os Mortos, nem que seja em espírito, lendo os livros bons que alguns dos ainda vivos escreveram sobre estas matérias. Pode ser - mas não aposto - que alguém aprenda com o passado.

Vejam lá como a Grécia, berço da civilização ocidental, Pátria da Filosofia e da Ciência, acaba por ser hoje em dia a sepultura dessa mesma Europa que ajudou a criar..

E, para terminar em beleza, responda quem puder:

Se em Dezembro fizéssemos aqui em Portugal um Referendo à moda dos gregos. sobre se o Povo queria as restrições impostas à sua vida ou não, qual seria o resultado?

Resposta: mesmo sabendo que a alternativa seria voltar ao escudo - já aqui falei sobre essa desgraça - mesmo assim, repito, não me atrevo a prever o resultado... Só sei uma coisa: quanto mais tarde no tempo for feito esse Referendo, pior para aqueles que querem continuar com a Troika e com a UE...

Notas para leitura:
História Económica de Portugal 1700-2000 - Volume I - O século XVIII
História Económica de Portugal 1700-2000 - Volume II - O século XIX
História Económica de Portugal 1700-2000 - Volume III -O século XX

De  Álvaro Ferreira da Silva e Pedro Lains (ICS), a cerca de 27 euros cada volume.

E vejam também aqui (http://www.uc.pt/media_uc/discursos/090916DO.pdf) o discurso do Professor Romero de Magalhães sobre estas matérias, para encontrarem pistas para mais leituras.